sexta-feira, 19 de março de 2010

História Resumida de Xiquexique (BA)


HISTÓRIA RESUMIDA DE XIQUEXIQUE (BA)

PARTE II - ORIGEM DA CIDADE

I - Introdução

Quando escrevi no Blog XIQUEXIQUE, edição de 27.08.09 sobre a origem de Xiquexique (BA), enfoquei exclusivamente a fundação da cidade com base na conhecida LENDA DO TROPEIRO. Fiz isso de propósito para deixar bem claro que a nossa cidade, também, tem uma lenda que conta a sua origem. E essa lenda conhecida e repetida por todos os xiquexiquenses, exatamente por ser uma lenda, torna bonita a origem da nossa terra natal, a exemplo das outras lendas que contam o surgimento das grandes cidades como, por exemplo, Roma, com a sua lenda de Remo e Rômulo.

II - Origem da Cidade
A partir de hoje, contudo, tendo como base a valiosa e importante pesquisa feita pelo historiador xiquexiquense Cassimiro Machado Neto, no seu histórico livro “Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique (História de Chique-Chique), do qual me foi disponibilizado um exemplar, bem como prévia autorização para usar as suas pesquisas no Blog XIQUEXIQUE, estarei, a cada semana, narrando a verdade histórica sobre a nossa terra natal.
A origem de Xiquexique se constitui em uma longa e bela história. Segundo o pesquisador Cassimiro Machado Neto, o primeiro europeu que esteve no lugar onde surgiria a sede da futura cidade de Xiquexique (BA), foi o donatário da capitania de Pernambuco Duarte Coelho Pereira, por volta do ano de 1545, ao promover uma expedição oficial para exploração do rio São Francisco, sendo portanto, o primeiro português a visitar a Ipueira, o Lago que banha Xiquexique e, portanto, o seu descobridor.
Em 1553, uma expedição montada pelo Governador Geral Tomé de Souza, adentra o sertão da Bahia e conseguindo ultrapassar a Chapada Diamantina, obstáculo natural para os que viajam do litoral para o sertão, chega até o Rio Verde, afluente do Rio São Francisco e dentro do município de Xiquexique.
Devido às dificuldades geográficas para ultrapassar a Chapada Diamantina, o Vale do São Francisco ficou isolado do litoral da Bahia até 1663, quando o baiano Antônio Guedes de Brito, filho de portugueses, resolveu implantar a Fazenda Pedras na margem direita do Rio São Francisco, distante alguns quilômetros da Ipueira, recomeçando assim as visitas á região feitas pelos portugueses e seus descendentes. Em 1650 o Cel. Guedes de Brito, por determinação da coroa portuguesa, já era “mestre de campo e regente do Rio São Francisco. Nesse tempo, por doação do governo da Bahia o Cel. Guedes de Brito já era possuidor de extensas terras que iam do Rio Itapicuru ao Rio São Francisco e deste até o Rio Paraguaçu. Mais tarde, a corte portuguesa fez, ainda, ao Cel. Antonio Guedes de Brito, doação de toda a margem direita do Rio São Francisco, estendendo dita propriedade por centenas de léguas quadradas, pois seus domínios iam desde a Chapada Diamantina, incluindo Morro do Chapéu (BA), até a margem direita do Rio São Francisco. Foi com a Fazenda Pedras, instalada em 1663, na margem direita do Rio São Francisco que começou a se formar o município de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique.
Em 1694 o Cel. Antônio Guedes de Brito, já com o título de Barão da Casa da Ponte, faleceu na fazenda situada no município de Morro do Chapéu, em cima da Chapada Diamantina, com 67 anos de idade, sendo substituído, nos negócios, por sua filha Isabel Guedes de Brito que nomeou o sertanista Manoel Nunes Viana, como administrar das fazendas com todos os poderes.
Enquanto isso, em 1680, o português Theobaldo José Miranda Pires de Carvalho juntava a família e todos os seus bens e embarcava para o Brasil, escolhendo Salvador, onde fixou residência. No ano de 1685, adquiriu de Antonio Guedes de Brito, Barão da Casa da Ponte, cinco léguas de terras na margem direita da Ipueira do Rio São Francisco, que banha Xiquexique e nessa área instalou a sua propriedade rural denominada Fazenda Praia, na qual construiu casa para sua família e seus empregados. Com o decorrer do tempo, nas proximidades da Fazenda Pedras foram se instalando outras fazendas, currais e povoados, que, com o tempo evoluíram para distritos, vilas e cidades, cujos nomes permanecem até os nossos dias: Pedras, Saco dos Bois, Riacho Grande, Marrecas, Tiririca, São Domingos, Canabrava do Gonçalo, Olho d’Água do Gonçalo, Riacho de Areia, Várzea Grande, Fazendinha, Riacho Largo, Vacaria, Vereda, Matinha, Roça de Dentro, Chapada, Forquilha, Gavião, São Gabriel, Lagoa de Canabrava, Quixabeira, Carnaúba, Serra Queixo, Alegre, Mamão, Lagoinha, Utinga e tantas outras.

