quinta-feira, 7 de junho de 2012

Histórias do Crédito Rural: O AÇUDE VAZIO


                Açude Vazio
Durante os 31 anos em que servi numa instituição bancária oficial, por um período de 20 anos trabalhei na área do crédito rural.

Existia entre os bancários do crédito rural um profissional técnico agrícola cuja função era acompanhar  e orientar, in loco, as atividades financiadas para que o empreendimento rural obtivesse êxito.
Sempre que  voltava do campo, esse profissional apresentava à chefia pequenos relatórios sobre cada um dos clientes visitados.
Eventualmente esses relatórios eram enriquecidos com frases interessantes que apenas representavam a forma de o técnico relatar, sucintamente, a situação de cada empréstimo.
Assim é que um determinado cliente foi contemplado com o financiamento destinado a construção  de um pequeno açude para atenuar a falta de água nos longos períodos de seca, tão necessária ao consumo humano e para matar a sede das poucas cabeças de gado de propriedade do pequeno produtor.
Mas, de nada adiantava construir açude, se não houvesse a ocorrência de chuvas abundantes para enchê-lo e segurar água pelos próximos anos. Já haviam  sido decorridos mais de 2 anos que o açude estava pronto e o cliente já estava impaciente pois no primeiro ano as chuvas foram poucas, não dando para enchê-lo e o segundo ano já estava se acabando sem que a barra do dia anunciasse  um bom inverno. 
Assim, o açudeco estava praticamente seco quando o técnico do banco chegou para mais uma visita. 
Quando avistou aquela catástrofe, mais lama do que água com  os animais em volta,  tentando sorver um gole de água enlameada, assim se expressou no seu relatório:
 “Visitamos o açude nos fundos da fazenda e depois de longos e demorados estudos constatamos que o mesmo estava vazio”.

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