sexta-feira, 25 de maio de 2012

Crônica: E SE A VELHA PREFEITURA AINDA ESTIVESSE DE PÉ?

     E SE ESTIVESSE DE PÉ?
                            Juarez M. Chaves
Todas as vezes que vou a Xique Xique (BA), ao passar pela famosa Praça D. Máximo, instintivamente o meu olhar se orienta para o ponto onde situa-se o atual prédio da Prefeitura Municipal.
Inconscientemente e de olhos fechados,    muitas cenas da minha infância e juventude   me vêm à mente, pois era bem ali, no lugar onde está encravado o novo prédio da Prefeitura que ficava  o belo prédio da antiga Prefeitura, cuja construção em blocos de pedra e cimento, foi iniciada por volta de 1890 e inaugurado no ano de 1894 pelo 3º Intendente Municipal de Xique Xique, Cap.  Antônio Martins Santiago (1892-1896).
O belo e clássico prédio da Prefeitura foi  demolido no ano de 1963   pelo 5º Prefeito Municipal de Xique Xique (BA), Sr. Joel Firmo de Meira, que governou o Município de 1963 a 1967.
Já são decorridos 49 anos e por isso a juventude de hoje não teve a oportunidade de conhecer tão bela arquitetura que embelezava a nossa Praça D. Máximo, mas, com certeza  ouviram  muitas e muitas histórias contadas pelos seus pais e avós sobre o triste fim do velho prédio da Prefeitura.
É impossível não me perguntar  como seria se o prédio da velha prefeitura ainda estivesse de pé no centro de Xique Xique, localizado em sua principal e mais movimentada Praça por onde todos os dias transitam inúmeras pessoas pensando e resolvendo seus problemas pessoais.
Foco o olhar para aquele canto da Praça D. Máximo e ali vejo, o velho prédio ainda de pé, com o amplo salão escuro, no andar térreo, onde ficava a Delegacia de Polícia e  os militares, cercado pelas 3 celas, sendo duas delas com as grades viradas para a Praça. Era a  cadeia pública de  onde os presos pendurados nas grades ficavam pedindo dinheiro e cigarro aos que passavam.  Diz a lenda que no fundo desse andar existia uma cela solitária onde eram colocados os prisioneiros violentos. Que essa cela não permitia o ingresso nem da luz solar e que o preso não aguentava num um mês de solitária.
Ao lado do prédio, íngreme  escada por onde se tinha acesso ao andar superior onde funcionava a sede do Poder Executivo. Nesse tempo os trabalhos municipais eram modestos e o Prefeito Municipal, nos idos de 1960, contava apenas com no  máximo três assessores, os atuais Secretários, mais do que suficientes para ajudar o Prefeito na administração da cidade.
Ali também funcionava, além de todas as repartições administrativas da Prefeitura, uma Biblioteca Pública com um grande acervo de livros e que muito serviu para ilustrar e instruir a população. Infelizmente, por falta de controle, os livros emprestados não eram devolvidos e à ausência de uma cobrança sistemática a biblioteca se extinguiu.
E hoje, ano de eleição? Era ali, no andar superior onde se fazia a contagem dos votos das inúmeras urnas que chegavam de todos os Distritos, principalmente de Central e Tiririca, os mais populosos e desenvolvidos. Era grande o afluxo de pessoas na Praça acompanhando cada resultado da contagem.
Sei que hoje o velho  prédio não suportaria a estrutura administrativa do atual executivo, composto de pelo menos 5 Secretarias Municipais espalhadas em vários imóveis pela cidade, além de um Chefe de Gabinete e outros assessores especiais do segundo escalão.
No  entanto, essa pequenez de área poderia ser utilizada para outras funções administrativas em proveito da cidade e do povo.
Ali poderia estar, no térreo, funcionando uma biblioteca pública e um atendimento ao cidadão destinado ao fornecimento de documentos e, no andar de cima poder-se-ia instalar o museu da cidade.
A bela fachada do prédio seria totalmente restaurada e poder-se-ia até manter as grades das celas dos presos como lembrança histórica.
O povo continuaria a visitar o prédio começando pelo térreo que não mais seria escuro e sim iluminado pela energia elétrica e pelas inúmeras obras literárias ali existentes.
O andar de cima seria muito visitado pelos jovens e pelos adultos que teriam muita satisfação e alegria em conhecer o museu da cidade com a rica história de Xique Xique contada através de livros, objetos e fotografias.
Continuo focado no local do velho prédio, os minutos se esvaem rapidamente e a minha dúvida inicial fica sem resposta pois nunca saberei como seria a movimentação na Praça D. Máximo se o velho prédio ainda estivesse de pé mesmo com outras funções públicas que não fossem abrigar a sede do Executivo.
Sei apenas que o velho e belo prédio continua vivo na minha memória de adolescente e o meu maior sentimento, além da destruição do mesmo, óbvio, é a sua substituição por outro edifício totalmente quadrado e destituído da mínima  beleza arquitetônica. O mau gosto é visível.
Será que não existe uma lei que force o Poder Executivo Municipal a reformar a fachada do atual prédio deixando-a igual à da antiga Prefeitura? 

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