sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Intendentes e Prefeitos de Xiquexique: Manoel Teixeira de Carvalho

Intendente Manoel Teixeira de Carvalho
– 1924 –

Mandato: 02 de abril de 1924-10 de junho de 1924.
Presidente da República: Artur da Silva Bernardes (15.11.1922- 15.11.1926).
Governador da Bahia: Francisco Marques de Góes Calmon (28.03.1924-28.03.1928).

Empossado para um mandato de 1924 a 1928, em substituição ao Dr. J.J. Seabra, o novo Governador da Bahia, Francisco Marques de Góes Calmon, preocupou-se, de imediato, com a indicação de novos administradores municipais para as cidades interioranas. Por isso, orientou o seu Chefe de Gabinete Dr. Joaquim Wanderley de Araújo Pinho, – neto do Barão de Cotegipe – a comunicar a todos os municípios, os nomes dos 7 cidadãos que iriam compor o Conselho Municipal de cada cidade donde deveria sair o nome do Intendente Municipal, ora eleito pelo Colegiado para posterior homologação do Governador e publicação no Diário Oficial da Bahia.
No caso específico de Xiquexique, os cidadãos escolhidos pelo Dr. Góes Calmon foram: Cel. Francisco Dionísio dos Santos, Cel. Hermenegildo de Souza Nogueira, Cel. Joaquim Honorato de Souza, Cel. Lithercílio Baptista da Rocha, Cel. Manoel Antunes Bastos, Cel. Manoel Teixeira de Carvalho e Cel. Zoroastro Ferreira Lustosa.
No dia 02 de abril de 1924 os citados cidadãos escolhidos foram empossados e em seguida procederam a eleição, em votação secreta, do Presidente da mesa e do Primeiro e Segundo Secretários, sendo escolhidos os Cel. Manoel Teixeira de Carvalho para Presidente da Mesa, Cel. Zoroastro Ferreira Lustosa para 1º Secretário e Cel. Joaquim Honorato de Souza para 2º Secretário. Imediatamente, cumprindo determinação da Constituição Estadual, o Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, como Presidente da Mesa, assumiu a chefia do Poder Executivo Municipal, como o 16º Intendente, tendo recebido o cargo das mãos do Cel. Francisco Xavier Guimarães.
No seu discurso de posse, de poucas palavras mas muito objetivo, o Cel Manoel Teixeira de Carvalho afirmou que não obstante a honraria que lhe fora prestada pelos membros do Conselho elegendo-o Presidente da mesa, o resultado lhe surpreendeu pois não tinha nenhuma aspiração ao cargo de Intendente e já havia decidido que se houvesse a apresentação prévia de chapa para disputar a eleição da mesa diretora do Conselho Municipal, não teria colocado seu nome como pretendente a nenhum cargo na Mesa.
Esclareceu, ainda aos presente que estava muito preocupado com a direção do Município por um período de 4 anos ante a impossibilidades de realização de obras e benefícios em favor da população sofrida que habitava os distritos e os pequenos povoados do vasto município de Xiquexique, face à falta de recursos tanto municipais como estaduais.
Aproveitou a ocasião para solicitar o concurso de dois cidadãos para serem seus auxiliares diretos, espécie de Secretários, para, com suas experiências, contribuírem para o progresso e o desenvolvimento do município, indicando de imediato os nomes do farmacêutico José Adolpho de Campos Magalhães e do comerciante e fazendeiro Aníbal Gomes Miranda, tendo sido, nessa mesma ocasião atendido pelos membros do Conselho Municipal.
Nos dias que se seguiram à posse o Cel. Intendente Manoel Teixeira de Carvalho reuniu-se várias vezes com os assessores José Adolpho de Campos Magalhães e Aníbal Gomes Miranda, a fim de planejarem, juntos, as primeiras ações administrativas e governamentais. Nessas reuniões, mesmo estabelecendo um plano para o governo, o Intendente externou o seu desejo de não continuar na Chefia do Poder Executivo e tratou de ir preparando o auxiliar José Adolfo de Campos Magalhães para um eventual substituição.
Concluídos os programas de governo nas áreas de educação, saúde e de obras na sede e no interior do município, o Cel. Intendente Manoel Teixeira de Carvalho seguiu para a capital da Bahia, a procura de recursos financeiros para executá-los. Tendo recebido, do Governo do Estado, a aprovação e promessa de recursos para implementação do seu programa de governo, o Cel. Manoel Teixeira de Carvalho sentiu-se a vontade para, em 02.06.2004, requerer o seu afastamento dos cargos de Presidente da mesa diretora do Conselho Municipal e da Intendência Municipal, propondo na ocasião a designação do seu auxiliar José Adolpho de Campos Magalhães para a compor o Conselho Municipal na vaga por ele deixada, com a possibilidade, ainda, de elegê-lo para a presidência da mesa e, conseqüentemente, para o cargo de Intendente Municipal. A carta de renúncia do Cel. Manoel Teixeira de Carvalho foi lida, em Sessão Especial, pelo Conselheiro e 1º Secretário, Cel. Zoroastro Ferreira Lustosa, que, depois de ouvida e aceita pelo plenário do Conselho Municipal, foi encaminhada ao governador da Bahia Francisco Marques de Góes Calmon.
No dia 06 de junho de 1924, aceitando os acordos dos sete membros do Conselho Municipal de Xiquexique, o governador da Bahia homologando as indicações feitas, nomeou José Adolpho de Campos Magalhães para a vaga deixada pelo coronel Manoel Teixeira de Carvalho no Conselho Municipal, cuja posse foi realizada no dia 10.06.1924 tendo, no mesmo dia da posse sido escolhido como Presidente do Conselho e conseqüentemente como o 17º Intendente Municipal em substituição ao Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, renunciante.

