segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

CRÔNICA DE VALTÉRCIO

Em 1955, quando iniciei o Curso Ginasial no Colégio D. Bosco, na cidade de Petrolina (PE), tinha como colega de sala a conterrâneo Valtércio Nogueira, e a partir daí nos tornamos amigos.
Entre 1956 e 1958, ausentei-me do Colégio D. Bosco pra estudar os 3 anos restantes do Ginásio, como aluno interno no Colégio Antônio Vieira, em Salvador (BA) e, quando alí iniciei, em 1959, o 1º ano do Curso Científico fui surpreendido com a chegada do amigo Valtércio período em que tivemos oportunidade de solidificar a nossa amizade.
Saí do Colégio Antônio Vieira para concluir os dois últimos anos do Científico (1960/1961) no Colégio da Bahia (CENTRAL) e Valtércio continuou no Colégio Vieira, nos aos 1960/1961, tendo ali concluído o Científico. Cada um de nós tomamos rumos e profissões diferentes, mas, até hoje mantemos a velha amizade.
Eis que, recebo com surpresa e alegria o envio de uma crônica do amigo, hoje residindo em Brasília (DF), relatando vivências acontecidas no ano de 1961, no Colégio Vieira, à qual tenho imensa satisfação em publicá-la neste modesto blog.


"ELEIÇÕES NO COLÉGIO ANTÔNIO VIEIRA
Valtércio Nogueira
Corria o ano de 1961. A Bahia respirava eleições. Nomes de candidatos afloravam para cargos nas Assembléias Legislativas do Estado, à Câmara Federal e à Presidência da República em Brasília. Nasciam em Salvador os nomes políticos de João Dórea, Rubião Braz, Vieira de Melo, Lafaiete Coutinho e outros menos conhecidos.
O Colégio Antônio Vieira como não poderia ser diferente, foi contaminado por essa chama eleitoral. Discussões acaloradas preenchiam o tempo dos alunos externos e principalmente dos internos, que defendiam com veemência própria da juventude, os nomes dos líderes que deveriam governar os destinos do Brasil e da nossa amada Bahia.
Alimentados por esses fatos políticos do momento, surgiu a idéia de escolher dentre os alunos internos, aquele que pudesse representar a dita sofrida classe de alunos perante os superiores, in casu, o Reitor do Colégio, o Prefeito, enfim, os padres jesuítas.
Incontinenti, apresentou-se como candidato para defender os interesses dos internos , ELEUTÉRIO GOMES, o popular LELEU, baiano de Maragojipe , mulato forte, troncudo, bom de bola, alegre, brincalhão, piadista e aluno do curso clássico, evidentemente com pretensões jurídicas.
Em oposição ao Leleu, brotou o nome de JESULINDO BIONDI, baiano de Jequié, também carismático e dura realidade, candidato dos padres jesuítas, entretanto, aluno aplicado do curso científico, objetivando à carreira médica.
Apoiada a democrática decisão eleitoreira, foram registrados os nomes de ELEUTÉRIO e JESULINDO, como candidatos, os quais de chofre, saíram em campanha por todo o colégio, expondo cada um sua plataforma de trabalho a ser desenvolvido em favor da classe dos internos.
Leleu o mais desenvolto, anunciava aos quatro cantos do Vieira as metas da sua futura gestão, e em entusiasmo, pediu ao grupo do qual este modesto escriba fazia parte, que elaborasse um “slogan” de campanha enaltecendo sua candidatura para ser afixado em forma de cartazes nas paredes e murais do colégio.
Imbuídos desta tarefa, os liderados eleuteristas, produziram a mensagem política emoldurada sob cartazes, os quais foram afixados em todos os recantos do Antonio Vieira.
A mensagem solicitada ou o “slogan” em destaque abaixo, assim expressava:
PARA NINGUEM BOTAR NEM NO MEU, NEM NO SEU, VOTE NO LELEU.

O “slogan”causou risos e Leleu, infelizmente, perdeu as eleições.
Até hoje, acredito, que o nosso Leleu não sabe quem foi o autor da frase."

