quinta-feira, 27 de agosto de 2009

HISTÓRIA: ORIGEM DE XIQUEXIQUE

ORIGEM DE XIQUEXIQUE

No dia 6 de julho de 1832 o Conselho Provincial da Bahia assina decreto criando o Município e a Vila de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, desmembrado do Município de Jacobina. E, em 23 de outubro de 1834 finalmente é instalado o Município de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Xiquexique, por ordem do Conselho Provincial da Bahia, tendo em 1853 sido criada a Comarca de cidade.
No que pesem os registros históricos acima a origem propriamente dita da cidade é bastante polêmica sobressaindo-se entre todas as duas versões narradas a seguir:

Contam que a cidade de Xiquexique se originou de um grupo de pessoas residentes na Ilha do Miradouro, talvez aqueles mineradores que voltavam da Serra do Assuruá, e que teriam se fixado na margem da Ipueira, como pescadores, face à grande quantidade de peixes naquele trecho do rio. Como na margem da Ipueira existia muita vegetação denominada de xiquexique, o nome do lugar onde os pescadores acampavam passou a ser assim denominado. Dizem que quando saiam da Ilha do Miradouro para pescarem na Ipueira diziam que iam para o xiquexique.

Essa é uma versão muito simplória e sem nenhum apelo romântico além da inexistência de vestígios que sustentem a estória, principalmente porque no local onde hoje está a cidade não existe essa grande quantidade de cactáceas e não é possível que essa vegetação tenha sido exterminada. Acredito que seja uma versão inventada por alguém sem embasamento real. Prefiro ficar com a versão adotada pela maioria da população, tida por alguns como lenda mas é exatamente a perspectiva de ser uma lenda que torna bonita as origens das mais importantes cidade do mundo. Veja, só para citar um exemplo a estória de Remo e Rômulo que fundaram Roma.

A estória da fundação de Xiquexique que vai ser contada agora é tida como verdadeira por todos da cidade, apesar da inexistência de documentos que registrem o fato. Mas, caso seja uma lenda isso em nada desmerece o lugar, pois todas as lendas sempre têm um fundo de verdade.

Conta, pois a histórica/lenda, aceita e aprovada pelos xiquexiquenses, que no século XVII junto com os famosos bandeirantes que, naquela época adentravam os sertões brasileiros a procura de riquezas (pedras preciosas e ouro), também chegou para se acampar na Ilha do Miradouro um mascate que sempre acompanhava o grupo de exploradores para vender seus muitos e variados produtos transportados em uma tropa de dezenas de burros. Era um dos famosos tropeiros que cortavam o interior do País mascateando como meio de sobrevivência e vendendo s uas mercadorias, que supriam as diversas necessidades dos bandeirantes desde gêneros alimentícios não perecíveis passando por produtos de uso pessoal e também mercadorias de caráter religioso que tinham grande aceitação entre aqueles homens rudes e esperançosos.

Pela madrugada ao acordar para reiniciar viagem o tropeiro sentiu a falta de um dos burros, justamente o que transportava a carga que ele considerava a mais valiosa, representada por uma imagem de Jesus Crucificado, conhecido como Senhor do Bonfim e réplica do Senhor do Bonfim, imagem milagrosa de Salvador. Imediatamente entrou em desespero com o sumiço do burro e do crucificado e decidiu suspender a viagem para só voltar a pensar nesse assunto quando tivesse encontrado a sua tão valiosa imagem do Senhor do Bonfim. Iniciou então uma busca minuciosa por toda a Ilha do Miradouro, tendo gasto mais de 3 dias nessa procura, sem nenhum sucesso. A cada dia o seu desespero aumentava, pois não se conformava com a evaporação do animal com tão precisa carga numa ilha. Não poderia ter atravessado o rio a nado, mesmo sendo relativamente estreito no local do acampamento.

Concluído o quinto dia de procura sem solução, resolveu apelar para o transcendental e fez a seguinte promessa: se o animal fosse encontrado com a carga ele faria uma pequena capela para a imagem do Senhor do Bonfim, exatamente no local onde o burro estivesse e nesse pequeno templo deixaria a tão bonita imagem de Cristo. No dia seguinte, como que orientado por alguma força, resolveu atravessar a parte estreita do rio que forma a Ilha do Miradouro e se dirigiu para a margem da Ipueira, local onde os pescadores montavam os seus acampamentos para pescar e onde se situa a atual cidade de Xiquexique.

Em lá chegando, com poucas horas de procura foi tomado de grande emoção por encontrar o animal descansando sob uma árvore com a valiosa carga totalmente intacta. Imediatamente, cumprindo a promessa, fez a pequena capela e colocou a imagem do Senhor do Bomfim, a mesma que, até hoje, se encontra na Igreja Matriz de Xiquexique e é comemorada no dia 1º de janeiro de cada ano, festa antecedida por um novenário que movimenta toda a cidade, por ser a festa do padroeiro da cidade.

A história da fundação de Xique Xique está registrada na Enciclopédia Brasileira dos Municípios, Volume XXI, páginas 420 e seguintes e é assim contada:
“O primeiro núcleo povoado estava situado na Ilha do Miradouro e foi formada por pescadores atraídos pela grande quantidade de peixes da ipueira ali existente. Mais tarde transportaram-se para terra firme (...) A atual cidade teve origem na Fazenda Praia, pertencente a Theobaldo José Pires de Carvalho, nascendo em 1700 um arraial como o nome de Chique-Chique, que em 1732 era ainda aldeia de pescadores. A capela aí construída, dedicada ao Senhor do Bonfim e Bom Jesus, foi elevada à categoria de Freguesia pelo arcebispo D. Sebastião Monteiro da Vide”

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