quarta-feira, 31 de março de 2010

SEMANA SANTA EM XIQUEXIQUE (BA)


SEMANA SANTA EM XIQUEXIQUE

A Quaresma e principalmente a Semana Santa em Xiquexique sempre foi um tempo de muito respeito religioso e muita veneração face ao espírito católico inerente à comunidade xiquexiquense.
Todo o povo a partir da Quarta Feira de Cinzas e até a Sexta-Feira Santa iniciava um período de jejuns e de sacrifícios preparando-se para o final da Quaresma quando a Igreja celebra a última Semana de Cristo na Terra. A semana em que o Salvador submete-se ao humilhante suplício da cricificação.
A Quaresma é um período de reflexões e de conversões tendo como objetivo podermos acompanhar, com o espírito preparado, a semana mais importante da nossa Igreja, aquela em que o seu criador submete-se humildemente à condenação imposta pelos seus proprios conterrâneos.
A semana Santa é o ápice de toda a liturgia católica e deve ser para nós um momento de orações e reflexões sobre as nossas atitudes no âmbito religioso, profissional, social e familiar. Não deve, sob nenhuma hipótese, para nós cristãos, ser encarada como um longo feriado que deve ser aproveitado da mesma maneira que se aproveita o feriado do carnaval. Quem assim o faz está perdendo uma excelente oportunidade de revisão de vida que por certo muitos prejuízos trarão na caminhada futura.
Para ajudar nessa reflexão individual a nossa Igreja criou um ritual próprio para o encerramento da Quaresma, conhecido como a Semana Santa, cujo início se processa com a Procissão de Domingo de Ramos, que neste ano ocorreu no dia 28 de março. Vejamos a seguir, a programação feita pela Paróquia do Senhor do Bonfim, de Xiquexique, para a Semana Santa deste ano:


Dia 28/mar - Domingo de Ramos: Comemora e triunfal entrada de Jesus na cidade de Jerusalém e essa passagem da vida do Mestre é contada em Lucas 19, 37-40. A programação para esse dia é a seguinte:
18:00 h Procissão e Benção dos Ramos, saindo Praça da Bíblia em direção a Matriz do Senhor do Bonfim.
19:00 h Missa de Ramos, na Matriz do Senhor do Bonfim.


Dia 29/mar - Segunda-Feira: 19:30 Celebração Penitencial e Confissão Individual. É um momento em que a Igreja destina para que os fieis, no interior do templo, se encontrem com Deus, peçam o perdão dos pecados e façam, se preferirem, sua confissão auricular.



Dia 30/mar: Terça-Feira: É o dia em que acontece a procissão mais bonita. É o dia em que Jesus, carregando a cruz, encontra sua mãe junto com as mulheres de Jerusalém. Essa passagem é contada por Lucas em Lucas 23, 26-32. A programação para esse dia é:
09:00h ás 11:00 : Confissões.
18:00h: Procissão do Encontro - Senhor dos Passos saindo da Igreja de Santo Antônio em direção Matriz e NS. das Dores saindo da Igreja d São Pedro em direção à Matriz. No meio do trajeto as duas imagens se encontram.




Dia 31/mar - Quarta-Feira:
09:00h : Confissões;
16:00h : Missa e Unção dos Enfermos e todos os Idosos.
19:30 - Teatro da Paixão de Cristo encenado pelos jovens da Pastoral da Juventude e Ministério de Teatro.






Dia 1º/abr - Quinta-Feira:
19:30 h: Missa do Lava-pés.
Apresentação dos Santos Óleos.
21:00 h: Transladação do Santíssimo e Adoração até ás 00:00h



Dia 02/abr - Sexta-Feira:
05:00h: Via Sacra saindo da Matriz para Cemitério Local.
15:00h: Celebração da Paixão e Morte de Jesus.
19:00h: Procissão do Senhor Morto.




Dia 03/abr - Sábado de Aleluia:
07:00 h: Celebração das Sete Dores de Maria;
20:00h: Celebração da Vigília Pascal.


Dia 04/abr - Domingo de Páscoa:
06:00 h: Procissão da Ressurreição saindo da Comunidade de Santa Marta.
07:00 h: Missa da Ressurreição -
09:00h: Missa de Páscoa para as crianças.
19:30 h: Missa de Páscoa.

















Propagandas antigas: Calças FAR-WEST


CALÇAS FAR-WEST

Hoje, quando um cidadão sexagenário entra numa loja e pede uma "calça far-west", os vendedores não sabem do que se trata e ficam fazendo pouco caso do linguajar daquele consumidor sem entender porque o pedido foi feito daquela forma, vez que, a "calça far-west" hoje é chamada de "calça jeans".
Até quando ser "calça jeans" ?
Estávamos nos anos 1950/1960, a Segunda Grande Guerra recém terminada e os Estados Unidos que tinham gasto uma fortuna com o aquele evento bélico, desejava a todo custo arrecadar dinheiro no resto do mundo através da vend dos seus produtos supérfluos.
Para eles a "calça far-west" era um costume que vinha dos pioneiros, primeiros colonizadores que precisavam de um tecido grosseiro para aguentar a viagem para o oeste do Pais. Nos filmes de caubói, o artista e os bandidos usavam calças far-west.
E, foi com a denominação de "calça far-west" que aquele pais iniciou uma agressiva propagando tentando, não só ganhar dinheiro com o produto mas, principalmente, impor nos paises que deles ainda dependiam, um costume que somente a eles interessava.
E, não é que pegou?
Mas, como não ficava bem a elite vestir calça de artista e de mocinho em filme de caubói, mudou-se o nome da calça para "calça jeans" e com isso todo mundo ficou feliz, mesmo tendo que usar aquele tecido grosso em clima quente como o nosso no Nordeste.
Está aí a propaganda ou o "reclame" como era chamada, para provar o nome original da atual "calça jeans".

segunda-feira, 29 de março de 2010

Crônica: Os Penitentes de Xiquexique (BA)