Pessoas que fizeram Xiquexique: Pascoal Nery de Souza e Zenita Barreto

Prof. PASCOAL NERY DE SOUZA e Profa. ZENITA BARRETO DE SOUZA

Pascoal Nery de Souza, nasceu em Xiquexique no dia 29.03.42, filho do Sr. Francisco Nery de Souza e de D. Adozina Marques de Souza, tendo concluído o Curso Primário nas Escolas Reunidas Cezar Zama – atual Escola Municipal César Zama –, no ano de 1957 e já em 1958 encontrava-se na cidade da Barra matriculado no Ginásio D. João Muniz, para iniciar o Curso Ginasial,pois o Ginásio Municipal Senhor do Bonfim, de Xiquexique, ainda não estava funcionando. No ano seguinte, 1959, com a inauguração do referido Ginásio transferiu-se para Xiquexique onde concluiu o Curso Ginasial, dando continuidade aos seus estudos ingressando no curso de Formação para o Magistério Primário no já agora Colégio Municipal Senhor do Bonfim. Assim, ao colar grau no final de 1964, Pascoal participou da primeira turma de Professores formada pelo Colégio Municipal Senhor do Bonfim (foto). Sempre dedicado aos estudos e vocacionado para o Magistério, já em 1965 Pascoal já era professor no Colégio Municipal Senhor do Bonfim, onde havia se formado. Desejando alçar vôos mais altos e aceitando convite do Prefeito da cidade de Central (BA)., lecionou nos anos de 1966 a 1968 no Ginásio recem inaugurado daquela cidade, deslocando-se, em seguida, atendendo a novo convite, para a cidade de Uibaí (BA) onde foi, durante muitos, anos professor do ginásio local. Tendo sido aprovado em concurso público para a Escola Polivalente de Xiquexique retorna àquela cidade e se dedica, integralmente, ao corpo docente daquela Instituição de Ensino, até a sua aposentadoria, chegando a ser vice-diretor da Escola. Atualmente o Professor Pascoal descansa em merecida aposentadoria e, como uma espécie de lazer, dedica-se a atividade agrópecuária na sua pequena fazenda no Município de Xiquexique. O Prof. Pascoal Nery de Souza se casou com a Profa. Zenita Barreto de Souza e tiveram cinco filhos.


Zenita Barreto de Souza nasceu em Santo Inácio (BA), filha do Sr. Otávio de Figueiredo Barreto e de D. Edna Novaes Barreto. Por imposições profissionais, pois o Sr. Otávio era comerciante, Zenita estudou o curso primário em Escola Pública, em Santo Inácio e Gentio do Ouro (BA), cidade vizinha, tendo-o, em 1956, concluido na Escola Renovato Barreto na sua terra natal. Ano seguinte Zenita matriculou-se no Educandário Santa Eufrásia, na cidade de Barra (BA), onde concluiu o Curso Ginasial em 1960 e, no mesmo Educandário formou-se em Professora no ano de 1963. Aprovada em concurso público a professora Zenita Barreto de Souza ingressou na rede estadual de Educação da Bahia, tendo lecionado em várias escolas públicas de Xiquexique, onde chegou ao cargo de Coordenadora Estadual de Educação daquele município, quando se aposentou. Prestou, também, sua colaboração como professora no Colégio Municipal Senhor do Bonfim, durante vários anos, como professora de História. A Profa. Zenita Barreto de Souza se casou com o Prof. Pascoal Nery de Souza e tiveram cinco filhos.

POR TEREM DEDICADO AS SUAS VIDAS PROFISSIONAIS AO MAGISTÉRIO EM XIQUEXIQUE, PREOCUPANDO-SE COM A EDUCAÇÃO E A FORMAÇÃO DA JUVENTUDE XIQUEXIQUENSE, O BLOG XIQUEXIQUE FAZ HOJE ESSA PEQUENA HOMENAGEM AO CASAL DE PROFESSORES, PASCOAL E ZENITA.

Foto Antiga: Enchente de 1949




Enchente do Rio São Francisco no ano de 1949 em Xiquexique (BA).


Esta é uma foto histórica, pois registra a existência da Farmácia Universo quase submersa pelas aguas do São Francisco. Essa farmácia era de propriedade do ilustre farmaceutico João Rodrigues Soares que mais tarde se tornou o segundo Prefeito da cidade, eleito democraticamente pelo povo, para um mandato de 1951/1955.
Esse belo logradouro, que dava entrada para a Rua do Perau e concentrava algumas lojas de tecidos e de representações comerciais além das agência de compra de passagens para os vapores que navegavam no Rio São Francisco, não mais pode ser mais observado pelas novas gerações pois foi destruído para dar lugar ao funesto PAREDÃO que, urgentemente precisa ser demolido em prol do embelezamento da cidade e do conforto e comidade da população. Seria uma grande homenagem ao Município se os nossos poderes constituídos (Executivo e Legislativo) se sensibilizassem com o problema e resolvessem botar abaixo aquela coisa que tanto enfeia a nossa comunidade.

Por do Sol em Xiquexique (BA)




POR DO SOL


O ocaso em Xiquexique é um fenômeno diário inexcedível. Sempre que se esconde por trás da Ilha do Gado Bravo, o astro rei lança seus últimos raios sobre o nosso Lago Ipueira como que dando um "até logo" para reaparecer no dia seguinte exibindo novas cores.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Por do sol em Xiquexique


POR DO SOL EM XIQUEXIQUE
Não é propriamente o por do sol, mas o momento que o antecede. É a hora mais quente de Xiquexique. O momento em que o astro rei parece estar imóvel no céu.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Bodas de Safira - 45 anos de casados











BODAS MATRIMONIAIS DE JOSÉ DIÓSCORO E LETÍCIA

No dia 06 do mês corrente, o casal José Dióscoro Gonzaga e Letícia Figueiredo reuniu-se com amigos e parentes no Buffet "Toca do Duende", situado na aprazível praia de Jauá, recôncavo baiano, onde tem casa de veraneio, para festejarem as bodas de safira em comemoração aos 45 anos de feliz união matrimonial.
A festa, intensamente participada por mais de uma centena de amigos e parentes, transcorreu na maior alegria e animação, encerrando-se às 18 horas com um animado carnaval improvisado pelos presentes.
Ao casal Dióscoro e Letícia, o Blog XIQUEXIQUE apresenta os parabéns pela comemoração de tão bonita e importante data, o que justifica a solidez e a estabilidade da familia Figueiredo Gonzaga.
A seguir, alguns flagrantes do evento:

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Intendentes e Prefeitos de Xiquexique: Cel. Francisco Xavier

Intendente Francisco Xavier Guimarães
– 1923-1924


Mandato: 30 de julho de 1923-02 de abril de 1924.
Presidente da República: Artur da Silva Bernardes (15.11.1922-15.11.1926).
Governadores da Bahia: José Joaquim Seabra (28.03.1920-28.03.1924) e
Francisco Marques de Góes Calmon (28.03.1924-28.03.1928).

