O desmantelamento da União Soviética em 1991 deixou
as eliminatórias mais disputadas: na Europa e na Ásia, surgiram 15 novos
concorrentes às vagas.
Os americanos não são os maiores fãs do futebol como conhecemos, mas possuem
estádios enormes para o futebol americano. Resultado: a Copa de 1994 teve a
maior média de público até hoje: 68.991 espectadores por jogo.
Herói em 1986, Maradona saiu da Copa como vilão. Na vitória
sobre a Nigéria, o exame antidoping do craque acusou a presença de efedrina.
Acabou expulso do Mundial.
Romário tinha vários privilégios na concentração, que
incluíam o acesso a uma vasta coleção de CDs e visitas conjugais.
Depois de marcar contra a Holanda nas quartas, Bebeto
homenageou seu filho com um embalo. Mas o pai de Matheus não inventou o gesto:
Cilinho já havia comemorado um gol assim em 1992, no Santos.
Brasil e Itália fizeram a primeira final de Copa decidida nos pênaltis. Roberto
Baggio, craque da Azzurra, isolou a bola decisiva. Acabou. Era o tetra.
Terra
do basquete, do beisebol e do futebol jogado com as mãos, os Estados Unidos se
renderam ao nosso futebol,
para receber a 15ª edição da Copa do Mundo da FIFA. As dúvidas sobre o
envolvimento da população logo se dissiparam: o Mundial de 1994 teve o maior
público da história do evento, 3.587.538 espectadores, e foi marcado por outros
números igualmente impressionantes, incluindo o tetracampeonato do Brasil.
Os
americanos viram de perto nada menos que 141 gols, melhor marca desde 1982.
Durante as eliminatórias, 147 seleções disputaram 24 vagas. Além disso, o
camaronês Roger Milla tratou de deixar outro recorde para a posteridade: ele se
tornou o atleta mais velho a marcar um gol em Copas do Mundo. Milla tinha 42
anos, um mês e oito dias quando anotou o gol de honra de Camarões na derrota
por 6 x 1 para a Rússia. O mesmo jogo também estabeleceu outro marco em
Mundiais: o russo Oleg Salenko fez incríveis cinco gols em uma só partida.
A
Copa de 1994 também ficou marcada na lembrança dos torcedores por causa de dois
episódios. O primeiro foi o doping do argentino Diego Maradona. Ele foi flagrado
no exame antidoping, que detectou efedrina, droga usada para emagrecer e também
um poderoso estimulante. Chamado às pressas para a repescagem das
eliminatórias, contra a Austrália, Maradona conseguiu entrar em forma
rapidamente, perdendo 13 quilos. Na Copa do Mundo, marcou um gol contra a
Grécia e depois liderou os argentinos na virada sobre a Nigéria. Mas, com o
doping, foi eliminado do torneio, mesmo jurando inocência. E a Argentina deu
adeus ao perder para a excelente Romênia de Gheorghe Hagi.
O
segundo episódio que ficou atrelado negativamente ao Mundial foi a morte do
zagueiro colombiano Andrés Escobar. O jogador fez um gol contra no jogo diante
dos Estados Unidos, ainda na primeira fase da Copa de 1994. A infelicidade
resultou na derrota dos colombianos, por 2 x 1, e na eliminação precoce da
seleção sul-americana. Depois de voltar para casa, Escobar foi assassinado em
frente a uma discoteca na cidade de Medellín. Embora nunca tenha sido
completamente esclarecido, o crime teria sido encomendado por apostadores
colombianos que perderam muito dinheiro com o resultado do jogo.
Zebras em campo
Antes
mesmo de a bola rolar nos campos dos Estados Unidos, algumas tradicionais
seleções do futebol mundial já estavam fora da festa. Campeã da Eurocopa de 1992,
a Dinamarca sequer passou das Eliminatórias, assim como a Inglaterra e a
França.
Na
fase de grupos do Mundial, mais zebras. A Colômbia, que contava com aquela que
é considerada a melhor geração de jogadores da história do país sul-americano –
Higuita, Valderrama, Aristizabal, Rincon e Asprilla, por exemplo –, foi
eliminada logo na primeira fase, com derrotas para Romênia e Estados Unidos.
A
Arábia Saudita, por sua vez, conseguiu a proeza de se classificar para a
segunda fase da competição. Depois de vencer o Marrocos, por 2 x 1, os árabes
conseguiram um triunfo histórico sobre a Bélgica. O atacante Saeed Owairan
virou herói depois de sair driblando vários jogadores e marcar um dos gols mais
bonitos das Copas. O sonho árabe só acabou nas oitavas de final, com uma
derrota por 3 x 1 para a Suécia.