OS “PENITENTES” DE XIQUEXIQUE

Os “penitentes”, homens que se autoflagelavam na Semana Santa, existem desde muito tempo nas cidades ribeirinhas do Rio São Francisco, mas parece que Xiquexique (BA) foi uma das cidades onde mais ocorreu essa prática. Provavelmente desde o final do sec. XIX, na Semana Santa, acontecia na cidade um evento que, apesar de se repetir todos os anos, deixava a comunidade local com grande expectativa e curiosidade. Eram as “lamentações”, ritual característico da idade média, realizadas perto da meia-noite, que tinha como principais protagonistas os “penitentes”, representados por pessoas do povo, pescadores e agricultores que, durante a Semana Santa submetiam-se a uma auto- flagelação como sacrifício pelo perdão dos pecados e certeza do ganho da felicidade no céu. A auto-flagelação a que se submetiam os "penitentes" era precedida pelas "lamentações" gurpos formados principalmente por mulheres que à noite e em grupos, dirigiam-se para o cemitério e lá chegando iniciavam um rito que tinha como objetivo salvar as almas do purgatório. Entoavam lúgubres cantos sacros que ecoavam pela silenciosa noite xiquexiquense e eram ouvidos em quase toda a pequena cidade. Entre essas cantigas, tinha uma que sempre estava presente em todas as "lamentações" e assim dizia: "Senhor meu Deus, tenha piedade de mim" ; "Senhor meu Deus, pequei Senhor, tenha piedade de mim"; "Senhor meu Deus, pequei Senhor mas pelo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo tenha piedade de mim".
O ritual do auto-suplício consistia em retalhar as costas com pequenas e afiadas navalhas amarradas a uma tira de couro que eram jogadas de lado e por sobre os ombros, num movimento característico que consistia em movimentar o tronco para frente e para baixo permitindo, assim, que a lâmina da navalha atingisse por inteiro as costas. Para facilitar e tornar eficaz a tarefa de se cortar, os “penitentes” cobriam o corpo da cintura para baixo, com brancos lençóis e enrolavam a cabeça com panos da mesma cor, deixando o torso a descoberto. Antes de iniciarem a auto-flagelação açoitavam as costas com galhos de cansanção e de faveleira, uma planta abundante e nativa no Município que tem nos espinhos das folhas um substância tóxica que ao atingir a pele e causar intensa dor, a torna relativamente insensível e anestesiada. Durante a flagelação, entoam cânticos religiosos e rezam pelos mortos, principalmente as almas do purgatório, por assim entenderem que as faltas graves, suas e dos que já morreram, serão perdoadas após o sacrifício.
Os “penitentes” apesar da inexistência de um estatuto ou regulamento se arvoravam de participar de uma sociedade secreta e, na realidade era, pois a imensa maioria do povo não tinha idéia de quem estava no meio do mato, à meia noite, se cortando. A “lamentação” propriamente dita era formada de dois contingentes: o grupo das “alimentadeiras” ou rezadeiras, composta de homens e mulheres, que se encarregavam de fazer as orações pelos que já morreram e durante a procissão chacoalhavam um instrumento de madeira e ferro chamado de matraca e o grupo dos “disciplinadores” ou “penitentes”, exclusivo de homens, que durante a Semana Santa se martirizam com chicotes de couro tendo na ponta afiadas lâminas de ferro, usadas para retalhar as costas.
As “lamentações”, tinham início na quarta feira de cinzas quando todos os “penitentes”, veteranos e noviços, se apresentavam para o sacrifício da auto-flagelação e semanalmente continuavam com o rito, até a Sexta-feira da Paixão, data em que, novamente, todos os auto- flageladores estavam presentes.
Durante a Semana havia um revezamento dos “penitentes” para que os cortes cicatrizassem e pudessem sofrer nova flagelação. Era um período de descanso quando esses "penitentes" apenas acompanhavam a “lamentação” no grupo das rezadeiras.
O ritual das “lamentações iniciava-se, já perto da meia noite, com o toque seco da matraca ouvido a longa distância, chamando os participantes. Após o encontro das “rezadeiras” e dos “penitentes” num local próximo ao cemitério, destacava-se um veterano “penitente”, portando uma grande cruz de madeira em cujos braços estava pendurada uma toalha branca formando a letra “M” e, a partir daí, iniciava uma caminhada em direção ao cemitério, seguido pelos membros da “lamentação” ao som da matraca e em fila indiana, como em procissão cantando benditos de misericórdia, portando velas acesas e se encaminhando para o início das “sete estações”. A partir desse momento a população da cidade, curiosa, começa a chegar para assistir o ritual. Face ao rito esotérico que induz um certo temor, o público se mantinha à pequena distância da procissão, receosa de se aproximar dos “penitentes” que acompanham a “lamentação” esgueirando-se por dento da caatinga próxima para não serem identificados pela platéia e não permitindo que pessoas estranhas deles se aproximassem, com exceção apenas de ex-penitentes e outra pessoas de confiança com sacolas contendo roupas que usarão após o suplício e vasilhames com água de beber.
Chegando na “primeira estação” o portador da cruz ali estacionava e era esse o momento em que os “penitentes”, já vestidos a caráter, com o saiotes brancos, cabeça coberta e torso desnudo, saiam do mato, fazendo um certo barulho e causando espanto aos curiosos, e aproximavam-se para beijar a cruz. Nesse momento as pessoas que assistiam as “lamentações” afastavam-se ou mantinham-se de cabeças abaixadas enquanto os “penitentes”, ajoelhados ante a cruz faziam as suas rápidas orações particulares e, da mesma forma como chegaram afastavam-se para o interior da caatinga ali ficando no aguardo da autorização para se auto-flagelarem.
Logo depois da retirada dos “penitentes” e rezado o primeiro Pai Nosso o líder com a cruz, chefe da procissão, se distancia do grupo, indo até a beira do mato e, discretamente, emite um baixo assobio que é o sinal para os “penitentes” darem início à auto-flagelação. Imediatamente de dentro do mato surge um barulho conhecido e ritmado produzido pelo impacto das afiadas lâminas com a carne dos “penitentes”. Junto, também se ouve alguns uivos de dor discretamente emitidos pelos novatos que estão pela primeira vez sendo submetidos ao sacrifício. Diz a tradição que quem decide participar da seita dos “penitentes” é obrigado a se cortar durante 7 anos e, caso não tenha coragem de ele próprio fazer a penitência, no dia da “lamentação”, será obrigado a isso pelos companheiros. Com menos de meia hora de flagelação pode-se sentir no ar o cheiro de sangue fresco que corre nas várias costas dilaceradas e encharcam o branco lençol colocado em volta da cintura. Também é grande a movimentação das “rezadeiras” que junto aos “penitentes” fornecem água em abundância para evitar uma desidratação e ficam de sobre-aviso para o caso de algum novato não suportar a perda de sangue e precisar de algum socorro médico.
Iniciada a auto-flagelação, a procissão, tendo na frente o velho “penitente” levando a cruz e seguido pelas rezadeiras e o público curioso, inicia a sua caminhada para percorrer as “sete estações” sendo acompanhada de longe e dentro do mato pelos “penitentes” que, mesmo em movimento, não interrompem o sacrifício. Concluído o percurso das “sete estações” a cruz é novamente beijada pelas “rezadeiras” e “Penitentes” e após essa cerimônia do “beijamento” encerra-se, naquela noite, a "alimentação das santas almas benditas".
Com a dispersão os “penitentes” se dirigiam à beira do Rio São Francisco para se banharem e dar um trato inicial aos cortes colocando água de sal e outros remédios caseiros para evitar maiores problemas.
As “lamentações” e principalmente os rituais dos “penitentes” nunca foram pacificamente aceitas pelas autoridades xiquexiquenses. Era comum, durante a quaresma, a perseguição dos adeptos por parte da polícia que os escorraçava para bem longe do perímetro da cidade e houve épocas em que os “penitentes” tiveram que se “cortar” no interior da caatinga a alguns quilômetros da sede do Município, para não perderem a continuidade da promessa dos 7 anos. A Igreja católica, a depender do Pároco, adotava atitudes diversas, ora radicalmente contra ora fazendo vistas grossa. Assim, em Xiquexique, houve momentos em que era permitida a permanência dos penitentes na porta da Matriz do Senhor do Bonfim e outros em que nem na frente do templo poderiam passar. O Padre José de Oliveira Bastos (Padre Bastos), foi um dos mais liberais chegando, inclusive a permitir a visita dos penitentes durante a vigília do Senhor Morto.


