O 6º Intendente de Xique-Xique (BA) foi o Coronel FRANCISCO JOSÉ CORREIA, que governou o Município de maio de 1904 a maio de 1908.
Esse Intendente enfrentou uma grande crise econômica, política e social que começou a se desenhar no ano de 1900 na
administração do seu antecessor Coronel Praxedes Xavier da Rocha (1900-1904), devido à dispensa
dos "capangueiros", nome dado às pessoas empregadas na exploração da borracha de maniçoba nas serras do município de Xique-Xique, em função da queda vertiginosa dos
preços do produto nos mercados internacionais.
Essa crise amplia-se terrivelmente durante
a gestão do coronel Francisco José Correia, chegando ao ponto de virar calamidade pública.
A
visita do governador da Bahia, Dr. José Marcelino de Souza a Xique-Xique, no início de 1905,
trouxe expectativa às lideranças políticas e ao povo de que a situação iria
melhorar muito brevemente. O mandato do governador iria até o final de maio de
1908, tempo suficiente para colocar em
prática medidas que trouxessem dais melhores para todos.
Mas,
o tempo passava e nada acontecia de
novo, nem uma obra, nem um alto funcionário do governo estadual e a esperança
ia murchando rapidamente.
Agora, a crise toma ares de calamidade, pois
são poucos empreendedores que permanecem na exploração das maniçobeiras. Muitos deles
colocaram o dinheiro ganho nos alforjes e tomaram novo rumo para suas vidas,
deixando para trás centenas de homens sem destino e sem futuro.
Xique-Xique, sede do município,
estava tomada por centenas de homens em busca de um cantinho para se alojar, de
um dia de serviço em troca de um prato de comida, maltrapilhos, mal encarados,
desesperados, prontos a fazer qualquer coisa em troca de um simples prato de
comida.
O
coronel Francisco José Correia, na qualidade de intendente municipal,
responsável pela vida pacata das famílias e dos trabalhadores, preocupava-se
enormemente por aqueles inúmeros cidadãos flagelados pelo desemprego e pelas
necessidades cotidianas.
O
intendente municipal, após ter esgotado todos os tipos de alternativas
discutidas com os cinco membros do Conselho Municipal, decide convidar
proprietários e fazendeiros, buscando sugestões e cooperação para recolocar
muitos daqueles cidadãos.
Algumas
dezenas de ex-"capangueiros" foram convidados por alguns fazendeiros a irem
trabalhar como vaqueiros e capatazes, a maioria absoluta, entretanto,
permanecia perambulando pelas vais públicas. O tesouro municipal não dispunha
de recursos financeiros para lhes pagar as passagens nos vapores que desciam
para Juazeiro(BA) ou nos que subiam para Pirapora (MG). Um ou outro conseguia com algum
comandante uma espécie de carona e
partia em busca de um novo destino.
Fonte: "Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique", de Cassimiro Neto
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