Arte Sacra na Bahia:NOSSA SENHORA DAS DORES


Nossa Senhora das Dores.
Imagem do sec. XVIII, com 91 cm de altura, em madeira esculpida, policromada e dourada envolta em pesado panejamento que segue o movimento do seu gesto doloroso, como que de recusa ou afastamento da dor.
A refinada policromia contrasta com um forte uso de dourado com matizes da cor azul, atribuída à Virgem (cobalto escuro no manto com forro azul-cerúleo) e ressalta o esgar doloroso, a coifa branca esgrafitada em dourado.
Apóia-se sobre base em escaiola azul e vermelha. Punhal em ouro.
O culto das 7 dores de Nossa Senhora data do ano de 1423 e tem como fundamento o Evangelho de São Lucas (2,35) que divulga a profecia de Simeão “que a espada de dor traspassaria a alma da virgem” .
Esta imagem está no Museu da Catedral Basílica da cidade de Salvador (BA).
(Bahia: Tesouros da Fé - Foto:Sérgio Benutti)

Foto Antiga: Desfile da Primavera em Xique-Xique (BA)

DESFILE DA PRMAVERA

Por incrível que pareça a data da chegada da primavera no mês de setembro, era, na década de 1960, muito comemorada em Xique-Xique, não obstante contarmos com apenas duas estações na região: Inverno, caracteizado pela estação chuvosa e Verão época da estiagem, da falta de chuvas, quando o gado muitas vezes morria de sede nas fazendas da caatinga.
Mas, a tradição do desfile da primavera, que existia desde o tempo da Escolas Reunidas Cesar Zama, foi incrementado após a criação do Ginásio Senhor do Bonfim, principalmente sob a direção do Dr. Hélcio Bessa, principal animador da festa.
Era disputado o concurso para a eleição da "rainha da primavera" e das duas "princesas" que a acompanharia em cima do carro alegórico, ricamente enfeitado e que desfilava por toda a cidade.
A foto que ilustra é de um desses desfiles quando da passagem do carro pela Rua Getúlio Vargas.
Vejam se identificam a "rainha" e as "princesas".

domingo, 9 de janeiro de 2011

LUIZA PFAU EM XIQUE-XIQUE (BA).

VIAGEM PELO RIO SÃO FRANCISCO
A empresária paulista e desenhista de joias, LUIZA PFAU desceu o Rio São Francisco da nascente à foz e se deleitou com as diversas cidades ribeirinhas, cada uma com seus costumes e suas tradições.
No dia 20.10.2009, LUIZA aportou em Xique-Xique (BA) e, após a obtenção de várias fotos e de se encantar , emitiu, no seu blog, um longo e elogioso comentário sobre a cidade ribeirinha que estava visitando. Veja como ficou o honroso encantamento da empresária sobre o nosso torrão natal:
"Eu Adorei Xique Xique, primeiro passei três dias lá, pois tinham me dito que não era importante ir a esta cidade, tive que voltar a Barra e fiquei novamente em Xique Xique mais uma semana, e quase fico de vez.
Sempre me refiro a cidade como misteriosa, comparo cidades com pessoas, e vi Xique Xique assim: Culta, politizada, misteriosa, 'na dela'.
Conheci pessoas especiais lá, e quero voltar em breve.
Em Xique-Xique tem “Quase Tudo” que uma cidade precisa. Conserva e preserva o antigo. Ao mesmo tempo que constrói a nova cidade que vi está se desenvolvendo visivelmente.
É uma das cidades na qual eu moraria. Fui muito bem recebida. Comi o melhor surubim ensopado da minha vida, oferecido pelo Edson da FUNDIFRAN, fiquei hospedada na casa do Prof. Alfredo, tive conversas muito agradáveis com o agrônomo José Robsom, a artista plástica Aricélia, e ainda fiquei devendo várias vizitas e encontros, fica para quando eu voltar. De Carlinhos vou falar na postagem sobre a APA DA LAGOA DE ITAPARICA.
A cidade sentiu o fim da navegação como todas as outras, mas continua com o porto mais movimentado até aqui. Manteve o comércio bem ativo, e o seu povo educado. A grande feira semanal toma conta de quase toda cidade, recebendo gente dos municípios e povoados vizinhos para comercializar desde gado a ca
lcinhas.
O que mais chamou minha atenção foi a quantidade de pessoas bem informadas, ligadas no que acontece no mundo, politizadas e com iniciativa.
De Xique-Xique saiu uma expedição rio acima, bem antes de Dom Luiz Cappio, ainda nos anos 70.
Agora a cidade vai passar por grandes transformações com o agronegócio, é lá que está sendo construído o Baxio de Irece, que na verdade é de Xique –Xique.
A movimentação de mineradoras também é grande. A cidade inteira esta com hotéis lotados com pessoas de fora que ninguém sabe direito o que estão fazendo ou de onde vem. O que observei é que a quantidade de carros com placa de São José dos Pinhais e Curitiba – PA é quase tão grande quanto da própria cidade.

