O TOURO "GAY"
Juarez Morais Chaves
Juarez Morais Chaves
Durante os 31 anos
em que servi numa instituição bancária oficial, por um período de 20 anos
trabalhei na área do crédito rural.
Existia
entre os bancários do crédito rural um profissional técnico agrícola cuja
função era acompanhar e orientar, in loco, as atividades financiadas
para que o empreendimento rural obtivesse êxito.
Sempre
que voltava do campo, esse profissional apresentava à chefia pequenos
relatórios sobre cada um dos clientes visitados.
Eventualmente
esses relatórios eram enriquecidos com frases interessantes que apenas
representavam a forma de o técnico relatar, sucintamente, a situação de cada
empréstimo.
Assim é que um determinado cliente foi contemplado com o
financiamento destinado a aquisição de
um touro reprodutor da raça Nelore, animal que
seria adquirido ainda garrote por ser mais barato.
No dia da visita cliente não estava presente,
pois viajara à sede do município para comprar alguns medicamentos veterinários,
mas, como não era a primeira visita e o técnico já era conhecido da
família, a mulher do cliente se prontificou a acompanha-lo na visita. Contou-lhe que com
o passar do tempo o garrote cresceu e, pelo porte apresentado prometia ser o
reprodutor ideal para a melhoria genética do pequeno rebanho deles. Mas, ela e
seu marido começaram a notar o pouco interesse do touro em cobrir as vacas, no
que pese as mesmas estarem em pleno cio.
Entrava mês, saia mês e nada do touro
ensaiar um namoro com as poucas novilhas a sua disposição. Face à moleza do
reprodutor, muitos bezerros foram perdidos pela falta de uma cobertura oportuna
que emprenhasse as matrizes.
Depois de um ano sem dar bolas para nenhuma das vaquinhas
a ele destinadas, o fazendeiro se convenceu de que o seu belo reprodutor era
realmente um “belo Antônio” e, por isso resolveu vendê-lo para adquirir outro
que desse no couro com as vacas.
A mulher, então, seguiu com o fiscal para mostrar-lhe o novo reprodutor, também da raça Nelore, substituição que foi aceita pelo técnico vez que o novo animal em
nada ficava a dever ao reprodutor visto anteriormente e que fora substituído.
Era um bonito Nelore, de raça apurada e que, segundo a mulher do cliente já era
pai de alguns bezerros que pastavam num pequeno cercado perto da casa. Era,
portanto um reprodutor testado. Convenceu-se, pois, de que a permuta tinha sido
boa para o empreendimento familiar, mas, precisava repassar essas informações
para a administração da Agência em função do seu zelo profissional.
Ao retorna para a agência do
banco, após registrar que o financiamento fora aplicado corretamente, pois,
havia visto o primeiro reprodutor entre as vacas, passou a esclarecer que o animal
inicialmente adquirido com o financiamento não se mostrara eficaz para a função
que lhe era destinado, já que não sentia nenhuma atração pelas vacas postas a
sua disposição, mesmo as que estavam em pleno cio, e por isso o cliente
resolveu trocá-lo por outro reprodutor com as mesmas características genéticas,
mas eficaz na sua função pois encontrara o plantel aumentado de alguns
bezerrinhos filhos do novo animal. Por isso dera a sua concordância para a troca
e estava considerando o financiamento em situação normal. Após prestar
os devidos esclarecimentos, encerrou os seus comentários com a famosa frase:
“A esposa
do cliente me informou que seu marido vendeu o touro financiado porque ele não
é de nada, é um frouxo; trocou-o por um mais potente”.
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