De 1964 a 1995, trabalhei como bancário numa Instituição financeira federal e, no exercício da minha profissão, percorri os Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Ceará, onde me aposentei, fixando residência em Fortaleza (CE). Durante esse período de 31 anos assisti e participei de muitas coisas que aconteceram dentro e fora da Agências bancárias, tendo registrado algumas delas, as quais passa a divulgar por interessantes. Os nomes dos colegas e das Agências não são divulgados por uma questão de ética.
INFORMÁTICA
EM TEMPO SEMANAL
Hoje, a atividade contábil, seja comercial ou bancária, totalmente
informatizada, é coisa comum e ninguém entende que esses controles sejam feitos
de outra maneira.
Mas, nos idos de 1960 essas coisas não existiam e os dados de
uma empresa, contábeis ou não, eram registrados, ficha a ficha, com a utilização de máquinas de
datilografia.
No banco onde trabalhei, toda mesa era ornada com uma máquina de datilografia, peça indispensável e pessoal. Cada funcionário tinha a sua máquina e era nela que ele exercia a sua atividade quer trabalhasse na contabilidade ou em outras áreas. Por isso, naquele tempo, a disciplina "DATILOGRAFIA" era, também, matéria eliminatória em concurso de Banco.
No banco onde trabalhei, toda mesa era ornada com uma máquina de datilografia, peça indispensável e pessoal. Cada funcionário tinha a sua máquina e era nela que ele exercia a sua atividade quer trabalhasse na contabilidade ou em outras áreas. Por isso, naquele tempo, a disciplina "DATILOGRAFIA" era, também, matéria eliminatória em concurso de Banco.
Mesmo nas Agências das
capitais o computador era um equipamento totalmente estranho ao pessoal. Era
até conhecido como “cérebro eletrônico”. O micro computador, o computador
pessoal que hoje está presente em quase todas as residências e nos postos de
trabalho de cada servidor, era totalmente desconhecido. Como aliado importante
da máquina de datilografia tínhamos as calculadoras, totalizando somente as 4
operações e serviam, apenas, para fazer a
“puxada” da fita das fichas financeiras.
No início dos anos 70 o Banco começou a se interessar pela informatização das operações de crédito nas
Agências. Na área do crédito rural,
foram escolhidas as Agências de Limoeiro do Norte CE e Aracaju SE como
as pioneiras para a implantação do crédito rural computadorizado. No segundo
semestre do ano de 1972 chega a Aracaju (BA) uma equipe da Direção Geral do Banco para fazer
a implantação em computador das operações de crédito rural, do qual eu era o chefe da quele setor operacional.
O processamento se daria da
seguinte forma: durante 3 (três) meses (agosto/outubro/1972) a contabilidade
convencional seria feita em paralelo com a contabilidade informatizada. Da contabilidade convencional, extrair-se-ia mais uma via do lançamento contábil que dia a dia era juntada a uma “grade” para serem remetidas à Direção Geral pelo malote semanal
a cada sexta-feira.
Essas cópias de lançamentos chegavam à Direção Geral na segunda-feira, eram processadas e a posição contábil já informatizada e em relatórios retornava 8 dias depois. Havia, pois uma defasagem de uma semana. Não era, ainda um procedimento em tempo real ou "on line", como se diz hoje. Mas, já era um grande avanço no controle das contas. O sistema ficou por nós, conhecido como “tempo semanal”.
Essas cópias de lançamentos chegavam à Direção Geral na segunda-feira, eram processadas e a posição contábil já informatizada e em relatórios retornava 8 dias depois. Havia, pois uma defasagem de uma semana. Não era, ainda um procedimento em tempo real ou "on line", como se diz hoje. Mas, já era um grande avanço no controle das contas. O sistema ficou por nós, conhecido como “tempo semanal”.
Assim, o trabalho da Agência
não sofreu solução de continuidade apenas foi agregado mais um serviço que era
representado pelo envio semanal dos dados para serem processados
eletronicamente na Direção Geral do Banco. No início de novembro, faltando 60
dias para o Balanço semestral que seria feito no final de dezembro/1972 a
Direção Geral determinou que, pela experiência adquirida nos últimos 3 meses, já se podia prescindir do controle manual
feito na Agência devendo esta continuar fazendo, apenas, o envio semanal, pelo
malote, das "grades" com a movimentação da
semana.
Isso significava que não
mais se faria o controle manual diário da contabilidade e se ficava dependendo
exclusivamente dos relatórios que chegariam da Direção Geral com uma semana de defasagem.
Essa informação preocupou o chefe da contabilidade do setor operacional, que era o encarregado direto da
manter os registros em dia, principalmente nas proximidades dos balanços semestrais do Banco. Além dessa preocupação natural, o referido servidor nunca acreditou que
se pudesse substituir a contabilidade convencional por uma contabilidade
informatizada ainda mais sendo feita na distante cidade de Fortaleza.
Por tudo isso, reagiu contra
o sistema, desde a chegada da equipe que iria implantar o crédito rural informatizado. Ninguém conseguiu convencê-lo
de que o programa era possível e iria desafogar os trabalhos de escrituração
contábil feitos em fichas individuais e por máquinas de datilografia.
Como não acreditou, não atendeu à determinação da Direção Geral, no sentido de paralisar a contabilidade convencional no setor. Assim, de forma discreta mas sistemática continuou a fazer as escriturações diárias com máquina de datilografia sob a alegação de que se houvesse algum erro na semana do Balanço era ele que iria ter que resolver o problema.
Como não acreditou, não atendeu à determinação da Direção Geral, no sentido de paralisar a contabilidade convencional no setor. Assim, de forma discreta mas sistemática continuou a fazer as escriturações diárias com máquina de datilografia sob a alegação de que se houvesse algum erro na semana do Balanço era ele que iria ter que resolver o problema.
Para não se criar atritos
com a idiossincrasia do colega chefe da contabilidade , fiz vista grossa e deixei que ele arcasse com esse trabalho
manual já que era do seu gosto e aguardei a chegada dos dados do Balanço para
mostrá-lo que sua preocupação fora em vão. Aconteceu ,
porém que justo na semana do Balanço quando não se poderia nem pensar na falta
dos dados vindos de Fortaleza, ocorreu um atraso no sistema de malotes o que
causou a demora de quatro dias na chegada dos relatórios.
Como não sabíamos se os
dados iriam chegar em tempo tivemos que nos louvar para concluir o Balanço
daquele segundo semestre de 1972 dos dados obtidos no trabalho convencional desenvolvido pelo referido chefe.
Foi a glória para ele que não se cansava de alegar que se não fosse a previdência dele o Balanço de dezembro/1972 ainda estaria por ser realizado.
Esse foi o único atraso da chegada semanal dos dados da contabilidade, via malote. Mas, foi o bastante para que o chefe se aposentasse sem confiar no sistema informatizado do crédito rural.
Foi a glória para ele que não se cansava de alegar que se não fosse a previdência dele o Balanço de dezembro/1972 ainda estaria por ser realizado.
Esse foi o único atraso da chegada semanal dos dados da contabilidade, via malote. Mas, foi o bastante para que o chefe se aposentasse sem confiar no sistema informatizado do crédito rural.
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