Evangelho Dominical: O BATISMO DE JESUS

MATEUS 3, 13-17

Da Galiléia foi Jesus ao Jordão ter com João, a fim de ser batizado por ele.
João recusava-se: “Eu devo ser batizado por ti e tu vens a mim!”
Mas Jesus lhe respondeu: “Deixa por agora, pois convém cumpramos a justiça completa”.
Então João cedeu.
Depois que Jesus foi batizado, saiu logo da água. Eis que os céus se abriram e viu descer sobre ele, em forma de pomba, o Espírito de Deus.
E do céu baixou uma voz: “Eis meu Filho muito amado em quem ponho minha afeição”.
Palavra da Salvação.

sábado, 8 de janeiro de 2011

MARISA LETÍCIA VISTA POR HILDEGARD ANGEL


HILDEGAR ANGEL é uma das mais respeitadas jornalistas do Rio de Janeiro. Durante mais de 30 anos foi colunista no jornal O Globo, quer cobrindo a sociedade (com seu nome e também com o pseudônimo Perla Sigaud), quer cobrindo comportamento, artes e TV, tendo assinado por mais de uma década a primeira coluna de TV daquele jornal. Nos últimos anos, manteve uma coluna diária no Jornal do Brasil, onde também criou e editou um caderno semanal à sua imagem e semelhança, o Caderno H. Com passagem pelas publicações das grandes editoras brasileiras - Bloch, Três, Abril, Carta, Rio Gráfica - e colaborações também em veículos internacionais, Hildegard talvez seja a colunista social com maior trânsito no país.
Vejam o que ela escreve sobre a primeira dama MARISA LETÍCIA LULA DA SILVA, na sua coluna do dia 04 de janeiro em curso.

"Marisa Letícia Lula da Silva: as palavras que precisavam ser ditas

Foram oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis, calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas. Jamais foi chamada de "a Cara" por ninguém, nem teve a imprensa internacional a lhe tecer elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua defesa. À "companheira" número 1 da República, muito osso, afagos poucos. Ah, dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E - pior de tudo - os boatos infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a família? Ah, meus queridos, Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter coragem e estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E ela teve.

Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido nas solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da mulher mãe de família em nossa sociedade. Depois, implicaram com o silêncio dela, a "mudez", a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais do que evidente de sua sabedoria. Falar o quê, quando, todos sabem, primeira-dama não é cargo, não é emprego, não é profissão? Ah, mas tudo que "eles" queriam era ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as palavras para, mais uma vez, com aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar, compará-la à antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar poderoso de doutorados e mestrados. Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e reservada, como tem Marisa Letícia. E não são também em grande número aquelas que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele. E isso não é um mérito? Não é um exemplo bom?

Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade. Foi um apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente, decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas. A mais singela de nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de nossas preferências, nossa culinária, os jogos e brincadeiras. Prestigiando o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural. Fizeram chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do casal lhes causasse desconforto. Imprensa colonizada e tola, metida a chique. Fazem lembrar "emergentes" metidos a sebo que jamais poderiam entender a beleza de um pau de sebo "arrodeado" de fitinhas coloridas. Jornalistas mais criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo Santo Antônio, levado pelo presidente em estandarte nas procissões, não é aprendida, nem inventada. É legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio João Casa), de família de agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de Bérgamo, Marisa até os cinco de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o avô paterno, Giovanni Casa, devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio. Até hoje ela existe, está lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o nome da família de Marisa, Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas raízes, na periferia de São Bernardo do Campo. Os Casa, de Marisa Letícia, meus amores, foram tão imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram a construir o Brasil.

