Durante os 31 anos em que servi numa instituição bancária oficial, por um período de 20 anos trabalhei na área de concessão de crédito rural.
Existia entre os bancários do crédito rural um profissional técnico agrícola cuja função era acompanhar e orientar, in loco, as atividades financiadas para que o empreendimento rural obtivesse êxito.
Sempre que voltava do campo, esse profissional apresentava à chefia pequenos relatórios sobre cada um dos clientes visitados.
Eventualmente esses relatórios eram enriquecidos com frases interessantes que apenas representavam a forma de o técnico relatar, sucintamente, a situação de cada empréstimo.
Assim é que um determinado cliente foi contemplado com um empréstimo para a construção de uma pequena casa de farinha para beneficiar as mandiocas obtidas na sua roça.
Já havia decorrido mais de 2 anos que a casa de farinha estava funcionando a todo vapor, atendendo a todos os pequenos plantadores de mandioca da redondeza, sendo inclusive elogiada por parte do referido técnico agrícola.
Por isso, quando da visita relativa ao terceiro ano do financiamento, o técnico foi tomado de uma grande surpresa ao verificar que a casa de farinha estava em total abandono, no que pese o plantio de mandioca nas redondeza estar em franco progresso. Conversou com o financiado e seus familiares e não conseguiu entender o porque do abandono do negócio. Tudo indicava, após algumas rápidas observações que o insucesso se devia única e exclusivamente ao chefe da família, por ter assumido uma postura irresponsável e abandonado os seus negócios. Sem entender os motivos do insucesso do empreendimento, sucintamente apresentou, no seu relatório, a seguinte explicação:
“A casa de farinha não foi para frente porque o mutuário deu pra trás e nunca mais se levantou”.
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