Juarez Morais Chaves
João Batista Pacheco, cidadão conhecidíssimo e muito querido em Xique Xique (BA), completou no dia 22 de junho p/passado 91 anos de idade, mas continua circulando pelas ruas da cidade no completo exercício dos seus sentidos (foto de julho/11).
Nascido na cidade de Lençois (BA), chegou em Xique Xique no ano de 1940, tendo alí, desde aquela data, exercido, concomitantemente e com muita dedicação, três atividades: foi dono de bar, fundou o "Clube Recreativo Flamengo", e como atividade principal exerceu o ofício de alfaiate durante muitos anos.
A profissão de alfaiate é uma das mais antigas do mundo. Derivada do árabe alkhayyát, do verbo kháta, significa coser. Os Alfaiates, conhecidos na França por "Tailleur", na Itália por "Sarto", na Espanha por "Sastre", tinham, desde a antiguidade, o domínio do corte e costura das diversas peças do vestuário masculino e feminino.
Quando aportou em Xique Xique, João Pacheco, já alfaiate e costurando roupas masculinas, tinha o intuito de ganhar dinheiro pois nessa época já se destacava como um dos melhores ou o melhor profissional da tesoura da região em face do excelente acabamento das suas confecções. Instalou a sua "tenda" na Avenida Getúlio Vargas, uma das principais ruas do comércio da cidade e durante muitos anos foi sempre requisitado pelas pessoas que necessitavam se apresentar trajando um terno bem feito e bem "assentado". Pela qualidade do seu trabalho João Pacheco sempre estava com a agenda cheia e a encomenda de uma roupa tinha que ser feita com certa antecedência principalmente nas datas festivas.
Mesmo com a fabricação em série de roupas com o uso de tecnologias de ponta, os alfaiates ainda continuam sendo procurados pelos empresários que preferem roupas exclusivas, sob medida e personalizadas. Ao contrário de outras profissões, não há exigência de uma formação acadêmica para ser Alfaiate. A prática e o dom formam o profissional.
Todavia, para sobreviver no competitivo mercado de confecções, os atuais alfaiates estão sempre se reciclando, recorrendo a computação como ferramenta de trabalho e buscando as atualizações das tendências da moda.
Com o Alfaiate João Pacheco esses problemas não existiam quando exercia a nobre profissão em Xique Xique. Bastava-lhe a tesoura e a fita métrica para colher as medidas individuais e logo surgiria um terno para homem nenhum botar defeito. A sua clientela não se resumia apenas à população de Xique Xique. Todas as cidades vizinhas vinham a procura do famoso alfaiate sempre que necessitavam de uma roupa impecável.
No que pese as roupas confeccionadas pelo alfaiate João Pacheco portarem na parte interna do paletó o selo da sua oficina, o seu corte exclusivo e personalizado logo denunciava o autor da roupa sem que fosse necessário abrir o paletó, pois o seu estilo era tão marcante que cada terno por ele produzido era com se fosse sua assinatura.
Mas, mesmo com a alfaiataria repleta de encomendas, João Pacheco, sem prejudicar a qualidade dos seus ternos, não se descuidava da prática amadorística do futebol, sua paixão depois do ofício de alfaiate e, nos poucos momentos de folga a sua maior diversão era jogar futebol até que no dia 8 de setembro de 1952, contando com a ajuda de amigos xiquexiquenses, fundou e manteve às suas expensas o "Clube Recreativo Flamengo" que teve jogadores fabulosos e respeitáveis em toda a região, entre os quais podem ser citados: Luizinho, João Petu, Orlando, Enoque, Vieira, João Gomes, Zinho, Zé Bonfim, Zé Gordura, João Shimba, Hélcio Bessa, Rubem Dário, Onilton, Geraldo Marcelino e muitos outros bons atletas que também vestiram a camisa dessa agremiação que marcou época na história futebolística de Xique Xique. O time da fotografia era composto pelos atletas: Em pé da direita para a esquerda: Maninho, Findinga, Isaldo, Getúlio, Isaias, Gordinho e Russo; De cócoras, da direita para a esquerda: Estácio, Neizinho, Raul Marçal, Sebastião, Vital e Luizinho. João Pacheco está de pé ao lado do goleiro do Flamengo.
Nascido na cidade de Lençois (BA), chegou em Xique Xique no ano de 1940, tendo alí, desde aquela data, exercido, concomitantemente e com muita dedicação, três atividades: foi dono de bar, fundou o "Clube Recreativo Flamengo", e como atividade principal exerceu o ofício de alfaiate durante muitos anos.
A profissão de alfaiate é uma das mais antigas do mundo. Derivada do árabe alkhayyát, do verbo kháta, significa coser. Os Alfaiates, conhecidos na França por "Tailleur", na Itália por "Sarto", na Espanha por "Sastre", tinham, desde a antiguidade, o domínio do corte e costura das diversas peças do vestuário masculino e feminino.