OBS. A fotografia que ilustra esta matéria é dos "penitentes" de Xiquexique durante um exercício de auto-flagelação.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Por do Sol - Canoa Solitária



POR DO SOL EM XIQUEXIQUE.


O Por do Sol em Xiquexique é sempre um cenário cinematográfico e irresistível atraindo as pessoas, diariamente para o rotineiro ocaso do astro rei.
As águas plácidas do Lago Ipueiras, reflete com perfeita exatidão o ouro brilhante do sol que, com as nuvens, formam um conjunto de beleza imbatível.
Atualmente o prazer de se admirar esse belo quadro da natureza está sendo impedido pelo famigerado "PAREDÃO" com a sua constante e permanente sujeira e maus cheiros provocados por fezes e urinas largados em toda a sua extensão, sem se falar na já famosa falta de higiene provocada pelas inumeras barracas e bodegas colocadas ao longo do mesmo. É um caso flagrante de polícia sanitária e também, da parte dos cidadãos, de ausência de amor próprio e amor pela cidade, pois, caso contrário já teríamos derrubado o "PAREDÃO" e lançado os seus escombros para bem depois da curva da estrada para não ter perigo de voltar.

Prefeitos: Cel. José de Souza Nogueira


Prefeito José de Souza Nogueira
– 1930-1933 –

Mandato do Prefeito: 28 de novembro de 1930-05 de junho de 1933.
Governo Provisório da República:
Getúlio Dornelles Vargas (03.11.1930-20.07.1934).
Interventores Federais da Bahia:
Custódio dos Reis Príncipe Júnior (24.10.1930-25.10.1930)
Ataliba Jacinto (25.10.1930-01.11.1930)
Leopoldo Afrânio B. do Amaral (01.11.1930-18.02.1931)
Artur Neiva (18.02.1931-15.07.1931)
Raymundo Barbosa (15.07.1931-19.09.1931) e
Juracy Montenegro Magalhães (19.09.1931-24.04.1935).

