Zélia Figueiredo Nogueira nasceu na vila de Gameleira, Chapada Diamantina, atualmente pertencente ao Município de Gentio do Ouro (BA) e, ainda pequenina, foi morar em Xique-Xique (BA), onde seus pais fixaram residência, tendo passado toda a infância e adolescência em Xique-Xique (BA), motivo pelo qual a consideramos como xiquexiquense, também. Ainda jovem diplomou-se como normalista no Colégio Santa Eufrásia, na Barra (BA) e mais tarde, já casada graduou-se em Pedagogia, pela Faculdade de Educação da Bahia, e Biblioteconomia, pela Universidade Federal da Bahia, em Salvador.
Passou toda a sua vida envolvida com livros pois lecionou, como servidora pública estadual em varias escolas em Salvador tendo atingido a função de orientadora pedagógica na Escola Cupertino de Lacerda. Como bibliotecária, desenvolveu atividades profissionais na Biblioteca Central dos Barris, Biblioteca Juracy Magalhães Junior e Biblioteca Infantil Monteiro Lobato. Na empresa privada, como bibliotecária, trabalhou durante quinze anos como arquivista da Pedreiras Valéria.
No ano de 1982, conquistou o 1º lugar no “VI Concurso Literário da Seliba”.
Passou toda a sua vida envolvida com livros pois lecionou, como servidora pública estadual em varias escolas em Salvador tendo atingido a função de orientadora pedagógica na Escola Cupertino de Lacerda. Como bibliotecária, desenvolveu atividades profissionais na Biblioteca Central dos Barris, Biblioteca Juracy Magalhães Junior e Biblioteca Infantil Monteiro Lobato. Na empresa privada, como bibliotecária, trabalhou durante quinze anos como arquivista da Pedreiras Valéria.
No ano de 1982, conquistou o 1º lugar no “VI Concurso Literário da Seliba”.
Agora, aposentada, Zélia Nogueira prepara-se para lançar o seu livro “Estações da Vida”, onde reúne uma coletânea de poemas escritos em períodos distintos ao longo da sua vida, divididos em duas grandes partes: a primeira, intitulada “Outono”, retrata um contexto mais reflexivo do seu labor artístico; a outra, “Sertaneja”, enfatiza a sua identidade feminina e as suas vivências no interior, à beira do mitológico rio São Francisco.
Compõe o livro, também, algumas crônicas e prosas poéticas, livremente escritas, que contemplam as relembranças da autora.
Compõe o livro, também, algumas crônicas e prosas poéticas, livremente escritas, que contemplam as relembranças da autora.
O Blog XIQUEXIQUE sente-se deveras honrado em poder divulgar essa obra literária da nossa poetisa/escritora.
A seguir, a prosa REMINISCÊNCIAS onde a autora relembra, nostalgicamente, o período em estudava o Curso Primário nas Escolas Reunidas César Zama, em Xique-Xique.
"Reminiscências
I
A carta de ABC, numa pasta de couro imitando crocodilo, era da cor de chocolate. A do meu irmão, de tamanho maior, era marrom. Na minha pasta encontrei um lápis, um caderno, uma pedra de escrever; o lápis também era de pedra.
Na manhã primaveril, subíamos a avenida em direção à Escola César Zama. O ar puro que vinha da caatinga enchia-nos os pulmões, o vento era forte e barulhento, a areia grossa da avenida batia em nossas pernas, nossos cabelos quase voavam. O vozerio das crianças já se misturava ao sabor do vento. Meu irmão, comportado e compenetrado; eu, distraída e inquieta. Será que a repressão fazia piruetas em minha cabeça?
Aproximamo-nos de um grande prédio circundado por um extenso pátio onde os pés de acácia floriam festivamente. A curiosidade em desvendar o desconhecido era-me por demais fascinante e aos poucos desgrudei-me do meu irmão, misturando-me àquele bando despreocupado e alegre.
