quinta-feira, 8 de abril de 2010

HISTÓRIA RESUMIDA DE XIQUEXIQUE (BA)



HISTÓRIA RESUMIDA DE XIQUEXIQUE (BA).
Parte II – 1832 a 1851

Vimos, em postagem anterior, que o Município de Xiquexique (BA), começou a se formar no ano de 1663, quando o Cel. Antônio Guedes de Brito fundou a Fazenda Pedras na área onde atualmente é a cidade. Com o decorrer do tempo, nas proximidades da Fazenda Pedras foram se instalando outras fazendas, que evoluíram para distritos, vilas e cidades, cujos nomes permanecem até os nossos dias: Pedras, Saco dos Bois, Riacho Grande, Marrecas, Tiririca, São Domingos, Canabrava do Gonçalo, Olho d’Água do Gonçalo, Riacho de Areia, Várzea Grande, Fazendinha, Riacho Largo, Vacaria, Vereda, Matinha, Roça de Dentro, Chapada, Forquilha, Gavião, São Gabriel, Lagoa de Canabrava, Quixabeira, Carnaúba, Serra Queixo, Alegre, Mamão, Lagoinha, Utinga e tantas outras. Como conta a história: “A atual cidade teve origem na fazenda Praia, pertencente a Teobaldo José de Carvalho, nascendo em 1700 um arraial com o nome de Xique-Xique. A capela, aí construída, dedicada Senhor do Bonfim e Bom Jesus foi elevada à categoria de freguesia em 1714 pelo arcebispo dom Sebastião Monteiro da Vide.” Em 1687, D. Inácia Araújo Pereira, viúva do Barão da Casa da Torre, Francisco Garcia Dias D’Ávila, permite que garimpeiros construam uma comunidade em uma ilha de sua propriedade perto de Xiquexique, surgindo daí um pequen povoado sob a proteção de Senhora Santana, instalada numa pequena capela. Essa ilha é atual Ilha do Miradouro. Em 1725 o português Alberto Pires de Carvalho compra uma grande área de terra que iniciava na Várzea Grande, até a margem do Rio Verde. Junto com sua mulher Felicia escolheram um local com abundância de água para ali construirem a sua residência e a sede da fazenda à qual deram o nome de "Fazenda Tiririca". Em 1765 foi a vez da criação do distrito de Marrecas, atual Iguira quando Marçal Ferreira dos Santos adquire grande área na margem direita do rio e uma ilha, dando o nome de Faz. Marrecas.

O MUNCÍPIO DE XIQUEXIQUE (BA).

