Xique Xique por ter se originado de um acampamento de pescadores que, residindo na Ilha do Miradouro, instalavam-se na margem do piscoso Lago Ipueira, em frente à cidade, trouxe consigo, desde o nascimento uma grande vocação para as atividades de pesca, que se inicialmente fora exercida por humildes pescadores individuais, transformou-se com o passar do tempo numa profissão das mais organizadas da cidade, contando, inclusive, com associação de classes, conhecida como Colônia dos Pescadores. A Colônia, que abriga a grande maioria dos pescadores xiquexiquenses sempre se mostrou ser uma associação forte e que faz questão de exercer essa liderança, principalmente, na noite em que patrocina a novena em homenagem ao Senhor do Bonfim, padroeiro da cidade.
O Lago Ipueira que banha Xique Xique (BA), para quem não conhece, tem aproximadamente 13 km de comprimento e uma largura média de 500 metros, cujas águas viajam, lentamente, em direção sul, formando o canal do Mangue Fundo através do qual carreia água para a Lagoa de Itaparica local de desova e reprodução de muitas espécies de peixe do Rio São Francisco.
A pescaria é uma atividade inerente à todo xiquexiquense, pois, a gente começava a brincar de pegar peixe ainda na fase de criança. Diariamente, principalmente à tardinha e à noite, jovens e adultos se postavam na beira do Velho Chico, com anzóis e iscas de minhoca para pegar mandins, um peixe com mais ou menos 20 cm, bastante apreciado por toda a população quer cozido quer assado. Dentre esses pescadores muitos estavam ali, realmente, a procura de uma refeição.
O Lago Ipueira, em frente a Xique Xique sempre foi muito generoso e nunca permitiu que um pescador saísse das suas margens sem uma fieira de peixes, garantindo assim o alimento diário de muitas famílias. Outros, no entanto, estavam ali apenas para se divertir e às vezes essa diversão se estendia até as 21:30 horas quando a usina municipal que fornecia a energia elétrica, dava sinal que a luz ia apagar. Algumas pessoas preferiam ir pescar no meio do Lago Ipueira e utilizavam uma canoa a remo para se deslocar até 100 metros da margem. Diziam que ali havia peixes em maior quantidade, ante a ausência do barulho feito pelas pessoas que pescavam na margem.Naturalmente havia épocas em que os peixes eram mais abundantes e isso ocorria nos períodos de secas quando o Lago Ipueira ficava isolado ou apenas ligado por um pequeno braço de água ao leito principal do Rio São Francisco e assim se transformava num verdadeiro viveiro de peixes.
Quando o rio São Francisco começava o período de cheia, entre novembro e fevereiro de cada ano, resultado das chuvas caídas nas cabeceiras em Minas Gerais, o Canal do Guaxinin, na Ponta da Ilha, permitia que um grande volume de água chegasse até ao Lago Ipueira e dele passasse para a Lagoa da Itaparica através do canal do Mangue Fundo. Nessas ocasiões todo o sistema formado pelo Lago Ipueira, Canal do Mangue Fundo e Lagoa da Itaparica atingia o volume máximo de água, quando então os peixes aproveitavam para se acasalarem e desovarem. Alguns meses depois, com a vazante do rio o Canal do Mangue Fundo baixava o nível da água e era cortada a ligação do Lago Ipueira com a Lagoa de Itaparica, ficando pois desintegrado o sistema hidraulico antes formado pelos tres reservatórios, contudo, todos eles repletos de peixinhos que ali nasceram na época da cheia. Lá para o segundo semestre, os peixes já tinham atingido o tamanho ideal para serem pescados e, com o nível baixo das águas, o Canal do Mangue Fundo e a Lagoa de Itaparica se transformavam num espaço ideal para pescaria em grande escala.
Era quando a pescaria em Xique Xique deixava o seu caráter amadorístico e se transformava numa grande atividade comercial exercida pelos pescadores profissionais da cidade. Os peixes que nasceram na Lagoa de Itaparica e no Mangue Fundo já estavam relativamente crescidos e no ponto de serem pescados com a utilização de redes fabricadas de caroá, uma fibra existente na caatinga.
