Durante os 31 anos em que servi numa instituição bancária oficial, por um período de 20 anos trabalhe na concessão de crédito rural.
Existia em cada Agência um profissional técnico agrícola cuja função era acompanhar e orientar in loco as atividades financiadas para que o empreendimento rural obtivesse êxito.
Sempre que voltava do campo, esse profissional apresentava à chefia pequenos relatórios sobre cada um dos clientes visitados.
Eventualmente esses relatórios eram enriquecidos com frases interessantes que apenas representavam a forma de o técnico relatar, sucintamente, a situação de cada empréstimos.
Aqui, o relatório do Técnico Agrícola, relatava o caso de um pequeno empréstimo pecuário destinado a construção de um pequeno curral e aquisição de 3 vacas leiteiras destinadas a fornecer leite à família do pequeno agricultor e, eventualmente, um bezerro que era vendido para o custeio de outras despesas.
Empréstimo de prazo de pagamento superior a 5 anos e que, em anos anteriores a aplicação do crédito já havia sido dada como correta pelo técnico visitador. As visitas seguintes destinavam-se a acompanhar o empreendimento e
oferecer assistência técnica ao pequeno produtor.
No quarto ano do financiamento ao chegar ao
imóvel rural para mais uma visita, o técnico constatou que a melhor vaca e justamente a que havia dado
cria no ano anterior, não mais estava fazendo parte do pequeno rebanho.
Questionando o porque da ausência do animal, o cliente lhe respondeu que os últimos meses foram de grande apertura financeira por motivos de muita seca e de enfermidades de seus filhos.
Questionando o porque da ausência do animal, o cliente lhe respondeu que os últimos meses foram de grande apertura financeira por motivos de muita seca e de enfermidades de seus filhos.
Por isso, quando chegou o momento de pagar a 4ª
prestação viu que não dispunha do numerário suficiente e, como sempre manteve
os seus negócios em dia, resolveu, com muita pena, se desfazer da vaca e da sua
cria.
O técnico conhecedor da retidão do cliente acatou as
explicações, mesmo porque mais da metade do empréstimo já havia sido paga e a
venda da vaca e do bezerro não iria por em risco os pagamentos do Banco e nem o
desenvolvimento do negócio. Repassou, no seu Laudo, para a administração da
Agência, todas as suas ponderações e parecer sobre a atitude do cliente,
deixando claro, sob o seu ponto de vista, que o cliente agira corretamente,
pois, não desejava que o seu nome ficasse “sujo” perante os órgãos de proteção
ao crédito bem como junto ao pessoal do Setor rural que tão bem lhe atendia
quando ali chegava a procura de empréstimo.
Após ter certeza de que tudo o que tinha para dizer estava ali no Laudo, encerrou suas ponderações com uma lapidar frase:
“O cliente vendeu o bezerro e a mãe para pagar o crédito”
Após ter certeza de que tudo o que tinha para dizer estava ali no Laudo, encerrou suas ponderações com uma lapidar frase:
“O cliente vendeu o bezerro e a mãe para pagar o crédito”
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