domingo, 20 de junho de 2010

Bando de Lampião: CORISCO - O Diabo Louro

Corisco, o compadre de Lampião

Cristino Gomes da Silva Cleto era o verdadeiro nome do cangaceiro CORISCO, também conhecido como “Diabo Louro”, por causa da sua cabeleira longa e loura. Era famoso por sua beleza, seu porte atlético e, principalmente, pela sua grande força física e extraordinária coragem. Nasceu em 1907, no município de Água Branca (AL).
Em 1924, foi convocado pelo Exército Brasileiro, mas, desertou por não se acostumar com o serviço militar. No ano de 1926, tomou a decisão de aliar-se ao bando do Capitão Virgulino Ferreira da Silva, Lampião.
De 1921 a 1934, Lampião dividia seu bando, de mais de 50 homens, em vários subgrupos, que eram liderados pelos principais cangaceiros da sua confiança, destacando-se Corisco, Moita Brava, Português, Moreno, Labareda, Baiano, José Sereno e Mariano. No entanto, para Lampião, o bando comandado por Corisco era o mais importante de todos. Além de compadres eram grandes amigos.
Desentendimentos com o chefe Lampião levaram Corisco a separar-se do bando e a formar seu próprio grupo de cangaceiros, mas isso não afetou o relacionamento amigável entre ambos, pois continuaram a amizade e se tratavam como compadres.
Em meados do ano de 1938 quando a polícia alagoana matou e degolou os onze cangaceiros que se encontravam acampados na fazenda Angico, no estado de Sergipe, inclusive Lampião e Maria Bonita, Corisco, que estava na fazenda Emendada, em Alagoas ao receber a notícia, não se conformou com a morte do amigo e compadre e, a seu modo, vingou-os furiosamente matando todos os membros da família tida como delatora do esconderijo do bando de Lampião.
Ainda no bando de Lampião, Corisco raptou a menina de 13 anos, Sérgia Ribeiro da Silva, que ficou conhecida como Dadá, colocando-a na sela do seu cavalo e fugindo para o interior da caatinga. Dadá era uma morena muito bonita, com 1,70 m de estatura e longos cabelos pretos. O começo do relacionamento de Corisco com Dadá foi caracterizado pelo uso da violência e da força contra a menina. Com o passar do tempo, porém, o cangaceiro se tornou mais delicado, e a violência se transformou em imenso amor, tendo, Corisco, permanecido fiel até a sua morte. O casal Corisco e Dadá tiveram 7 filhos porém apenas 3 sobreviveram. Corisco, carinhosamente, da mesma forma que treinou Dada no uso de diversos armamentos, lhe ensinou a ler, a escrever e a contar.
Com a morte de Lampião, Corisco assumiu totalmente o comando do bando. No entanto, em 1939, durante um duro combate contra três volantes, na fazenda Lagoa da Serra, em Sergipe, foi gravemente ferido tendo ficado com a mão direita paralisada e o braço esquerdo atrofiado. A partir desse dia, Dadá se tornou a primeira (e única) mulher no cangaço a utilizar um fuzil. A deficiência fisica, a redução do apoio dos coiteiros e a deserção dos cangaceiros que após a morte de Lampião começavam a querer mudar de vida levou Corisco a dissolver o bando e, também, abandonar o cangaço.
Apenas na companhia de Dada e do cangaceiro Rio Branco e sua mulher partiram para o sul da Bahia, à procura de um refúgio seguro. Foi uma longa jornada pelo sertão, muitas vezes tendo que se disfarçar vestindo roupas de vaqueiro e cortando os longos cabelos loiros, para não ser reconhecido. Levava consigo, toda a fortuna que conseguira amealhar durante o cangaço, representada, principalmente, por moedas de ouro, com a qual pretendia adqurir um imóvel rural e ali terminar os seus dias em companhia da mulher amada e os 3 filhos que restaram.
Porém, no dia 25 de maio de 1940, estando escondido numa casa na cidade de Barra do Mendes (BA) foi descoberto pelo tenente José Rufino, que lhe deu a chance de se entregar. Preferindo, contudo, a resistência Corisco foi atingido na barriga por uma rajada de metralhadora, vindo a falecer. Naquele mesmo conflito, Dadá foi atingida na perna, porém, teve a vida poupada e foi capturada viva, vindo mais tarde a ter a perna amputada em consequancia do tiro.
Corisco foi enterrado em Jeremoabo, na Bahia. Depois de alguns dias sua sepultura foi violada, e seu corpo exumado. Seus restos mortais ficaram expostos durante 30 anos no Museu Nina Rodrigues ao lado das cabeças de Lampião e Maria Bonita.
Com a morte de Corisco o cangaço se extingiu no Nordeste.
A bravura e a crueldade de Corisco foram celebradas pelo cineasta Glauber Rocha, no filme Deus e o diabo na terra do sol.

Um comentário:

  1. Amigo Juarez Morais Chaves e os demais membros do Blog XiqueXique:
    Gostei bastante do texto. Na verdade, Corisco era um grande amigo do rei do cangaço. A sua consideração a Lampião, era mútua e recíproca. Jamais os dois se enfrentaram, pois era comum dentro do cangaço, vez por outra os membro se estranhavam. Mas para apaziguar a situação de desentendimento, eles tinham Maria Bonita e Lampião, que mesmo conhecendo que alguém estava errado, Lampião não passava a mão sobre nenhum. Dava duro nos dois, três...
    Mas Lampião não estava errado. Como chefe de um bando, ou mantinha ordem, ou a coisa pegava.
    Parabéns pelo seu excelente texto.
    José Mendes Pereira - Mossoró-Rn.

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