Nesse tempo os pescadores se mudavam com toda a sua família para o canal do Mangue Fundo ou para a margem da Lagoa de Itaparica e lá, levantavam pequenas casas de taipa cobertas com palha de carnaúba para se abrigarem durante todo o período da pescaria. Enquanto os homens pescavam as mulheres e filhos se encarregam de limpar os peixes e salgá-los pois ainda não havia um sistema de refrigeração para conservá-los frescos.
O primeiro dia de pescaria, no que pese ser uma atividade que acontecia anualmente, se transformava numa imperdível atração para grande parte do povo de Xique Xique. Uns iam a negócios para comprar o produto da pesca e outros por mera curiosidade ou simples distração. Como a pescaria do Mangue Fundo se dava num local relativamente perto da cidade, era a que mais atraia os curiosos que para lá se deslocavam utilizando todo tipo de transporte, até mesmo a pé. Para a Lagoa de Itaparica, geralmente se deslocavam os negociantes que estavam interessados na compra de peixes. De qualquer maneira nenhuma dessas pessoas que lá estivessem, a negócio, a passeio ou em lazer, teria o dissabor de passar fome, pois era grande a quantidade de panelas ao fogo cozinhando o peixe fresco recém saído das águas e grande a alegria daquelas mulheres de pescadores em fornecer um prato com o delicioso peixe cozido na água grande e na trempe de tijolo. E assim seguiam os pescadores na nobre faina de tirar do São Francisco a proteína animal que iria alimentar por muitos dias toda uma população e ainda sobrar peixe para exportar para os nossos irmãos das cidades vizinhas que, diariamente, vinham a Xique Xique comprar o peixe salgado, muito apreciado na região e fácil de guardar para ser utilizado durante toda a semana.Até os dias de hoje o Lago Ipueira, o canal do Mangue Fundo e a Lagoa de Itaparica, sem se falar nas outras inúmeras ilhas que compõem o arquipélago que enfeita o Rio São Francisco nas imediações de Xiquexique, têm se mostrado pródigos em fornecer o pescado fresco e saudável com que adorna a mesa dos xiquexiquenses.
A pescaria é uma atividade inerente à todo xiquexiquense, pois, a gente começava a brincar de pegar peixe ainda na fase de criança. Diariamente, principalmente à tardinha e à noite, jovens e adultos se postavam na beira do Velho Chico, com anzóis e iscas de minhoca para pegar mandins, um peixe com mais ou menos 20 cm, bastante apreciado por toda a população quer cozido quer assado. Dentre esses pescadores muitos estavam ali, realmente, a procura de uma refeição.
O Lago Ipueira, em frente a Xique Xique sempre foi muito generoso e nunca permitiu que um pescador saísse das suas margens sem uma fieira de peixes, garantindo assim o alimento diário de muitas famílias. Outros, no entanto, estavam ali apenas para se divertir e às vezes essa diversão se estendia até as 21:30 horas quando a usina municipal que fornecia a energia elétrica, dava sinal que a luz ia apagar. Algumas pessoas preferiam ir pescar no meio do Lago Ipueira e utilizavam uma canoa a remo para se deslocar até 100 metros da margem. Diziam que ali havia peixes em maior quantidade, ante a ausência do barulho feito pelas pessoas que pescavam na margem.Naturalmente havia épocas em que os peixes eram mais abundantes e isso ocorria nos períodos de secas quando o Lago Ipueira ficava isolado ou apenas ligado por um pequeno braço de água ao leito principal do Rio São Francisco e assim se transformava num verdadeiro viveiro de peixes.
