A Escolas Reunidas César Zama, onde estudei o curso primário em Xique Xique (BA), sempre se preocupou em formar cidadãos patriotas. Todas as professoras tinham a consciência de que deveríamos conhecer os hinos e os símbolos da Pátria e se esforçavam em ensinar isso para os alunos. Portanto era comum, naqueles idos dos anos 1950 que nós soubéssemos de cor, além do hino nacional, vários outros hinos, tais como o hino à Bandeira, o hino da República, o hino da Independência, etc. As datas importantes no Brasil, tais como a independência, a proclamação da república, a libertação dos escravos, o dia da primavera etc, também não passavam desapercebidas e eram lembradas e comemoradas em cada sala de aula do velho César Zama.
Por tudo isso a festa mais importante e mais comemorada era o 7 de setembro. Nesse dia, todos os alunos do César Zama estariam usando a farda de gala pois iriam participar do maior desfile pelas principais ruas da cidade em homenagem à independência do Brasil. Logo que se iniciavam as aulas do segundo semestre as professoras começavam a se preocupar com os ensaios para o desfile desse grande dia. Normalmente uma pessoa da cidade que tivesse algumas noções de comandos militares era convidada para ministrar conhecimentos elementares aos alunos e alunas. Eram breves noções de “ordem unida”, “direita ou esquerda volver”, “ordinário marche” e outras coisas mais.
Lembro-me que em determinado ano a pessoa convidada para nos dar essas instruções destinadas ao desfile de 7 de setembro foi o Seu Alvino, modesto morador de Xique Xique (BA), agricultor por profissão, mas que, segundo se dizia tinha conhecimento do regime castrista. Tornava isso mais evidente pela compenetração com que se apresentava perante a meninada permitindo que se criasse muitas histórias a seu respeito, relacionadas com a vida militar, que nunca foram comprovadas.
O local da concentração era em frente ao Cezar Zama, onde nós meninos e meninas do curso primário, na década de 1950, ficávamos marchando pela Avenida J.J. Seabra, sob um sol abrasador, aprendendo as ordens militares que seriam por nós demonstradas durante o grande desfile.
No dia do desfile, cedinho, vestindo as nossas fardas de gala subíamos a Avenida J.J. Seabra, em direção ao Cesar Zama, local da concentração, cada série em torno da sua respectiva professora, até que seu Alvino tomando a iniciativa começava a organizar as filas, nos preparando para o início da marcha.
Enquanto Seu Alvino se encarregava de colocar a turma em fila indiana para começar os exercícios de ordem unida, as professoras ficavam ao lado e a tudo assistiam.
No dia do desfile, cedinho, vestindo as nossas fardas de gala subíamos a Avenida J.J. Seabra, em direção ao Cesar Zama, local da concentração, cada série em torno da sua respectiva professora, até que seu Alvino tomando a iniciativa começava a organizar as filas, nos preparando para o início da marcha.
Enquanto Seu Alvino se encarregava de colocar a turma em fila indiana para começar os exercícios de ordem unida, as professoras ficavam ao lado e a tudo assistiam.
Estando as crianças todas organizadas em fila, ao comando de seu Alvino, começava o desfile, com a gente marchando garbosamente, tendo na frente os dois alunos mais altos do 5º ano levando, desfraldadas, as bandeira nacional e estadual, abrindo a marcha ao som da pequenina banda marcial composta de um pequeno tambor de marcação e duas caixas de repique de fabricação local.
Descíamos a Avenida J.J. Seabra, em direção à beira do rio, fazíamos um contorno na Praça D. Máximo, entrávamos na Rua Marechal Deodoro (Rua da Sete) e, voltando pela Rua Gois Calmon (Rua Grande), chegávamos à Praça 6 de Julho (Praça do Pirulito) e, de novo na Avenida J.J. Seabra, retornavamos para as Escolas Reunidas Cesar Zama onde era dado a ordem de debandar.
Esse trajeto, feito na metade da manhã, sob um sol causticante e grande poeira fazia com que chegássemos ao fim do desfile totalmente suados e com as roupas e sapatos sujos do pó levantado pelos desfilantes, já que nessa época as ruas não eram pavimentadas e a gente marchava sobre areia. Não obstante esse desconforto era grande a satisfação da meninada ao final da marcha, já perto do meio dia, aliada à satisfação das professoras pelo dever cumprido e do seu Alvino pela excelente disciplina demonstrada por seus comandados.
Era assim que se comemorava, em Xique Xique (BA) o dia da Pátria.
