sexta-feira, 30 de outubro de 2009

RESIDÊNCIAS TRADICIONAIS: D. Hermínia Bessa


PENSÃO DE D. HERMÍNIA


Todos os estudantes de Xiquexique, nos anos 1950/1960 conheceram e ainda se lembram com saudades da Pensão de D. Hermínia ou "Buate Bessa" como a gente carinhosamente apelidava.

D. Hermínia Bessa era uma senhora idosa, bem humorada e que gostava dos jovens estudantes daquele tempo. Possuia uma pensão no início da Rua Gois Calmom onde costumava se hospedar a maioria dos representantes comerciais que chegavam à cidade. Era lá que a estudantada se reunia, duas ou três vezes por semana, para fazer um "assustado" até as 22:oo horas, quando a luz elétrica se apagava. Não sei a origem dessas pequenas festinhas que aconteciam na pensão de D. Hermínia, pois, quando comecei a dançar os estudantes mais velhos já frequentavam a pensão. Eram festinhas modestas realizadas na sala de jantar da pensão, após o afastamento dos móveis e animadas com discos de cera de carnauba (78 rpm) rodados numa pequena radiola elétrica. Era pequena, também, a diversidade dos discos que, de tanto passarem repetidamente ficavam gravados no subconsciente dos dançantes. A grande maioria eram os baiões de Luiz Gonzaga, algumas rumbas e mambos originados do Caribe, alguns boleros cantados pelo trio Los Pancho, de origem mexicana e também pelo Trio Irakitam, nacional. D. Hermínia e sua família que moravam na Pensão, ficava muito satisfeita com a nossa presença e acompanhava os volteios da joventude na sua sala de jantar com um ar de grande satisfação.

Hoje, quando passo pela Rua Gois Calmom e revejo a casa onde funcionava a pensão, atualmente já bastante modificada na sua arquitetura, sinto saudades daquele tempo em que a distração dos jovens xiquexiquenses se limitava a um passeio pelo jardim e um arrasta-pé na pensão de D. Hermínia. Foi nesses arrastas-pés que surgiram muitos namoros transformados em casamentos que perduram até hoje.

Parabéns a D. Hermínia e os nossos perenes agradecimentos, in memoriam", pela abertura da sua casa residencial e comercial para que a mocidade xiquexiquense dos anos 1960, sadiamente, se divertisse.

JMC/2009

5 comentários:

  1. Não tive a oportunidade de participar dos "assustados" na pensão de D. Hermínia.
    No entanto, recordo-me de Dr. Eládio, neto de D.Hermínia,que uma certa vez chegou em Xiquexique com um automóvel de luxo, para os nossos padrões. A meninada, inclusive eu, ficava sonhando com o carro do Dr. Eládio, pois conhecíamos, até então, o Renault GORDINI do nosso Diretor do Ginásio Senhor do Bonfim, o inesquecível Dr. Hélcio Bessa. Parece-me que Dr. Hélcio, logo após, trocou o Gordini por um modelo parecido com o do seu primo Eládio. O certo é que predominavam em Xiquexique os Jeeps e as Rurais, sem esquecermos dos originalíssimos caminhões "Brotinho" e "Garotinho" do Sr. Nelson Almeida !

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  2. Também lembro-me dos assustados da pensão. Embora ainda não dançasse ia observar Yêda Miranda, de saudosa memória, Mirani, Isa Paiva, Divina, Marly, Ezir Rocha, Doralice Miranda e outras mais, que compunham a mocidade dançante da cidade. Dos rapazes lembro-me de poucos: Rodolfo, Rodrigo, Paulo Dantas, etc. Na casa de Da. Olga também dançava-se. Segundo Luizinho ela fiscalizava as suas damas. Algumas ela chegava a ameaçar: Se dançar novamente, desligo a radiola.
    Nilson me fez lembrar dos carros da época. Havia um de Caio que sempre mudava a estrutura, pois ele, como era mecânico, sempre fazia inovações. Mulheres conduzindo automóveis eram poucas. Lembro-me apenas da Dra. Joselita e de Inês Ramos.
    Pois é, bons tempos. É bom trazer estas reminiscências.
    Valeu, Ju....

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  3. Pois é Juarez, tenho rememorado velhos e saudosos tempos através dos seus pertinentes comentários e prodigiosa memória.
    Na sua companhia entrei nas caatingas, viajei nos vapores, pedí licença à memoria e entrei em cada uma das casas citadas por você e não é que me ví indo ao circo? Às vezes carregando a própria cadeira porque a pobreza beneditina do empresário não permitia e nem dispunha de cadeiras para o público. E como éramos felizes com o pouco que nos era oferecido. As festinhas, as voltas pelo Jardim a "competição " para ver quem avistava primeiro o avião que muito longe já brilhava refletindo nosso sol inclemente. Tudo era festa. Como Ataulfo Alves "éramos felizes e não sabíamos".
    Apenas como complementação, embora você já tenha citado a descaracterização da pensão de D. Herminia. A casa antiga era feita à moda da maioria das casas: uma porta principal e uma infinidade de janelas. Todas voltadas para a rua. Acima da casa um belo trabalho de fachada com desenhos diversos e numa altura perigosa o que favoreceu seu desmoronamento num dia de temporal tão comum em Xique-Xique. A obra de arte caiu sobre o telhado e miraculosamente ninguém foi atingido. Quando reergida, a casa voltou num estilo completamente diferente.
    E já que estamos no assunto, faço minhas as suas palavras sobre o antigo Prédio da Prefeitura. Uma lástima se demolir uma obra em estilo néo-classico, maravilhosa que poderia estar abrigando uma Casa de Cultura ou um Museu para se construir em seu lugar uma caixa de concreto sem nenhuma expressão. Assim vamos nos empobrecendo de um passado que pelo que vemos foi bem mais expressivo que o presente.

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  4. Caro Juarez,

    Reviver o passado é trazer à lembrança, no presente, a história do que se viu, existiu e marcou para sempre a alma do ser humano. Como é sensível você no levantamento desses fatos históricos da nossa pequena Xique-Xique que marcaram a sua juventude, a minha e de tantos outros amigos e conterrâneos espalhados pelo Brasil a fora. Eu me recordo da pensão de D. Hermínia. A fachada já não é mais a mesma de outrora. Mas permanece viva e impregnada na memória de todos nós a importância que representou, à época, aquele espaço para a comunidade de viajantes, em busca de bons negócios. Alí, como bem lembrou você, além de local de hospedagem para servir aos que chegavam à cidade, havia, ainda, da parte de D. Hermínia, um compromisso carinhoso com a juventude da sua terra: ceder o recinto às animadas festinhas surpresas numa demonstração do seu lado afetivo, humanitário e de solidariedade por sua gente.
    Grata lembrança !
    ETQ

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  5. Você está de parabéns, Juarez, pela forma como tem exposto os fatos relacionados aos acontecimentos daquela época. Ao ler a informação sobre a pensão da D. Hermínia, não há como não voltar ao passado e relembrar as diversões que aconteciam, as marmitas e a vitalidade, regada a muita alegria e disposição que ela oferecia. Ficou muito bom mesmo. Abraço, Vilmar.

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