terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Jornais de Xique Xique: "A ORDEM"


A 9ª edição do periódico "A ORDEM", circulou em Xique-Xique no dia 18 de setembro de 1931.
Como editorial trazia a matéria  "Direito Brasileiro", que, assinado pelo Sr. Aldo Brito,  critica a diminuição da semana de trabalho nos garimpos, alegando que no começo trabalhava-se de segunda-feira pela manhã até sábado meio-dia e naquele momento estava-se trabalhando de segunda-feira à tarde até à tarde de sexta-feira.
Outra matéria sob o título "Nomeações",  noticia que o tenente Manoel Nunes Damásio apresentou os nomes de Manoel Martins Ramos para primeiro suplente de Delegado Municipal de Xique-Xique, de Carlos Rodrigues Lima para segundo e de Antenor Benevenuto para terceiro, os quais foram nomeados.
Em seguida vem uma reportagem relativamente grande a respeito da "Conferência Literária", apresentada no dia 10 de setembro, no Paço Municipal de Xique-Xique pelo Sr. Agripino Santana com o tema "O Valor da Mulher e a Mulher Brasileira”, cuja mesa  dos trabalhos foi composta pelo Dr. Clício Bezerra Moreno, Juiz de Direito da Comarca, coronel José de Souza Nogueira, Prefeito de Xique-Xique, Dr. Vítor Farani, Promotor de Justiça, que foi o orador abrindo os trabalhos.
Na página dois, com o título de "Feitiçaria" vem de Tiririca a interessante história  de um açougueiro local que trocara cem mil réis para uma pessoa de alcunha Dão, que recebeu o dinheiro trocado, mas não entregou a nota de cem mil réis. Quando o açougueiro se deu conta do prejuízo foi procurar Dão que jurou ter-lhe entregue a cédula. O açougueiro procurou, então, um feiticeiro local que fez lá seu "trabalho" e informou que Dão estava com a cédula de cem mil réis. O açougueiro retornou a  Dão  e este após ser pressionado devolveu somente oitenta e cinco mil réis, porque havia gasto quinze mil réis.
Na página quatro o importante artigo "O Código dos Interventores", reportagem que traz uma relação  do 66 municípios do Estado Bahia que por possuírem uma pequena receita tributária poderiam ser extintos, por decreto do Interventor do Estado da Bahia, general Raymundo Barbosa. Dentre esses  estão arrolados os municípios de Barra, Barreiras, Xique-Xique Casa Nova, Miguel Calmon, Guanambi, Conceição do Coité, Bom Jesus da Lapa, Pilão Arcado, Santa Maria da Vitória, Seabra e Porto Seguro.
Em seguida  uma nota de Agradecimento, de Gameleira do Açuruá, assinada por D. Adelaide Gomes Sampaio e filhos, agradecendo as diversas manifestações de pesar recebidas por ocasião do falecimento de seu esposo coronel Alfredo de Magalhães Sampaio. Com o título "De Baía a Chique-Chique em automóvel", o "A ORDEM" entrevistou o Sr. Aziz Asmar, comprador de ouro e pedras preciosas que fizer a viagem, de automóvel, de Salvador até Xique-Xique. Eis a íntegra da entrevista:
        "A ORDEM": O carro sofreu alguma avaria?
          Aziz: Não. Nem um pneu furou.
       "A ORDEM": Quanto gastou de gasolina?
         Aziz: Três caixas.
        "A ORDEM": Quantos quilômetros tem a estrada?
        Aziz: Não nos lembramos de marcar a quilometragem. Pode ter calculadamente uns mil e poucos quilômetros.
        "A ORDEM": Que tal acharam da estrada?
        Aziz: Muito boa. Há de fato alguns trechos que precisam de alguns retoques. Por exemplo, a ladeira do Cedro, a entrada de Cafarnaum.
O jornal conclui a reportagem emitindo seu próprio comentário:
"Bem se vê que a viagem é mais rápida e mais econômica. Pode-se muito bem ir e voltar em oito dias, deixando três dias para tratar de negócios na Capital.
Ainda na quarta página, um edital assinado pelo tabelião Sr. Virgílio Alves Bessa, na qualidade de Oficial do Registro de Casamentos, datado de 20 de agosto de 1931, publicando os proclamas de casamento dos noivos Vicente Alves Feitosa Neto e Francisca Honória dos Santos, que desejam se casar.
Finaliza com uma lista de pessoas que transitaram em viagens por Xique-Xique, dentre as quais, Adelino Félix que era o subprefeito de Gameleira do Açuruá e José Pereira Alves Barreto, coletor estadual da mesma cidade.
Fonte: "Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique Chique - História de Chique Chique" de Cassimiro Machado Neto.

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