segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Intendente e Prefeitos: CEL. ROMUALDO DA CRUZ

Intendente Cel. Romualdo da Cruz
– 1896-1900 –

Mandato: 28 de maio de 1896 a 28 de maio de 1900.
Presidentes da República: Prudente José de Moraes e Barros - 15.11.1894-15.11.1898 e Manuel Ferraz de Campos Sales - 15.11.1898-15.11.1902.
Governador da Bahia: Luiz Viana - 28.05.1896-28.05.1900.
No dia 22 de março de 1896, em cumprimento ao determinado pela Constituição do Estado da Bahia, foi realizada o pleito eleitoral para a escolha do intendente e dos conselheiros municipais de Xiquexique, tendo sido eleito o Cel. Romualdo da Cruz, como quarto Intendente para um mandato de 4 anos, juntamente com os membros do Conselho Municipal de Xiquexique, composto pelos seguintes cidadãos: Cel. Francisco Martins Santiago, Cel. Liberato de Novais Sampaio, Mj. Jacó Pereira Bastos, Cel. Antonio da Silva Paiva e Cap. Joaquim de Figueiredo Rocha.
O Intendente municipal Cel. Romualdo da Cruz continuou com a idéia dos seus antecessores, ou seja, concluir a reforma da Prefeitura de Xiquexique. Para isso faltava apenas mandar fazer o acabamento interno e externo do prédio, o que fez com certa lentidão, diante dos poucos recursos financeiros do município, tendo, contudo, concluído a obra no dia 28 de maio de 1900, bem antes do final do mandato entregando a população o importante prédio público todo pintado, aparelhado e equipado.
A partir dessa data as repartições públicas do município puderam contar com um decente espaço físico para exercerem o seu trabalho, sendo cada local criteriosamente distribuído entre as repartições pertencentes à Intendência Municipal, ao Poder Consultivo, à Delegacia de Polícia e à Cadeia Pública.
Essa foi a única obra realizada pelo quarto Intendente, que se limitou a administrar o município com os poucos recursos arrecadados.
Alguns Xiquexienses que nasceram durante a gestão do quarto Intendente Cel Romualdo da Cruz:
09.12.1896: Nasceu D. Erotides Bessa Nogueira, conhecida como D. Tidinha, filha de José Rufino Alves Bessa e de Antonia Ponciana Bessa. Casou-se com Hermenegildo de Souza Nogueira (Seu Bibi).
07.06.1897: Nasceu o Sr. Gustavo Teixeira da Rocha (filho), conhecido como Gustavinho, na Fazenda Carnaúba, filho de Gustavo Teixeira da Rocha e de D. Maria Angélica da Rocha. Casou-se com D. Dália Marques da Rocha.
07.09.1897: Nasceu o Sr. João da Lapa Araújo, filho de Maximiano Pessoa de Araújo e de Laurentina Ferreira dos Santos. Casou-se a primeira vez com Joana Ferreira de Araújo e em segundas núpcias com Maria Josefa dos Santos. Dessas duas uniões teve 49 filhos.
07.11.1897: Nasceu o Sr. Aurélio Gomes Miranda. No pleito municipal de 21.12.1947 tornou-se o primeiro prefeito municipal de Xiquexique eleito pelo povo, tendo assumido no dia 15.01.1948 para um mandato de quatro anos até o dia 31.01.1951.
23.01.1899: Nasceu o Dr. Clodoaldo de Magalhães Avelino, conhecido como Dr. Dozinho, filho de Agrário de Magalhães e de Francisca de Magalhães Avelino. Foi o primeiro médico de Xiquexiquense.
21.06.1899: Nasceu o Sr. Luiz Alves Bessa, filho de José Rufino Alves Bessa e de Antonia Ponciana Bessa. Casou com D.Adalgisa de Souza Bessa.
01.01.1900: O padre Francisco de Magalhães Sampaio assume a função de pároco da Igreja Matriz do Senhor do Bonfim, tendo sido expulso da cidade pelos políticos locais durante os Barulhos de Xiquexique (1910-1915).
OBS.: Informações extraídas e selecionadas do livro "Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique Chique". Ed. 1999. Autor: Cassimiro Machado Neto.

CRÔNICA - AS LAPINHAS EM XIQUEXIQUE


AS LAPINHAS
É tradição de muitos anos em Xique Xique, no mês de dezembro as famílias montarem um presépio de Natal a que dão o nome de LAPINHA. A Lapinha, diminutivo de lapa, gruta, é uma representação do nascimento de Jesus e é feita com pedras e papeis pintados. Eram as homenagens que muitas famílias católicas da cidade prestavam ao Menino Deus que iria nascer em breve.
Mas as fazedoras de lapinhas não se contentavam apenas com a montagem da gruta abrigando a família de Nazaré, cercada por animais e reis magos. A gruta tradicional sempre estava presente, mas, em volta, a decoração tomava o rumo imaginado pela dona da lapinha. Valia colocar tudo que se dispusesse em casa e que sob sua ótica servisse para enfeitar a sua homenagem ao Menino Deus, não importando se aquele objeto estava ou não em conformidade com a liturgia do Advento.
Por isso as Lapinhas variavam de tamanho em função da armação de pedras e papeis e dos itens decorativos espalhados por toda a estrutura. O que se queria era impressionar o visitante que, com certeza estaria, no mês de dezembro a percorrer casa por casa admirando as lapinhas, às vezes as mesmas que vira no ano anterior e em nada mudara, pois a dona da lapinha já tinha de cor os objetos decorativos a serem utilizados bem como os seus respectivos lugares.
Era muito comum, pela novidade, a utilização de pequenas conchas marinhas, dessas que são abundantes em todas as praias do nordeste e que eram trazidas e presenteadas por algum amigo que estivera em Salvador. As lapinhas que nos acostumamos a admirar em nossa infância, quando a gente peregrinava pelas casas em Xiquexique, roteiro que também fizeram os nossos pais e avós, eram presépios pitorescos, de graça ingênua que tinham indefectivelmente um “lago” feito de espelho, cercado de fina e branca areia trazida das praias de Salvador ou da Gameleira do Assuruá onde nadavam patos e outras aves aquáticas, animais de barro pintado ou porcelana, uma infinidade de bugigangas, enfeites, bonecos de louça, bibelôs de resina, vasos de plantas no meio de seixos e latinhas com arroz recém brotados, trenzinhos de ferro que se acomodavam ao lado de camelos e dromedários, pastores de cajado e vestidos de pele de carneiro ombreando-se com marujos de gorro à francesa e soldadinhos de chumbo ao último modelo americano e, tudo o mais de quinquilharias que a dona pudesse guardar para ser usada na decoração da sua lapinha.
Face à tradicionalidade desse trabalho existiam famílias que faziam lapinhas desde o início do séc. XX, continuando uma tradição que vinha dos seus avós. Por isso, como novos enfeites decorativos eram anualmente agregados a cada montagem da lapinha a tendência é que ano a ano fosse aumentando cada vez mais os itens utilizados na feitura da homenagem. As lapinhas de Xiquexique estavam mais para um trabalho de decoração artesanal do que para uma homenagem ao menino Deus. Havia lapinhas famosas e que faziam de tudo para se manterem na posição.
Os xiquexiquenses mais velhos relembram ainda hoje, com saudades, as lapinhas mais bonitas e mais bem feitas de Xiquexique que eram armadas logo no começo do mês de dezembro. Lembro-me muito bem de alumas lapinhas que ficaram gravadas na minha memória: a lapinha de D. Filomena, que ficava na Rua Marechal Deodoro, a de D. Beleza que ficava na mesma rua, a lapinha de D. Adalgisa que ficava na Rua Góis Calmon e a lapinha de D. Angélica Barreto, na Praça D. Máximo, afora outras dezenas que não consigo lembrar-me devido a passagem do tempo. No entanto, todas eram lapinhas feitas com muita dedicação e muito bom gosto com uma profusão de brinquedos e enfeites que somente eram expostos a cada ano. Chegado o dia de Reis, quando as lapinhas eram desmontadas, esses maravilhosos brinquedos e enfeites que enfeitiçavam as cabecinhas das crianças visitantes e provocavam o deleite dos adultos, eram novamente encaixotados e guardados por mais um ano. Muitas lapinhas que eram visitadas nos anos 1950, continuam hoje a serem armadas fazendo o mesmo sucesso de antigamente, o que demonstra que a homenagem ao Deus da Esperança que em breve chegará, ainda continua forte.
Todas as famílias de Xiquexique, que armavam lapinhas, tinham a maior satisfação em receber os conterrâneos para mostrar a sua obra prima. Nessas ocasiões eram servidos cafezinhos e bolos caseiros para todos os visitantes e era patente o largo sorriso sempre estampado na face da dona da lapinha acompanhando a admiração dos visitantes e dando explicações da origem de cada um dos enfeites espalhados. E, faziam isso com muito orgulho e dedicação, fossem as lapinhas grandes e ricas ou lapinhas pequenas e modestas, pois todas eram visitadas pela população da cidade.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