No dia 12 de julho de 1923, durante a audiência com o Governador da Bahia, o Cel. Genuíno Carvalho dos Santos, 13º Intendente Municipal de Xiquexique, renunciou ao mandato e solicitou ao Governador que em seu lugar fosse designado o Cel. Francisco Xavier Guimarães, seu antecessor, que, por questões de saúde, renunciara ao mandato, já estando, no entanto com a saúde completamente recuperada e em condições de continuar o seu trabalho em prol do Município.
Em atenção ao pedido do Cel. Genuíno Carvalho dos Santos, e estando presentes os dois interessados no assunto, o Governador assinou o decreto, publicado em 17.07.1923, nomeando, pela segunda vez, o Cel. Francisco Xavier Guimarães, agora como o 14º Intendente Municipal. O Governador manteve nos cargos os membros do Conselho Municipal constituído dos seguintes cidadãos: Cel. José de Souza Nogueira, Cel. Agrário de Magalhães Avelino, Cel. Manoel Antunes Bastos, Cel. Zoroastro Ferreira Lustosa e Cel. Joaquim Honorato de Souza.
O novo Intendente Municipal dando continuidade à sua administração anterior, período de 1920-1922, dedica a sua atenção a dois assuntos por ele considerados da maior importância: a alfabetização de crianças e adolescentes e a saúde de toda a população do município.
Por isso determinou que deveria ser construído, com a máxima urgência um prédio onde deveria funcionar seu primeiro grupo escolar de Xiquexique, mantido pelo poder público. Por isso, sempre que viajava para Salvador, passando por Juazeiro (BA)., pois utilizava os vapores do São Francisco, o Intendente ficava observando as escolas ali existentes procurando identificar uma construção que pudesse ser feita em Xiquexique, conciliando necessidade e a renda municipal.
Pensava, também em construir um posto de puericultura para o qual pudesse contratar os serviços permanentes de um médico e de uma enfermeira para assistir de forma mais eficaz às crianças e as gestantes. Para esse atendimento alugou uma casa residencial, que ficou conhecida como Posto de Puericultura e a adaptou-a para abrigar o atendimento que seria prestado por um médico residente na cidade da Barra, que vinha a Xiquexique uma vez por semana, na sexta-feira. Foi o máximo que o Intendente conseguiu fazer em prol da população, haja vista a reduzida receita municipal. Não lhe foi possível, nesse mandato, construir o Prédio Escolar que tanto desejava.
No ano de 1923, a Constituição da Bahia, foi reformada permitindo que o número de Conselheiros Municipais fosse alterada em função da população do município. Além da alteração do número de Conselheiros, a Constituição reformada permitia que a função de Intendente Municipal foi exercida pelo Conselheiro eleito presidente do Conselho. Assim, o Intendente não mais seria nomeado pelo Governador do Estado e sim escolhido pelos Conselheiros Municipais. No caso específico de Xiquexique, o número de Conselheiros foi alterado de cinco para sete participantes em função da população que já beirava os 5.000 pessoas na sede e 15.000 pessoas no Município.
OBS.: Informações extraídas e selecionadas do livro "Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique Chique". Ed. 1999. Autor: Cassimiro Machado Neto.

Pessoas que fizeram Xiquexique

GILDETE DE SOUZA VIANA (Detinha Viana)

Nasceu em Xiquexique no dia 24 de outubro de 1940, filha do Sr. Gentil de Souza Viana e de D. Maria Pastora Viana. Foi alfabetizada na Escola Pariticular da Profa. Sinforosa e concluiu o Curso Primário nas Escolas Reunidas Cezar Zama. Ante a ausência de um Ginásio em Xiquexique, instituição que somente passaria a contar no ano de 1959, Detinha Viana fez o curso ginasial nas cidades ribeirinhas de Juazeiro e Remanso, ambas no Estado da Bahia. Concluindo o Curso Ginasial e desejando continuar com os estudos, Detinha Viana se deslocou para a cidade da Barra (BA)., onde no Colégio Santa Eufrásia, das freiras, concluiu, em 1960, o curso normal para o Magistério Primário. Abraçando a carreira de professora primária, a Profa. Detinha Viana iniciou o magistério na Escola Princesa Izabel, no ano letivo de 1961, atualmente extinta, tendo em seguida trabalhado nas Escola Municipal da Ilha do Miradouro (1962 e 1963), Escola Municipal Rosa Levita (1964 e 1965), diretora do Serviço de Merenda Escolar (1966 a 1969), Coordenadora do Ensino religioso (1972 a 1976), professora do Colégio Municipal Senhor do Bonfim (1977) e vice-diretora do Colégio Municipal Senhor do Bonfim (1978). Entretanto, grande parte da carreira profissional da Profa. Detinha Viana foi de dedicação exclusiva ao Colégio Municipal Senhor do Bonfim, de Xiquexique, sendo sua diretora a partir do ano de 1983 até a sua aposentadoria com mais de 30 anos de serviços prestados à educação dos jovens xiquexiquenses. A Profa. Gildete de Souza Viana faleceu, no dia 24 de agosto de 2009, na cidade do Salvador (BA), e seu corpo está sepultado no cemitério de Xiquexique.

Foto Antiga: Desfile de sete de setembro

Festa de 7 de setembro

Esta é uma fotografia, provavelmente obtida no início da década de 1930. A meninada uniformizada e pronta para o tradicional desfile pelas ruas da cidade, postava-se em frente à bela residência do Cel. José de Souza Nogueira, aguardando a chegada do orador oficial, Sr. Demóstenes Barnabé que daria continuidade às festividades da semana da Independência com o tradicional desfile das escolas públicas da cidade. O detalhe do flagrante é que a nobre residência do Cel. José Nogueira que serve de belo fundo para esta foto já não mais existe pois foi impiedosamente demolida por um dos herdeiros. É uma pena!

Crônica: O Garimpo do Rumo


O GARIMPO DO RUMO.