Com a implantação da ditadura imposta por Getúlio Vargas a partir de outubro de 1930, todas as bases constitucionais construídas após a proclamação da República em 1889 foram sepultadas e o povo brasileiro conheceu uma ditadura que durou 15 anos, até 1945 período em que não mais existiu governador eleito pelo povo e sim Interventor Federal nomeado pelo ditador Getúlio Vargas.
Nos municípios, a figura do Intendente Municipal, criado pela Constituição de 1891, é substituída pelo Prefeito Municipal que continua sendo nomeado, agora, pelo Interventor, em cada Estado.
Numa total desorganização administrativa, o Estado da Bahia, num curto período de menos de 90 dias teve 3 Interventores Federais a saber: Custódio dos Reis Príncipe Júnior (24.10.1930-25.10.1930); Ataliba Jacinto Osório (25.10.1930-01.11.1930) e Leopoldo Afrânio Bastos do Amaral (01.11.1930-18.02.1931).
Somente a partir do terceiro interventor federal Leopoldo Afrânio Bastos do Amaral foi que Xiquexique veio a receber o primeiro Prefeito Municipal nomeado dentro do novo sistema implantado no País: o escolhido foi o Cel. José de Souza Nogueira designado em 20 de novembro de 1930 como Prefeito Municipal em substituição ao Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, até então mantido como Intendente. A transmissão do cargo foi feita no dia 28.11.1930, pelo Intendente Municipal. Nessa ocasião o município de Xiquexique era composto das seguintes partes: Sede, Mata-Fome, Pedras, Tiririca, Canabrava do Gonçalo e Central. Em 23.06.1931, pelo Dec. Estadual n° 7.455, o Interventor da Bahia extingue o município de Gameleira do Açuruá, anexando seu território ao município de Xiquexique, mas, em 15.07.1933, o mesmo Interventor Federal restaura o município de Gameleira do Açuruá.
Como o Decreto do Interventor Federal, nomeando o prefeito Cel. José de Souza Nogueira foi omisso com relação aos membros do Conselho Municipal da cidade, o novo Prefeito decidiu trabalhar com os Conselheiros nomeados na República Velha até que novas orientações chegassem da capital do Estado. Assim, mantiveram-se nas funções de Conselheiros os 7 cidadãos que trabalharam com a administração anterior, incluindo o ex-Intendente Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, que passou a atuar como Conselheiro : Cel. Francisco Xavier Guimarães, Cel. Francisco Dionísio dos Santos, Cel. Lithercílio Baptista da Rocha, Sr. Luis Alves Bessa, Cel. Manoel Antunes Bastos, Cel. Manoel Teixeira de Carvalho e Cel. Zoroastro Ferreira Lustosa.
Essa equipe de Conselheiros se manteve no poder até o Governo de Interventor Juracy Magalhães (1931/1935), quando ocorreu a substituição dos membros do poder legislativo municipal. Isso aconteceu no dia 17.06.1932, um ano e meio após a posse do Prefeito, quando o Interventor Federal escolheu 5 nomes, em vez dos 7 anteriores, que foram representados pelo seguintes cidadãos: Cel. Lithercílio Batista da Rocha, Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, Cel. Francisco Xavier Guimarães, Cel. Luiz da França Martins e Cel. José Custódio de Morais.
Durante a gestão do Cel. José de Souza Nogueira, como o 1º Prefeito Municipal de Xiquexique, nomeado, aconteceram alguns eventos que são dignos de serem registrados, mesmo superficialmente.
I – Grande Seca em 1932 – Pelos registros foi uma seca que atingiu todo o sertão nordestino, levando à morte, pela fome a milhares de pessoas de todas as idades. A edição nº 11 do jornal A LUZ, sob o título “Flagelo sobre Flagelo” retorna ao assunto dos sertanejos que sofrem com a maior seca de todos os tempos no nordeste brasileiro.
Uma das mais difíceis tarefas do prefeito municipal de Xiquexique, Cel. José de Souza Nogueira foi administrar essa seca.

II – Centenário da emancipação de Xiquexique em 06.07.1932. A edição nº 19 do jornal semanal A LUZ, de 03 de julho de 1932, que fez intensa cobertura da festa do centenário de Xiquexique, promovida pelo Prefeito Cel. José Nogueira, informa que “Apesar do momento não ser oportuno,(por causa da seca), reina grande entusiasmo na população desta Cidade, que sem medir sacrifícios, está concorrendo para o realce da comemoração do centenário da elevação à vila”. E continua, após afirmar que as comissões já foram constituídas “O União F. Clube, recentemente organizado, está à frente com um bom programa para encher a tarde de alegria (...); (...) com uma partida dos seus dois grupos denominados Botafogo e Ipiranga”.Informa ainda, que “O hipódromo tomará parte também inaugurando o seu campo nesta tarde, com boas corridas.” E que “O Grupo Dramático 6 de Julho solemnisará (sic) encenando o atraente drama “O Filho Natural” e a engraçada comédia “A Casa de Doidos”.
Segundo o periódico o programa da festa foi rico em palestras, discursos proferidos pelas autoridades locais e uma bela dissertação elaborada pelo jovem Demóstenes Barnabé da Silva, tudo isso realizado no palacete da residência do Prefeito Municipal Cel. José de Souza Nogueira. Aconteceram, ainda, desfile de cavaleiros representando todos os distritos do município e um baile patrocinado pela Prefeitura Municipal. Finalizando a matéria o jornal trás os nomes das pessoas que participaram das comissões organizadoras da festa: Cel. José de Souza Nogueira, Cel. Francisco Xavier Guimarães, Cel. Gustavo Pinheiro de Alcântara, Dr. Philemon Cecílio de Souza, Dr. Vanderlino de Souza Nogueira, Dr. Vítor Farani, monsenhor Costa, Cel. Hermenegildo de Souza Nogueira, Cel. Lithercílio Batista da Rocha, Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, Sr. Francolino José dos Santos, Cel. Agrário de Magalhães Avelino, Tte. Manoel Nunes Damásio, Laurindo A. Roiz Soares, Cel. José Custódio de Morais, Sr. João Batista Avelino, Sr. João Rodrigues Soares, Sr. Eusébio Ferreira de Brito, Sr. Manoel Custódio de Morais, Sr. João Xavier Guimarães, Sr. Luiz Alves Bessa, Sr. Valdemar Franca, Sr. João Ribeiro Cunha, Sr. Filadelfo Miranda, Sr. Vanderlino Moreira, Sra. Mariana Bastos, Sr. Júlio Afonso e Sr. Tiburtino Barreto.
Como parte final das comemorações do Centenário de Xiquexique comemorado no dia 06 de julho de 1932, o Sr. Prefeito através de um Decreto determinou, que o largo situado nos fundos da Igreja Matriz do Senhor do Bonfim passasse a se chamar oficialmente Praça Seis de Julho, tendo sido emplacada e inaugurada naquela data.

III - Vapor Santa Clara naufraga próximo à Xiquexique: Na madrugada de 14.01.1932, o Vapor Santa Clara que fazia a segunda viagem pelo Rio São Francisco foi atingido por um tufão em frente à Ilha Champrona, nas imediações de Xiquexique, vindo a afundar perecendo no acidente oito pessoas. O vapor que primeiro deu socorro ao Santa Clara foi o Benjamim Guimarães, salvando o comandante Carlos Mendonça.
Como o Rio São Francisco estava cheio, foi infrutífero todo esforço para a recuperação do vapor.