BRASÃO E BANDEIRA DE XIQUEXIQUE

SÍMBOLOS DE XIQUEXIQUE



Hoje nós estamos divulgando, para lembrar aos que já conhecem e dar a conhecer aos que ainda não conhecem, os símbolos municipais de Xiquexique, criados pelo conterrâneo Antônio Ramos da Silva. Talvez o pouco conhecimento que temos deles seja motivado pela pouca divulgação dos mesmos pelas nossas autoridades municipais. Esses símbolos, principalmente a bandeira, deveriam estar expostos e hasteados em todas as repartições públicas municipais. A seguir, a explicação literal, do próprio autor, sobre cada uma das coisas que compõem os símbolos de Xiquexique.

INSÍGNIA: Coroa Mural prateada com quatro torres, representativa de domínio e Município.
ESCUDO: FIGURAS: - O Sol (figura astronômica), em posição de nascer ou se pôr, simboliza o cidadão chique-chiquense que, do nascer ao morrer, deve irradiar a luz e a energia do seu valor pessoal, visando o seu bem e o bem da comunidade.- O PX (figura artificial), símbolo grego que significa Jesus Cristo, simboliza uma homenagem especial ao mesmo Jesus Cristo (o sol Divino) que, sob a inovação de Senhor do Bonfim, é o Padroeiro do Município. Na curva da letra Pê e na forma destas encontrada em sua haste, o símbolo sugere também uma homenagem às tribos indígenas que habitavam a região. O Xis formado pelos dois peixes, representam as iniciais do topônimo “Xiquexique”.- Os Peixes (figuras naturais) em posição de emergência do Rio São Francisco, simbolizam a pesca, uma das principais atividades do município e de expressiva significação sócio-econômica e alimentar da região.
CORES:As cores verde, amarelo, azul e branco, acrescentadas do vermelho, sugerem uma homenagem especial ao Brasil e à Bahia.
Em termos municipais simbolizam: O Verde – Todas as atividades nos campos, e o xique-xique, cacto do qual veio o topônimo do Município. O Amarelo – O ouro e demais minérios do solo chique-chiquense e a luz da fé e da intelectualidade do seu povo. O Azul – O Rio São Francisco com toda a sua expressiva importância na História e desenvolvimento do Município. O Branco – A pureza de costumes que gera e garante a paz, e as virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade), também indispensáveis no uso dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. O Vermelho – o amor e o sacrifício do povo chique-chiquense pelo progresso e bem estar do seu município.
LISTEL: No Listel, em ouro sobre azul, o topônimo do Município e a data de sua Emancipação Política e Administrativa.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Dr. LUCIANO FIGUEIREDO - Justa Homenagem

DR. LUCIANO L. FIGUEIREDO
JUSTA HOMENAGEM

O Professor e Mestre Dr. LUCIANO LIMA FIGUEIREDO, filho caçula do ilustre xiquexiquense e grande nome do Ministério Público do Estado da Bahia Dr. SOLON FIGUEIREDO, “honrando uma particular tradição familiar”, acaba de defender a sua tese de Mestrado intitulada “A Função Social das Patentes de Medicamentos: quebra de patentes e políticas públicas”, emergindo assim, precocemente, como um dos grandes advogados militante em Salvador (BA).
Como bem disso o Dr. Rodolfo Pamplona Filho, Juiz Federal do Trabalho em Salvador e Doutor em Direito do Trabalho pela PUC de São Paulo, prefaciando a importante obra e se referindo ao Dr. Luciano Lima Figueiredo, “Trata-se de um jovem talento do magistério jurídico brasileiro (Professor de Direito Civil na graduação das Faculdades de Direito da UNIFACS e BAIANA, bem como em cursos de Pós-Graduação, Extensão e Preparatórios para Concursos Públicos), que tem se destacado pela sua competência, inteligência e simpatia”.
E, continuando o Dr. Pamplona, sentindo-se autorizado a apresentar o Dr. Luciano Lima Figueiredo à comunidade jurídica nacional, assim se refere ao autor do livro do qual é o prefaciador: “ Advogado militante, graduado em Direito pela Universidade Salvador (UNIFACS), Especialista em Direito do Estado e Mestre em Direito Privado pela UFBA – Universidade Federal da Bahia, tem atuado, com freqüência, como articulista e palestrante em diversos conclaves especializados”.
Ao jovem Mestre e Professor Dr. Luciano Lima de Figueiredo, os parabéns e o carinho de toda a família Lima-Figueiredo por tão grande e merecida vitória alcançada.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Pôr do Sol em Xiquexique (BA) - Praça Dom Máximo




Pôr do Sol visto do lado norte da Praça D. Máximo, parte histórica da cidade onde, ainda hoje, existem existem algumas residências tradicionais dos antigos coroneis construídas no primeiro quartel do Sec. XX.

Prédios Tradicionais: Agência do BANEB


Agência do BANEB

Este prédio construído na Praça D. Máximo, na primeira metade do sec.XX era um dos mais importantes e mais bonitos daquele tempo. Ainda na década de 1950 foi utilizado para abrigar a agência da Real Aerovias, empresa aérea que fazia, semanalmente, a linha para Salvador e Belo Horizonte, sobrevoando o Rio São Francisco.

Mais tarde, com a extinção da linha aérea para Xiquexique, foi ocupado pela sede da Agência do Banco do Estado da Bahia - BANEB, que alí funcionou até venda para o BRADESCO. Esse prédio ainda está de pé apesar de bastante deteriorado e necessitando de urgentes trabalhos de manutenção. Não sei a quem pertence.

O interessante é que ainda se vê, na foto, o oitizeiro que crescera em frente ao Bar de Dantas e que serviu durante muitos anos para sustentar os cartazes anunciando o filme que iria ser apresentado no Cine Neide, da Voz do Barranco. Essa árvora foi cortada quando da realização do calçamento da Praça D. Máximo.

Peixes do Rio São Francisco: O SURUBIM

O SURUBIM
Nome Científico: Pseudoplatystoma Corruscans
Local de Origem: Bacias dos rios São Francisco, Prata e Paraguai.