Foi-me emocionante ouvir o toque do sino chamando para as aulas; o azul e branco dos uniformes enchia-me os olhos e cada descoberta colocava-me diante de uma grande aventura. Enquanto os meninos acomodavam-se em filas, pude ver e ouvir a diretora, de estatura baixa e compleição robusta que falava em voz alta e rouca. Sua preleção enérgica, em meio a citações talvez eruditas, deixou-me preocupada e confusa. Contudo, refiz-me de ânimo ao penetrar numa acolhedora sala de aula onde uma professora aguardava alegremente seus pequenos alunos. Lembro-me bem, Eli era o seu nome.
Aquele foi um dia todo novo e tudo assinalava um grande acontecimento: o sol invadia aquela sala ampla, enquanto as luzes do saber escancaravam as portas para mim, que inocente não me apercebera disso. Era o meu primeiro dia de aula."
Ainda dominada pelo fascínio que o "Velho Chico" imprime, indelevelmente, a todos os que nascem e vivem às suas margens, a Poetisa Zélio Nogueira, nos brinda com a bela poesia sobre o tão festejado rio;
"Ao Meu Querido Rio
O meu São Francisco não é o de Assis
É o santo do sertão.
É o rio vivo, caudaloso, amante,
abrindo os braços em abraço
chegas até nós em Xique-Xique.
Quantas vezes espreguiçavas tanto...
Tornando difícil a entrada dos vapores.
Íamos à Barra.
No genipapeiro, a espera...
Enquanto o frio gelava os corações saudosos,
o apito forte do gaiola redobrava o sentimento puro,
calando a algazarra de jovens colegiais.
Acomodávamos nos camarotes
Ou debruçávamos sobre as grades
Admirando-te familiar e amigo,
Alargando-se forte e sertanejo
no mocambo do vento.
Chegávamos aos poucos ! Rio Grande e São Francisco,
cumprimentavam-se mutuamente,
trocavam carícias sem perder suas características.
Aquele escuro ônix; este, de águas doces, barrentas;
ambos íntegros, personalíssimos.
Dentro em pouco, visualizava-se a Cidade da Barra,
arraial de Lancastro, Terra de Barões;
na praça, o colégio Santa Eufrásia
acolhia os nossos sonhos juvenis.
Meu velho Chico, como é doce recordar
mesmo sentindo um aperto aqui no peito!
Mudaste tanto... Te inventaram barragem.
Mudei também, Chico:
Cadê as meninas do internato?
Cadê os gaiolas
para eu te visitar de Juazeiro à Pirapora?
Cadê, Chico?! "
Parabenizo a escritora Zélia Figueiredo Nogueira pelas "reminiscências" e ao "querido rio", pela grandiosidade do texto. Nós xiquexiquenses somos filhos e filhas da vida poética barranqueira que só o Velho Chico nos brinda nesse pormenor. Ainda tive a felicidade de alcançar alguns dos vapores que singravam as águas sagradas e barrentas do nosso rio.
ResponderExcluirPor recomendação de seu Gringo e de seu Lulu Bessa, em razão da amizade deles com meu pai, ainda naveguei, com direito a camarote, no Barão de Cotegipe de Juazeiro para Xiquexique.
O tempora! o mores!
Sou mesmo incorrigível.
ResponderExcluirDr. Juarez, rogo que o ilustríssimo conterrâneo consiga o livro da prof. Zélia, para que eu o adquira.
Gostaria de adquirir esse livro.
Será que consigo e com autógrafo da professora Zélia? É muito pedido. Todavia, confio no "barranqueiro da Paraíba".
Para quaisquer eventualidades:
nilsonazevedo@globo.com
Parabéns a escritora Zélia Figueiredo Nogueira, pela sua linda e apaixonada poesia dedicada ao gigantesco Rio São Francisco. Não o conheço, mas tenho em mente, que é um verdadeiro oceano de águas doces.
ResponderExcluirFelicidades para todos os xiquexiquenses do Estado da Bahia.
José Mendes Pereira - Mossoró-Rn.