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Estádio Santiago Banabéu - Espanha 1982 |
1982 - ESPANHA A QUEDA DO FUTEBOL ARTE
A décima segunda copa, com 52 jogos e 146 gols, foi realizada na Espanha no ano de 1982, ocasião em que a Itália sagrou-se tri campeã mundial. O jogo final foi realizado contra a Alemanha Ocidental que perdeu por 3 x 1.
A guerra entre Argentina e Inglaterra pela posse das ilhas
Malvinas terminou com vitória inglesa no segundo dia de torneio - no qual as
seleções de ambos os países estavam presentes. O clássico, talvez felizmente,
não se repetiu.
Os campeões italianos começaram e terminaram o torneio em
guerra com a imprensa de seu país. Tudo por causa de boatos de que rolavam
orgias homossexuais na concentração. Eles só voltaram a dar entrevistas após a
conquista do título.
"Voa, canarinho, voa": assim cantava o lateral
Júnior no pagode que virou trilha sonora da seleção de 1982, uma das melhores
da história. O disco vendeu 600 mil cópias, mas o canarinho foi abatido em pleno voo por três pedradas de
Paolo Rossi: Itália 3 x 2 Brasil.
Para os brasileiros, a Copa do Mundo de 1982, na Espanha, só não
é mais traumática do que a de 1950. O Mundial disputado no Brasil legou para a
história do futebol a expressão Maracanazo,
que se refere à derrota por 2 x 1 do time canarinho para o Uruguai, em um
Maracanã mais do que lotado.
E a Copa realizada na Espanha, 32 anos depois,
ficou marcada pela Tragédia do
Sarriá.No dia 5 de julho de 1982, mais de 40 mil pessoas assistiram, no
Estádio Sarriá, em Barcelona, à vitória por 3 x 2 da Itália sobre o Brasil de
Zico, Falcão, Sócrates, Júnior, Cerezo, Éder e tantos outros. Àquela altura, a
seleção brasileira comandada por Telê Santana era a sensação do torneio, tendo
vencido a União Soviética, a Escócia, a Nova Zelândia e a Argentina de
Maradona, sempre dando um show de futebol técnico e ofensivo.
Contra os italianos, bastava um empate para garantir os
brasileiros na semifinal do Mundial. Mas ninguém contava com a redenção de
Paolo Rossi. Em 1980, o atacante foi condenado pela Justiça desportiva italiana
por ter se envolvido no escândalo do Totonero, como ficou conhecido o esquema
de manipulações de resultados feito por um grupo de apostadores da loteria
esportiva italiana. A punição de três anos foi reduzida para dois e, assim,
Rossi ficou livre para jogar quando faltava um mês para a Copa do Mundo.
Na primeira fase do Mundial da Espanha, a Itália não conseguiu
se acertar: foram três empates, diante de Polônia, Peru e Camarões. A
classificação para a próxima fase só veio porque a Azzurra conseguiu marcar um gol
a mais que Camarões. Fora de ritmo de jogo, Paolo Rossi não fez nenhum gol nos
três primeiros jogos. A arrancada rumo ao título, no entanto, estava por vir.
A 12ª edição de uma Copa do Mundo da FIFA teve várias novidades.
A principal foi que, em vez de 16 seleções, o torneio passou a contar com 24
participantes. Os times foram divididos em seis grupos de quatro, em que todos
jogavam contra todos. Os dois primeiros avançavam. Na segunda fase, os doze
times eram divididos em quatro grupos de três. Apenas o melhor passava para as
semifinais.
Além disso, seis seleções estrearam em Copas: Argélia, Camarões,
El Salvador, Honduras, Kuwait e Nova Zelândia. A Argélia causou surpresa ao
derrotar na estreia a Alemanha Ocidental, detentora do título europeu, por 2 x
1. Os argelinos também derrotaram o Chile, mas acabaram eliminados no saldo de
gols ao verem no dia seguinte a Alemanha Ocidental fazer 1 x 0 na Áustria, em
um jogo bastante polêmico, já que o resultado classificou os dois países
vizinhos. A partida gerou tanta controvérsia que, nos torneios seguintes, os
jogos do mesmo grupo na última rodada da primeira fase passaram a acontecer
sempre no mesmo horário.Para a seleção de Camarões, faltou sorte. Mesmo invictos, os
africanos foram eliminados na primeira fase, por causa do saldo de gols. Outra
zebra foi Honduras, que conseguiu empatar com a decepcionante anfitriã Espanha.
Já El Salvador se tornou o primeiro país a tomar dez gols em uma partida da
Copa do Mundo da FIFA ao perder por 10 x 1 para a Hungria.
O tricampeonato
italiano
Desacreditada, a Itália começou a arrancada para a taça diante
da Argentina, então campeã mundial e que já contava com Diego Maradona. A
vitória por 2 x 1 teve gols de Marco Tardelli e Antonio Cabrini. Daniel
Passarella descontou para os argentinos. A Azzurra mostrava força, mas ainda
faltava um aspecto crucial: Paolo Rossi, o atacante, precisava acordar.
Nem mesmo os mais otimistas italianos, no entanto, poderiam
imaginar o que estava por vir. Diante de um favoritíssimo Brasil, Rossi marcou
nada menos que três gols e garantiu a Itália na semifinal. Sócrates e Falcão
balançaram as redes e bem que tentaram endurecer a partida, mas era mesmo a vez
de Paolo Rossi brilhar. O Brasil deu adeus mais cedo e a Itália se classificou
para enfrentar a Polônia na semifinal. Com Rossi de volta à melhor forma, os
poloneses não foram páreo para os italianos: 2 x 0, dois de Paolo.
Na outra semifinal, uma verdadeira batalha entre França e
Alemanha. Os franceses chegaram a abrir 3 x 1 na prorrogação, mas os alemães,
mostrando mais uma vez sua incrível capacidade de recuperação, empataram,
naquele que foi o primeiro confronto da história da Copa do Mundo da FIFA a ser
decidido nos pênaltis.
Após cinco cobranças para cada equipe, o goleiro Harald
Schumacher, que durante o jogo ficou marcado por uma agressão que deixou o
francês Patrick Battiston inconsciente, se transformou em herói ao defender a
primeira cobrança alternada, feita por Maxime Bossis. Horst Hrubesch converteu
para despachar a França de Michel Platini, Jean Tigana e Alain Giresse.
Exauridos após o confronto diante dos franceses, os alemães não
conseguiram segurar a Itália na decisão. Paolo Rossi marcou seu sexto gol na
Copa e se tornou o artilheiro do torneio, selando a arrancada rumo à glória iniciada
no jogo diante do Brasil. Marco Tardelli e Alessandro Altobelli marcaram os
outros gols italianos. Breitner fez o de honra da Alemanha.
Com o tricampeonato da Azzurra, entraram para a história não
apenas Rossi, mas também Tardelli, por sua comemoração efusiva, e figuras como
o goleiro e capitão Dino Zoff, de 40 anos, e o lateral Giuseppe Bergomi, de
apenas 18, o italiano mais jovem a participar de uma edição da Copa do Mundo da
FIFA.
Fonte: FIFA