O surubim é o peixe preferido pela população de Xiquexique, não obstante a grande quantidade de outros saborosos que são pescados e vendidos na beira do rio. No que pese o grande surubim da foto ao lado, pescado em Xiquexique, a preferência do povo da cidade é pelos peixes pesando até 6 kg, conhecidos como "perna de moça".
Ao contrário do hábito baiano de comer peixe cozido no óleo de dendê, em Xiquexique o surubim sempre foi preparado no leite de coco. Às vezes é também consumido frito em rodelas, como tira gosto. Raramente se faz o filé. Atualmente em em Xiquexique está cada vez mais dificil encontrar um bom surubim na beira do rio pois devido à excelência da sua carne, é grande a quantidade de caminhões frigoríficos no Terminal Pesqueiro levando todo o pescado para as cidades vizinhas e para Salvador. Por isso é o peixe de maior valor comercial. A carne do Surubim apresenta coloração clara, textura firme com sabor característicos, baixo teor de gordura e ausência de espinhas, o que a torna adequada aos mais variados usos e preparos culinários, agradando aos mais exigentes e requintados paladares.
É um peixe de hábitos noturnos, embora tenha alguma atividade durante o dia. Anatomicamente tem a cabeça grande achatada, o corpo desprovido de escamas e coberto por pele grossa de coloração escura no dorso e pintas na extensão do corpo e ventre claro. Tem o corpo arredondado com as laterais apresentando manchas negras circulares de tamanho variáveis e as nadadeiras dorsal e caudal com manchas pequenas. Alimenta-se principalmente de outros peixes. É a maior espécie existente no Rio São Francisco podendo alcançar até 3 m de comprimento e pesar mais de 100kg de peso corporal. As fêmeas alcançam tamanhos bem maiores que os machos.
O surubim está começando a ser criado em catriveiro com perspectiva crescente principalmente no Nordeste, não obstante a sua complexa reprodução limitar o número de produtores de alevinos em nivel nacional. A criação do surubim poderá em futuro próximo amenizar a escassez atual desse peixe no Rio São Francisco, principalmente à montante da Barragem de Sobradinho, vez que, segundo os pescadores, o lago formado reduziu sobremaneira a reprodução natural.
Na culinária o surubim reina absoluto. Os pratos a base do peixe são os mais apreciados pelos nativos e pelos turistas. No que pese a grande variedade de pratos existentes em todos os grandes restaurantes do Nordeste, está muito em moda o SURUBIM ASSADO NA BRASA À MODA NORDESTINA.
Servido ao molho de alcaparras é uma nova especialidade da cozinha nordestina, que mistura a sofisticação com a excetrincidade da comida regional. Seguindo esta linha de pratos típicos, o surubim assado na brasa deve ser acompanhado com feijão-de-corda verde, purê de aipim, baião de dois e arroz tropeiro. Como aperitivo recomenda-se uma dose de cachaça.
Esta nova delícia agrada desde o autêntico "cabra da peste", até aos mais exigentes e refinados paladares de quaquer parte do mundo, por ser uma alimentação leve e ao mesmo tempo requintada.
A exemplo das demais iguarias da cozinha nordestina, o Surubim assado é também preparado com ingredientes artesanais, feitos nas fazendas e roças, como é o caso da manteiga de garrafa, que participa no preparo de receitas como pirãos, purês, farofas e alguns molhos, propiciando um sabor característico aos pratos.



Intendentes e Prefeitos: Cap. Antônio Martins Santiago

Intendente Cap. Antonio Martins Santiago
– 1892-1896 –


Mandato: 28 de maio de 1892 a 28 de maio de 1896.
Presidentes da República: Floriano Vieira Peixoto (23.11.1891- 15.11.1894) e Prudente José de Moraes e Barro (15.11.1894-15.11.1898)
Governador da Bahia: Joaquim Manoel Rodrigues Lima (28.05.1892-28.05.1896)
O terceiro intendente municipal de Xiquexique foi o capitão Antonio Martins Santiago, o primeiro a ser eleito pelo voto do povo para um mandato de quatro anos, de 28 de maio de 1892 até 28 de maio de 1896, tendo recebido, solenemente o cargo de Intendente Municipal do Cel. Reginaldo Gomes Lima. O novo Intendente adotou como prioridade do seu governo o prosseguimento e a conclusão das obras de recuperação do Paço Municipal, iniciada na administração do Cel. Gustavo de Magalhães Costa (1889-1890). Em função do esforço despendido pelo Intendente, não obstante e contínua escassez de recursos municipais, a reconstrução do Paço ficou praticamente concluída, restando para o sucessor apenas alguns trabalhos de acabamento final
Sem nenhuma explicação plausível o governador do Bahia, Joaquim Manoel Rodrigues Lima no dia 03.08.1892 por Lei Estadual e no primeiro ano do mandato do Intendente Cap. Antônio Martins Santiago, extinguiu a Comarca de Xiquexique criada pela Lei Provincial n° 650 em 14 de dezembro de 1857, passando o termo de Xiquexique a ser subordinado à Comarca de Barra, sendo restabelecida, somente em 1915 no governo estadual de José Joaquim Seabra.
O Intendente capitão Antonio Martins Santiago com temperamento e personalidade semelhante ao Cel. Gustavo Magalhães da Costa, era avesso as disputas bélicas que comumente aconteciam entre os vários coronéis que mandavam na política local. Por isso sempre procurou usar o diálogo entre os políticos como arma democrática para que através do argumento e do convencimento, pudesse levar a bom termo, a tarefa de bem governar. Jamais lançou mão de jagunços e de armas de fogo para impor seu poder político e, muito menos, para destruição do patrimônio público e privado. Sempre procurou ser um administrador cordato, um pacificador, evitando os confrontos e os assassinatos tão comuns naquela conjuntura e que enlutaram diversos lares e afugentaram inúmeras famílias para municípios vizinhos. O objetivo primordial de sua administração sempre foi buscar melhorar as condições de vida dos munícipes e defender o poder político municipal. Estava legitimado pelo voto do povo, em função do prestígio e da elevada moral que possuía perante a maioria da população do município de Xiquexique. Tratava-se, portanto de um homem cordial.
Em 1893, no segundo ano do mandato do Intendente Antônio Martins Santiago o escritor Francisco Vicente Viana em seu livro Memória sobre o Estado da Bahia, trás uma pequena descrição de Xiquexique, pela qual se pode inferir o grau de desordem e violência a que estava submetida a cidade e seus moradores:
“Situada no Rio Ipueira, afluente do São Francisco, a 12 léguas da Cidade da Barra, a 12 da Vila de Gameleira do Açuruá e 18 de Pilão Arcado. Entre o grande rio e a Vila se acha uma ilha chamada Miradouro, com capela e algumas casas e muito fértil em cereais. A Vila composta de casas térreas, mal conservadas, formando quase que uma só rua, tem uma boa Matriz do Senhor do Bonfim e, no final da rua, do lado sul, fronteira ao cemitério, fica uma capelinha de Santa Cruz. No resto do município há uma capela em Utinga, uma em Saco dos Bois, uma na Tiririca, uma no Miradouro e uma na Boa Vista. Há casa de Conselho, cemitério e duas escolas. O município conta com um grande número de povoados como Miradouro, Casa Nova, Picada, marrecas, Boa Vista, Tapera, Sítio, Pedras, Jatobá, Saco dos Bois, Porto da Matolotagem, Tiririca, etc. A Vila que podia ser uma das primeiras do Rio São Francisco tem sido constantemente retida na estrada do progresso pelas devastadoras guerras partidárias, que por diversas vezes nos últimos anos da Monarquia, reduziram a cinzas suas casas, incendiando-as ou demolindo-as, esburacando as paredes da Igreja, do cemitério e as casas em trincheiras, fazendo emigrar a população, que deixava as ruas completamente desertas, somente cheias de bandidos, incendiando os cartórios, coletorias, a agência do correio, devastando as fazendas de criação, enchendo as estradas de ossadas de animais e ornando-as de sepulturas. O termo é riquíssimo, principalmente em minas, conhecidas pelas de Açuruá, serra que tem muitos nomes. Além disto encontra-se o salitre e o alumínio, e possuem os habitantes a riqueza que extraem da carnaúba, que se encontra na espantosa quantidade mangues e nas margens do rio até Juazeiro. Nem só do pó, como da palha e até de madeira, que por muito durável, se presta a construções. Também se ocupam das lavouras de cereais e frutas, das quais a melancia dá em enorme tamanho. O sal é também um meio de vida da população, que particularmente extrai de uma lagoa chamada Itaparica, perto da serra de Santo Inácio. A Vila nasceu de uma fazenda de criar denominada Praia, pertencente à família de Theobaldo José de Carvalho, há pouco mais de um século, tendo uma grande ipueira de pescar muito rendosa. A Vila foi criada por Decreto de 06 de julho de 1832, instalada a 23 de outubro de 1834”.
Junto com o Intendente Antônio Martins Santiago, foram eleitos, pelo povo, os membros do Conselho Municipal de Chique-Chique, composto pelos seguintes cidadãos: Cel. Francisco Martins Santiago, Cel. Antonio da Silva Paiva, Cel. Giminiano Nunes Lima, Cel. Joaquim de Figueiredo Rocha e Cel. Arlindo Sancho da Franca, sendo escolhido para Presidente deste Conselho o Conselheiro Cel. Francisco Martins Santiago.

OBS.: Informações extraídas e selecionadas do livro “Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique” Ed. 1999 – Autor: Cassimiro Machado Neto.