Outro traço brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio às cores nacionais, sempre reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras de costureiros nossos, nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de quem gosta de copiar a moda estrangeira. Eram os coletes de crochê, os bordados artesanais, as rendas nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é conversa fiada. No poder, ao lado do marido, ela claramente se empenhou em fazer bonito nas viagens, nas visitas oficiais, nas cerimônias protocolares. Qualquer olhar atento percebe que, a partir do momento em que se vestir bem passou a ser uma preocupação, Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se, depurou o gosto, dando um olé geral em sua última aparição como primeira-dama do Brasil, na cerimônia de sábado passado, no Palácio do Planalto, quando, desculpem-me as demais, era seguramente a presença feminina mais elegante. Evoluiu no corte do cabelo, no penteado, na maquiagem e, até, nos tão criticados reparos estéticos, que a fizeram mais jovem e bonita. Atire a primeira pedra a mulher que, em posição de grande visibilidade, não fez uma plástica, não deu uma puxadinha leve, não aplicou uma injeçãozinha básica de botox, mesmo que light, ou não recorreu aos cremes noturnos. Ora essa, façam-me o favor!

Cobraram de Marisa Letícia um "trabalho social nacional", um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária de Ruth Cardoso. Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se enrascar numa das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a área social. Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer: ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego. Escutá-lo e, se necessário, opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT. E, corajosa, arriscou a pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo todo. Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram. Não há um único relato de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula, um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam.

Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos. Tivesse dito tudo isso antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer a Justiça que merece. "


CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO RESPONDE À "VEJA"

Resposta do Ministro JORGE HAGE, Ministro-Chefe da Procuradoria Geral da União a editorial da revista VEJA de 27.12.2010.

"Brasília, 27 de dezembro de 2010.
Sr. Editor,
Apesar de não surpreender a ninguém que haja acompanhado as edições da sua revista nos últimos anos, o número 52 do ano de 2010, dito de “Balanço dos 8 anos de Lula”, conseguiu superar-se como confirmação final da cegueira a que a má vontade e o preconceito acabam por conduzir.
Qualquer leitor que não tenha desembarcado diretamente de Marte na noite anterior haverá de perguntar-se “de que país a Veja está falando?”. E, se o leitor for um brasileiro e não integrar aquela ínfima minoria de 4% que avalia o Governo Lula como ruim ou péssimo, haverá de enxergar-se um completo idiota, pois pensava que o Governo Lula fora ótimo, bom ou regular. Se isso se aplica a todas as “matérias” e artigos da dita retrospectiva, quero deter-me especialmente às páginas não-numeradas e não-assinadas, sob o título “Fecham-se as cortinas, termina o espetáculo”. Ali, dentre outras raivosas adjetivações (e sem apontar quaisquer fatos, registre-se), o Governo Lula é apontado como “o mais corrupto da República”.
Será ele o mais corrupto porque foi o primeiro Governo da República que colocou a Polícia Federal no encalço dos corruptos, a ponto de ter suas operações criticadas por expor aquelas pessoas à execração pública? Ou por ser o primeiro que levou até governadores à cadeia, um deles, aliás, objeto de matéria nesta mesma edição de Veja, à página 81? Ou será por ser este o primeiro Governo que fortaleceu a Controladoria-Geral da União e deu-lhe liberdade para investigar as fraudes que ocorriam desde sempre, desbaratando esquemas mafiosos que operavam desde os anos 90, (como as Sanguessugas, os Vampiros, os Gafanhotos, os Gabirus e tantos mais), e, em parceria com a PF e o Ministério Público, propiciar os inquéritos e as ações judiciais que hoje já se contam pelos milhares? Ou por ter indicado para dirigir o Ministério Público Federal o nome escolhido em primeiro lugar pelos membros da categoria, de modo a dispor da mais ampla autonomia de atuação, inclusive contra o próprio Governo, quando fosse o caso? Ou já foram esquecidos os tempos do “Engavetador-Geral da República”?
Ou talvez tenha sido por haver criado um Sistema de Corregedorias que já expulsou do serviço público mais de 2.800 agentes públicos de todos os níveis, incluindo altos funcionários como procuradores federais e auditores fiscais, além de diretores e superintendentes de estatais (como os Correios e a Infraero). Ou talvez este seja o governo mais corrupto por haver aberto as contas públicas a toda a população, no Portal da Transparência, que exibe hoje as despesas realizadas até a noite de ontem, em tal nível de abertura que se tornou referência mundial reconhecida pela ONU, OCDE e demais organismos internacionais.
Poderia estender-me aqui indefinidamente, enumerando os avanços concretos verificados no enfrentamento da corrupção, que é tão antiga no Brasil quanto no resto do mundo, sendo que a diferença que marcou este governo foi o haver passado a investigá-la e revelá-la, ao invés de varrê-la para debaixo do tapete, como sempre se fez por aqui.
Peço a publicação.
Jorge Hage Sobrinho
Ministro-Chefe da Controladoria-Geral da União"

