segunda-feira, 25 de junho de 2012

Histórias do Crédito Rural: LAVOURA DE FUMO



Durante os 31 anos em que servi numa instituição bancária oficial, por um período de 20 anos trabalhei na área do crédito rural.
 Existia entre os bancários do crédito rural um profissional técnico agrícola cuja função era acompanhar  e orientar, in loco, as atividades financiadas para que o empreendimento rural obtivesse êxito.
Sempre que  voltava do campo, esse profissional apresentava à chefia pequenos relatórios sobre cada um dos clientes visitados.
Eventualmente esses relatórios eram enriquecidos com frases interessantes que apenas representavam a forma de o técnico relatar, sucintamente, a situação de cada empréstimo.
        No caso em tela o Banco havia financiado uma considerável roça de fumo de propriedade de uma produtora rural, no município de Arapiraca (AL), destinada a produção de folhas selecionadas destinadas ao fabrico de charutos. Como era uma lavoura fumageira a obtenção do produto final exigia maiores cuidados do plantio ao preparo e embalagem das folhas. Qualquer anormalidade  por mínima que fosse poderia colocar toda a produção a perder e o prejuízo seria muito maior do que se a cultura se destinasse à produção de fumo em rolo. 
A Sra. de Tal, apesar de bastante  experiente pois cultivava fumo desde jovem não conseguiu contornar uma série de pragas que atacaram as folhas  tornando-as desvalorizadas e impraticáveis para o fabrico de charutos. 
Por isso, quando o fiscal chegou ao imóvel rural para vistoriar as folhas de fumo colhidas e que deveriam estar em depósito aguardando o momento de serem exportadas, constatou a ocorrência de uma grande frustração da lavoura financiada  com evidente prejuízo para a produtora e conseqüentemente  impossibilidade de pagar ao Banco. 
Consternado com o que estava presenciando e profundamente preocupado com a situação financeira da creditada, decidiu passar essas informações para a Agência, e assim registrou no laudo de fiscalização: 
“Visitando a lavoura fumageira da Sra. de Tal constatei que sua tabacaria encontrava-se seca e imprestável”

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