Descíamos a Avenida J.J. Seabra, em direção à beira do rio, fazíamos um contorno na Praça D. Máximo, entrávamos na Rua Marechal Deodoro (Rua da Sete) e, voltando pela Rua Gois Calmon (Rua Grande), chegávamos à Praça 6 de Julho (Praça do Pirulito) e, de novo na Avenida J.J. Seabra, retornavamos para as Escolas Reunidas Cesar Zama onde era dado a ordem de debandar.
Esse trajeto, feito na metade da manhã, sob um sol causticante e grande poeira fazia com que chegássemos ao fim do desfile totalmente suados e com as roupas e sapatos sujos do pó levantado pelos desfilantes, já que nessa época as ruas não eram pavimentadas e a gente marchava sobre areia. Não obstante esse desconforto era grande a satisfação da meninada ao final da marcha, já perto do meio dia, aliada à satisfação das professoras pelo dever cumprido e do seu Alvino pela excelente disciplina demonstrada por seus comandados.
Era assim que se comemorava, em Xique Xique (BA) o dia da Pátria.
Devido à pobreza da cidade e à falta de iniciativa da sociedade local, nenhuma comemoração, além da marcha dos alunos do curso primário, era preparada e não passava pela cabeça de ninguém que aqueles meninos que terminavam a marcha cansados, suados e sujos bem que mereciam uma pequena merenda nem que fosse uns pedaços de bolos de milho ou de aipin e uns copos de garapa, já que salgadinhos e refrigerantes era artigo de luxo.
JMC-ago/2007
JMC-ago/2007
O SETE DE SETEMBRO DE 2011
Hoje, esse desfile comemorativo da Independência é muito diferente. O acontecido neste Sete de Setembro, organizado pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura, teve como tema central: Acontecimentos Marcantes na História da Bahia e do Brasil.
Ao contrario de Xique Xique da década de 1950 que só possuia a Escolas Reunidas Cézar Zama, conhecido como o PRÉDIO, a cidade possui atualmente muitas escolas que sob a administração municipal ministram cursos fundamentais. Essas escolas concentradas na Praça da Bíblia, desfilaram pela Avenida J.J. Seabra, passando pela Praça Dom Máximo e encerrando a homenagem em frente ao prédio da Prefeitura Municipal, local onde onde estavam reunidas as autoridades prestigiando o cortejo.
A homenagem ao Dia da Patria foi feita por 15 escolas municipais, uma estadual, uma particular, e o Pelotão Mirim do CRAS II, além de seis bandas marciais.
Cada escola desfilou tendo como lema um acontecimento ligado ao tema central, relacionado com a História da Bahia e do Brasil, conforme relação a seguir:"Aqui começa a nossa história": Creche Municipal, Creche Municipal Profª Gildete de Souza Viana e Creche Municipal Antônio Carlos Magalhães;
"Chegada da Família Real no Brasil": Colégio Municipal Senhor do Bonfim;
"Período governado por Regentes": Escolas Reunidas César Zama;
"Educação no Brasil Império": Escola Municipal Ester Peregrino de Carvalho;
"Brasil torna-se maior produtor mundial de café": Escola Municipal Alípio Castelo Branco Pinheiro;
"123 anos de uma falsa abolição": Escola Municipal Profª Maria Custódio Chaves "Proclamação da República":Escola Profª Anita de Carvalho Silva;
"Guerra de Canudos": Escola Municipal João Pinheiro Bastos;
"Semana de Arte Moderna": Escola Professor Luiz Navarro de Brito;
"Declaração Universal dos Direitos Humanos": Escola José Petitinga;
"Abertura política e diretas já": Escola Polivalente de Xique-Xique;
"Tema: Minha Pátria, minha casa, minha vida":Escola Deputada Necy Novaes;
"Literatura Baiana": Colégio Municipal Esdras Rocha;
"História de Xique-Xique": Escola Nanita Lacerda Magalhães;
O Rio São Francisco": Escola Nossa Srª da Conceição.
Os nossos administradores municipais foram muito felizes na escolha dos temas a serem defendidos pelos desfilantes. É assim que se forma o cidadão e a cidadania. Fazendo com que os pequenos xiquexiquenses tomem, desdee cedo, conhecimento dos nossos valores e valorizem as nossas coisas.
De parabéns, também, o corpo docente das nossas escolas xiquexiquenses do primeiro grau que tão bem souberam desenvolver os importantes temas que lhes foram confiados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário