Maradona comanda a Argentina
A décima terceira copa, com 52 jogos e 132 gols, foi realizada no México no ano de 1986, ocasião em que a Argentina sagrou-se bicampeã mundial. O jogo final foi realizado contra a Alemanha Ocidental que perdeu por 3x2.
Em 1983, alegando dificuldades econômicas, a Colômbia passou
a honra de sediar a Copa para o México - primeiro país-sede repetido da
história do torneio. Foi na Copa de 1986 que o mundo conheceu e adotou a "hola",
coreografia coletiva em que a torcida levanta o corpo e os braços de modo
sincronizado, fazendo uma onda varrer as arquibancadas. Além de ganhar a Copa praticamente sozinho, Maradona fez o
então medíocre time da Argentina superar três campeões mundiais: Uruguai,
Inglaterra e Alemanha.
A Copa do Mundo de 1986 foi responsável por alçar mais um
jogador ao Olimpo do futebol. Até aquele ano, o argentino Diego Armando
Maradona era apenas um excelente meia, habilidoso como raros, mas com histórico
de indisciplina e polêmicas. Depois daquele mês de junho no México, no entanto,
Dieguito virou um mito. Para todos, um gênio com a perna esquerda; para muitos,
comparável até mesmo a Pelé; para os argentinos, um semideus.
A Copa do Mundo de 1986 teve um novo formato, com o fim da
segunda fase de grupos dando lugar a uma série de jogos eliminatórios, que
começavam nas oitavas de final. Assim, os quatro melhores terceiros colocados
de cada grupo também seguiram em frente.
A Argentina não era a principal favorita. A França, por exemplo,
tinha Michel Platini já consagrado mundialmente. A Inglaterra contava com seu
melhor time em muito tempo, incluindo Gary Lineker, que, com seis gols
marcados, tornou-se o artilheiro da Copa. Traumatizado pela derrota em 1982, o
Brasil ainda tinha Zico, Sócrates, Júnior e Falcão, o mesmo técnico Telê
Santana, e uma vontade de corrigir uma injustiça histórica. A Itália era a
campeã do mundo e a Alemanha Ocidental, treinada por Beckenbauer, tinha Lothar
Matthäus como um sucessor para o lendário líbero.
Ainda houve espaço para sensações como a Dinamarca de Michael
Laudrup. Os nórdicos venceram três partidas na primeira fase, encantaram com
seu futebol ofensivo, golearam o bicampeão Uruguai por 6 x 1 e acabaram
chamados de “Dinamáquina”. Um belo cartão de visitas para a seleção que, ao
lado de Canadá e Iraque, estreava em Copas.
A União Soviética, a Espanha de Emilio Butragueño e a Bélgica
também mostraram muita força, mas acabaram ficando pelo caminho, assim como o
surpreendente Marrocos, que foi o primeiro país africano a superar a primeira
fase do Mundial ao vencer o seu grupo graças a uma vitória de 3 x 1 sobre
Portugal. Os marroquinos, no entanto, acabaram eliminados em seguida pela
Alemanha Ocidental.
Mas ninguém foi páreo para o camisa dez argentino. Maradona
marcou cinco gols, criou a jogada de outros cinco dos 14 convertidos pela
Argentina, fez aquele que é considerado o mais bonito da história das Copas e
ainda protagonizou o lance irregular mais famoso de todos os tempos
Na primeira fase, os argentinos somaram duas vitórias, sobre
Bulgária e Coreia do Sul, e um empate diante da Itália. Nas oitavas de final, 1
x 0 sobre o rival e vizinho Uruguai. O brilho de Maradona se intensificou nas
quartas de final. O adversário era a Inglaterra. Seria a primeira vez que os
dois países se enfrentariam desde a Guerra das Malvinas. Os argentinos abriram
o placar com uma trapaça de Dieguito. Ele deu um toque de mão na bola para
encobrir o goleiro Peter Shilton. O árbitro validou o gol, e, depois, Maradona
batizaria o lance como “A mão de Deus”.
Mas o segundo gol do camisa 10 no jogo contra os ingleses seria
ainda mais antológico. Maradona recebeu a bola em seu campo de defesa, de
costas para o ataque. Com um giro, deixou para trás o primeiro marcador e
partiu em um arranque memorável, driblando cinco jogadores ingleses, inclusive
o próprio Shilton, antes de empurrar para as redes. Lineker ainda conseguiu
diminuir, mas os argentinos avançaram para a semifinal e o jornal francês
L'Équipe saiu-se com aquela que, talvez, seja a melhor definição do eterno
ídolo: "Metade anjo, metade demônio".
Maradona fez mais dois gols memoráveis na vitória da Argentina
sobre a Bélgica nas semifinais, calando o goleiro Jean-Marie Pfaff, que o
menosprezara antes do jogo. Na final, também estavam os alemães, que, assim
como em 1982, eliminaram a França de Michel Platini nas semifinais.
Na decisão, o técnico alemão Franz Beckenbauer colocou Lothar
Matthäus para marcar Maradona de perto. Quem abriu o marcador foi o zagueiro
argentino José Luis Brown, que jogou boa parte da partida com a mão machucada.
Jorge Valdano aumentou a vantagem. Os alemães, no entanto, mostraram, mais uma
vez, sua incrível capacidade de reação, e empataram com gols de Karl-Heinz
Rummenigge e Rudi Völler. Mas nem mesmo Matthäus conseguiu segurar Maradona.
Aos 38 minutos do segundo tempo, Dieguito fez um lançamento primoroso para
Jorge Burruchaga marcar o terceiro da Argentina e garantir o bicampeonato
mundial.
Depois de encantar o planeta em 1982, mas sair frustrado da Copa
na Espanha, o Brasil tinha esperança de uma volta por cima, já que ainda
contava com craques como Zico e Sócrates. Mas foram muitos os problemas
acumulados durante a preparação. O técnico Telê Santana, que assumiu o time
pouco antes da Copa, no lugar de Evaristo de Macedo, cortou o atacante Renato
Gaúcho e viu o lateral-esquerdo Leandro desistir do Mundial em solidariedade ao
amigo. Machucado, Zico teve de se esforçar muito no tratamento para ter mínimas
condições de entrar em campo. Para piorar, Falcão também lutava contra uma
lesão.
O resultado de tudo isso foram vitórias magras sobre a Espanha e
a Argélia na primeira fase. No terceiro jogo, contra a Irlanda do Norte, Telê
escalou o lateral Josimar no lugar do contundido Édson. O Brasil cresceu e fez
3 x 0, com um gol de Josimar e dois de Careca. Nas oitavas de final, a Polônia
não ofereceu dificuldades. Josimar marcou novamente, assim como Careca, e a
seleção brasileira aplicou um sonoro 4 x 0.
Mas a alegria durou pouco. Nas quartas de final, o adversário
era a França, campeã europeia e que contava com Michel Platini. Mesmo assim, o
Brasil saiu na frente com Careca. O próprio Platini empatou ainda no primeiro
tempo. Na segunda etapa, Zico teve a bola do jogo nos pés. O meia do Flamengo preparou-se
para cobrar um pênalti sofrido por Branco, mas bateu mal e viu o goleiro
francês Joël Bats defender. A partida foi para a prorrogação, mas continuou
empatada. E veio a decisão nos pênaltis. Dessa vez, Zico converteu. Sócrates e
Júlio César, no entanto, perderam suas cobranças e viram a talentosa geração
dos anos 80 se despedir melancolicamente.
Fonte: FIFA
Seleção do Brasil - 1986 |
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