Outros eventos acontecidos:
30 de novembro de 1930: Nasceu José Alves Reis, filho de Maria Antonia Alves Reis.
17 de março de 1931: Nasceu Cyro de Medeiros Borges Neto, filho de Norberto de Medeiros Borges e Maria Bonfim Borges.
17 de julho de 1931: Circulou na cidade de Xiquexique a edição n° 1 do semanário A ORDEM, fundado pelos senhores Claudemiro Miranda e Jaime Pucini.
26 de agosto de 1931: Nasceu Edílson Avelino de Oliveira, em Gentio do Ouro, município de Açuruá, estado da Bahia, filho de Corino Oliveira e de Arminda Avelino Oliveira.
03 de outubro de 1931: Nasceu Alice Teixeira Barreto, no município de Gameleira do Açuruá, estado da Bahia.
26 de outubro de 1931: Nasceu Joel Firmo de Meira, filho de Manoel José de Meira e de dona Gercina Firmo de Meira.
20 de dezembro de 1931: Circulou na cidade de Chique-Chique a edição n° 20 do jornal A ORDEM.
20 de janeiro de 1932: Nasceu Nívea Pinheiro Leite, filha de Gustavo Pinheiro de Alcântara e de Pergentina Castelo Branco Pinheiro.
14 de fevereiro de 1932: Circulou na cidade de Xiquexique a edição n° 01 do jornal A LUZ, semanário fundado por Jaime Pucini.
04 de março de 1932: Nasceu João Alves de Araújo, na cidade de Santa Rita de Cássia, estado da Bahia, filho de Eutímio Antonio de Araújo e de Alice Alves de Araújo.
28 de agosto de 1932: Com a circulação da edição de nº 25 do jornal semanal A LUZ, é fechado um período histórico muito importante de sua curta existência. Nesta A LUZ deixa de circular definitivamente.
29 de agosto de 1932: Nasceu Maria Vitória Queiroz Setúbal, na Fazenda Carnaúba, localizada a Sudeste da sede municipal de Chique-Chique, estado da Bahia, filha de Geraldino Teixeira de Queiroz e de Eulina Teixeira de Queiroz.
05 de outubro de 1932: Nasceu Juracy Reginaldo Cunha, em Itajubaquara – atualmente município de Gentio do Ouro –, município de Xiquexique, estado da Bahia, filho de José Reginaldo Cunha e de Cassimira Juvenal da Cunha.
09 de novembro de 1932: Nasceu Diva Dourado Lopes de Oliveira, em América Dourada – atual cidade de América Dourado –, município de Irecê, estado da Bahia, filha de Faustiniano Dourado e de Maria Lopes Dourado.
08 de dezembro de 1932: Honesinda Teixeira da Rocha formou-se professora pela Escola Normal da Bahia (atual ICEIA), em Salvador.
04 de fevereiro de 1933: Nasceu Solon Figueiredo, na cidade de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Antonio de Figueiredo Bastos e de Amália Sampaio de Figueiredo.
06 de fevereiro de 1933: Faleceu o coronel Manoel Teixeira de Carvalho.
22 de março de 1933: Nasceu Valdomiro Firmo de Meira, filho de Manoel José de Meira e de Gercina Firmo de Meira.
13 de abril de 1933: O Dr. Clodoaldo de Magalhães Avelino e um grupo de amigos fundam o Núcleo Espírita Agostinianos de Xiquexique.
OBS.: Informações extraídas e selecionadas do livro “Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique” Ed. 1999 – Autor: Cassimiro Machado Neto










Rua do perau

A RUA DO PERAU DESTRUÍDA PELO "PAREDÃO"

A Rua do Perau, uma das principais ruas de Xiquexique nos anos 1950, no sentido norte/sul, e comentada em crônica postada neste Blog no dia 16.ago.2009 foi totalmente destruída e descaracterizada após a construção do "PAREDÃO", conforme podemos constatar pelas 3 fotografias expostas.
PERAU significa "Declive rápido, do fundo do mar ou de um rio, junto à costa ou à margem." e o nome da rua de Xiquexique significava exatamente isso pois ela estava situado na margem do rio num local onde esta caia abruptamente numa grande profundidade, onde ninguém tomava pé e nem banho.
A primeira foto acima a esquerda, mostra a Rua do Perau nos anos 1950, começando com um bonito edifício onde funcionava a Pensão Glória. Reparem que os postes de iluminação eram feitos de trilhos de trem. Todo o conjunto de casas situado à direita, inclusive o Edifício da Pensão Glória, foi totalmente botado abaixo para que o "PAREDÃO" passasse por cima.
A segunda foto, em preto e branco, era o pequeno Largo onde a Rua do Perau desembocava. Na foto vê-se 3 casas, onde, da esquerda para a direita, funcionavam a Pharmácia Universo, o Armazém do Sr. Francolino Santos (Seu Gringo) e a Loja Esperança. Essas casas juntamente com as demais que formavam o pequeno Largo, foram destruídas para dar lugar ao "PAREDÃO". A nova geração pode então constatar, pela foto colorida, o que restou do pequeno Largo que começava a partir da esquina da casa verde e principalmente da famosa Rua do Perau que vinha logo após o Largo. Do lado direito da rua nada restou existindo apenas o "PAREDÃO" e, do lado esquerdo restaram ruínas das casas que se encontram em total abandono servindo até para esconderijos de malfeitores.
É chegada a hora de os líderes, cidadãos e administadores públicos de Xiquexique tomarem a heroica decisão de botar abaixo o "PAREDÃO" e restaurar a outrora beleza da beira do rio da cidade, não só por uma questão estética mas também pela preservação da saúde pública e da manutenção da ordem e combate à violência.

Vamos meu povo, derrubem o 'PAREDÃO' e se inscrevam no história de Xiquexique.

