Zélia Jacobina - Artista Plástica

A ARTISTA PLÁSTICA ZÉLIA JACOBINA

A nossa Xiquexique (BA) sempre foi pródiga de pessoas dedicadas às artes. Todos os que ali nasceram conhecem o famoso JOSÉ ROLDÃO o artista dos pinceis que se notabilizou pelas pinturas realizadas no interior das melhores residências da cidade. O dom artístico de JOSÉ ROLDÃO foi herdado por sua filha IRIS ROLDÃO que, sendo mulher da primeira metade do sec. XX dedicou-se às artes que poderiam ser realizadas no interior da sua residência. Era excelente restauradora de pinturas velhas na grande maioria feitas em obras sacras. Entre as suas grandes realizações consta a restauração da pintura da imagem do Senhor do Bonfim, padroeiro da cidade, aquele grande crucifixo que fica no altar mor da Igreja. Destacou-se, ainda com as decorações feitas em peças de alumínio, geralmente copos, utilizando apenas um estilete pontiagudo de aço. Nesse trabalho em alumínio não deixou sucessor. Como não poderia deixar de ser está em franca atividade a terceira geração dos Roldões, na figura de ROLDÃO NETO, filho de Iris e neto do velho José Roldão. Esse jovem artista dedica-se à arte escultural e é o autor de várias obras distribuídas em alguns municípios vizinhos, destacando-se dentre elas, a escultura de um pescador colocada em um pedestal na entrada da cidade de Xiquexique.
Agora, enriquecendo a plêiade de artistas locais, surge a nossa conhecidíssima ZÉLIA JACOBINA que está se destacando como uma grande pintora dando ênfase a motivos regionais. Zélia Jacobina, em setembro próximo passado participou da 1ª Conferência Municipal de Cultura, realizada em Xiquexique, no Colégio Modelo, ocasião em que teve participação decisiva no debate sobre a Semana da Arte, a valorização do artista, a cultura popular e outros temas importantes.
Zélia Jacobina expõe os seus trabalhos no atelier “Artesanato Jacobina”, situado na Av. Rio Branco, 80, Xiquexique (BA), onde aguarda sua visita que para ela é de suma importância. Não deixem de visitar o atelier de Zélia Jacobina, pois além da oportunidade de poder adquirir uma bela obra de arte para expor na sua residência, estará prestigiando uma excelente artista local que precisa do apoio moral e material para, dignamente, continuar divulgando o seu trabalho e prestigiando o nome de Xiquexique onde quer que exponha as suas obras.
Zélia Jacobina estudou o Primário nas Escolas Reunidas César Zama, em Chique-Chique e formou-se em Professora no Colégio Santa Eufrásia na cidade da Barra (BA). Com a chegada da Escola Polivalente de Xiquexique, em 1971, concorreu e foi aprovada em concurso público para professora do Polivalente onde exerceu, durante vários anos, o magistério com muita competência chegando à função de Diretora-Geral daquele Colégio.
Ao se aposentar, para não ficar na inatividade, Zélia Jacobina tem se dedicado às artes plásticas, criando inúmeros trabalhos. Muitos destas obras de arte estão enfeitando espaços e galerias nas cidades brasileiras.
A partir de hoje e nas próximas semanas estaremos divulgado alguns trabalhos da artista plástica Zélia Jacobina para conhecimento dos leitores do Blog XIQUEXIQUE.




















domingo, 22 de novembro de 2009

FEIRA LIVRE EM XIQUEXIQUE


FEIRA LIVRE

Esta é uma foto anterior a 1950, quando ainda não existia o Mercado Municipal que foi construído naquele ano na gestão do Prefeito Aurélio Miranda.

Os feirantes, principalmente os que vinham da Caatinga e traziam as mercadorias em lombos de burros, exibiam os seus produtos na rua da frente na margem do Rio. Vê-se, espalhadas pelo chão as cangalhas que eram retiradas dos burros para que pudessem pastar com mais conforto nas roças alugadas. Essa rua atualmente está em franca decadência face à transferência dos comerciantes que a partir de 1950 transferiram a feira para o entorno do Mercado e também em vista da degradação provocada pelo "paredão" do cais. Face à localização privilegiada, essa rua merece uma atenção das nossas Autoridades Municipais no sentido de revigorá-la, iluminando-a e saneando-a para motivar a ida de novos comerciantes para o local.
Que acham de um remanejamento do movimento noturno da Av. J.J. Seabra para essa rua à margem do Rio São Francisco? Acredito que a troca é vantajosa.

RUAS DE XIQUEXIQUE


Rua São Francisco

Dando continuidade à rodovia que liga Xiquexique a Salvador, a Rua São Francisco, ao cortar a Av. J.J. Seabra, se apresenta como uma das mais bonitas da cidade.

Peixes do Rio São Francisco

Peixes do Rio São Francisco

A bacia hidrográfica do Rio São Francisco é a terceira do Brasil e a única totalmente brasileira, ocupando uma área de 640.000km² e correspondendo a 8% do território nacional. Desde o seu nascimento até a foz, o Rio São Francisco percorre cerca de 2.700 km na depressão são-franciscana, entre terrenos cristalinos e sedimentares.
Dos seus 36 afluentes apenas 19 são perenes, tendo como principais, pela margem esquerda, os rios Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande, que fornecem cerca de 70% das águas em um percurso de apenas 700km; pela margem direita, os tributários rios Paraopeba, das Velhas, Jequitaí e Verde Grande. A bacia do São Francisco é dividida em quatro regiões: Alto São Francisco, da nascente até Pirapora-MG; Médio São Francisco, entre Pirapora (MG) e Remanso (BA); Sub-médio São Francisco, de Remanso até a Cachoeira de Paulo Afonso (BA); e, Baixo São Francisco, de Paulo Afonso (BA) até a foz no oceano Atlântico
Na bacia do Rio São Francisco já foram identificadas 152 espécies de peixes nativos, destacando-se como as mais importantes a curimatá o dourado, o surubim, a matrinxã, o mandi, o pirá, o pocomon, o piau, a traíra, a corvina e a piranha. Vale ressaltar que muitas espécies de outras bacias hidrográficas, ou mesmo espécies exóticas, ali foram introduzidas, quando do povoamento dos reservatórios e açudes. Entre esses peixes, encontram-se os tucunarés, introduzidos nos reservatórios de Três Marias e Itaparica e a pescada, introduzida no lago de Sobradinho e de Itaparica, pelo DNOCS no final da década de 70
Não obstante estar sofrendo sérios problemas ambientais o Rio São Francisco ainda oferece boas condições para uma rentável pescaria, quer seja para sobrevivência dos pescadores ribeirinhos quer como lazer para os turista que procuram a pesca apenas como esporte.

Em Xiquexique a pescaria é uma tradição centenária onde, sob a supervisão da colônia dos pescadores, esses profissionais exercitam a pesca com a utilização de redes ou anzóis. O terminal pesqueiro em Xiquexique (foto em destaque), é o local onde, diariamente, são comercializados centenas de quilos de pescado que, via caminhões frigoríficos, abastecem as várias cidades vizinhas. Construção de grande porte e estrategicamente situada na margem do Rio São Francisco, o Terminal Pesqueiro, até julho de 2009, apresentava-se em precário estado de utilização com muito a desejar no que tange à higiene das instalações usadas pelos pescadores e comerciantes de peixes. Rogamos às nossas Autoridades Municipais que olhem para esse importante mercado e o transforme num local adequado à comercialização do pescado que, representa uma das base do fornecimento de proteína animal para a população da cidade. A partir desta matéria, estaremos apresentando, semanalmente um pequeno histórico sobre os principais peixes nativos do Rio São Francisco.

POR DO SOL NA CAATINGA




O Sol em Xiquexique ao se esconder na Caatinga, destaca a FAVELEIRA, uma das tradicionais plantas xerófilas do Nordeste.