CRIAÇÃO: Em 06.07.1832, o Conselho Provincial da Bahia, presidido por Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos, Visconde Mont’Serrat, emite um Decreto transformando a Freguesia de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique em Vila e criando o Município, desmembrado de Jacobina (BA), com os seguintes limites: ao Sul: com o município de Paratinga; ao Norte: com o município de Sento Sé, ao Leste: com os municípios de Jacobina e Macaúbas, ao Oeste: com a margem direita do Rio São Francisco, perfazendo uma área de mais de 30.000 km². O Município e Xiquexique foi instalado no dia 23.10.1834, pela Câmara Municipal de Paratinga.
Câmara de Vereadores:Nesse mesmo dia foi eleita a Câmara Municipal de Xiquexique que foi composta pelos seguintes cidadãos: Capitão-Mor Álvaro Antônio de Campos, Antônio Joaquim de Novais Sampaio, Ernesto Augusto da Rocha Medrado, João Xavier da Costa, Clemente Sancho Pereira da Franca, Manoel Netto Martins (primeiro Juiz de Paz Municipal) e Francisco Antônio da Rocha.
Com a instalação do município no dia 23 de outubro de 1834 e a conseqüente posse de sua primeira Câmara Municipal, a população teve oportunidade de mandar os filhos estudarem as primeiras letras com os mestres-salas leigos, existentes na sede municipal e nos distritos. A educação, portanto continuou precária e basicamente se restrigia ao ensino das primeiras letras e rudimentos de aritmética.
Eleições:Em 16 de novembro de 1836 houve nova eleição para escolha dos novos sete vereadores da Câmara Municipal, para um mandato de 2 anos, concluindo com o seguinte resultado oficial: Clemente Britoaldo de Magalhães; João Xavier da Costa; Antônio Joaquim de Novais Sampaio; capitão-mor Álvaro Antônio de Campos; Ernesto Augusto da Rocha Medrado; José Rufino de Magalhães e Manoel Netto Martins. A nova Câmara, quando da sua instalação elegeu como presidente da mesa o vereador Clemente Britoaldo de Magalhães que com isso passou, também, a exercer a função de chefe do Executivo.
Atos e expedientes da Câmara Municipal:
I) Em abril de 1837, enviou ao Presidente da Bahia, Francisco de Souza Paraíso, expediente tratando sobre os temas: Enchentes no Rio São Francisco; Lavradores e criadores do vastíssimo município; Plantação de vazantes nas ilhas; A distância que separa as Vilas de Chique-Chique e Barra (12 léguas); Menciona o Juiz de Direito interino da Comarca da Vila da Barra.
II) Em outubro de 1837, a Câmara Municipal em correspondência ao presidente da província Francisco de Sousa Paraíso confirma que foram encontradas, na Serra do Assuruá, Xiquexique, enormes pepitas de ouro de pesos diversos, mas confessa sua omissão em cobrar dos mineradores e garimpeiros os impostos que determina a Lei dos Direitos do Ouro.
III) Em junho de 1838, a Câmara Municipal comunica ao arcebispado da Bahia o falecimento do padre Manoel dos Santos Viana, vigário da freguesia local e, na oportunidade solicita a nomeação de outro pároco.
IV) Em julho de 1839, a Câmara informa ao presidente da província da Bahia, Francisco de Sousa Paraíso a designação do ex-vereador Manoel Netto Martins para a função de Juiz Municipal e o ex-vereador Antônio Joaquim de Novais Sampaio, para Juiz de Órfãos.
V) Em novembro de 1839 a Câmara decide, por votação, acolher o nome do Teodoro Barreto Lima para coronel da Legião da Guarda Nacional do município, uma vez que já existia um abaixo-assinado contendo centenas de assinaturas de eleitores da paróquia solicitando o nome do referido cidadão para o cargo.
VI) Em dezembro de 1940, a Câmara informa ao presidente da província da Bahia, Dr. Paulo José de Melo Azevedo e Brito que estão paralisadas as obras de recuperação do templo da Igreja Matriz do Senhor do Bonfim, por falta de recursos financeiros e, na ocasião solicita uma verba no montante de oito contos de réis para a conclusão das obras.
VII) Em dezembro de 1840 a Câmara Municipal informa ao presidente da província da Bahia, Dr. Paulo José de Melo Azevedo e Brito que foi descoberta uma fantástica mina de ouro e diamantes na Serra do Açuruá, onde atualmente é o município de Ibituname.
Eleições: Em 1840 acontecem novas eleições em Xiquexique para compor a nova Câmara de Vereadores para um mandato de 2 anos, tendo sido eleitos os seguintes cidadãos: José Rufino de Magalhães; João Rodrigues Covas Sobrinho; Ernesto Augusto da Rocha Medrado; Francisco Antonio da Rocha; Antonio Mendes da Costa; Francisco Netto Martins e Leandro José Rodrigues, tendo os vereadores eleitos, escolhido José Rufino de Magalhães para presidente da mesa diretora
Atos e expediente da Câmara de Vereadores:
I) Em setembro de 1841 a Câmara Municipal informa ao presidente da província da Bahia, Dr. Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos o falecimento do juiz municipal designado Manoel Netto Martins.
II) Em outubro de 1841, o Presidente Dr. Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos acata o pedido da Câmara no sentido de que o estafeta dos correios de Jacobina (BA) acumule a tarefa de transportar, também a correspondência de Xiquexique para Barra
III) Em dezembro de 1841, o Presidente Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos comunicou à Câmara a designação de Pedro Manoel da Silva Albuquerque, por ela indicado, para a função de Promotor de Justiça em Xiquexique.
IV) Em dezembro de 1841 a Cãmara fez nova solicitação de verba para a conclusão das obras de reparação do templo da Igreja Matriz do Senhor do Bonfim e Bom Jesus, no total de oito contos de réis.
V) Em 1842 o Dr. João Maurício Wanderley, bacharel em direito e futuro Barão de Cotegipe, nascido na vizinha cidade da Barra, é nomeado Juiz de Direito de Xiquexique, tendo permanecido nessa função ate junho de 1844
Eleições: No final de 1842 novas eleições para compor nova Câmara de Vereadores, tendo sido eleitos: José Rufino de Magalhães, Francisco Netto Martins, Antonio Pereira da Costa, Antonio Roberto dos Santos, Manoel Fulgêncio de Azevedo, Leandro José Rodrigues e Antonio Mendes da Costa, tendo sido eleito, para presidente da mesa o vereador José Rufino de Magalhães.
Em 07.10.1843 os vereadores ouvem a leitura de um ofício enviado pelo presidente da província da Bahia, no qual comunica a separação da Justiça das vilas de Barra e Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, mediante Decreto Imperial n° 276 de 24 de março de 1843, assinado por Sua Majestade Imperador Dom Pedro II.
Eleições: Em 15 de abril de 1844, novas eleições para vereadores tendo sido eleitos os seguintes: José Rufino de Magalhães – presidente, Antônio Roberto Magalhães, José Antônio Garrido, João Manoel de Novais, Francisco José de Carvalho, Cipriano Pinto Pugas e Ernesto Augusto da Rocha Medrado, composição essa alterada em janeiro de 1845 para: Manoel Fulgêncio de Azevedo – presidente, José Antônio Garrido, Antônio Moreira Pinto, José de Sá e Lira, Egídio da Gama Passos, Antônio Roberto dos Santos e Frutuoso José de Carvalho.
Atos e Expediente da Câmara de Vereadores:
I) Em outubro de 1845, a Câmara envia ofício ao Presidente Francisco José de Sousa Soares d’Andréa, Barão de Caçapava, informando que os limites do município são: a oeste o rio São Francisco; rio acima: 24 léguas; rio abaixo: 25 léguas e a leste: Vereda Romão Gramacho – também chamada de Vereda do Jacaré.
Em 1847, a Cãmara Municipal de Xiquexique estava assim composta: Manoel Fulgêncio de Azevedo – presidente, Antonio Roberto dos Santos, José Antonio Garrido, Francisco Xavier Guimarães e Frutuoso José de Carvalho.
Em janeiro de 1851, A Câmara em Ofício dirigido ao Prelado Diocesano, informa que a cidade está sem sacerdote e solicita o envio urgente de um padre para a Paróquia do Senhor do Bomfim.

OBS: Dados extraídos do livro “Senhor do Bonfim Bom Jesus de Chique-Chique (História de Chique-Chique)" de autoria do conterrâneo historiador, pesquisador e Professor Cassimiro Machado Neto

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