Desde que aqui aportaram, os portugueses não tiveram outra motivação a não ser o trabalho fácil de procurar ouro ou pedras preciosas, à flor da terra, de preferência. Mesmo os mais abastados daquele país chegavam desacompanhados dos seus familiares e aqui se juntavam a outros aventureiros solteiros, formando um grupo de exploradores dispostos a se embrenhar pela mata à dentro a procura de fortuna fácil. Eufemisticamente essas aventuras eram denominadas de “entradas e bandeiras” e as pessoas que participavam se denominavam de “bandeirantes”. Nessa brincadeira de “bandeirantes” eles percorreram todo o interior do Brasil chegando até à Chapada Diamantina e as margens do Rio São Francisco. Essas andanças se acabaram lá pelo século XVII quando constataram que as pedras preciosas e o ouro não se encontravam à flor da terra como pensavam.
A cidade de Xiquexique (BA), como muitas outras por esse Brasil a fora, deve o seu surgimento a essas pessoas que, aventurescamente partiam do sudeste do País em direção ao interior, galgando serras e transpondo rios. Nessas andanças chegaram até o Rio São Francisco, perambularam por todo o leito do seu afluente Rio Verde, e visitaram as inúmeras ilhas que formam o arquipélago em torno da cidade, com destaque para a Ilha do Miradouro de onde avistavam parte da Chapada Diamantina, principalmente a região onde hoje situam-se as cidades de Gentio do Ouro e Gameleira do Açuruá, que durante muitos anos forneceram ouro e pedras preciosas para esses aventureiros.
Mais tarde, ainda no primeiro quartel do século 20, quando escassearam os diamantes e as pepitas de ouro, pela dificuldade de serem extraídos do sub-solo, a cobiça dos garimpeiros nativos, substitutos daqueles “bandeirantes”, transferiu-se para uma pedra menos valorizada, mas que poderia fazer a fortuna daquele que tivesse a sorte de encontrar uma pródiga mina: essa pedra era o cristal de rocha. Em pouco tempo o município de Xiquexique (BA), foi objeto de uma grande corrida em busca desse mineral translúcido, com cada garimpeiro sonhando encontrar a mina que lhe mudaria o próprio destino. O normal era que cada garimpeiro, através de uma intuição própria, escolhesse um local para começar a cavar na esperança de encontrar o tão procurado CRISTAL a alguns metros de profundidade. Cada um desses buracos, denominado de CATRA era uma propriedade particular, respeitada pelos demais garimpeiros. Como a grande maioria dos garimpeiros era formada de pessoas de baixa renda e cada um dedicava-se integralmente à procura do cristal, logo surgiu a figura até certo ponto necessária, do fornecedor que fazia com que gêneros alimentícios chegassem à cada garimpo, formado por uma série de catras, para que o garimpeiro se preocupasse apenas em cavar o buraco tendo como certo o alimento diário e as suas demais necessidades.
No final da década de 1930 uma notícia circulou, como um rastilho de pólvora, por todo o município: fora descoberta, na Serra do Rumo, perto do Povoado de Boa Vista, a uns 20 km de Xiquexique, uma localidade com grande afloramento de cristal de rocha e que se mostrava promissora estando, inclusive, sendo tida por alguns garimpeiros que visitaram a região, como o maior garimpo de cristal já descoberto. Logo ficou conhecido como GARIMPO DO RUMO e, nos poucos anos que existiu ficou conhecido como o maior e mais famoso garimpo de cristal de rocha que até hoje se tem notícia. Iniciou-se, com isso, uma verdadeira corrida em direção à Serra do Rumo, duplicando a população de Xiquexique face a constante chegada de aventureiros de todas as partes do Brasil. Nessa época o Japão comprava a pedra de cristal do jeito que saia da terra, por intermédio de uma representação com sede na cidade do Rio de Janeiro, exigindo apenas que o cristal fosse puro.
Em poucos meses a Serra do Rumo foi tomada por milhares de garimpeiros que abriram milhares de buracos em toda a sua extensão e o cristal de rocha extraído das catras era em tal quantidade que em pouco tempo inúmeras fortunas foram feitas e como esses novos ricos não estavam habituados à posse do dinheiro começaram a fazer as maiores extravagâncias. Era para o Rumo e não mais para a cidade de Xiquexique, que se dirigiam todas as diversões que chegavam ao município. Ali se instalavam os circos, os parques, o cinema e principalmente as prostitutas que para lá se dirigiam na esperança de ficarem com parte da fortuna que por ali circulava. Ante essa loucura de muito dinheiro, muita bebida, muita prostituta e muitas outras diversões os rudes garimpeiros se perderam e passaram a gastar, descontroladamente, a fortuna conseguida com muito suor e muita sorte. Eram festas homéricas a cada fim de semana e a cada dia o surgimento de novos ricos não parava. Contam os mais velhos que ali estiveram presentes, que muitos garimpeiros acendiam cigarros com cédulas de dinheiro, sob a alegação exibicionista de que estavam ricos e podiam gastar.
No que pese a grande quantidade de cristal extraído no garimpo do Rumo e a espantosa fortuna gerada no local, o lugarejo continuava miserável e, desordenadamente construído, sem as mínimas condições de habitabilidade e higiene. Os moradores não tinham interesse em introduzir melhorias nas suas casas, construídas de taipa com cobertura de palha de carnaúba ou lona e piso de terra batida, pois a permanência deles em cada um desses casebres era de curto prazo. À medida que novos minas de cristal eram identificadas os garimpeiros se lançavam na direção dos novos garimpos deixando para trás as miseráveis casas que até então lhes haviam servido de teto. Mas, nessa babel, havia um contingente que não seguia a horda dos garimpeiros na nômade tarefa de cavar cristal, permanecendo sempre no mesmo lugar. Eram os bodegueiros, as prostitutas, as bancas de jogatinas e outras pessoas que ali estavam com o único intuito de se apoderarem, de alguma forma, da fortuna dos que estavam garimpando. Essa também pobre população permanente terminou por formar uma pequena comunidade que ficou conhecida em toda a região como o Povoado do Rumo, local para onde os garimpeiros, nos fins de semana, retornavam para se divertirem um pouco. Era ali também onde se poderia encontrar gêneros alimentícios ou outras mercadorias expostas a venda. O bem mais precioso, contudo, continuava a ser a água potável que era apanhada a alguns quilômetros do Povoado do Rumo e transportada em latas de querosene, sobre lombos de jumentos.
Mesmo pequenino o Povoado do Rumo dispunha de um delegado de polícia com um pequeno destacamento de soldados, ali colocados pelas autoridades do Estado pra coibir qualquer forma de violência naquele ambiente por si só hostil. Mas, devido à atividade desenvolvida por aquele povo era comum o uso de armas, exibidas como algo obrigatório e indispensável por todos os garimpeiros. Pequenas brigas motivadas pela ingestão de álcool sempre aconteciam e nesses casos a própria população se encarregava de reduzir a violência amarrando os garimpeiros transgressores numa árvore até a chegada dos policiais.
Mas, algo de muito ruim estava para acontecer. Alguns garimpeiros mais velhos pressentiam no ar que aquela situação não perduraria por muito tempo. No pequeno Povoado do Rumo os garimpeiros só se ocupavam da extração do cristal e, nos fins de semana, viviam em completa orgia ao lado das bebidas alcoólicas, da jogatina e das mulheres prostitutas. Não existia nenhuma preocupação com o lado espiritual de cada um daqueles moradores. Era uma representação, em miniatura da bíblica Sodoma. Os garimpeiros trabalhavam de segunda a sábado, de sol a sol dentro de um buraco que às vezes atingia 10 metros de profundidade, sem nenhuma segurança, preocupando-se apenas em achar, enterrada, uma canga de cristal. Tinham como obrigação conseguirem alguma pedra que ao menos lhes desse condições de desfrutar, no domingo, os vapores do álcool e os enganos da prostituta. Essa era a vida daquela comunidade.
Transcorria o ano de 1942, num domingo de muito sol e muito barulho, pois todos os garimpeiros estavam se divertindo no pequeno Povoado do Rumo, quando, por volta do meio dia escuta-se o alarme de alguém gritando que as casas de uma determinada rua estavam incendiando. Todos correram para o local na intenção de apagar o fogo, tarefa dificultada pela escassez de água. Mal tinham começada a dura faina , alguém alarma que na outra extremidade do povoado, as casas, também estão sendo destruídas pelo fogo. Parte dos moradores correu para atacar esse outro foco e mal chega recebe a notícia de que o centro do povoado, local onde se realiza toda atividade econômica do lugar também está se transformando em cinzas. Era uma catástrofe comparável à destruição de Pompéia. O fogo ficou incontrolável, pois todos os casebres eram cobertos de palha ou de lona e, em minutos foram destruidos. Contam os mais velhos que o incêndio durou semanas e no céu se formou uma grande nuvem negra que da cidade de Xiquexique podia ser avistada.
Ao contrário dos desaparecimentos de Sodoma e Pompéia, ambas, também destruídas pelo fogo, a primeira narrada pela Bíblia e a segunda contada pela História, a destruição do Garimpo do Rumo até hoje é um enigma e mesmo os mais velhos que presenciaram o terrível incêndio não conseguiram encontrar uma explicação para a origem e o autor de tão sinistro acontecimento. Ao lado da misteriosa destruição do Garimpo do Rumo convive outro mistério muito mais estranho, pois, no que pese o incêndio haver acontecido no momento em que os cristais estavam surgindo em grande quantidade de sob a terra, até hoje ninguém mais se interessou em retornar àquele lugar para garimpar, mesmo os calejados garimpeiros que lá moravam e com certeza conheciam de cor todas as boas catras e que após o incêndio passaram a categoria de abandonadas podendo por isso serem utilizadas por qualquer um. Até mesmo a população que hoje reside no local do antigo Povoado do Rumo não comenta o terrível incêndio que em 1942 acabou com o Garimpo do Rumo, aumentando assim o mistério que já permanece por 67 anos.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Pessoas que fizeram Xiquexique: Eufrosina Camandaroba dos Santos