Intendentes e Prefeitos: CEL. REGINALDO GOMES DE LIMA

INTENDENTE REGINALDO GOMES LIMA
– 1890-1892 –

Posse: 10 de abril de 1890.
Mandato: até 28 de maio de 1892.
Presidentes da República: Manoel Deodoro da Fonseca (15.11.1889-23.11.1891)
e Floriano Vieira Peixoto (23.11.1891-15.11.1894).
Governadores da Bahia: Manoel Vitorino Pereira e Outros

O Cel. Reginaldo Gomes de Lima foi o segundo intendente de Xiquexique, nomeado pelo Governador da Bahia Dr. Manoel Vitorino Pereira, tendo tomado posse no dia 26 de março de 1890 com mandato até 28.05.1892. Na sua gestão foi auxiliado pelo mesmo Conselho Municipal formado durante o mandato do intendente Cel. Gustavo de Magalhães Costa (1889-1890).
Ao contrário dos atuais governantes o Intendente Reginaldo Gomes mesmo sofrendo com a contínua escassez de recursos, decidiu durante os seus pouco mais de dois anos de governo dar continuidade à obra de reconstrução do prédio do Paço Municipal, não tendo, contudo concluído a obra por falta de recurso do Município.
Logo no começo do seu mandato, em 28 de abril de 1890, através da Resolução Municipal nº 04, foi criado o distrito de Tiririca, abrangendo toda a região da caatinga.
Foi também no governo do Intendente Reginaldo Gomes Lima, em 09.07.1980, que foi criado o município de Gameleira do Assuruá, desmembrado do município de Xiquexique, que com isso veio a perder uma grande área rica em ouro, diamantes e outros minerais, por determinação do novo Governador da Bahia, Gal. Hermes Ernesto da Fonseca, sobrinho de Mal. Deodoro da Fonseca, que governou o Estado por apenas quatro meses e meio.
Em 21.03.1892, aconteceu a primeira eleição para Intendência e Conselho Municipal, tendo sido eleito o Capitão Antônio Martins Santiago, para Intendência em substituição ao Cel. Reginaldo Gomes Lima e os Conselheiros Coronéis Francisco Martins Santiago, Antonio da Silva Paiva, Giminiano Nunes Lima, Joaquim de Figueiredo Rocha e Arlindo Sancho da Franca.
Nesse tempo, a política da Bahia passou por uma grande turbulência e, durante o período de nov/1989 a maio de 1992, o Estado ficou sob a direção de 7 (sete) governadores, discriminados a seguir:
Manoel Vitorino Pereira (23.11.1889-26.04.1890); Hermes Ernesto da Fonseca (26.04.1890-14.09.1890); Virgílio Clímaco Damásio (14.09.1890-15.11.1890); José Gonçalves da Silva (16.11.1890-24.11.1891); Tude Soares Neiva (24.11.1891-12.12.1891); Joaquim Leal Ferreira Júnior (12.12.1891-25.05.1892) e Joaquim Manoel Rodrigues Lima (28.05.1892-27.05.1896).
OBS.: Informações extraídas e selecionadas do livro “Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique” Ed. 1999 – Autor: Cassimiro Machado Neto.

domingo, 15 de novembro de 2009

Árvores da Caatinga - A IMBURANA




A IMBURANA

Nome Botânico: Commiphora leptophloeos

Família: Burseraceae
Sinônimos populares: umburana, emburana
A Imburana é árvore típica do Nordeste brasileiro, podendo chegar a uma altura média de 5 metros, muito esgalhada, com ramos tortuosos, com o tronco revestido de lâminas delgadas, lisas e lustrosas. As folhas são alternadas, verde-claro rosadas, ásperas e pequenas. A madeira da imburana é mole e leve, porém homogênea e rija, muito usada no artesanato, na marcenaria e na construção civil. A flor é pequena e vai do marrom ao laranja claro, reunidas em pequenos grupos. O período de floração fica entre setembro a dezembro. Seus frutos chegam ao máximo a 1,5 centímetros e são comestíveis quando bem maduros. A semente é ótima para problemas de digestão. No período da seca perde todas as folhas. A propagação é feita por sementes ou estacas. A mais comum é a utilização de estacas que plantadas antes do início das chuvas pegam com muita facilidade e por isso são usadas como cercas vivas nas propriedades rurais, evitando assim ter de sempre substituir as estacas velhas por novas. A casca da imburana, como medicamento, é muito utilizada pelos nordestinos, colocada em infusão ou como xarope, principalmente como cicatrizante e tratamento de feridas, gastrite, úlceras. Também é usada contra tosses, bronquites e inflamações do trato urinário. Por fornecer pólen e nectar para as abelhas o seu tronco é muito utilizado por esses insetos nativos para formação de colmeias. O tronco, por incisão fornece um bálsamo sucedâneo da terebentina, muito usado no fabrico de vernizes e lacres. A imburana é nativa do Nordeste e faz parte da cultura nordestina.

Quem de Xiquexique não conhece a imburana? Sempre presente nos locais onde existe o umbuzeiro, o seu fruto azedo e adstringente era bastante procurado por todos os meninos que entravam na Caatinga a cata de umbus.

Conservemos, pois as nossas poucas imburanas, pois além das múltiplas utilidades para o homem serve para recuperar solos e enriquecer capoeiras e vegetação degradada. Quando árvore velha o seu tronco tornado oco, cria espaço para morada das abelhas nativas.
O nobre conterrâneo Guaracy Teixeira, enviou-me valiosa contribuição sobre a árvore Umburana, enriquecendo o texto postado no Blog XIQUEXIQUE, à qual para conhecimento de todos, transcrevo abaixo:
OBSERVAÇÕES PESSOAIS SOBRE AS UMBURANAS

Há que se diferenciar a umburana-de-cheiro da umburana-de-boi. A umburana-de-cheiro é a que possui semente que funciona como excelente digestivo. Segundo os especialistas fitoterápicos é uma árvore aromática da qual se pode obter efeito anticoagulante, antiinflamatório, broncodilatador, cardiotônico, diaforético, estimulante, estomáquico, febrífugo, narcótico, peitoral. Toda esta gama de propriedades não afianço, mas, é um dos remédios mais eficazes que conheço para indisposições estomacais.
A semente aparece envolvida numa membrana translúcida e com uma cauda em forma de asa.

A vagem seca se abre presa ao galho e as sementes são lançadas ao espaço. Nesse momento, a cauda, tremulando ao vento, evita a queda vertical e, funcionando como um leme, leva o conjunto a pousar a distâncias inacreditáveis do ponto de origem do movimento. O vôo da semente da umburana-de-cheiro, ao cair, se assemelha ao vôo de um helicóptero. É a forma encontrada pela natureza para garantir a proliferação desconcentrada e dispersa em grandes áreas.
Embora a semente possua um sabor amargo e cáustico ela é muito cobiçada por animais como o veado e o caititu. É curioso o que tenho observado. Esses animais, quando as sementes estão a cair da árvore, vêm quase todos os dias à sua cata. A quantidade consumida por cada animal, no entanto, é ínfima. Tenho a impressão, e isso não possui comprovação científica, de que os animais se utilizam destas sementes como um poderoso digestivo. Vale ressaltar que a secagem das vagens e queda das sementes ocorre no período da seca, quando os animais ingerem muita fibra com pouca ou quase nenhuma água.
A umburana-de-cheiro esteve a ponto de desaparecer das nossas matas em vista do caráter predatório do seu corte para utilização em artesanato, por ser uma madeira mole e de fácil entalhe.
A semente é encontrada com facilidade em todas as feiras livres do nosso sertão e Xique-Xique não é uma exceção. Constituem uma fonte de renda para a população carente.
A despeito de todas as qualidades desta árvore, sou testemunha ocular de uma cena entristecedora. Certa feita, dirigi-me ao local onde sabia existir uma umburana-de-cheiro. Encontrei-a completamente desgalhada e os galhos espalhados à sua volta. Tratava-se de um extrativismo predatório. Alguém, sem qualquer senso de preservação ambiental, assim procedeu para que as vagens, ainda maduras, secassem ao chão de forma mais rápida e facilitasse o assim o processo de colheita, posteriormente. Soube depois que esse era um procedimento comum junto aos catadores de sementes. Fiquei estarrecido com tanta falta de sensibilidade. É uma pena!
A umburana-de-boi, por outro lado, é aquela com a qual se executa cercas com moirões vivos e possui frutos minúsculos e adstringentes. São árvores mais disseminadas nas nossas caatingas do que a umburana-de-cheiro. Essa última é árvore que ocorre com certa raridade como tudo que é especial.
Como curiosidade, tive um amigo topógrafo que, diariamente, mastigava algumas sementes de umburana-de-cheiro. Inquiri-o sobre a razão deste proceder e ele me disse que usava como afrodisíaco. Ponderei que conhecia a umburana-de-cheiro como excelente digestivo e regulador das funções estomacais. Ele, então, saiu-se com essa. Meu pai me dizia que o estômago funcionando a contento tudo mais flui normalmente. Tive que me calar e concordar.