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

A Arte Sacra na Bahia: Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.

NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

A fotografia é de uma imagem portuguesa em madeira, policromia e douramento do século XVIII. Alguns estudiosos chegam a aventar que o uso do rosário teria similares em culturas africanas, de origem muçulmana, sendo a reza repetida, ritmada, marcada pelo passar das contas, o impulso inicial dessa devoção.
Era a devoção dos escravos africanos.
Bahia: Tesouros da Fé.
Foto: Sérgio Benutti

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A ESCRITORA ZÉLIA FIGUEIREDO NOGUEIRA

Zélia Figueiredo Nogueira, filha do Sr. Antônio Figueiredo e de D. Amália Sampaio de Figueiredo, nasceu na vila de Gameleira, Chapada Diamantina, atualmente pertencente ao Município de Gentio do Ouro (BA) e, ainda pequenina, foi morar em Xique-Xique (BA), onde seus pais fixaram residência, tendo passado toda a infância e adolescência naquela cidade, motivo pelo qual a consideramos como xiquexiquense, também.
Ainda jovem diplomou-se como normalista no Colégio Santa Eufrásia, na Barra (BA) e mais tarde, já casada graduou-se em Pedagogia, pela Faculdade de Educação da Bahia, e Biblioteconomia, pela Universidade Federal da Bahia, em Salvador.
Passou toda a sua vida envolvida com livros pois lecionou, como servidora pública estadual em varias escolas em Salvador tendo atingido a função de orientadora pedagógica na Escola Cupertino de Lacerda. Como bibliotecária, desenvolveu atividades profissionais na Biblioteca Central dos Barris, Biblioteca Juracy Magalhães Junior e Biblioteca Infantil Monteiro Lobato. Na empresa privada, como bibliotecária, trabalhou durante quinze anos como arquivista da Pedreiras Valéria.
No ano de 1982, conquistou o 1º lugar no “VI Concurso Literário da Seliba”.

Agora, aposentada, Zélia Nogueira prepara-se para lançar, NO INSTITUTO FEMININO DA BAHIA ÀS 16 HORAS DO DIA 14 DO MÊS EM CURSO, o seu livro “Estações da Vida”, onde reúne uma coletânea de poemas escritos em períodos distintos ao longo da sua vida, divididos em duas grandes partes: a primeira, intitulada “Outono”, retrata um contexto mais reflexivo do seu labor artístico; a outra, “Sertaneja”, enfatiza a sua identidade feminina e as suas vivências no interior, à beira do mitológico rio São Francisco.
Compõe o livro, também, algumas crônicas e prosas poéticas, livremente escritas, que contemplam as relembranças da autora.
O Blog JUAREZ MORAIS CHAVES sente-se deveras honrado em poder divulgar essa obra literária da nossa poetisa/escritora.
A seguir, a prosa REMINISCÊNCIAS onde a autora relembra, nostalgicamente, o período em estudava o Curso Primário nas Escolas Reunidas César Zama, em Xique-Xique.