Foto Interessante: Os Aguadeiros de Xiquexique

OS AGUADEIROS

Aguadeiros era como a gente chamava às pessoas, geralmente empregadas domésticas, encarregadas de prover água do rio para as necessidades diárias das casas dos patrões.
Existiam dois tipos de aguadeiros. Os homens, jovens e adultos que utilizavam jumentos para transportar uma carga de 4 barris de madeira (o carote), cada um com capacidade para 20 litros d'água e as mulheres que transportavam água utilizando uma lata de querozene contendo aproximadamente 15 litros d'água, equilibrada na cabeça.
As pessoas de maior renda possuiam os seus próprios jumentos e a cangalha apropriada para suportar os 4 barris cheios de água, além de dispor de jovens aguadeiros, crias da casa, que passavam o dia todo no vai-vém da casa para a beira do rio transportando o líquido, para atender à demanda dos patrões e seus filhos que não tinham parcimônia no uso da água.
As famílias de menor renda adquiriam a água necessária comprando a "carga" - 4 barris - na mão de aguadeiros autônomos que tinham o próprio animal de transporte e faziam disso a forma de sustentar a família. As aguadeiras, por sua vez, representadas por mães de família de baixa renda, iam pessoalmente à beira do rio pegar a água que precisavam utilizando latas de querozene que transportavam equilibradas na cabeça.
Normalmente os aguadeiros e aguadeiras utilizavam a rampa do mercado para coletar a água e alí se reuniam às dezenas com suas latas d'água e seus "carotes" sendo acondicionados ou retirados da cangalha, sem que isso atrapalhasse o animado papo em que se envolviam. Era alí, local de reunião dos profissionais mais humildes de Xiquexique, que muitas amizades, namoros e casamentos aconteceram. Muitas vezes, à tardinha, ficava eu sentado no cais próximo a essa grande rampa admirando a alegria e a animação que permeavam o bate papo dessas pessoas quase escravas que não demonstravam cansaço mesmo após um longo dia de pesado trabalho.
Um número reduzido de aguadeiros, ia buscar água na Ponta da Ilha, local que nos idos de 1950, se apresentava como um lugar relativamente distante da rampa do mercado. Alegavam que nesse local a água era mais limpa pois alí o rio era corrente, ao contrário do nosso Lago Ipueira, de águas paradas e barrentas. Mas isso é outra estória, pois a água da Ponta da Ilha era para as pessoas ricas que dispunham de jumentos e aguadeiros próprios ou que pudessem pagar uma "carga de água" mais cara.
Com a chegada do Serviço de Água que dotou Xiquexique de água encanada e tratada, a paisagem bucólica dos aguadeiros e aguadeiras batendo papo na rampa do mercado, enquanto enchiam as latas e os "carotes", feliz ou infelizmente desapareceu.



Crônica: PESCARIAS EM XIQUEXIQUE (BA)

AS PESCARIAS NO MANGUE FUNDO E NA LAGOA DE ITAPARICA

Xiquexique por ter se originado de um acampamento de pescadores que, residindo na Ilha do Miradouro, instalavam-se na margem do piscoso Lago Ipueira, no Rio São Francisco, trouxe consigo, desde o nascimento uma grande vocação para as atividades de pesca, que se inicialmente fora exercida por humildes pescadores individuais, transformou-se com o passar do tempo numa profissão das mais organizadas da cidade, contando, inclusive, com órgãos e associações de classes, conhecidas na cidade como Colônia dos Pescadores. A Colônia, que abriga a grande maioria dos pescadores xiquexiquenses sempre se mostrou ser uma associação forte e que faz questão de exercer essa liderança, principalmente, na noite em que patrocina a novena em homenagem ao Senhor do Bonfim.
O Lago Ipueira que banha Xiquexique, para quem não conhece, é um grande lago, com aproximadamente 13 km de comprimento e uma largura média de 500 metros, cujas águas viajam, lentamente, em direção sul, formando o canal do Mangue Fundo através do qual carreia água para a Lagoa de Itaparica local de desova e reprodução de muitas espécies de peixe do Rio São Francisco.
A pescaria é uma atividade inerente à todo xiquexiquense, pois, a gente começava a brincar de pegar peixe ainda na fase de criança. Diariamente, principalmente à tardinha e à noite, jovens e adultos se postavam na beira do Velho Chico, com anzóis e iscas de minhoca para pegar mandins, um peixe com mais ou menos 20 cm, bastante apreciado por toda a população quer cozido quer assado. Dentre esses pescadores muitos estavam ali, realmente, a procura de uma refeição.
O Lago Ipueira, em frente a Xiquexique sempre foi muito generoso e nunca permitiu que um pescador saísse das suas margens sem uma fieira de peixes, garantindo assim o alimento diário de muitas famílias. Outros, no entanto, estavam ali apenas para se divertir e às vezes essa diversão se estendia até as 21:30 horas quando a usina municipal que fornecia a energia elétrica, dava sinal que a luz ia apagar. Algumas pessoas preferiam ir pescar no meio do Lago Ipueira e utilizavam uma canoa a remo para se deslocar até 100 metros da margem. Diziam que ali havia peixes em maior quantidade, ante a ausência do barulho feito pelas pessoas que pescavam na margem.
Naturalmente havia épocas em que os peixes eram mais abundantes e isso ocorria nos períodos de secas quando o Lago Ipueira ficava isolado ou apenas ligado por um pequeno braço de água ao leito principal do Rio São Francisco e assim se transformava num verdadeiro viveiro de peixes.
Quando o rio São Francisco começava o período de cheia, entre novembro e fevereiro de cada ano, resultado das chuvas caídas nas cabeceiras em Minas Gerais, o Canal do Guaxinin, na Ponta da Ilha, permitia que um grande volume de água chegasse até ao Lago Ipueira e dele passasse para a Lagoa da Itaparica através do canal do Mangue Fundo. Nessas ocasiões todo o sistema formado pelo Lago Ipueira, pelo Canal do Mangue Fundo e pela Lagoa da Itaparica atingia o volume máximo de água, quando então os peixes aproveitavam para se acasalarem e futura desova.
Alguns meses depois, com a vazante do rio o Canal do Mangue Fundo baixava o nível da água e era cortada a ligação do Lago Ipueira com a Lagoa, ficando pois desintegrado o sistema hidraulico antes formado pelos tres reservatórios, contudo, todos eles repletos de peixinhos que ali nasceram na época da cheia. Lá para o segundo semestre, os peixes já tinham atingido o tamanho ideal para serem pescados e, com o nível baixo das águas, o Canal do Mangue Fundo e a Lagoa de Itaparica se transformavam num espaço ideal para pescaria em grande escala.
Era quando a pescaria em Xiquexique deixava o seu caráter amadorístico e se transformava numa grande atividade comercial exercida pelos pescadores profissionais da cidade. Os peixes que nasceram na Lagoa e no Mangue Fundo já estavam relativamente crescidos e no ponto de serem pescados com a utilização de redes fabricadas de caroá, uma fibra existente na caatinga.
Nesse tempo os pescadores se mudavam com toda a sua família para o canal do Mangue Fundo ou para a margem da Lagoa de Itaparica e lá, levantavam pequenas casas de taipa para se abrigarem durante todo o período da pescaria. Enquanto os homens pescavam as mulheres e filhos se encarregam de limpar os peixes e salgá-los pois ainda não havia um sistema de refrigeração para conservá-los frescos.
O primeiro dia de pescaria, no que pese ser uma atividade que acontecia anualmente, se transformava numa imperdível atração para grande parte do povo de Xiquexique. Uns iam a negócios para comprar o produto da pesca e outros por mera curiosidade ou simples distração. Como a pescaria do Mangue Fundo se dava num local relativamente perto da cidade, era a que mais atraia os curiosos que para lá se deslocavam utilizando todo tipo de transporte, até mesmo a pé. Para a Lagoa de Itaparica, geralmente se deslocavam os negociantes que estavam interessados na compra de peixes. De qualquer maneira nenhuma dessas pessoas que lá estivessem, a negócio, a passeio ou em lazer, teria o dissabor de passar fome, pois era grande a quantidade de panelas ao fogo cozinhando o peixe fresco recém saído das águas e grande a alegria dequelas mulheres de pescadores em fornecer um prato com o delicioso peixe cozido na água grande e na trempe de tijolo. E assim seguiam os pescadores na nobre faina de tirar do São Francisco a proteína animal que iria alimentar por muitos dias toda uma população e ainda sobrar peixe para exportar para os nossos irmãos das cidades vizinhas que, diariamente, vinha a Xiquexique comprar o peixe salgado, muito apreciado na região e fácil de guardar para ser utilizado durante toda a semana.
Até os dias de hoje o Lago Ipueira, o canal do Mangue Fundo e a Lagoa de Itaparica, sem se falar nas outras inúmeras ilhas que compõem o arquipélago que enfeita o Rio São Francisco nas imediações de Xiquexique, têm se mostrado prodigos em fornecer o pescado fresco e saudável com que adorna a mesa dos xiquexiquenses.


