CACHAÇA COM AMEIXA
Juarez M. Chaves
Nos idos de 1965, quando trabalhava no Banco, em uma pequena cidade do interior da Bahia, devido a uma inata vocação local, todos os habitantes, ricos e pobres, pretos e brancos, feios e bonitos só se interessava em plantar roça. Toda a conversa girava em torno da época do plantio, que deveria começar em tal mês se as chuvas viessem. As chuvas sempre foram a grande incógnita da região. Dizia-se naquele tempo que alí a terra era boa, o ruim era o céu que não mandava chuva.
Pois bem, em face do necessidade de se financiar a produção agrícola, a pequena cidade, naquele tempo, já dispunha de 3 importantes agências bancárias: Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Bahia.
Juarez M. Chaves
Nos idos de 1965, quando trabalhava no Banco, em uma pequena cidade do interior da Bahia, devido a uma inata vocação local, todos os habitantes, ricos e pobres, pretos e brancos, feios e bonitos só se interessava em plantar roça. Toda a conversa girava em torno da época do plantio, que deveria começar em tal mês se as chuvas viessem. As chuvas sempre foram a grande incógnita da região. Dizia-se naquele tempo que alí a terra era boa, o ruim era o céu que não mandava chuva.
Pois bem, em face do necessidade de se financiar a produção agrícola, a pequena cidade, naquele tempo, já dispunha de 3 importantes agências bancárias: Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Bahia.
Nesses 3 bancos trabalhava uma comunidade de aproximadamente 50 bancários, sendo mais ou menos 3/4 solteiros vindos geralmente de outras cidades e que em face do trabalho árido realizado durante a semana essas pessoas viviam ávidas por uma diversão ou lazer que preenchesse o sábado e o domingo. Mas, naqueles idos de 1965 e naquela pequenina cidade interiorana não existia nem mesmo um clube social onde se pudesse dançar, tomar uma cervejinha e comer um tira gosto.
Para desgosto das meninas casadoiras que desejavam fisgar um marido, os bancários solteiros passavam quase todo o final da semana enfurnados dentro das “repúblicas” lendo, fazendo farra pelos bares da cidade ou visitando outras localidades vizinhas.
Uma dessas localidades era um pequeno Distrito que ficava a cerca de 12 km dessa cidade e que era famoso por possuir uma mocidade alegre, extrovertida e que todo domingo pela manhã promovia festinhas no modesto clube social do lugar.
Foi nesse pequeno Distrito, para ciume das meninas, que parte dos bancários solteiros concentrou as atividades de lazer nos domingos pela manhã. Devido a proximidade muitos iam até de bicicletas. Fizemos logo freguesia num bar, cujo dono, por ser cliente do Banco do Brasil, nos tratava com a melhor bebida e o melhor petisco da casa. Naturalmente, pagávamos toda a conta e a mordomia se limitava ao tratamento diferenciado que recebíamos. Era para nós a cerveja mais gelada e a comida mais bem feita.
Existia também, naquele lugarejo um rapaz que vivia sempre embriagado, jogado pelas calçadas, sendo humilhado e maltratado pela população. Logo que chegamos ao bar ele se abeirou da nossa mesa, talvez com a esperança de conseguir algo para comer ou mesmo para beber. Apesar de o dono do bar tentar pô-lo para fora, pedimos que o deixasse em paz, demos-lhe um prato de comida e tentamos, dentro do possível tratá-lo como pessoa humana. Isso o cativou e o fez ficar nosso amigo e sempre nos fins de semana quando a gente chegava, lá vinha ele a nos dar as boas vindas e arriscar um prato de tira-gosto, no que sempre era atendido.
Certo dia, tendo se saciado com u,a bpa refeição e estando sob nossa "proteção" criou coragem e se dirigiu ao balcão do bar para pedir uma cachaça. O dono do bar não queria atendê-lo, mas, pedimos que o atendesse porque, naquele momento, o mal causado pela ingestão de uma dose de cachaça era muito menor que a elevação da dignidade daquela pessoa humana que iria ser servido no balcão do bar pela primeira vez, coisa que nunca lhe acontecera vez que se acostumara a beber restos de cachaça pelas calçadas e ali mesmo ficava jogado.
O fato de estar em pé, junto ao balcão e receber a sua cachaça num copo lavado e das mãos do dono do bar era de suma importância para aquela pessoa muito sofrida e maltratada. A dose lhe foi servida e ele sem perder um segundo virou o conteúdo de uma só vez e retornou a nossa mesa, mastigando alguma coisa que demonstrava, pelo mastigado, ser bastante gostosa.
Imediatamente aparece o dono do bar muito preocupado e nos confidencia que ao servir a cachaça ao infeliz não reparou que no fundo do copo existia uma pequena barata, morta e que com a rapidez como a cachaça foi ingerida, não deu tempo de substituir por outra dose e muito menos de avisar que não bebesse. Quando menos esperou o infeliz já estava mastigando a barata. E, foi essa barata que ele chegou à mesa, degustando.
