Longa carta da Câmara
relatando lutas violentas
– 1848 –
"Fatos estúpidos registram-se
em Chique-Chique, desde 13 de abril. O Partido Conservador lidera o desrespeito
às leis e às autoridades, praticando crimes e excessos de todo gênero. Impede
ao Juiz de Paz presidir a formação da mesa da Câmara Municipal.
O Partido Conservador encheu a sede da vila de cabras e
de criminosos, bloqueou a Igreja
Matriz".
A Câmara Municipal
fez questão de identificar nominalmente os líderes do Partido Conservador, que
tinha o apelido de "Marrão".
Estão no texto da
carta os nomes dos seguintes dirigentes do Partido Conservador: Manoel
Martiniano de França Antunes, Antônio Joaquim de Magalhães e Emídio José de
Carvalho.
A carta acrescenta, ainda:
“e um filho do 1º suplente do Juiz
Municipal.”
Na sequência da
carta, a Câmara continua denunciando o Partido Conservador:
"O pessoal do Partido
Conservador abriu fogo contra quem estava no templo da Igreja Matriz do Senhor
do Bonfim, obrigando a gente do Partido Liberal a esconder-se no interior do
templo e nas casas vizinhas.
Como consequência morre o
policial de nome Firmino.
Por pressão do pessoal do
Partido Liberal houve uma trégua e o Juiz de Paz tenente-coronel Silvestre
Xavier Guimarães marcou a data das eleições para o dia 21 de abril. Entretanto
o Partido Conservador não abandonou as trincheiras. E perturbou o pessoal que
dirigia a Mesa das Eleições.
O Partido Conservador estava
pronto para fazer um saque na vila. Algumas casas adversárias liberais foram
arrombadas e levaram tudo. Sabe-se que o Partido Conservador quer fazer um
massacre, depois da retirada do povo, esperando-se grandes conflitos e talvez
desgraças.
O capitão José Francisco
Santiago, com a polícia a seu cargo, tem procedido muito bem e mantido a ordem
quanto possível, não podendo mais fazer porque além do tumulto e conflagração
projetadas, é certo que a “senha” é dada pelo próprio delegado Liberato de
Novais Sampaio, pelo juiz municipal Emídio José de Carvalho e pelo adjunto
Antônio Joaquim de Magalhães; tanto assim que desde que começou tudo, eles
abandonaram a comunidade, passando-se para o lado oposto do rio".
Concluindo, afirmam: "Confiaram eles a seus cabras e
criminosos a sorte do partido comum".
Os nomes dos
vereadores que assinaram a carta acima são: João Batista Avelino – presidente,
Hermenegildo de Souza Nogueira, Inocêncio da Costa Torres, Francisco Antônio
Pereira Bastos, Praxedes Xavier da Rocha e José Francisco Guimarães.
Fonte: "Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique", de Cassimiro Neto
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