III - Ilha do Miradouro
Em 1687, D. Inácia Araújo Pereira, viúva do Barão da Casa da Torre – Francisco Garcia Dias D’Ávila –, atendendo solicitação de garimpeiros portugueses que mineravam na Serra do Assuruá, permite que eles construam uma comunidade em uma das ilhas pertencentes ao arquipélago da ipueira que banha Xiquexique. Daí logo surgiu uma pequena povoação e uma capela, em homenagem a Senhora Santana, sendo esta a primeira comunidade de portugueses em terras do futuro município de Xiquexique. A Ilha foi logo denominada de Miradouro pois, dali podia-se observar o ouro da Serra do Assuruá..
Desde a formação do povoado na Ilha do Miradouro, a Ipueira já era freqüentada por pescadores em face do grande volume de peixes ali existente. Era da Ipueira que saia todo o pescado para abastecer o povoado do Miradouro e demais fazendas da região. Foi exatamente nesse lugar que o nosso conhecido tropeiro, cumprindo promessa feita, construiu uma pequena capela dedicada ao Senhor do Bonfim. Portanto, o local já era freqüentado, também, para atos religiosos, no mínimo pelos pescadores para pedir uma maior produtividade das suas redes de pesca. Por volta do ano de 1700, por concessão de Theobaldo José Miranda Pires de Carvalho, dono da Fazenda Pedras, as pessoas que começaram a chegar na região tiveram permissão para construir casas residenciais nas áreas vizinhas à capela do Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, dando origem ao arraial do mesmo nome. O afluxo de pessoas foi tão considerável que já em 1714, Dom Sebastião Monteiro da Vide, primeiro Arcebispo do Brasil, assinou documento elevando a capela do arraial do Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique à categoria de Freguesia.
A Enciclopédia dos Municípios, assim conta a história: “A atual cidade teve origem na fazenda Praia, pertencente a Teobaldo José de Carvalho, nascendo em 1700 um arraial com o nome de Xique-Xique. A capela, aí construída, dedicada Senhor do Bonfim e Bom Jesus foi elevada à categoria de freguesia em 1714 pelo arcebispo dom Sebastião Monteiro da Vide.”

IV - Itaguaçu da Bahia (antiga Tiririca)
Em 1720, chega à Salvador, o português Alberto Pires de Carvalho, sobrinho de Theobaldo José Miranda Pires de Carvalho, solteiro e dono de uma respeitável fortuna pessoal. Mal descansou da viagem e logo seguiu ao encontro do seu tio na Fazenda Praia, localizada a margem da ipueira do Rio São Francisca, ali estabelecida desde 1685.
Chegando na "Fazenda Pedras" Alberto Pires de Carvalho casou-se com a Felícia, índia tapuia que ainda jovem e em 1725 adquiriu junto aos herdeiros de Antonio Guedes de Brito, falecido em 1694 uma grande área de terras que iniciava na Várzea Grande, até a margem do Rio Verde.
Alberto Pires de Carvalho e sua mulher Felicia escolheram um local com abundância de água para ali construirem a sua residência e a sede da fazenda à qual deram o nome de "Fazenda Tiririca". Nessa Fazenda, o casal gerou vinte e quatro filhos. A cidade de Tiririca, atualmente Itaguaçu da Bahia, teve origem nessa Fazenda.
Todos os filhos do casal se casaram com filhos dos colonos e dos agregados da própria fazenda, com os descendentes de Theobaldo José Miranda Pires de Carvalho, com filhos dos habitantes do arraial de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, com os filhos dos moradores da Ilha do Miradouro e das fazendas Pedras, Marrecas, Riacho Grande, São Domingos, Canabrava do Gonçalo, Olho d’Água do Gonçalo e Riacho de Areia e de outras localidades circunvizinhas, espalhando o sobrenome Pires de Carvalho por uma grande área.

V - Distrito de Iguira (antiga Marrecas)
Em 1763 o português Marçal Ferreira dos Santos desembarca em Salvador, solteiro e com grande fortuna. Tentando encontrar onde aplicá-la transferiu-se para cidade de Jacobina(BA), onde veio a tomar conhecimentos da abundância de terras situadas às margens do Rio São Francisco e que poderiam ser adquiridas a preços muito baixos.
Procurou os herdeiros de Garcia D’Ávila e de Antonio Guedes de Brito e deles adquiriu, do primeiro, uma ilha e do segundo uma grande área na margem direita do Rio São Francisco e ao norte da Faz. Praia, dando a Ilha o nome de "Fazenda Marrecas", pois jamais havia visto em sua vida quantidade tão grande dessa ave e ao imóvel em terra firme, o nome de Fazenda Riacho Grande.
Em 1766 deu início à construção da casa sede e dos currais das fazendas. Concluindo as obras e já instalado Marçal Ferreira dos Santos começou a procurar entre as moças da região, alguém para casar. Encontrou a jovem Josefa Ferreira de Brito, filha de Raimundo Ferreira de Brito e neta, pelo lado materno de Alberto Pires de Carvalho e Felicia Pires de carvalho, com quem se casou e tiveram 8 filhos..

OBS: Dados extraídos do livro “Senhor do Bonfim Bom Jesus de Chique-Chique (História de Chique-Chique)" de autoria do historiador e pesquisador Cassimiro Machado Neto

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