Quando aportou em Xique Xique, João Pacheco, já alfaiate e costurando roupas masculinas, tinha o intuito de ganhar dinheiro pois nessa época já se destacava como um dos melhores ou o melhor profissional da tesoura da região em face do excelente acabamento das suas confecções. Instalou a sua "tenda" na Avenida Getúlio Vargas, uma das principais ruas do comércio da cidade e durante muitos anos foi sempre requisitado pelas pessoas que necessitavam se apresentar trajando um terno bem feito e bem "assentado". Pela qualidade do seu trabalho João Pacheco sempre estava com a agenda cheia e a encomenda de uma roupa tinha que ser feita com certa antecedência principalmente nas datas festivas.
Mesmo com a fabricação em série de roupas com o uso de tecnologias de ponta, os alfaiates ainda continuam sendo procurados pelos empresários que preferem roupas exclusivas, sob medida e personalizadas. Ao contrário de outras profissões, não há exigência de uma formação acadêmica para ser Alfaiate. A prática e o dom formam o profissional.
Todavia, para sobreviver no competitivo mercado de confecções, os atuais alfaiates estão sempre se reciclando, recorrendo a computação como ferramenta de trabalho e buscando as atualizações das tendências da moda.
Com o Alfaiate João Pacheco esses problemas não existiam quando exercia a nobre profissão em Xique Xique. Bastava-lhe a tesoura e a fita métrica para colher as medidas individuais e logo surgiria um terno para homem nenhum botar defeito. A sua clientela não se resumia apenas à população de Xique Xique. Todas as cidades vizinhas vinham a procura do famoso alfaiate sempre que necessitavam de uma roupa impecável.
No que pese as roupas confeccionadas pelo alfaiate João Pacheco portarem na parte interna do paletó o selo da sua oficina, o seu corte exclusivo e personalizado logo denunciava o autor da roupa sem que fosse necessário abrir o paletó, pois o seu estilo era tão marcante que cada terno por ele produzido era com se fosse sua assinatura.
Mas, mesmo com a alfaiataria repleta de encomendas, João Pacheco, sem prejudicar a qualidade dos seus ternos, não se descuidava da prática amadorística do futebol, sua paixão depois do ofício de alfaiate e, nos poucos momentos de folga a sua maior diversão era jogar futebol até que no dia 8 de setembro de 1952, contando com a ajuda de amigos xiquexiquenses, fundou e manteve às suas expensas o "Clube Recreativo Flamengo" que teve jogadores fabulosos e respeitáveis em toda a região, entre os quais podem ser citados: Luizinho, João Petu, Orlando, Enoque, Vieira, João Gomes, Zinho, Zé Bonfim, Zé Gordura, João Shimba, Hélcio Bessa, Rubem Dário, Onilton, Geraldo Marcelino e muitos outros bons atletas que também vestiram a camisa dessa agremiação que marcou época na história futebolística de Xique Xique. O time da fotografia era composto pelos atletas: Em pé da direita para a esquerda: Maninho, Findinga, Isaldo, Getúlio, Isaias, Gordinho e Russo; De cócoras, da direita para a esquerda: Estácio, Neizinho, Raul Marçal, Sebastião, Vital e Luizinho. João Pacheco está de pé ao lado do goleiro do Flamengo.
O "Flamengo de João Pacheco" como era conhecido desfrutou imensa popularidade em toda a região e durante mais de duas décadas liderou os times da cidade, em campeonatos locais e sempre era um clássico quando saia para jogos em outras cidades vizinhas.
Nesta foto João Pacheco é o segundo a partir da direita, quando trouxe o seu Flamengo para em jogo com o Bahia de Adonias, outro esportista inveterado, comemorar no ano de 1965 o aniversário do Clube.
Pelos relevantes serviços prestados à moda masculina e ao futebol em Xique Xique, durante mais de 50 anos, a Câmara Municipal, por proposição do vereador João Guedes de Carvalho (1993-1997), concedeu a João Batista Pacheco o título de "Cidadão Xiquexiquense"
Pelos relevantes serviços prestados à moda masculina e ao futebol em Xique Xique, durante mais de 50 anos, a Câmara Municipal, por proposição do vereador João Guedes de Carvalho (1993-1997), concedeu a João Batista Pacheco o título de "Cidadão Xiquexiquense"
Meu caro Juarez,
ResponderExcluirEsta crônica me trouxe maravilhosas recordações! Na minha juventude, dos 12 aos 18 anos, trabalhei em uma alfaiataria muito parecida com esta do João Pacheco. Era a Alfaiataria Silva, de Zelito Silva, na cidade e Estância-Sergipe. Foi trabalhando de alfaiate, mais precisamente como "calceiro" (o que só fazia calças) que consegui fazer meu curso ginasial, que me deu embasamento para fazer o concurso do BNB. O Zelito também era um apaixonado por futebol, inclusive tinha sido um bom jogador e seu time preferido era o Vasco, pelo qual também passei a torcer por influência dele. Na alfaiataria aprendi o jogo de Damas, pois era o que fazíamos quando não tinha "serviço", de modo que me tornei um jogador de razoável qualidade, o que muito me serviu quando aprendi a jogar Xadrez, jogo fantástico, mas no qual infelizmente não evoluí muito!
Parabéns pela bela crônica!