Por do Sol - Ipueira e Ilha do Gado Bravo




É mais um por do sol em Xiquexique, cada dia apresentando uma feição diferente. Nesta foto, vendo-se ao fundo a Ilha do Gado Bravo, o céu exibindo nuvens escuras se apresenta prenunciando breve chegada das chuvas ansiosamente esperadas pelos barranqueiros. A Ipueira, nosso Lago, sempre está calma e é um abrigo seguro para os barcos ancorados mesmo nos dias de grandes tormentas.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Intendentes e Prefeitos: CEL. GUSTAVO DE MAGALHÃES COSTA.


Intendente Gustavo de Magalhães Costa
– 1889-1890


Mandato: 15 de dezembro de 1889 a 10 de abril de 1890.
Presidente da República: Manoel Deodoro da Fonseca.
Governador da Bahia: Manoel Vitorino Pereira.

Logo depois de ter escrito a carta para o Governador da Bahia, Manoel Vitorino Pereira, contando a precária situação política de Xiquexique, o Cel. Gustavo de Magalhães Costa foi nomeado o primeiro Intendente, cargo que exerceu por apenas cento e quinze dias, de 15 de dezembro de 1889 a 10 de abril de 1890.
Como seus auxiliares foram nomeados pelo Governador os primeiros cinco conselheiros municipais de Xiquexique, que assumiram juntos com o Intendente e permaneceram nos cargos até o dia 28 de março de 1892. São eles: coronel Francisco Martins Santiago, coronel Antonio da Silva Paiva, coronel Romualdo da Cruz, coronel Joaquim de Figueiredo Rocha e coronel Arlindo Sancho da Franca.
A nomeação do Cel. Gustavo Costa coincidiu com o auge das graves desavenças políticas na cidade, envolvendo os Conselheiros Municipais, a Guarda Nacional e muita gente do povo na sede, nos distritos e nos povoados, causando a destruição dos patrimônios particulares, públicos e religiosos, havendo, pois, muita coisa a ser feita, em todos os setores da vida dos xiquexiquenses.
Era comum na época, cada coronel político manter nas suas fazendas, sob o manto de capatazes e vaqueiros, capangas e jagunços, homens sempre dispostos a qualquer chamado ou convocação, que podiam ser utilizados a qualquer momento para atuarem em outras funções, dependendo da necessidade que surgisse. Vigorava a lei do mais forte. As desavenças foram tantas que durante o Regime Imperial o município chegar a contar com duas câmaras municipais, funcionando simultaneamente em endereços distintos.
Essas brigas e lutas armadas eram travadas pelos vereadores da Câmara Municipal de Chique-Chique, membros dos novos partidos políticos, mantidos, sustentados e dirigidos pelos coronéis, criados após a extinção dos partidos Liberal e Conservador que vigoraram durante o o Regime Imperial.
Sendo um homem sensato e equilibrado em suas ações políticas, humanas e empresariais o Cel. Gustavo de Magalhães Costa envidou todos os esforços possíveis, para conciliar os políticos xiquexiquenses, objetivando estabelecer a paz procurando sempre a prosperidade e o progresso social e econômico do município.
Mesmo não tendo o Coronel Intendente obtido a plena paz entre os políticos da Xiquexique, conseguiu que os grupos mantivessem uma trégua e retomassem as atividades comerciais, pastoris e políticas, registrando-se, a partir daí, apenas pequenas escaramuças, a maioria delas em retaliação de inimigos e desafetos políticos pessoais.

Após apaziguar os políticos locais, o Cel. Gustavo Costa, mesmo com a escassez de recursos no Município elegeu como prioridade da sua gestão a reconstrução do edifício sede do Paço Municipal, que se achava em precárias condições físicas e arquitetônicas, devido as antigas desavenças entre os partidos políticos. Precisava, com urgência de um espaço digno para abrigar os membros do Poder Executivo, do Poder Consultivo, do Poder Judiciário, da Delegacia de Polícia e da Cadeia Pública, contando com o próprio prestígio e sua força política dentro dos antigos membros do extinto Partido Liberal e do grupo de correligionários ricos que o acompanhavam e o apoiavam.
Os pouquíssimos recursos públicos gerados pela cobrança de alvarás, licenças e serviços somados as doações particulares obtidas junto aos parceiros políticos ricos ajudaram a curta gestão administrativa do coronel Gustavo de Magalhães Costa na tentativa de reconstruir o Paço Municipal de Xiquexique. Entretanto, o edifício do Paço Municipal, no que pese o grande esforço despendido pelo Intendente não ficou concluído pela escassez de recursos e exigüidade da duração do seu mandato. O coronel Gustavo de Magalhães Costa fez apenas o que o tempo e os poucos recursos lhe permitiram, tendo a conclusão do Paço Municipal prolongado-se por alguns anos após a sua saída de Intendência.
Pode-se afirmar, pois que o governo do Cel. Gustavo de Magalhães Costa, como primeiro Intendente de Xiquexique, teve um saldo favorável tendo em vista a pacificação da beligerância dos políticos locais e o ponta-pé inicial na recuperação do Paço Municipal, não obstante os poucos recursos financeiros com que pode contar e, o que é pior, o reduzido tempo em que passou a frente do Poder Executivo da cidade. Podemos, pois considerar o Cel. Gustavo Costa como um bom administrador municipal.
OBS.: Informações extraídas e selecionadas do livro

CRÔNICA - MÁRIO LEANDRO



MÁRIO LEANDRO

Quem em Xiquexique não conhece MÁRIO LEANDRO? Todos os que ali nasceram principalmente os sessentões, o conhecem pessoalmente há muitas décadas e têm com ele desfrutado de uma intimidade salutar em função do seu bom temperamento e o fácil sorriso sempre presente na face. A geração mais nova também conhece pelo menos a sua voz, de ouvi-lo diariamente animando o matinal programa de músicas sertanejas. Mário Leandro é o despertador musical da cidade, pois a partir das 05:00 horas da manhã já está no ar animando os madrugadores que estão se preparando para mais um dia de trabalho e acordando os boêmios que foram para a cama um pouco tarde da noite e pretendem compensar o sono com mais algumas horas pela manhã.

Para os que não sabem MÁRIO LEANDRO é o nosso estimado e conceituado Mário Véio que durante mais de meio século vem sendo o principal comunicador xiquexiquense, pois, desde a década de 1950 atua como locutor tendo iniciado essa nobre atividade nos serviços de alto falantes da Voz da Liberdade. Durante muitos anos das décadas de 1950 e 1960, Mário Véio era o anunciador e propagador dos filmes que estavam sendo exibidos na cidade. Circulava por toda Xiquexique a bordo de um carro, microfone na mão anunciando os principais lances da película. As únicas dificuldades enfrentadas eram os nomes em inglês dos artistas dos filmes americanos. Mas, esse óbice era naturalmente superado com o aportuguesamento dos mesmos e o mais importante é que todo o mundo entendia e reconhecia os artistas que estariam protagonizando aquele filme. Além da locução Maria Véio também se responsabilizava pela distribuição dos “cartazes” que o auxiliavam na divulgação do filme. Esses “cartazes” era um painel de madeira forrado de papel no qual eram afixadas algumas escolhidas fotografias de cenas do filme, principalmente as que destacavam os artistas principais. Esses “cartazes” ilustrados pela desenhista Iris Roldão, eram distribuídos em pontos estratégicos da cidade, sendo que o principal deles ficava preso ao tronco de uma grande oiticica plantada em frente ao Ponto Chic (Bar de Dantas), na Praça D. Máximo.
Mário Leandro, de nome cristão Mário Oliveira da Cruz, nasceu na misteriosa Ilha do Miradouro no dia 15 de janeiro de 1935 e é filho de José Batista de Oliveira, famoso vaqueiro com passagens pela Ilha do Miradouro, Pedra Velha e Cantinho e de D. Maria Madalena dos Santos, domestica, que ficava em casa cuidando da educação dos filhos. A família mudou-se para Xiquexique, com Mário ainda pequeno para que pudesse estudar, tendo iniciado o curso primário, nas Escolas Reunidas Cesar Zama, com a Profa. Maria Custódio (Profa. Nenem), mas somente chegou até o final do 3º ano primário, pois precisava trabalhar, ainda pequeno, face à necessidade de levar algum numerário para ajudar em casa.