Profa. Eufrosina Camandaroba dos Santos

Nasceu no dia 15 de fevereiro de 1919, na Faz. Alto Formoso, Xiquexique (BA), filha de Antonio Luiz Camandaroba e de D. Maria de Morais Camandaroba. A sua primeria professora, aos seis anos de idade, foi D. Doninha Soares, na cidade da Barra, sendo, também, aluna da professora Francisca Soares Ventura Esteves, tendo continuado os estudos no Colégio Santa Eufrásia, das freiras, na mesma cidade da Barra, onde colou grau de Professora em dezembro de 1940.
A Professora Eufrosina teve uma longa caminhada no campo do magistério tendo começado a reger sala de aula logo após a formatura e, incansavelmente lecionou no distrito barrense de Barreirinhas, na cidade de Serra Dourada, vindo em seguida para a cidade de Xiquexique onde juntamente com outras eméritas professoras passaou a integrar a equipe responsável pelo Curso Primário ministrado nas Escolas Reunidas Cezar Zama.
Já como professora do Cezar Zama, foi convidada pelo Dr. Clodoaldo Avelino (Dr. Dôzinho) para dirigir a Escola José Petitinga, por ele fundada e pertencente ao Centro Espírita José Petitinga, tendo mais tarde retornado ao Grupo Escolar Cézar Zama onde exerceu as atividades de regente de Curso Infantil, coordenadora do ensino religioso e Delegada Escolar, tendo atuado na área da educação até a sua aposentadoria ocorrida em junho de 1981.
A Profa. Eufrosina Camandaroba dos Santos se casou com o Sr. Francolino José dos Santos, no dia 13 de fevereiro de 1948, em cerimônia realizada no Fórum Rui Barbosa, de Salvador, prestigiada pelos xiquexiquenses Luiz Alves Bessa, João Rodrigues Soares, Marinho Carvalho, José Peregrino de Souza, Samuel Soares, Custódio Moraes, Aurélio Miranda e muitos outros.

Intendente e Prefeitos de Xiquexique - Cel Genuino dos Santos

Intendente Cel. Genuíno Carvalho dos Santos
– 1922-1923 –

Mandato: 22 de dezembro de 1922-30 de julho de 1923.
Presidente da República: Artur da Silva Bernardes (15.11.1922- 15.11.1926).
Governador da Bahia: José Joaquim SEABRA (28.03.1920-28.03.1924).

