AS
LAPINHAS EM XIQUE XIQUE
É tradição de muitos anos em Xique Xique (BA), no
mês de dezembro as famílias montarem um presépio de Natal ao qual dão o nome de “LAPINHA”.
A Lapinha, diminutivo de lapa, gruta, é uma representação do local onde nasceu Jesus e é feita com pedras e papeis pintados. Era a forma encontrada pelas famílias católicas para homenagear o Menino Deus que iria nascer no dia 25 de
dezembro.
Mas as fazedoras de lapinhas não se contentavam apenas com a montagem da gruta que iria abrigar a família de Nazaré, cercada por animais e reis magos. A gruta tradicional sempre estava presente, mas, em volta dela, a decoração tomava o rumo imaginado pela dona da lapinha.
Mas as fazedoras de lapinhas não se contentavam apenas com a montagem da gruta que iria abrigar a família de Nazaré, cercada por animais e reis magos. A gruta tradicional sempre estava presente, mas, em volta dela, a decoração tomava o rumo imaginado pela dona da lapinha.
Valia colocar tudo que
se dispusesse em casa e que sob sua ótica servisse para enfeitar a sua
homenagem ao Deus Menino, não importando se aquele objeto estava ou não em
conformidade com a liturgia do Advento.
Por isso as Lapinhas em Xique Xique variavam de tamanho em função da armação de pedras e papeis e dos itens decorativos espalhados por toda a estrutura. O que se queria era impressionar o visitante que, com certeza estaria, no mês de dezembro a percorrer casa por casa admirando as lapinhas, às vezes as mesmas que vira no ano anterior e em nada mudara, pois a dona da lapinha já tinha de cor os objetos decorativos a serem utilizados bem como os seus respectivos lugares.
Por isso as Lapinhas em Xique Xique variavam de tamanho em função da armação de pedras e papeis e dos itens decorativos espalhados por toda a estrutura. O que se queria era impressionar o visitante que, com certeza estaria, no mês de dezembro a percorrer casa por casa admirando as lapinhas, às vezes as mesmas que vira no ano anterior e em nada mudara, pois a dona da lapinha já tinha de cor os objetos decorativos a serem utilizados bem como os seus respectivos lugares.
Era muito comum, pela
novidade, a utilização de pequenas conchas marinhas, dessas que são abundantes
em todas as praias do nordeste e que eram trazidas e presenteadas por algum
amigo que estivera em
Salvador.
Também se faziam
presentes animais feitos de barro de louça, bonecos de porcelana, bibelôs de resina, vasos de plantas com sementes de arroz recém germinadas, camelos e dromedários, pastores de cajado, soldadinhos de
chumbo e uma infinidade de bugigangas, enfeites e
tudo o mais que a dona pudesse guardar para ser usada na
decoração da sua lapinha.
Face à tradicionalidade
desse trabalho existiam famílias que faziam lapinhas desde o início do séc. XX,
continuando uma tradição que vinha dos seus avós. Por isso, como novos enfeites
decorativos eram anualmente agregados a cada montagem da lapinha a tendência é
que ano a ano fosse aumentando cada vez mais os itens utilizados na feitura da
homenagem.
As lapinhas de Xique Xique
estavam mais para um trabalho de decoração artesanal do que para uma homenagem
ao menino Deus. Havia lapinhas famosas e que faziam de tudo para se manterem na
posição.
Os xiquexiquenses mais velhos relembram ainda hoje, com saudades, as lapinhas mais bonitas e mais bem feitas da cidade que eram armadas logo no começo do mês de dezembro.
Os xiquexiquenses mais velhos relembram ainda hoje, com saudades, as lapinhas mais bonitas e mais bem feitas da cidade que eram armadas logo no começo do mês de dezembro.
Lembro-me muito bem de algumas
lapinhas que ficaram gravadas na minha memória: a lapinha de D. Filomena, que
ficava na Rua Marechal Deodoro, a de D. Beleza que ficava na mesma rua, a
lapinha de D. Adalgisa que ficava na Rua Góis Calmon e a lapinha de D. Angélica
Barreto, na Praça D. Máximo, afora outras dezenas que não consigo lembrar-me
devido a passagem do tempo.
No entanto, todas eram lapinhas feitas com muita
dedicação e muito bom gosto com uma profusão de brinquedos e enfeites que
somente eram expostos a cada ano. Chegado o dia de Reis, quando as lapinhas
eram desmontadas, esses maravilhosos brinquedos e enfeites que enfeitiçavam as
cabecinhas das crianças visitantes e provocavam o deleite dos adultos, eram
novamente encaixotados e guardados por mais um ano.
Muitas lapinhas que eram
visitadas nos anos 1950, continuam hoje a serem armadas fazendo o mesmo sucesso
de antigamente, o que demonstra que a homenagem ao Deus da Esperança, que em
breve chegará, ainda continua forte.
Todas as famílias de Xique Xique, que armavam lapinhas, tinham a maior satisfação em receber os conterrâneos para mostrar a sua obra prima. Nessas ocasiões eram servidos cafezinhos e bolos caseiros para todos os visitantes e era patente o largo sorriso sempre estampado na face da dona da lapinha acompanhando a admiração dos visitantes e dando explicações da origem de cada um dos enfeites espalhados.
Todas as famílias de Xique Xique, que armavam lapinhas, tinham a maior satisfação em receber os conterrâneos para mostrar a sua obra prima. Nessas ocasiões eram servidos cafezinhos e bolos caseiros para todos os visitantes e era patente o largo sorriso sempre estampado na face da dona da lapinha acompanhando a admiração dos visitantes e dando explicações da origem de cada um dos enfeites espalhados.
E, faziam isso com muito orgulho e dedicação,
fossem as lapinhas grandes e ricas ou lapinhas pequenas e modestas, pois todas
eram visitadas pela população da cidade.
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