Foto Antiga - BARCA A VELA E A VARA



BARCA À VELA E À VARA

A atividade comercial sempre foi muito intensa e exaustivamente praticada por todas as cidade situadas na beira do Rio São Francisco.
Como não existiam rodovias ligando essas comunidades o intercâmbio comercial era feito com a utilização das barcas, que antes do advento dos motores a diesel eram movidas a vela e à vara.
A foto ao lado, muito antiga, registra fidedignamente como eram essas barcas. Construções avantajadas, se comparadas à pequena canoa ao lado, mas simples e fabricadas nas cidades ribeirinhas sem muita preocupação com a tecnologia. Como proteção contra as intempéries, pois a familia do barqueiro alí morava, a barca dispunha de um "camarote" coberto com palha de carnaúba, onde se alojava a referida família. Como meio propulsor, além dos ventos que enfunavam suas velas, costumava trazer, para enfrentar eventuais calmarias, grandes varas de madeira que eram utilizadas pelos "remeiros", homens fortes e acostumados ao trabalho pesado, para promover o deslocamento da embarcação ou mesmo desencalhá-las quando, por um descuido do "prático", assentavam em um banco de areia, que a gente conhecia como "coroa".
Naturalmente que não faltava a indefectível carranca presa na proa da barca para, segundo alguns exegetas, espantar os maus espíritos que povoavam as águas.

Fotografias de Amantes: O macaco Amoroso

Macaco Amoroso


Atualmente muitos homens descartam o tradicional oferecimento de flores à amada sob a alegação de que isso é um procedimento superado, arcaico, cafona e coisa e tal.
Algumas mulheres, também, por sua vez, insensibilizadas pelo impiedoso mercado de trabalho, já não têm tempo para estimular e prestigiar esse tipo de declaração de amor por parte do amado e nem mais se lembram que existia um costume de oferecer flores à namorada e à mulher.
Como os homens e mulheres nãomais estão prestigiando essa forma de declaração, os bichos, nossos parentes, estão adotando o hábito e, pelo que se vê na foto, com grande aceitação por parte da amada.

quinta-feira, 25 de março de 2010

NOTÍCIAS DE XIQUEXIQUE - Aproveitamento da Palha da Carnaúba

Carnaúba

"Entre os dias 7 e 9 de Abril, a Prefeitura de Xique-Xique irá receber técnicos da Secretaria de Integração Regional do Governo do Estado que irão iniciar os trabalhos para a criação de uma cooperativa visando a instalação de uma usina de beneficiamento da palha da carnaúba. Os técnicos irão coletar novos dados, mapear os carnaubais e conversar com proprietários de fazendas que possuem carnaúbas, ao longo da estrada Xique-Xique / Barra. Segundo Dr. Herbert, assessor técnico da Secretaria, esses são os primeiros passos para que a nossa região possa utilizar o potencial dos carnaubais e gerar emprego e renda para a população."
A visita de técnicos do Governo Estadual, ligados à Secretaria de Integração Regional é muito importante para a cidade e alvissareira é a notícia da instalação de uma usina de beneficiamento da palha de carnaúba, ligada a uma cooperativa. Tenho apenas uma sugestão a fazer no sentido de que seja informado ao povo qual o beneficamento que está previsto para a palha da carnauba (a extração da cêra está inclusa?) e quais os critérios para a admissão dos futuros cooperados.

