Uma Copa sob a sombra da ditadura A décima primeira, com 38 jogos e 102 gols, foi realizada na Argentina no ano de 1978, ocasião em que a Argentina sagrou-se campeã mundial. O jogo final foi realizado contra a Holanda que perdeu por 3 x 1.
Logística também ganha jogo. Para disputar seus sete jogos,
o Brasil precisou percorrer 4.659 quilômetros. A Argentina, apenas 618.
Antes do último jogo, havia uma fase de grupos. Para impedir
que o Brasil fosse à final, a Argentina precisava vencer o Peru por quatro
gols. Fez 6 a O. O placar elástico até hoje levanta suspeitas de suborno.
O Brasil voltou como "campeão moral".
Maradona já chamava atenção com 17 anos, mas foi cortado
antes do mundial pelo técnico César Menotti por ser "jovem
demais". Os africanos conseguiram enfim sua primeira vitória em Copa:
a Tunísia venceu o México por 3 a 1, de virada.
Depois de seus vizinhos na América do Sul (Uruguai, Brasil e
Chile), a Argentina finalmente teve a sua chance de organizar uma Copa do
Mundo, em 1978. E, ao contrário do que ocorreu com brasileiros e chilenos, os
argentinos puderam comemorar o final feliz. Mario Kempes se consagrou como
artilheiro do Mundial e a festa tomou conta das ruas de Buenos Aires, com chuva
de papeis azuis e brancos, depois da vitória da seleção sul-americana sobre a
Holanda na final.
Mas, mesmo com o show da torcida, nunca houve uma Copa do Mundo
tão polêmica. A competição teve como pano de fundo o opressivo regime militar
liderado pelo general Jorge Videla.
Os brasileiros não se conformaram por terem
perdido o Mundial, mesmo sendo o único time invicto do torneio. As reclamações
começaram na primeira fase. No jogo contra a Suécia, o 1 x 1 perdurava até o
fim, quando, após uma cobrança de escanteio, Zico cabeceou para as redes. O árbitro
galês Clive Thomas, no entanto, alegou que tinha apitado o fim do jogo antes de
a bola cruzar a linha. Gol anulado e empate em 1 x 1.
Depois, veio a Batalha de Rosário. O jogo entre Brasil e
Argentina, válido pela segunda fase da Copa, poderia definir um finalista. Os
argentinos, sob os olhares do ditador Jorge Videla, queriam ganhar de qualquer
jeito, e endureceram para cima dos brasileiros, que responderam na mesma moeda.
O resultado foi um dos jogos mais violentos da história, em que os protagonistas
não foram craques como Zico e Kempes, mas sim marcadores famosos pelas entradas
cheias de vigor, como os brasileiros Chicão e Oscar e os argentinos Galván e
Ardiles.
No fim, o 0 x 0 deixou a definição de quem iria à final para a
última rodada. O problema é que os jogos de Brasil e Argentina não foram
disputados no mesmo horário. Os brasileiros entraram em campo antes e venceram
a Polônia por 3 x 1. Quando o jogo entre Argentina e Peru começou, os donos da
casa já sabiam que precisavam vencer por uma diferença de quatro gols para
superar o Brasil no saldo e avançar à decisão da Copa. O que se seguiu foi um
jogo de ataque contra defesa e os desinteressados peruanos, que já não tinham
chance de classificação, perderam por 6 x 0.
Os brasileiros reclamam até hoje e o técnico Cláudio Coutinho
chegou a declarar, no fim do torneio, depois de vencer a Itália na decisão do
terceiro lugar, com um antológico gol de Nelinho, que o Brasil era o campeão
moral da Copa.
África
desencanta
Polêmicas à parte, a Copa de 1978 teve muitos momentos
marcantes. Na primeira fase, o triunfo da estreante Tunísia sobre o México, por
3 x 1, marcou a primeira vitória de uma seleção africana em Copas do Mundo da
FIFA. Também debutante, o Irã conquistou um ponto diante da Escócia, único
representante britânico.
Mesmo em outro continente, os europeus mostraram força. A
Itália, com nomes como Paolo Rossi e Dino Zoff, impressionou com boas vitórias
e um digno quarto lugar, terminando a Copa como o único time que conseguiu
vencer os argentinos.
A Holanda, por sua vez, jogou sem Johan Cruyff, uma
ausência que entraria para a história como mais uma das polêmicas da Copa na
Argentina. Aclamado como um dos maiores jogadores do planeta, Cruyff decidiu
não disputar a Copa de 1978. Na época, muitos consideraram que a motivação do
eterno camisa 14 holandês foi a de protestar contra o regime ditatorial
argentino.
Outros especularam uma briga com a federação holandesa de
futebol. Muito tempo depois, Cruyff disse que um episódio de violência em
Barcelona, cidade onde morava com a mulher e três filhos, motivou a decisão.
Segundo o craque, homens invadiram sua casa, amarraram sua família e apontaram
armas para as cabeças de sua mulher e seus filhos. O crime, ocorrido meses antes
da Copa, teria deixado o jogador sem ânimo para disputar o
Mundial.
A Argentina, que não tinha nada a ver com isso, aproveitou. No
estádio Monumental de Nuñez completamente lotado, os donos da casa fizeram 3 x
1, com dois de Mario Kempes e levantaram pela primeira vez o cobiçado troféu de
campeão do mundo.
Fonte: FIFA
Seleção Brasileira de 1978 |
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