Em face da renúncia do Intendente Cel. Francisco Xavier Guimarães, por problemas de saúde, o Governador do Estado Dr. José Joaquim Seabra, escolheu o Cel. Genuíno Carvalho dos Santos, um dos Conselheiros Municipais do renunciante, para substituí-lo tendo o novo Intendente exercido o mandato de 14º Intendente Municipal durante o período de 22 de dezembro de 1922 a 30 de julho de 1923.
Para a vaga deixada no Conselho Municipal com a saída do Cel. Genuíno Carvalho dos Santos, o Governador nomeou, também, o Cel. Joaquim Honorato de Souza que ao lado dos demais Conselheiros, compôs o Conselho que ficou assim formado: Cel. José de Souza Nogueira, Cel. Agrário de Magalhães Avelino, Cel. Manoel Antunes Bastos, Cel. Zoroastro Ferreira Lustosa e Cel. Joaquim Honorato de Souza.
No que peses a já crônica escassez de recursos municipais, o novo Intendente deu continuidade aos trabalhos administrativos que estavam sendo realizadas pela administração anterior, evitando maiores investimentos por falta de dinheiro, realizando um governo bastante pacificado não obstante as hostilidades político-militares que marcaram toda a década de 1920 em quase todo o país.
Poucos meses depois o ex-Intendente Cel. Francisco Xavier Guimarães recobrou a saúde e reassumiu as suas atividades profissionais de comerciante e fazendeiro. Isso foi o suficiente para o Intendente Cel. Genuíno, numa prova de elegância e amizade sugerir o retorno do amigo ao cargo de Intendente que renunciara meses antes.
No que pese a recusa inicial, o Cel. Genuíno continuou insistindo para a volta do Cel. Francisco Xavier ao governo do Município e, tendo que viajar à Salvador para uma audiência com o Governador do Estado, marcada para os primeiros dias do mês de julho de 1923, estendeu o convite ao amigo Cel. Chico Xavier Guimarães para acompanhá-lo na viagem.
Foi uma viagem de alguns dias, dividida em duas etapas, a primeira de vapor para Juazeiro e em seguida de trem para Salvador, e nesses dias tiveram oportunidade de conversar sobre vários assuntos, principalmente sobre a troca de comando na Intendência Municipal. Ao chegarem a Salvador o Cel. Genuíno já havia convencido o Cel. Chico Xavier a aceitar o retorno a Intendência de Xiquexique.
No dia 12 de julho de 1923, durante a audiência com o Governador da Bahia, o Cel. Genuíno Carvalho dos Santos entregou ao primeiro mandatário do Estado uma carta pedindo seu afastamento do cargo de Intendente Municipal e solicitando que fosse substituído pelo Cel. Francisco Xavier, ali presente, e que já se encontrava em perfeitas condições de Saúde.
Por ser assunto de extrema urgência e por estarem presentes os dois interessados na causa, o decreto nomeando o Cel. Chico Xavier como novo Intendente Municipal, em substituição ao Cel. Genuíno, foi publicado no dia 17 de julho de 1923.

OBS.: Informações extraídas e selecionadas do livro "Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique Chique". Ed. 1999. Autor: Cassimiro Machado Neto





Por do Sol em Xiquexique (BA)



POR DO SOL

O ocaso em Xiquexique é um fenômeno que o Sol realiza há milhões de anos escondendo-se atras da Ilha do Gado Bravo e refletindo seus dourados raios no nosso Lago. Nem por isso deixa de ser, diariamente, admirado pelos xiquexiquenses.

Crônica: Xiquexique cercada e a matança dos animais

XIQUEXIQUE CERCADA E A MATANÇA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS




