A RUA DO PERAU
Juarez Moraes Chaves
Nos anos 1950, a Rua Benjamim Constant na cidade de Xique-Xique (BA), conhecida na época como RUA DO PERAU, espremida entre o Rio São Franciscoe a Rua Marechal Deodoro da Fonseca (Rua da Sete), proibida a todos os meninos do meu tempo, se não fosse a mais importante das ruas era com certeza a mais conhecida e mais misteriosa, pois, ali residiam, concentradas, todas as mulheres prostituas da cidade.
Juarez Moraes Chaves
Nos anos 1950, a Rua Benjamim Constant na cidade de Xique-Xique (BA), conhecida na época como RUA DO PERAU, espremida entre o Rio São Franciscoe a Rua Marechal Deodoro da Fonseca (Rua da Sete), proibida a todos os meninos do meu tempo, se não fosse a mais importante das ruas era com certeza a mais conhecida e mais misteriosa, pois, ali residiam, concentradas, todas as mulheres prostituas da cidade.
Na falta de lazer era comum que os homens daquela época, solteiros ou casados, freqüentassem com habitualidade essa Rua. A foto que vemos mostra o lado direito da Rua do Perau (beira do rio), próximo ao porto dos vapores e tinha como primeiro imóvel a Pensão Glória, vistoso prédio com dois pavimentos, construído em 1938, de propriedade de um rico agropecuarista da cidade, onde se hospedavam as pessoas que visitavam a cidade.
Não obstante possuir um bom casario e estar localizada em área nobre da cidade, era evitada pelas famílias xiquexiquenses e dificilmente uma mulher casada ou mesmo as moças de família, como se dizia, se atreviam a transitar por aquela via, conformando-se apenas a contemplá-la de longe quando, eventualmente iam comprar algum medicamento na Farmácia Universo, de onde se tinha uma visão geral daquele logradouro.
Não obstante possuir um bom casario e estar localizada em área nobre da cidade, era evitada pelas famílias xiquexiquenses e dificilmente uma mulher casada ou mesmo as moças de família, como se dizia, se atreviam a transitar por aquela via, conformando-se apenas a contemplá-la de longe quando, eventualmente iam comprar algum medicamento na Farmácia Universo, de onde se tinha uma visão geral daquele logradouro.
Creio que nessas ocasiões, conjeturavam o que se devia passar no meio daquela rua e no interior daquelas casas quando o sol não mais iluminasse a cidade e as luzes se acendessem a partir das 18 horas. Ficavam, no entanto só na especulação, pois durante o dia a Rua do Perau era totalmente deserta não existindo sequer a porta de uma casa aberta. Talvez as moradoras passassem a maior parte do dia dormindo, para suportarem o trabalho noturno ou então se resguardavam das pessoas da cidade.
À noite, no entanto, a partir das 20 horas a Rua do Perau começava a receber os clientes e o burburinho dobrava de intensidade a partir das 22 horas quando as luzes da cidade se apagavam e era totalmente tomada pela efervescência da boemia.
No entanto era dessa rua que saía o bloco de carnaval mais esperado, mais animado e mais original da cidade, denominado: o "Bloco das Putas". Comandado por conhecidíssima prostituta o bloco carnavalesco, na tarde do terceiro dia de carnaval, percorria as principais ruas da cidade acompanhada por um pequeno conjunto musical e entoando marchinhas antigas.
A Rua do Perau permaneceu inalterada até o final dos anos 1970 quando teve o seu lado oeste (beira do rio) totalmente destruído, incluído a bonita Pensão Glória, para dar espaço ao horripilante cais (paredão) que foi erguido, após a enchente de 1979/1980, para, segundo dizem, proteger a cidade das freqüentes cheias do rio São Francisco.
No entanto era dessa rua que saía o bloco de carnaval mais esperado, mais animado e mais original da cidade, denominado: o "Bloco das Putas". Comandado por conhecidíssima prostituta o bloco carnavalesco, na tarde do terceiro dia de carnaval, percorria as principais ruas da cidade acompanhada por um pequeno conjunto musical e entoando marchinhas antigas.
A Rua do Perau permaneceu inalterada até o final dos anos 1970 quando teve o seu lado oeste (beira do rio) totalmente destruído, incluído a bonita Pensão Glória, para dar espaço ao horripilante cais (paredão) que foi erguido, após a enchente de 1979/1980, para, segundo dizem, proteger a cidade das freqüentes cheias do rio São Francisco.
As prostitutas foram espalhadas por vários pontos da cidade e a partir daí a Rua do Perau virou uma rua fantasma, existindo apenas o lado leste mas com as casas totalmente abandonadas e fechadas. Por muitos anos as casas que restaram foram se deteriorando e muitas chegaram a cair. Atualmente, a partir dos anos 90, as casas do lado leste começaram a ser novamente ocupadas, não mais para residências, mas, para abrigar pontos comerciais principalmente serrarias e marcenarias. (JMC-jul/2008)
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