Quando a Voz da Liberdade foi inaugurada Zeinhô levou o Mário para auxiliá-lo na manutenção da sorveteria que ali fora instalada, tendo permanecido nesse trabalho por algum tempo até que por uma questão legal a Voz da Liberdade foi penhorada pela Justiça, a sorveteira fechou e a Prefeitura Municipal, em praça, arrematou os serviços de auto falantes. A partir daí Mario foi convidado pelo locutor municipal, Florzinho, para ajudá-lo no ofício de sonoplasta. Mário não tinha nenhuma experiência nesse trabalho, mas orientado pelo locutor, em poucos dias estava dominando o ofício e conhecendo o local de todos os discos da extensa discoteca da extinta Voz da Liberdade.

Já estava algum tempo na sonoplastia da Voz da Liberdade quando surgiu a necessidade de Florzinho fazer uma viajem à Remanso (BA), para tratar de assuntos particulares. Sabedor que Mário era muito curioso deixou-lhe expressas ordens no sentido de, enquanto permanecesse ausente, o sonoplasta se limitasse ao seu ofício, ou seja, ficasse apenas passando discos. Nada de falar ao microfone. Após a promessa do auxiliar de que não chegaria perto dos microfones, Florzinho viajou tranqüilo. Mas, viajem para durar poucos dias, durou muito mais além do previsto. Mário que já tinha experimentado o gosto de falar ao microfone, quando algumas vezes anunciava filmes pelas ruas da cidade, começou a ser tentado a colocar sua voz no ar. Inicialmente rebateu essa má idéia, mas ela retornava com tanta força, com tanta exigência e tanta freqüência que certo dia não se conteve e, pegando o microfone, passou o dia comandando a programação do serviço de alto falante da cidade. No final do dia foi parabenizado por todos que o encontravam na rua. Isso o estimulou a continuar desobedecendo Florzinho e, quando este chegou de Remanso já encontrou Mário totalmente senhor da situação.

Por algum motivo de ordem particular Florzinho passou o ofício de locutor para sua mulher que junto com Mário passaram a dividir a operação dos serviços de alto falante. Mário continuou trabalhando como locutor da Prefeitura e após 35 anos de serviços aposentou-se. Mas, aficionado pelo microfone, demorou pouco na inatividade e logo aceitou o convite para ser o locutor oficial da Radio AM – Cultura do Vale, de iniciativa privada, onde durante 16 anos produziu e divulgou o programa da sua autoria “Conversando com Você”. Mais tarde, início de 2008, recebeu novo convite para produzir um programa de músicas sertanejas a ser divulgado pela Radio FM e desde então comanda o “Raízes Sertaneja” que vai ao ar, diariamente e por duas horas, a partir das 05:00 horas.

É essa em resumo a vida do locutor MÁRIO LEANDRO, o nosso querido Mário Véio que durante todo esse tempo, desde os anos 1950, vem animando a população de Xiquexique com o seu microfone. Por isso, Mario Leandro é, senão o mais antigo, pelo menos o mais importante comunicador de Xiquexique. Quiçá do Brasil.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

ÁRVORES DA CAATINGA: O UMBUZEIRO


O UMBUZEIRO

Nome botânico: Spondias tuberosa Arruda
Família: Anacardiaceae
Nomes populares: umbu, imbu, embu, imbuzeiros, umbuzeiro. Todos são corruptelas da palavra indígena y-mb-ú, que significa "árvore que dá de beber" em alusão à água que a planta acumula em suas raizes.
É uma árvore de pequeno porte em torno de 6m de altura, de tronco curto, esparramada, copa em forma de guarda-chuva com diâmetro de 10 a 15m projetando sombra densa sobre o solo, vida longa (100 anos). É planta xerófila. Suas raízes superficiais exploram 1m de profundidade, possuem túbera ou batata, conhecida como xilopódio que é constituído de tecido lacunoso que armazena água, mucilagem, glicose, tanino, amido, ácidos, entre outras. O caule, com casca cor cinza, tem ramos novos lisos e ramos velhos com casca externa morta que se destaca; as folhas são verdes, alternas, compostas, imparipenadas, as flores são brancas, perfumadas, melíficas, agrupadas em panícula de 10-15cm de comprimento. O fruto - umbu ou imbu - é uma drupa, com diâmetro médio 3,0cm, peso entre 10-20 gramas, forma arredondada a ovalada, é constituído por casca (22%), polpa (68%) e caroço (10%). Sua polpa é quase aquosa quando madura. Semente arredondada a ovalada, peso de 1 a 2,0 gramas e 1,2 a 2,4cm de diâmetro, quando despolpada. O fruto é muito perecível. Essa é a descrição científica do umbuzeiro.O umbuzeiro está muito envolvido com a cultura do nordestino. Euclides da Cunha quando da sua passagem pelo nordeste assim o descreveu: "É a árvore sagrada do sertão. Sócia fiel das rápidas horas felizes e longos dias amargos dos vaqueiros. Representa o mais frisante exemplo de adaptação da flora sertaneja... desafiando as secas duradouras, sustentando-se nas quadras miseráveis mercê da energia vital que economisa nas estações benéficas, das eservas em grande cópia nas raizes. E reparte-as com o homem...Alimenta-o mitiga-lhe a sede. Abre-lhe o seio acariciador e amigo, onde os ramos recursos e entrelaçados parecem de proósito feitos para a armação das redes bamboantes. E ao chegarem os tempos felizes dá-lhe os frutos de sabor exquisito para o preparo da umbusada tradicional".
Mas, para nós de Xiquexique o umbuzeiro é muito mais do que isso. O umbuzeiro é um referencial para todos os habitantes. Desde a mais tenra idade nos acostumamos a consumir a sua fruta, o umbu, nas mais diversas formas. Tanto a fruta ao natural quanto após processada e transformada em doces, refrescos, sorvetes, umbuzadas, etc. No final de cada ano, é grande a quantidade de umbu vendida no mercado municipal e também de porta em porta pelas pessoas de menor renda que precisam de um dinheiro extra. Diariamente famílias inteiras se embrenham na caatinga a cata de umbu.
Mas, bom mesmo era quando a gente, em plena adolescencia se embrenhava na Caatinga para apanhar umbu. Ia-se de carro, de bicicleta e até mesmo a pé, cada um com uma pequena vazilha ou depósito que pudesse retornar com ele cheio de umbu, isso após ficar saciado de chupar a fruta em baixo do umbuzeiro. Naquele tempo, buscar umbu na Caatinga era uma ciência, pois havia umbus de muitas variedades, uns doces, outros azedos, outros peludos, uns grandes e outros pequenos. Assim necessário se tornava a companhia de alguem que conhecesse o caminho e o local dos bons frutos para que se encontrasse os umbus desejados por todos: grandes e doces.
Encontrado o umbuzeiro cada um providenciava encher o recepiente trazido e então sentar embaixo da árvore e chupar umbu até ficar com os dentes embotados.
Quem de nós em Xiquexique não passou pela experiência de ir buscar umbu na Caatinga?JMC/2009

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Intendentes e Prefeitos de Xiquexique