Estávamos em 1951 e o segundo prefeito de Xiquexique eleito pelo povo, Sr. João Rodrigues Soares, emérito farmacêutico da cidade, ainda estava começando a esquentar a cadeira de Chefe do Executivo, pois tomara posse no dia 31 de janeiro daquele ano. Preparava-se para colocar em prática uma das suas promessas de campanha: acabar com a livre circulação de animais pelas principais ruas da cidade. Nessa época não existiam ruas pavimentadas e nem o jardim na Praça D. Máximo o que transformava as vias urbanas em grandes áreas de pastagens para os animais herbívoros, principalmente jegues, caprinos, ovinos e bovinos, ante o grande quantidade de grama de burro que vicejava em todas as ruas. Além dos herbívoros outros animais, tais como cachorros, porcos e galinhas também passeavam livremente por todas as ruas e ruelas sem se preocuparem com a companhia da população que pelas mesmas vias também passeava.Mesmo não atrapalhando o transito, pois a cidade nesse tempo possuía uma ínfima quantidade de veículos automotores que se poderia contar nos dedos das mãos, o excesso de animais soltos na cidade causava preocupação e temor ao povo, pois a qualquer momento os habitantes adultos ou crianças poderiam ser atacados por algum deles, principalmente no período noturno, pois, a cidade não contava com energia elétrica eficaz. Por tudo isso, os eleitores esperavam com ansiedade as providências prometidas pelo candidato a prefeito no sentido de acabar com a livre circulação de animais soltos pela cidade. Desejoso, pois de resolver o problema com a maior urgência possível, o Prefeito João Soares divulgou uma portaria solicitando aos proprietários que tomassem todas as providências no sentido de manter os seus animais presos, sob pena de serem recolhidos por prepostos da Prefeitura. Para isso, foi dado um prazo. Mas, vencido o prazo, verificou-se que ninguém levou a sério a determinação do Sr. Prefeito, pois os animais continuaram a andar e a pastar pelas ruas. A prefeitura chegou a recolher alguns numa área existente nos fundos da Prefeitura, mas essa providência, também não surtiu efeito pois era muito cômodo para os donos dos animais verem que seus bichinhos estavam bem guardados e bem alimentados pelo poder público. Com o passar do tempo, o quintal da Prefeitura estava abarrotado de jegues, bois, burros, etc, tendo o Poder Público que, diariamente mandar um preposto à beira do rio comprar capim para os “prisioneiros”. Além do mais, os cachorros e porcos continuavam soltos perturbando a população.Nova providência então, foi encetada e consistia em recolher os animais nas vias públicas, joga-los na carroceria do caminhão da Prefeitura e soltá-los a alguns quilômetros de distância da sede do Município, no meio da caatinga. Essa medida surtiria algum efeito se os animais que facilmente se adaptariam no ambiente, tais como jegues, bovinos e muares, permanecessem soltos na caatinga. Mas, pelo bom valor relativo desses bichos os donos davam um jeito de trazê-los de volta e o problema recomeçava. Por outro lado, os cachorros não tinham nenhum problema para localizar o caminho de volta para suas casas. Portanto, colocar os animais vadios sobre a carroceria do caminhão e deixa-los bem afastado da cidade, também não resolveu o problema com o agravante de continuar a dar grande despesa à Prefeitura com a compra de combustível e demais desgaste do carro.O Prefeito, então, dominado pela obsessão de acabar com a presença de animais nas ruas da cidade, teve uma idéia, por ele considerada brilhante: protegeria a cidade com uma cerca de arama farpado com 12 fios, colocando, estrategicamente 3 ou 4 grandes cancelas para passagens de pedestres e veículos. E assim foi feito. Durante alguns meses muitos bons mourões de angico, aroeira e umburana foram retirados da caatinga e colocados ao longo do perímetro da cidade, por onde deveria passar a cerca. Um exército de trabalhadores se encarregou de fazer as centenas ou milhares de buracos par fixação dos mourões. Após os mourões estarem bem enterrados a uma profundidade de pelo menos meio metro, os 12 fios de arame farpado foram esticados e, após alguns meses de duro trabalho, acompanhado de perto e pessoalmente pelo Prefeito João Soares e seu filho e secretario particular Sandoval, a cerca estava pronta com as 3 cancelas. Restava apenas manter os animais do outro lado da cerca e assim estaria resolvido o problema.
Através de todos os meios de divulgação a Prefeitura solicitou ao povo da cidade que colaborassem com a população soltando os seus animais, caso necessário, do outro lado da cerca e fora do perímetro da cidade. Foi feita uma intensa campanha no sentido de sensibilizar os donos dos animais bem como motivar a população que se sentia prejudicada com os bichos soltos, que também se fizessem presente como se fiscais fossem da Prefeitura. Inicialmente, creio que pressionados por parte da população os donos dos bichos ficaram inibidos e sempre que iam liberar seus animais para dar uma voltinha levavam-no até a cerca de arame farpado e atravessando uma das cancelas os deixava pastando ou fuçando nas áreas não habitadas. Quanto aos cachorros tinham o cuidado de mantê-los presos em casa. E assim continuou por algum tempo até que, de novo e lentamente os animais começaram a aparecer na Praça D. Máximo.
Não se sabe se era preguiça dos donos em levá-los para fora do perímetro cercado ou se era por irresponsabilidade de algumas pessoas que passavam pelas cancelas e as deixavam abertas permitindo assim o retorno dos bichos. A verdade é que de uma hora para outra a cidade voltou a ser invadida pelos animais domésticos.
Irritado e sem saber o que fazer o Prefeito João Soares reuniu-se com seus auxiliares, ocasião em que lhes pediu sugestões para a solução do problema. Todo o Executivo se envolveu com a questão e passaram alguns dias ruminando o assunto a procura de uma solução eficaz para que o Chefe pudesse realizar a promessa feita na campanha. Precisava urgentemente de acabar com o passeio de animais vadios pela cidade, principalmente na Praça D. Máximo, para a qual tinha um projeto de urbanização e onde ficava a sede do poder Municipal. Foi aí que alguém do circulo do Prefeito teve a idéia de eliminar esses animais. A sugestão foi imediatamente aceita ficando apenas para ser discutida a forma da matança. Para isso foram convocadas muitas reuniões e muitas discussões foram travadas com muitas sugestões prós e contras, porque dentro do círculo de auxiliares do Prefeito existia, também, aqueles que deixavam os seus animais circularem livremente pela cidade. Mas, ao fim de algumas semanas discutindo tão importante assunto foi aprovada que a matança seria feita a tiros de rifle e na mesma reunião também foi escolhido o servidor municipal para ser o carrasco dos bichos. A decisão foi alardeada por toda a cidade e dado um prazo de 30 dias para que os animais vadios desaparecessem das ruas e retornassem ao recinto das casa dos seus donos ou permanecessem no outro lado da cerca de arame farpado, sob pena de serem sacrificados em praça pública e seus cadáveres laçados aos urubus a uma distância de mais de 20 km, lá para as bandas de Várzea Grande.
A cidade foi tomada de surpresa com tão insólita advertência e mesmo os que se incomodavam com os bichos perambulando pelas ruas, sentiram-se chocadas com a decisão do prefeito, de sacrificá-los. Mas, a decisão, discutida, pensada e aprovada pela equipe do Executivo, estava tomada e seria cumprida. Houve apenas um acordo de cavalheiros no sentido de que somente seriam abatidos os suínos, caprinos e ovinos. Os demais animais de maior porte, seriam transportados para fora dos limites da cidade. Assim, no dia em que se completou o prazo dado pelo Poder Municipal, surge nas ruas de Xiquexique o preposto do Prefeito, comodamente instalado na boléia do caminhão da Prefeitura, um Internacional amarelo, garbosamente portando um rifle para o cumprimento da missão de carrasco. Ao avistar algum porco, bode ou carneiro pastando ou fuçando pelas ruas, o motorista do caminhão dirigia o veículo para perto e à uma distância que dificilmente erraria o alvo, o servidor municipal abatia a vítima. Ato contínuo, o animal, já morto, era içado para a carroceria do caminhão que, completada a sinistra carga, dirigia-se, pela estrada de Salvador ou da Barra e longe, bem longe, descarregava o banquete dos urubus.No exercício dessa função, o servidor municipal até parecia que estava treinando para um "safari" africano, tal a competência, a eficácia e a satisfação com que mirava o animal invasor. Divertia-se a valer com cada animal que, abatido, caía estrebuchando e logo em seguida era jogado na carroceria do caminhão. A notícia da matança espalhou-se como um rastilho de pólvora e de imediato os donos dos animais acorreram ao encontro do caminhão, ocasião em que o preposto municipal demonstrando benevolência e compreensão, suspendia o abate e permitia que criador do bicho o levasse para casa ou para o outro lado da cerca de arame, poupando-o assim da morte em praça pública. Caso já estivesse morto e na carroceria do caminhão, permitia que lhe fosse entregue para aproveitar a carne.
A caçada oficial aos bichos vadios se transformou numa festa para a meninada, na falta de outro trégua, que aos magotes corria na esteira do carro da prefeitura para assistir ao resultado de cada um dos tiros oficiais. A cada bicho caído os meninos, em coro, entoavam gritos de torcida como se fosse uma claque organizada e contratada pelo poder público. As mães, naturalmente ficavam aflitas pela proximidade dos seus filhos com a arma mortífera que não desperdiçava um projétil sequer.
Com pouco tempo de atuação a matança dos animais vadios provou ser válida para o projeto do Prefeito, pois, já não se viam pequenos animais pastando ou fuçando pelas vias de Xiquexique.
Limpa a cidade, o Prefeito passou a se ocupar do seu outro projeto que era a construção de um jardim na Praça D. Máximo, cujo nome, segundo a tradição, diga-se de passagem, é uma homenagem a um sacerdote xiquexiquense que se tornou bispo numa cidade do Maranhão. O projeto foi aprovado pelos vereadores em 1953 e o jardim, construído, ainda, na gestão do Prefeito João Soares. Mas, mesmo com o jardim concluído e totalmente ornamentado pelas flores de “boa noite”, a presença de animais na Praça D. Máximo continuou a ser uma constante, como se pode ver pela foto, onde aparecem jumento, porco e caprino. Na verdade os animais somente deixaram de freqüentar a via pública após a pavimentação da cidade que exterminou a grande quantidade de grama de burro que vicejavam em todas as ruas e principalmente na Praça D. Máximo.