"Reminiscências

A carta de ABC, numa pasta de couro imitando crocodilo, era da cor de chocolate. A do meu irmão, de tamanho maior, era marrom. Na minha pasta encontrei um lápis, um caderno, uma pedra de escrever; o lápis também era de pedra.
Na manhã primaveril, subíamos a avenida em direção à Escola César Zama. O ar puro que vinha da caatinga enchia-nos os pulmões, o vento era forte e barulhento, a areia grossa da avenida batia em nossas pernas, nossos cabelos quase voavam. O vozerio das crianças já se misturava ao sabor do vento. Meu irmão, comportado e compenetrado; eu, distraída e inquieta. Será que a repressão fazia piruetas em minha cabeça?
Aproximamo-nos de um grande prédio circundado por um extenso pátio onde os pés de acácia floriam festivamente. A curiosidade em desvendar o desconhecido era-me por demais fascinante e aos poucos desgrudei-me do meu irmão, misturando-me àquele bando despreocupado e alegre.
Foi-me emocionante ouvir o toque do sino chamando para as aulas; o azul e branco dos uniformes enchia-me os olhos e cada descoberta colocava-me diante de uma grande aventura. Enquanto os meninos acomodavam-se em filas, pude ver e ouvir a diretora, de estatura baixa e compleição robusta que falava em voz alta e rouca. Sua preleção enérgica, em meio a citações talvez eruditas, deixou-me preocupada e confusa. Contudo, refiz-me de ânimo ao penetrar numa acolhedora sala de aula onde uma professora aguardava alegremente seus pequenos alunos. Lembro-me bem, Eli era o seu nome.
Aquele foi um dia todo novo e tudo assinalava um grande acontecimento: o sol invadia aquela sala ampla, enquanto as luzes do saber escancaravam as portas para mim, que inocente não me apercebera disso. Era o meu primeiro dia de aula."

Ainda dominada pelo fascínio que o "Velho Chico" imprime, indelevelmente, a todos os que nascem e vivem às suas margens, a Poetisa Zélia Nogueira, nos brinda com a bela poesia sobre o tão festejado rio:
"Ao Meu Querido Rio

O meu São Francisco não é o de Assis
É o santo do sertão.
É o rio vivo, caudaloso, amante,
abrindo os braços em abraço
chegas até nós em Xique-Xique.
Quantas vezes espreguiçavas tanto...
Tornando difícil a entrada dos vapores.
Íamos à Barra.
No genipapeiro, a espera...
Enquanto o frio gelava os corações saudosos,
o apito forte do gaiola redobrava o sentimento puro,
calando a algazarra de jovens colegiais.
Acomodávamos nos camarotes
Ou debruçávamos sobre as grades
Admirando-te familiar e amigo,
Alargando-se forte e sertanejo
no mocambo do vento.
Chegávamos aos poucos ! Rio Grande e São Francisco,
cumprimentavam-se mutuamente,
trocavam carícias sem perder suas características.
Aquele escuro ônix; este, de águas doces, barrentas;
ambos íntegros, personalíssimos.
Dentro em pouco, visualizava-se a Cidade da Barra,
arraial de Lancastro, Terra de Barões;
na praça, o colégio Santa Eufrásia
acolhia os nossos sonhos juvenis.
Meu velho Chico, como é doce recordar
mesmo sentindo um aperto aqui no peito!
Mudaste tanto... Te inventaram barragem.
Mudei também, Chico:
Cadê as meninas do internato?
Cadê os gaiolas
para eu te visitar de Juazeiro à Pirapora?
Cadê, Chico?! "

AGRADECIMENTOS AO NOVO SEGUIDOR



O BLOG JUAREZ MORAIS CHAVES AGRADECE, SENSIBILIZADO, A HONROSA CHEGADA DO JORNAL A VOZ, FAMOSO PERIÓDICO NOTICIOSO DA CIDADE DE XIQUE-XIQUE (BA), COMO O MAIS NOVO SEGUIDOR, PROMETENDO MANTER A MESMA LINHA EDITORIAL E ESPERANDO PODER CONTINUAR ATENDENDO A EXPECTATIVA DE TODOS OS QUE, GENTILMENTE, SE DIGNAM EM ACOMPANHAR ESTE MODESTO BLOG.

domingo, 2 de janeiro de 2011

AGRADECIMENTOS AOS NOVOS SEGUIDORES



O BLOG JUAREZ MORAIS CHAVES AGRADECE, SENSIBILIZADO, A CHEGADA DE JACIARA e WILDERLAN SOUZA PROMETENDO MANTER A MESMA LINHA EDITORIAL E ESPERANDO PODER CONTINUAR ATENDENDO A EXPECTATIVA DE TODOS OS QUE, GENTILMENTE, SE DIGNAM EM ACOMPANHAR ESTE MODESTO BLOG.