Demosthenes Silva
Como em Megara, nos jardins de Almirca Barca, eu quero
levar-te agora a passear, ó negra minha, pelos verdejantes gramados do Estádio
da minha terra.
É uma concepção olímpica da raça, no plasmar o abrigo de cimento aos seus
adeptos do esporte.
É um anfiteatro de mudas escadarias a contemplar sorrisos de triunfo
entre as amargas lágrimas da derrota.
A mudez destas escadarias esconde, dentro da placidez
das tardes, muitos soluços de heróis e muitos sonhos, entre uma branca caravana
de lenços a adejar, levando, às vezes, uma saudade, dentro da significação
profunda de uma dor.
É este, negra, minha bela, o estádio das derrotas e
das vitórias, de cuja grama se eleva um canto de triunfo daquele que o
construiu para a grandeza esportiva da nossa terra e para o espartânico orgulho
da nossa mocidade! Parece um deus pagão o construtor do nosso Estádio. Dr.
Hélcio Bessa é o super-hornem que o fez.
Quanto esforço e quanto sacrifício, quanta noite
adormida e quanta manhã de luta! Quanta mão estirada implorando a verba e
quanto obrigado ao receber a mesma!
Foi desta forma, negra, minha bela, que se fez este
estádio, em cujas escadarias nos debruçamos neste momento, com os olhos
voltados ao céu sereno que o cobre, num gesto de agradecimento a quem o fez num
sublime contemplar a quem o ama!
Publicado no
"Jornal de Xique Xique”, jornal de sua fundação, em Janeiro de 1967.
"Bessa", um nome que não se esquece!
ResponderExcluirImagem que se descortina às minhas pupilas em tom de amor, se assim pudéssemos definir a imagem de alguém.
Um grande abraço.
Reinadi Sampaio.