A primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros foi Maria Gomes de Oliveira, conhecida como "Maria Bonita", nascida no dia 8 de março de 1911 numa pequena fazenda em Santa Brígida (BA), filha de Maria Joaquina Conceição Oliveira e José Gomes de Oliveira. Aos 15 anos casou-se com José Miguel da Silva, sapateiro local conhecido como Zé Neném. Casamento conturbado desde o início, o casal constantemente vivia às turras com Maria, nessas ocasiões indo se refugiar na casa dos pais.
E foi, justamente, numa dessas “fugas domésticas” que ela, em 1929, reencontrou capitão Virgulino, o Lampião, que, com o bando, estava de passagem pela fazenda dos pais de Maria Bonita, velhos conhecidos do capitão Virgulino. Lampião nas suas andanças costumava dar uma parada nessa fazenda para um descanso, pois o povo do lugar mostrava respeito e admiração pelo Rei do Cangaço.
Dessa vez, no entanto, Lampião olhou de outra forma para Maria tendo demonstrado amor a primeira vista e foi, prontamente correspondido. A partir daí, começou um namoro e, um ano depois Maria Bonita foi convidada por Lampião para integrar o bando. Nesse momento, Maria Bonita entrou para a história. Ela foi a primeira mulher a fazer parte de um grupo do Cangaço. Depois dela, outras mulheres passaram a integrar os bandos. Maria Bonita conviveu durante oito anos com Lampião. Teve uma filha, Expedita, e três abortos. Como seguidora do bando, Maria foi ferida apenas uma vez. No dia 28 de julho de 1938, durante um ataque ao bando ela e Lampião foram brutalmente assassinados. Segundo depoimento dos médicos que fizeram a autópsia do casal, Maria Bonita foi degolada viva.
O que disse Volta Seca ao jornalista do jornal o Pasquim no ano de 1973, sobre a entrada de Maria Bonita para o cangaço, foi bem detalhado. Mas uma resposta me deixou inquieto. O jornalista fez-lhe uma pergunta:
ResponderExcluir-Ela atirava também?”.
E ele o respondeu:
-Atirava! Eu queria está com ela e não queria está com dez homens da marca dos que eu conheço por aqui. Estava mais satisfeito”.
A resposta de Volta Seca contraria o que disse Balão em novembro de 1973 à Revista Realidade. Veja: “Maria Bonita usava uma pistola Mauser de 11 tiros, mas também não atirava nada”.
Balão deixou a sua resposta com duplo sentido. Quem era que não atirava nada, Maria Bonita ou a mauser?
Eu acho difícil Maria Bonita ter assassinado alguém no período em que ela participou do movimento social dos cangaceiros. É óbvio que o seu olhar era sério, duro, mas apenas o olhar, e dentro dela batia um coração amável e generoso. Afinal, Maria Bonita entrou no cangaço não para se vingar de ninguém, e sim, para ser a mulher do homem que ela achava que era a sua verdadeira alma gêmea.
Em tudo que eu tenho lido sobre o cangaço, ainda não encontrei algo escrito por algum autor de livros, textos ou outra coisa parecida, afirmando que Maria Bonita era perversa.
Mesmo eu discordando algumas respostas de Balão, na entrevista que ele também cedeu em novembro de 1973 à Revista Realidade, e deixando a resposta com duplo sentido, eu estou mais para acreditar nele, quando disse que Maria Bonita não atirava nada.
Feliz Natal e Próspero Ano Novo para os confrades do Blog Xique-Xique.
José Mendes Pereira – Mossoró-Rn.