sábado, 29 de maio de 2010

A origem do Cangaço - Jesuino Brilhante


OS CANGACEIROS

É difícil localizar uma data precisa para a origem dos cangaceiros no sertão nordestino, mas, existem teorias que apontam a ancestralidade mais próxima do Cangaço em grupos de bandidos que agiam desde o século XVIII, espalhando o terror entre a população sertaneja a fim de impor a lei dos latifundiários e garantir a disciplina e a manutenção da propriedade.
O fenômeno do cangaço pode ser classificado de três formas: o cangaço por vingança, como profissão e por refúgio. Lampião é o principal exemplo de cangaço por vingança, cuja existência se justifica pela total ausência do exercício da justiça por parte do Estado.
O precursor do cangaço tal como é conhecido na atualidade foi José Alves de Melo Calado que se auto denominou de Jesuíno Brilhante (foto), ficando conhecido em toda a Região como “O cangaceiro romântico”, tendo formado seu bando em 1871, no Rio Grande do Norte.
Era um homem de baixa estatura, espadaúdo, ruivo, de olhos azuis e tinha como característica ficar meio gago quando se zangava. Era um incomparável atirador de pistola, atirando com as duas mãos e com pontaria infalível. Bom jogador de faca e extraordinária força física que lhe garantia sucesso em lutas corpo a corpo.
JESUÍNO BRILHANTE nasceu na cidade de Patu (RN), em 1844, filho de fazendeiros de classe média daquele município. Em 1871, após um seu irmão haver sido surrado em praça pública, por vingança, formou seu próprio bando e entrou para o cangaço, tendo, contudo implantado, à sua maneira, um sistema de “justiça” onde reinava a lei do mais forte, não tendo feito do cangaço uma profissão. Constantemente fazia intervenções em questões sociais, como por exemplo, quando roubava gêneros alimentícios das fazendas dos coronéis para distribuí-los matando a fome da população pobre nas épocas de secas no sertão. Em muitos casos, os alimentos enviados pelo governo federal para serem distribuídos à população ficavam nas mãos dos latifundiários e nunca chegavam ao povo. Também se destacou por intervir em situações de violência sexual contra as mulheres pobres e indefesas.
De 1871 a 1879, implantou um “Estado paralelo” na caatinga, abrangendo toda a região do município de Patu (RN). Muitos autores nordestinos escreveram sobre Jesuíno Brilhante, destacando-se Luis da Câmara Cascudo, Gustavo Barroso, Ariano Suassuna e Raimundo Nonato, sendo este último o autor do livro “Jesuino Brilhante – O Cangaceiro Romântico” . Para Câmara Cascudo, ele "foi o cangaceiro gentil-homem, o bandoleiro romântico, espécie matuta de Robin Hood, adorado pela população pobre, defensor dos fracos, dos velhos oprimidos, das moças ultrajadas, das crianças agredidas”. Câmara Cascudo afirma ainda que Jesuíno "nunca exigiu dinheiro ou matou para roubar". A imaginação popular acrescentou à biografia do cangaceiro centenas de batalhas, das quais Jesuíno Brilhante teria participado sem que tivesse levado um só tiro.
Jesuino Brilhante morreu em dezembro de 1879, na região das Águas do Riacho de Porcos, Brejos da Cruz, na Paraíba, após ser baleado no braço e no peito.

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