Quando o rio São Francisco começava o período de cheia, entre novembro e fevereiro de cada ano, resultado das chuvas caídas nas cabeceiras em Minas Gerais, o Canal do Guaxinin, na Ponta da Ilha, permitia que um grande volume de água chegasse até ao Lago Ipueira e dele passasse para a Lagoa da Itaparica através do canal do Mangue Fundo. Nessas ocasiões todo o sistema formado pelo Lago Ipueira, Canal do Mangue Fundo e Lagoa da Itaparica atingia o volume máximo de água, quando então os peixes aproveitavam para se acasalarem e desovarem. Alguns meses depois, com a vazante do rio o Canal do Mangue Fundo baixava o nível da água e era cortada a ligação do Lago Ipueira com a Lagoa de Itaparica, ficando pois desintegrado o sistema hidraulico antes formado pelos tres reservatórios, contudo, todos eles repletos de peixinhos que ali nasceram na época da cheia. Lá para o segundo semestre, os peixes já tinham atingido o tamanho ideal para serem pescados e, com o nível baixo das águas, o Canal do Mangue Fundo e a Lagoa de Itaparica se transformavam num espaço ideal para pescaria em grande escala.
Era quando a pescaria em Xique Xique deixava o seu caráter amadorístico e se transformava numa grande atividade comercial exercida pelos pescadores profissionais da cidade. Os peixes que nasceram na Lagoa de Itaparica e no Mangue Fundo já estavam relativamente crescidos e no ponto de serem pescados com a utilização de redes fabricadas de caroá, uma fibra existente na caatinga.
Nesse tempo os pescadores se mudavam com toda a sua família para o canal do Mangue Fundo ou para a margem da Lagoa de Itaparica e lá, levantavam pequenas casas de taipa cobertas com palha de carnaúba para se abrigarem durante todo o período da pescaria. Enquanto os homens pescavam as mulheres e filhos se encarregam de limpar os peixes e salgá-los pois ainda não havia um sistema de refrigeração para conservá-los frescos.
O primeiro dia de pescaria, no que pese ser uma atividade que acontecia anualmente, se transformava numa imperdível atração para grande parte do povo de Xique Xique. Uns iam a negócios para comprar o produto da pesca e outros por mera curiosidade ou simples distração. Como a pescaria do Mangue Fundo se dava num local relativamente perto da cidade, era a que mais atraia os curiosos que para lá se deslocavam utilizando todo tipo de transporte, até mesmo a pé. Para a Lagoa de Itaparica, geralmente se deslocavam os negociantes que estavam interessados na compra de peixes. De qualquer maneira nenhuma dessas pessoas que lá estivessem, a negócio, a passeio ou em lazer, teria o dissabor de passar fome, pois era grande a quantidade de panelas ao fogo cozinhando o peixe fresco recém saído das águas e grande a alegria daquelas mulheres de pescadores em fornecer um prato com o delicioso peixe cozido na água grande e na trempe de tijolo. E assim seguiam os pescadores na nobre faina de tirar do São Francisco a proteína animal que iria alimentar por muitos dias toda uma população e ainda sobrar peixe para exportar para os nossos irmãos das cidades vizinhas que, diariamente, vinham a Xique Xique comprar o peixe salgado, muito apreciado na região e fácil de guardar para ser utilizado durante toda a semana.Até os dias de hoje o Lago Ipueira, o canal do Mangue Fundo e a Lagoa de Itaparica, sem se falar nas outras inúmeras ilhas que compõem o arquipélago que enfeita o Rio São Francisco nas imediações de Xiquexique, têm se mostrado pródigos em fornecer o pescado fresco e saudável com que adorna a mesa dos xiquexiquenses.
PS.: Este ano foi criada em Xique Xique a Faculdade de Engenharia de Pesca, ligada à Universidade Estadual da Bahia. A UNEB não poderia ter escolhido um melhor local para instalar a Faculdade, haja vista a vocação natural de Xique Xique para a atividade pesqueira. Esperamos que com essa Instituição de Ensino Superior a pesca em nossa cidade seja alavancada e se transforme em mercadoria de exportação para toda a Bahia ou mesmo o Brasil, carreando divisas para o nosso Município tão carente de verbas necessárias ao seu desenvolvimento.
Muito interessante este seu relato meu caro Juarez. Acho até que deve ser distribuído com os alunos da Faculdade de Engenharia de Pesca. Aliás, a cidade está de parabéns por ter recebido tão importante Instituição de Ensino Superior. Parabenizo-lhe também por demonstrar tanto interesse por sua terra natal. Muito bem!
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