Intendente
Francisco José Correia
– 1904-1908
–
O Coronel Francisco José Correia foi eleito como o 6º Intendente de Xique-Xique (BA) para governar no período de 28 de maio de 1904 a 28 de maio de 1908.
Nessa época era Presidente da República o Sr. Francisco de Paulo RODRIGUES ALVES e a Bahia era governada pelo Sr. José Marcelino de Souza.
A
crise econômica, política e social que iniciara na
administração anterior, devido à dispensa
dos empregados na exploração da borracha de maniçoba em função da queda vertiginosa dos
preços do produto nos mercados internacionais – amplia-se terrivelmente durante
a gestão do coronel Francisco José Correia.
No
começo do ano de 1905 o Governador da Bahia decide visitar os sertões do Rio São Francisco e com uma
comitiva de quase duas dezenas
de pessoas, partiu de Salvador, em viagem de trem de ferro.
Desembarcando
na cidade de Juazeiro a comitiva tomou um vapor da Companhia de Navegação
Baiana, permanecendo ao menos um dia em cada comunidade ribeirinha.
Chegando em Xique-Xique
e como ali não tinha boas hospedarias o Padre Francisco de Magalhães Sampaio – que o povo chamava de padre Chicão – se
colocou a disposição do Intendente Municipal coronel Francisco José Correia,
com o objetivo de preparar o clima da recepção e as casas para hospedar o
governador da Bahia e a sua caravana.
Ainda sob a orientação do padre
Chicão, o coronel Francisco José Correia – intendente municipal – preparou um
documento, contendo informações importantes sobre a situação de Xique-Xique e
sugeriu ao governador José Marcelino de Souza que ajudasse a abrandar o
sofrimento de milhares de homens desempregados que perambulavam pelas artérias
públicas da cidade, somente não sendo tragado pela fome porque buscavam pescar
o peixe de cada dia nas águas barrentas da ipueira, das bordas das ilhas e da
Lagoa de Itaparica. O intendente municipal pediu uma escola, um médico e a
construção de aguadas na caatinga do município.
O
governador José Marcelino de Souza fez um pernoite em Xique-Xique, viu a
desconfortável e ameaçadora situação social em que se encontrava a população e
os flagelados, fez anotações e promessas e embarcou com destino a Barra, sempre
seguido de perto pela multidão de pessoas de todas as idades e condições
econômicas e sociais. O povo de Xique-Xique demorou muitos dias comentando o
fato inédito que acabava de se registrar na história do município.
Apesar das promessas do governador da Bahia, quando em visita à cidade, a crise toma ares de calamidade, pois
são poucos empreendedores que permanecem na exploração das maniçobeiras. Muitos deles
colocaram o dinheiro ganho nos alforjes e tomaram novo rumo para suas vidas,
deixando para trás centenas de homens sem destino e sem futuro.
Xique-Xique
é tomada por centenas de homens em busca de um cantinho para se alojar, de
um dia de serviço em troca de um prato de comida, maltrapilhos, mal encarados,
desesperados, prontos a fazer qualquer coisa em troca de um simples prato de
comida.
O Intendente Municipal, após ter esgotado todos os tipos de alternativas
discutidas com os cinco membros do Conselho Municipal, decide convidar
proprietários e fazendeiros, buscando sugestões e cooperação para recolocar
muitos daqueles cidadãos.
Algumas
dezenas de ex-capangueiros foram convidados por alguns fazendeiros a irem
trabalhar como vaqueiros e capatazes, a maioria absoluta, entretanto,
permanecia perambulando pelas vais públicas. O tesouro municipal não dispunha
de recursos financeiros para lhes pagar as passagens nos vapores que desciam
para Juazeiro ou nos que subiam para Pirapora. Um ou outro conseguia com algum
comandante uma espécie de carona e
partia em busca de um novo destino.
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