INTENDENTES E PREFEITOS DE XIQUEXIQUE

A partir desta data estaremos comentando sobre os vários Intendentes e Prefeitos que administraram a cidade a partir da proclamação da República. Como o espaço do Blog não dá para se fazer uma biografia completa de cada um desses administradores daremos apenas uma rápida visão panorâmica da administração de cada um desses Chefes do Poder Executivo. O objetivo é que a geração mais nova tome conhecimentos das pessoas que administraram a cidade por seis décadas, a partir da Proclamação da República e até 1948 quando foi eleito o primeiro Prefeito pela via democrática. Esclarecemos que estamos nos louvando no livro "Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique (História de Chique-Chique)" Ed. 1999, de autoria do ilustre professor e pesquisador CASSIMIRO MACHADO NETO, a quem damos, na oportunidade e previamente, os créditos pela divulgação da matéria.
Com a Proclamação da República em 1889 que resultou no banimento e o exílio da Família Imperial os municípios passaram por uma reformulação, quando as funções administrativas passaram a ser exercidas por intendentes e por um conselho municipal. O Município e a Vila do Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique Chique, antigo nome da cidade de Xiquexique, cuja área foi desmembrada do município de Jacobina (BA), teve sua emancipação política em 23.10.1834 e sua primeira câmara de vereadores foi composta pelos senhores: Álvaro Antônio de Campos, Antônio Joaquim de Novais Sampaio, Ernesto Augusto da Rocha Medrado, João Xavier da Costa, Clemente Sancho Pereira da Franca.Manoel Netto Martins e Francisco Antônio da Rocha.
Dessa data e até 1889 com o surgimento da República, Xiquexique atravessou períodos de turbulência e briga entre as facções políticas existentes, inclusive com disputas a bala entre os contentores. Abaixo, alguns eventos dignos de nota que aconteceram em Xiquexique, nesse período:
1938 – Foi criada a Guarda Nacional da cidade;
1842 – Toma posse como Juiz de Direito o Dr. João Maurício Wanderley, nascido na cidade da Barra (BA) e futuro Barão de Cotegipe;
1848 – Surgem as primeiras crises políticas e violências na vila de Xiquexique;
1849 – Conclui-se a reforma da Igreja Matriz do Senhor do Bonfim;
1857 – Criada em Xiquexique Comarca de 1ª Entrância;
1870 – Começa o período áureo da borracha de maniçoba;
1877 – Entram em luta o Partido Liberal (Pedra) e o Partido Conservador (Marrão), quando Xiquexique chega a ter duas câmara municipais.

A partir da proclamação da República, em 1889 e o fim do governo Imperial, Marechal Deodoro da Fonseca assume o governo do Brasil em fevereiro de 1891, promulga a Constituição Republicana e a Bahia deixa de ser Província e passa a denominar-se de Estado da Bahia.
Em novembro de 1889, Manuel Vitorino Pereira, é nomeado para governar o estado da Bahia, tendo passado na chefia do governo, cinco meses e três dias, de Nov/1889 a abr/1890. Logo que assumiu o governo, Manoel Vitorino recebeu carta assinada pelo xiquexiquense Cel. Gustavo Magalhães Costa, (foto), contando em detalhes a situação caótica da política em Xiquexique. Veja a íntegra da carta:

Em nome do Partido Liberal desta Vila e de seu Termo dirijo-me a V. Exª. significando um voto de franco apoio e leal adesão ao novo Governo Republicano que acaba de inaugurar-se sob os aplausos do heróico povo brasileiro, que mais uma vez soube dar prova de civismo e do quanto é patriota, concorrendo para a realização de tão grandiosa idéia, de modo assaz digno e louvável, dando por esta forma um ensinamento às Nações cultas, pois sem derramamento de sangue, pois muitas dessas mesmas Nações para obterem reformas de menos transferência e importância lhes tem custado luta, e luta fratricida.
Eu, como mero cidadão, que sempre vivi na obscuridade, regurgitando de satisfação e prazer por ver meu País marchar para o apogeu da grandeza promovendo os meios de que mais carecemos, que são o do direito de igualdade, união e fraternidade, peço permissão a V. Exª. para aproveitar o presente ensejo, a fim de fazer algumas ponderações a respeito desta infeliz Vila para o que solicito de V. Exª. um pouco de atenção.
Não deve ser estranho a V. Exª. as lutas políticas desta terra, que tem sido, por infelicidade de seus habitantes, teatro de cruentas cenas, onde todos os atos de barbaridade e vandalismo se tem praticado, desde o assassinato, o desrespeito ao santuário das famílias, o roubo, devastação de fazendas e o que é mais, Exm°. Sr., a demolição completa de mais da metade das casas desta Vila, onde causa horror, indignação mesmo o aspecto tétrico dela, onde só se vê ruínas, destroços sobre destroços.
É para lamentar-se que um Termo tão ubérrimo como este, dotado de tantas riquezas naturais, marche para o aniquilamento geral.
Mas, já que me surgiu a aurora que nos deve trazer a liberdade, já que a República veio trazer-nos – como se espera – a garantia do direito e da propriedade, eu, Exm° Sr., suplico, em nome da população pacífica e bem intencionada deste Termo, queira lançar benéficas vistas de V. Exª a esta desventurada parte do Estado da Bahia, do qual V. Exª é mui digno e distinto Governador, e não consinta reprodução desses fatos, que tanto depõem contra os infelizes habitantes e só servem para macular o glorioso nome do Brasil e dar mostras de que nele só reina a ignorância, a selvageria, além da perda considerável de vidas e bens, como desgraçadamente aqui tem acontecido.
Agora mesmo, Exm° Senhor, temos medo do reaparecimento dessas cenas por constar-nos que alguns Conservadores que se haviam retirado desta Vila, levados pelos remorsos de consciência, em virtude dos atos de barbaridades que praticavam contra seus adversários na Situação do seu partido, blasonando que é chegada a época desejada e que nos hão de trucidar do mesmo modo, supondo que, com a redentora Proclamação da República, lhes será permitido aquele mesmo apoio e assentimento dos partidos monárquicos.
Os Liberais desta terra, Exm°. Senhor, só aspiram, só desejam a paz, a tranquilidade, a garantia da ordem e da liberdade individual e seu desideratum estão dispostos a caminhar a fim de levantar este Termo do abatimento em que jaz. Mas tememos que idéia criminosa de meia-dúzia de homens que até hoje tem contado com a impunidade de seus graves crimes, insistam em prosseguir na mesma carreira e deste modo obriguem os mesmos Liberais deixar a estrada da moderação que têm seguido. Convicto da certeza da escolha de V. Exª para Governador e que não seria indiferente à sorte de seus concidadãos, espero que V. Exª usará de escrupulosa isenção na escolha das autoridades desta Vila, procurando sempre homens que venham única e exclusivamente ser a garantia da Lei, da Ordem e do Direito de cada um. Com o que inolvidável serviço a nós, os habitantes de Chique-Chique que sempre havemos de bem dizer e sagrar seu laureado nome.
Saúde e Fraternidade.
Gustavo de Magalhães Costa.
O primeiro intendente eleito, talvez ajudado pelo Governador da Bahia, após o recebimento da carta acima foi, justamente,o Cel. Gustavo Magalhães Costa.
OBS.: Informações extraídas e selecionadas do livro "Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique Chique" - Ed. de 1999 - Autor: Cassimiro Machado Neto.
JMC/

Por do Sol - Na Caatinga



O Por do Sol na Caatinga

Não é só quando descamba por detras do mar ou de um grande rio que o poente é bonito. O povo que mora na Caatinga, mesmo sem contar com um rio ou um mar também aprecia o belo momento em que o sol se esconde indo iluminar a outra banda da Terra.
Aqui acontece o destaque da faveleira (Cnidoscolus phyllacanthus Pax et K. Hoffm.), xerófita forrageira, rica em proteina, do semi-árido do Nordeste do Brasil, sobressaindo-se dentre as espécies florestais ocorrentes na Caatinga, pela sua rusticidade. As suas folhas maduras e a sua casca servem de forragem aos caprinos, ovinos e asininos, e as suas sementes são consumidas pelos animais de criação, no campo, e pelo homem, sob a forma de óleo e farinha rica em minerais e proteína.
É o eterno sol cobrindo toda a Terra e dando a cada um, esteja onde estiver, o prazer de apreciar o seu nascimento e principalmente o seu ocaso.

JMC/

domingo, 1 de novembro de 2009

Prédios Histórico: A USINA


A USINA

Todos os que moraram em Xiquexique nos anos 1950 conheceram a Usina e sabem qual o serviços por ela era prestado à cidade.
O prédio da Usina foi contruído no primeiro quartel do sec. XX e serviu para abrigar a "caldeira" que hoje, felizmente, ainda está bem conservada e exposta na Praça 6 de julho.
A "caldeira" foi instalada na Usina em maio de 1936 e funcionou por 17 anos, até que em 1953 foi substituída por um potente motor movido a óleo diesel, adquirido na administração do prefeito João Rodrigues Soares, tendo fornecido energia à cidade até a chegada da "luz" de Paulo Afonso.
Hoje, a Usina foi transformada, pelo Poder Municipal, numa escola creche e assim continua prestando um nobre serviço à comunidade xiquexiquense.
Parabens às nossas autoridades por não só manter a Usina em perfeitas condições de uso mas também dando-lhe uma finalidade nobre atendendo principalmente à população mais carente.

jmc/