Passado isso, barata no bucho, tranqüilizamos o dono o bar, e ficamos observando a animação do "bebum" que, sentado à mesa e bebendo alguns copos de cerveja estava "mais feliz do pinto em beira de cerca". Mas, para o alcoólatra, cerveja e água é a mesma coisa. Com pouco tempo já estava necessitando de mais uma dose de cachaça. Sentindo-se fortalecido pela companhia dos bancários e por já fazer parte daquela mesa de "seletos", sentiu coragem para pedir mais uma cachaça. Só que dessa vez não mais foi ao pé do balcão quando, humildemente, arriscou pedir uma dose.
Agora estava com o espírito mais audacioso e corajosamente virou-se para o dono do bar, levantou o braço e pediu:
- GARÇON ME TRAGA MAIS UMA CACHAÇA. MAS QUERO DAQUELA QUE JÁ VEM COM AMEIXA.
Foi uma gargalhada geral de toda a mesa de bancários principalmente pelo fato de o dono do bar não poder atender ao pedido.
Uma dessas localidades era um pequeno Distrito que ficava a cerca de 12 km dessa cidade e que era famoso por possuir uma mocidade alegre, extrovertida e que todo domingo pela manhã promovia festinhas no modesto clube social do lugar.
Foi nesse pequeno Distrito, para ciume das meninas, que parte dos bancários solteiros concentrou as atividades de lazer nos domingos pela manhã. Devido a proximidade muitos iam até de bicicletas. Fizemos logo freguesia num bar, cujo dono, por ser cliente do Banco do Brasil, nos tratava com a melhor bebida e o melhor petisco da casa. Naturalmente, pagávamos toda a conta e a mordomia se limitava ao tratamento diferenciado que recebíamos. Era para nós a cerveja mais gelada e a comida mais bem feita.
Existia também, naquele lugarejo um rapaz que vivia sempre embriagado, jogado pelas calçadas, sendo humilhado e maltratado pela população. Logo que chegamos ao bar ele se abeirou da nossa mesa, talvez com a esperança de conseguir algo para comer ou mesmo para beber. Apesar de o dono do bar tentar pô-lo para fora, pedimos que o deixasse em paz, demos-lhe um prato de comida e tentamos, dentro do possível tratá-lo como pessoa humana. Isso o cativou e o fez ficar nosso amigo e sempre nos fins de semana quando a gente chegava, lá vinha ele a nos dar as boas vindas e arriscar um prato de tira-gosto, no que sempre era atendido.
Certo dia, tendo se saciado com u,a bpa refeição e estando sob nossa "proteção" criou coragem e se dirigiu ao balcão do bar para pedir uma cachaça. O dono do bar não queria atendê-lo, mas, pedimos que o atendesse porque, naquele momento, o mal causado pela ingestão de uma dose de cachaça era muito menor que a elevação da dignidade daquela pessoa humana que iria ser servido no balcão do bar pela primeira vez, coisa que nunca lhe acontecera vez que se acostumara a beber restos de cachaça pelas calçadas e ali mesmo ficava jogado.
O fato de estar em pé, junto ao balcão e receber a sua cachaça num copo lavado e das mãos do dono do bar era de suma importância para aquela pessoa muito sofrida e maltratada. A dose lhe foi servida e ele sem perder um segundo virou o conteúdo de uma só vez e retornou a nossa mesa, mastigando alguma coisa que demonstrava, pelo mastigado, ser bastante gostosa.
Imediatamente aparece o dono do bar muito preocupado e nos confidencia que ao servir a cachaça ao infeliz não reparou que no fundo do copo existia uma pequena barata, morta e que com a rapidez como a cachaça foi ingerida, não deu tempo de substituir por outra dose e muito menos de avisar que não bebesse. Quando menos esperou o infeliz já estava mastigando a barata. E, foi essa barata que ele chegou à mesa, degustando.
Passado isso, barata no bucho, tranqüilizamos o dono o bar, e ficamos observando a animação do "bebum" que, sentado à mesa e bebendo alguns copos de cerveja estava "mais feliz do pinto em beira de cerca". Mas, para o alcoólatra, cerveja e água é a mesma coisa. Com pouco tempo já estava necessitando de mais uma dose de cachaça. Sentindo-se fortalecido pela companhia dos bancários e por já fazer parte daquela mesa de "seletos", sentiu coragem para pedir mais uma cachaça. Só que dessa vez não mais foi ao pé do balcão quando, humildemente, arriscou pedir uma dose.
Agora estava com o espírito mais audacioso e corajosamente virou-se para o dono do bar, levantou o braço e pediu:
- GARÇON ME TRAGA MAIS UMA CACHAÇA. MAS QUERO DAQUELA QUE JÁ VEM COM AMEIXA.
Foi uma gargalhada geral de toda a mesa de bancários principalmente pelo fato de o dono do bar não poder atender ao pedido.
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