Pela
primeira vez, a vitória valia três pontos. A Itália passou sufoco para
conseguir se classificar. Logo na estreia, derrota por 1 x 0 para a Irlanda.
Depois, uma vitória magra sobre a Noruega e um empate diante do México. A vaga
só veio porque os italianos foram um dos quatro melhores terceiros
colocados. Mas a Azzurra tinha Roberto Baggio. E foi ele o salvador da
pátria nas oitavas de final, diante da Nigéria. Ele fez dois gols, um deles na
prorrogação. Nas quartas de final, contra a Espanha, mais um gol do meia.
A
Itália teve pela frente a Bulgária na semifinal. Os búlgaros tinham Hristo
Stoichkov. No auge da carreira, ele se tornou artilheiro da Copa de 1994, ao
lado do russo Salenko, com seis gols. Um deles foi justamente contra a Itália.
Mas Roberto Baggio marcou mais dois gols e levou os italianos para a final.
Rumo ao tetra
O
Brasil chegou aos EUA sob desconfiança. A classificação durante as
Eliminatórias veio no sufoco. O técnico Carlos Alberto Parreira foi obrigado a
se render ao apelo popular e convocar Romário para o último jogo das
Eliminatórias, contra o Uruguai. Resultado: 2 x 0 com show do Baixinho. Depois
ele provaria, definitivamente, que o povo estava certo.
O
time montado por Parreira era considerado defensivo e muito cerebral. Jogadores
como Mauro Silva e Mazinho foram muito criticados, sem falar em Dunga. O
volante era lembrado como o grande ícone do fracasso brasileiro na Copa de
1990, que ficou conhecido como a “Era Dunga”. Mas ele voltou em 1994.
Na
primeira fase, o Brasil não teve muita dificuldade, apesar de o até então
capitão Raí (considerado o craque do time) ter mostrado tão pouco futebol que
acabou no banco de reservas. A braçadeira passou para Dunga. Nas oitavas de
final, um confronto com os donos da casa. O favoritismo era brasileiro, mas o
jogo foi duríssimo e a classificação só veio a 20 minutos do fim do jogo, com
um gol de Bebeto.
Nas
quartas de final, a partida mais emocionante. Os brasileiros tiveram de
enfrentar a Holanda de Bergkamp, Rijkaard e Overmars. No começo do segundo
tempo, a Seleção abriu 2 x 0, com direito à famosa comemoração de Bebeto, que
fingiu embalar um bebê em homenagem ao nascimento de seu filho. Mas os
holandeses, com Dennis Bergkamp e Aron Winter, buscaram o empate. Foi então que
o lateral Branco, também muito criticado, cavou uma falta na intermediária,
pegou a bola e se preparou para a cobrança. Com o chutaço, a bola fez uma curva
inimaginável, quase raspou as costas de Romário e ainda bateu no pé da trave
antes de morrer nas redes: 3 x 2.
Na
semifinal, mais sufoco, dessa vez contra a Suécia. O placar permaneceu
inalterado até os 35 minutos do segundo tempo. Quando a prorrogação parecia
inevitável, Romário apareceu por trás dos grandalhões suecos para arrematar de
cabeça. O gol colocou a Seleção Brasileira na final da Copa do Mundo 24 anos
depois do tricampeonato de 1970. E o adversário seria justamente a Itália, vice
em 1970.
De
um lado, Romário de Souza Faria. Do outro, Roberto Baggio. Os brasileiros ainda
estavam engasgados com os italianos por causa da “Tragédia do Sarriá”, em 1982.
Os italianos, por sua vez, também buscavam o tetra e não esqueciam que a última
final entre os dois países terminara em goleada tupiniquim.
O
jogo, muito estudado de ambos os lados, teve poucas chances de gol. E o 0 x 0
perdurou até o fim da prorrogação. Pela primeira vez na história, o título
mundial seria decidido nas cobranças de pênaltis. A cobrança de Romário bateu
na trave e entrou. O que ninguém esperava aconteceu quando Roberto Baggio se
preparou para bater. Justamente o responsável por levar uma pouco brilhante
Azzurra até a final, ele se tornou o vilão dos italianos ao mandar a bola para
o espaço na cobrança que definiu o campeão. O Brasil voltava a reinar, se
tornava o primeiro tetracampeão e via Dunga alcançar sua redenção ao levantar a
taça. Mas a Copa era mesmo do baixinho Romário.
Fonte: FIFASeleção de 1994 |
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