
Existia entre os bancários do crédito rural um profissional técnico agrícola cuja função era acompanhar e orientar, in loco, as atividades financiadas para que o empreendimento rural obtivesse êxito.
Sempre que voltava do campo, esse profissional apresentava à chefia pequenos relatórios sobre cada um dos clientes visitados.
Eventualmente esses relatórios eram enriquecidos com frases interessantes que apenas representavam a forma de o técnico relatar, sucintamente, a situação de cada empréstimo.
Assim é que um determinado cliente foi contemplado com um empréstimo para a construção de uma pequena casa de farinha para beneficiar as mandiocas obtidas na sua roça.
Já havia decorrido mais de 2 anos que a casa de farinha estava funcionando a todo vapor, atendendo a todos os pequenos plantadores de mandioca da redondeza, sendo inclusive elogiada por parte do referido técnico agrícola.
Por isso, quando da visita relativa ao terceiro ano do financiamento, o técnico foi tomado de uma grande surpresa ao verificar que a casa de farinha estava em total abandono, no que pese o plantio de mandioca nas redondeza estar em franco progresso. Conversou com o financiado e seus familiares e não conseguiu entender o porque do abandono do negócio. Tudo indicava, após algumas rápidas observações que o insucesso se devia única e exclusivamente ao chefe da família, por ter assumido uma postura irresponsável e abandonado os seus negócios. Sem entender os motivos do insucesso do empreendimento, sucintamente apresentou, no seu relatório, a seguinte explicação:
“A casa de farinha não foi para frente porque o mutuário deu pra trás e nunca mais se levantou”.
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