Estádio Olímpico de Roma - 1990 |
Poucos gols, muita emoção
A décima quarta copa, com 132 gols, foi realizada na Itália no ano de 1990 ocasião em que a Alemanha sagrou-se tricampeã mundial. O jogo final foi realizado contra a Argentina que perdeu por 1x0.
Pela primeira vez, a maioria dos jogadores do Brasil atuava
no exterior. A tradição persistiria em todas as Copas seguintes.
O goleiro italiano Walter Zenga bateu o recorde de minutos
sem levar gols em Copas: ficou 517 minutos invicto.
A Alemanha jogou pela última vez com o país dividido. A
Ocidental, única a participar, ganhou o título.
Aos 38 anos, o camaronês Roger Milla se tornou o mais velho
a marcar em Copa - bateria o recorde em 94, aos 42.
Quando a Copa do Mundo voltou a ser disputada na Itália, em
1990, 56 anos depois do primeiro título da Azurra, muito havia mudado no país,
e também no mundo. Se, em 1934, ganhar o título sob os olhos do ditador Benito
Mussolini era praticamente uma questão de vida ou morte, na 14ª edição do
torneio os italianos entraram como favoritos, organizaram o torneio em 12
sedes, reformaram dez estádios, construíram duas arenas gigantescas em Turim e
Bari e se prepararam, com a força da eufórica torcida, para se tornarem os
primeiros tetracampeões da história.
Mas a missão se revelaria complicada. Todas as seleções que já
haviam sido campeãs mundiais até então se classificaram para o torneio: Brasil,
Uruguai, Argentina, Alemanha Ocidental e Inglaterra, além da própria Itália. O
Uruguai era apenas uma sombra da Celeste Olímpica. Sobre o Brasil pairava a
dúvida: como o time de Sebastião Lazaroni iria reagir em sua primeira Copa do
Mundo sem a brilhante geração de Zico, Falcão e Sócrates? A Argentina contava
com o gênio Maradona; a Inglaterra tinha não apenas Gary Lineker, artilheiro em
1986, mas também o endiabrado Paul Gascoigne; e a Alemanha vinha com Franz
Beckenbauer como técnico e Lothar Matthäus, Jürgen Klinsmann e Andreas Brehme
como destaques.
Mesmo com tantas atrações, a Copa de 1990 teve a menor média de
gols da história: apenas 2,21 por partida. O torneio acabou consagrando um
estilo de jogo mais sisudo, de muita marcação e pouca ousadia. O time que mais
destoou dessa regra foi uma surpresa: Camarões. Liderados pelo carismático
Roger Milla, os contagiantes camaroneses começaram a fazer história com uma
vitória sobre a Argentina, logo na estreia, por 1 x 0. Depois, venceram a
Romênia, se classificaram em primeiro do grupo e ainda bateram a Colômbia nas
oitavas de final. Primeira seleção da África a chegar às quartas de final,
Camarões só deu adeus ao sonho diante da Inglaterra, na prorrogação.
Os ingleses chegaram pela primeira vez à semifinal desde 1966 e,
depois disso, nunca mais conseguiram ir tão longe. Mas em 1990 as chances de
garantir o sonhado bicampeonato eram reais. O bom time britânico contava com
jogadores como Gary Lineker, David Platt, Ian Wright, e o veterano goleiro
Peter Shilton. Além, claro, de Paul Gascoigne. Polêmico e irascível, o atacante
se transformou no ícone da decepção inglesa. Na semifinal contra a Alemanha,
Gascoigne tomou um cartão amarelo que, automaticamente, o deixava fora da
final, se a Inglaterra avançasse. Ciente disso, Paul começou a chorar
copiosamente em campo. Uma das imagens mais marcantes do torneio foi a do
atacante Lyneker avisando ao banco inglês que o companheiro estava visivelmente
abalado. Coincidência ou não, o time inglês acabou eliminado nos pênaltis.
Na outra semifinal, mais emoção. A Itália, dona da casa,
enfrentaria a Argentina justamente em Nápoles, terra que idolatrava Diego
Maradona. Dieguito levara o time do Napoli a patamares nunca sonhados por sua
fanática torcida. Sempre controverso, o camisa 10 convocou os napolitanos a
torcerem pela Argentina, alegando que o Sul da Itália era historicamente
desprezado pelo Norte. O apelo de Maradona chegou a dividir os italianos, que
viram os argentinos vencerem nos pênaltis e se garantirem na final.
A grande decisão, em Roma, colocou frente a frente os mesmos
times que, quatro anos antes, haviam disputado o troféu. O vencedor se
igualaria a Brasil e Itália, com três conquistas mundiais. A Argentina apostava
em Maradona, que, praticamente sozinho, garantira o bi em 1986. Mas a Alemanha
queria vingança. E ela veio dos pés de Andreas Brehme. De pênalti, ele marcou o
único gol do jogo. O capitão Lothar Matthäus ergueu a taça e entrou para a
história como o líder e principal pensador daquele time. De quebra, Franz
Beckenbauer se igualou a Zagallo como únicos homens a conquistar a Copa do
Mundo como jogador e também como técnico.
Era Dunga
Campeão da Copa América em 1989, o Brasil tinha bons jogadores em seu elenco – para citar apenas alguns: Romário, Bebeto, Careca, Renato Gaúcho, Mozer, Aldair, Ricardo Gomes, Mauro Galvão e Taffarel. Mesmo assim, o time do técnico Sebastião Lazaroni não inspirava confiança na torcida. O treinador optou pelo esquema tático 3-5-2 e, pela primeira vez na história, a Seleção Brasileira jogava de maneira tão defensiva.O resultado foi um futebol apático.
O Brasil suou para se classificar na primeira fase. Embora tenha conseguido três vitórias, foram todas no sufoco: 2 x 1 na Suécia, 1 x 0 na Costa Rica e 1 x 0 na Escócia. Nas oitavas de final, confronto com a Argentina, que tinha dado vexame na etapa de grupos, perdendo inclusive para Camarões, mas contava com Maradona.
E foi justamente dos pés do camisa 10 argentino que surgiu a
jogada fatal. O Brasil dominou a partida e criou chances de gol. Mas, quando
faltavam 10 minutos para o fim do tempo regulamentar, Maradona arrancou com a
bola, passou pelos marcadores brasileiros e achou Claudio Caniggia livre na
esquerda. Cara a cara com Taffarel, o atacante não desperdiçou.
O Brasil ainda tentou empatar na base do desespero, mas a
derrota precoce marcou não apenas a pior campanha da Seleção desde 1966, mas
toda uma geração. Aqueles dias de futebol atípico, focado na marcação, ficariam
conhecidos como “Era Dunga”, em referência ao aguerrido volante gaúcho, que,
mais tarde, teria sua redenção.Brasil - 1990 |
Fonte: FIFA
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