Foto Antiga: O cais de Xiquexique (BA)



O CAIS

Esta fotografia não é tão antiga, pois, ao fundo já aparece o prédio da nova Prefeitura que foi construído na década de 1960.
Mas, a importância dessa foto é mostrar para os jovens como era a vista de Xiquexique antes da construção do PAREDÃO. Vejam que o povo se deleitava indo ao cais e às rampas, para, assistindo a chegada das barcas a motor, apreciar a beleza do nosso LAGO (ipueira), em frente à cidade. Quando acontecia a chegada de algum vapor, quase toda a população se dirigia para o cais e lá permanecia, em pé, até que o Vapor, emitindo longo e saudoso apito de despedida, se afastava para o meio do Lago e sumia na curva do canal do Guaxinim.
Precisamos fazer, em nossa Xiquexique, um movimento e uma campanha para eliminar o PAREDÃO que está enfeiando a cidade, tornando-a suja e sujeita a muitas doenças pela falta de higiene causada por fezes e urinas lançadas em toda a área do PAREDÃO e o que é pior, impedindo que a população se aproxime da beira do rio para apreciar o espelho d'agua refletindo o ouro do por do sol.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Por do Sol - Descanso do Urubu




O Descanso do Urubu.

No final do dia, após voar muitos quilômetros a procura de comida, o urubu aproveita o por do sol para um descanso enquanto aprecia a bela paisagem do sol se pondo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Réplica ao Comentário feito por Marcone Gonçalves

AINDA SOBRE O BOLSA FAMÍLIA

No dia 1º do mês em curso, o leitor do Blog XIQUEXIQUE, Marcone Gonçalves, fez um comentário sobre uma matéria por mim publicada no dia 23 de janeiro p/passado, denominada “O Ginásio Senhor do Bonfim e o Bolsa Família”. Inicialmente desejo aqui registrar o meu agradecimento por tão importante comentário, ao tempo em que teço algumas considerações sobre o enfoque dado pelo comentarista, com o intuito apenas de esclarecer aos demais leitores do Blog XIQUEXIQUE sobre o verdadeiro cerne da matéria postada.
O meu interesse ao redigir a matéria foi apenas mostrar aos leitores que o Programa Bolsa Família não torna os seus beneficiários preguiçosos e dolentes, como muitas pessoas vivem alardeando por aí. O Bolsa Família apenas impede que eles aviltem o seu trabalho, trocando-o por um prato de comida, roupa e/ou sapatos usados.
Em nenhum momento fiz apologia do Bolsa Família como declara o nobre comentarista porque também sei que os R$ 140,00 por mês é uma quantia irrisória, mas é essa quantia que contra a vontade de muita gente torna o pobre e o quase miserável imunes à exploração das pessoas de maior renda.
Também não “apontei, hipocritamente, o dedo para os outros” ao comentar a exploração do empregado doméstico, e fico muito feliz que o nobre comentarista tenha alertado a própria família, que reside em Central, para evitar essa nefanda prática de escravidão disfarçada.
Todos os nossos ascendentes em Xiquexique praticaram a exploração dos empregados domésticos e dos empregados em imóveis rurais, com muita facilidade, até o momento em que apareceu o Bolsa Família que permite a aquisição de comida sem a necessidade de obtê-la em troca do trabalho servil.
Também não estou fazendo “discurso chinfrin”, como alegado pelo comentarista, mas apenas registrando cronologicamente um fato comum em nossa sociedade xiquexiquense. Não sei se em Central, nos anos 1950, existia ou não elite. Mas, em Xiquexique existia e muito. Era a elite econômico-financeira representada pelos descendentes dos inúmeros coronéis que mandaram na política local desde o tempo dos Intendentes, era a elite educacional dos que podiam mandar os filhos estudar em Salvador nos colégios internos, com preferência para o Colégio Marista e a elite espiritual aquela que dominava todos os atos litúrgicos da Igreja Católica daquela década. Não é questão de luta de classe, pois naquele tempo em Xiquexique ninguém sabia nem o que era isso. Mas apenas um costume que existia de trazer das fazendas mocinhas e rapazes para, sendo “criados”, servirem à família.
Quanto à emancipação de Central, a história do acordo existente entre o Prefeito José Peregrino de Souza e o Vereador Felinto Maciel está registrada no livro “Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique Chique”, de autoria do pesquisador e historiador Cassimiro Machado Neto. Se me permite, sugiro ao nobre comentarista encaminhar para aquele autor a versão que possui sobre a emancipação de Central, principalmente porque achou “um tanto estranha”, e, como bem afirma, “a história é ótima e envolve até o uso de uma ‘rapariga’ para distrair os guardas que cuidavam das urnas”. Acredito que essa contribuição será bem recebida pelo historiador Cassimiro Neto por vir enriquecer a sua obra.
Feitas essas reflexões sobre o importante comentário postado por Marcone Gonçalves, volto a reafirmar que a tese central do meu artigo não foi discutir o valor do Bolsa Família, a corrupção por acaso existente no seio dos nossos três poderes, a luta de classes, o governo do Presidente Lula e muito menos “a emancipação (de Central que) ocorreu contra a vontade dos centralenses e por meio de uma fraude eleitoral descarada”, segundo palavras do nobre comentarista.
A tese central do meu artigo, repito, apenas enfoca que as pessoas pobres e beneficiárias do Bolsa Família não mais estão dispostas a trocar o seu valioso trabalho por um prato de comida e vestuários usados, como antigamente faziam, pelo simples fato de que o Bolsa Família, mesmo sendo “uma miséria absoluta” nas palavras do comentarista, lhes permite comprar a comida e o vestuário para sobreviverem. E disse ainda, que esses beneficiários do Bolsa Família estão, dispostos, isso sim, a saírem do benefício desde que encontrem um emprego justo e legal no qual o empregador lhes pague, pelo menos, o salário mínimo e lhes assegure todos os direitos trabalhistas (férias, 13º salário mais 1/3, descanso semanal remunerado, recolhimento do FGTS, pagamento do INSS, salário família), previstos na Consolidação das Leis Trabalhistas-CLT.
Foi somente isso que eu quis dizer.