quarta-feira, 24 de março de 2010

NOTÍCIAS DE XIQUEXIQUE

Reunião com donos de bares

A Prefeitura de Xique-Xique e a Câmara de Vereadores realizaram ontem à noite no Parque Aquático Ponta das Pedras reunião com os proprietários de bares, restaurantes, lanchonetes e representantes da sociedade para discutirem um projeto de lei que irá regulamentar o horário de venda de bebidas alcoólicas no Município. Esse tipo de lei já está em vigor em diversos Municípios e visa atender a uma solicitação da Policia Militar que considera que o consumo de álcool até altas horas da madrugada é um dos fatores que potencializa atos de vandalismo e violência. Após ouvir sugestões dos donos de bares e de pessoas da sociedade, os Vereadores irão agora redigir um projeto de lei que será posteriormente discutido e votado na Câmara de Vereadores.
É muito oportuna essa providência que está sendo tomada pelas nossas autoridades municipais em conjunto com os comerciantes e cidadãos de Xiquexique. Segundo algumas informações Xiquexique é a cidade da Bahia que, proporcionalmente, consome mais cervejas no Estado, isso sem falar nas demais bebidas alcoolicas destiladas. Esse consumo exagerado, diariamente e até altas horas da noite, tem favorecido, com certeza, o aumento da violência na cidade.
Seria interessante que os nossos legisladores municipais juntamente com o chefe do executivo aproveitassem a oportunidade para transferir os bares e restaurantes noturnos da Avenida J. Seabra para a Rua Beira Rio, a que fica em frente ao PAREDÃO, entre a Praça Getúlio Vargas e a Rua Belo Horizonte. Isso iria tornar o local mais iluminado, mais urbanizado, mais frequentado pelo povo. Talvez a mudança tivesse o condão de reativar aquela parte da cidade tão abandonada, principalmente à noite e estimulasse a derrubada do PAREDÃO.

sábado, 20 de março de 2010

CRÔNICA: CASTILHO E A VOZ DA LIBERDADE


CASTILHO E A VOZ DA LIBERDADE

Na primeira metade dos anos 1950 alguns comerciantes líderes de Xiquexique criaram uma instituição denominada “A VOZ DO BARRANCO”, instituição de lazer e cultura para os xiquexiquenses, que dispunha de uma pequena rede de alto-falantes espalhada pela cidade e uma modesta sala destinada a projeção de filmes, equipada com um pequeno projetor para as sessões de domingo a tarde e à noite. Um dos sócios dessa entidade, o Sr. Antônio Feliciano de Castilho, coletor federal na cidade, desentendeu-se com os demais companheiros e decidiu sair da sociedade e criar, por conta própria, outra instituição, com os mesmos objetivos, denominada de A VOZ DA LIBERDADE. Essa separação provocou uma violenta animosidade desse ex-sócio com os demais companheiros da Voz do Barranco, seus descendentes e amigos. O desentendimento extrapolou a área comercial e passou a influenciar as atitudes dos parentes e amigos dos cotistas da VOZ DO BARRANCO que, sem motivo aparente, também compraram a briga e decidiram, com algumas exceções, não frequentar os programas da VOZ DA LIBERDADE. No meu caso especial, sendo filho da Profa. Nenem, irmã de tio Custódio, um dos donos da VOZ DO BARRANCO, não tinha direito nem de experimentar um picolé, na época grande novidade para nós, fabricado pela VOZ DA LIBERDADE e vendido em carrocinhas na rua. Ingressar no prédio da VOZ DA LIBERDADE para assistir aos bons filmes lá exibidos ou participar dos programas de calouros animados pelo Sr. Castilho, nas tardes de domingo, nem pensar. A gente tinha que se conformar com os filmes do Gordo e o Magro e o seriado A DEUSA DE JOBA que eram exibidos, precariamente, na VOZ DO BARRANCO.
Para complicar ainda mais a richa, o prédio onde a Voz da Liberdade foi instalada, ficava na mesma rua e quase em frente à sede da Voz do Barranco e, para tristeza da meninada eram instalações superiores e mais confortáveis que as dessa última, pois, além da apresentação de filmes selecionados oferecia como brinde um picolé junto com o ingresso para o cinema, sem falar na sala de projeção bem maior, equipada com grandes bancos de madeira instalados num piso inclinado além de uma sessão de filmes projetados ininterruptamente, novidade para a época, principalmente em cidades do interior.
Quanto aos filmes, o Sr. Castilho a cada semana surpreendia a população com a exibição das melhores fitas existentes no mercado. Naquele tempo existia uma linha regular de avião, fazendo as cidades do vale do São Francisco e que tinha Xiquexique como uma das escalas. Eram nesses aviões que chegavam os filmes da Voz do Barranco e da Voz da Liberdade. Mas, somente os da Voz da Liberdade eram motivos de curiosidade da população que sempre se interessava para saber qual o que seria projetado naquela semana. Lembro-me da promessa feita pelo Sr. Castilho de que o filme O CANGACEIRO, seria exibido em Xiquexique, na mesma data em que estivesse sendo apresentado em Salvador. Era uma promessa ousada mas, foi cumprida e O CANGACEIRO foi exibido na mesma época em que estava sendo projetado na principais cidades da Bahia.
Essa forma atrevida, um pouco raivosa e vingativa do Sr. Castilho administrar a VOZ DA LIBERDADE, ia fazendo com que a nova casa de diversão se tornasse a cada dia a preferida pelo povo principalmente os mais humildes. Dono de uma personalidade carismática era para o povão que o Sr. Castilho trabalhava. Sem abandonar a sua função de Coletor Federal, passou a dirigir as atividades da Voz da Liberdade diretamente para a periferia da cidade. Eram programas de calouros nas tardes de domingo onde as crianças pobres eram agraciadas com modestos brindes pelas participações. Mas, o grande momento acontecia por ocasião das festas natalinas quando ao lado de bons filmes exibidos no mês de dezembro construia dentro da VOZ DA LIBERDADE uma grande árvora de natal ricamente ornada de enfeites e presentes para deleite e admiração da comunidade pobre. Atingia o climax, no entanto, quando, no dia de Natal, enchia de brinquedos a carroceria do caminhão "Brotinho" e saia percorrendo os bairros distribuindo presente com a criançada mais pobre da cidade. Por atos dessa natureza, a cada dia o Sr. Castilho era endeusado pelos pobre de Xiquexique e tido como um benfeitor da pobreza.
Sem se afastar das suas funções de servidor público federal e muito absorvido com a administração da VOZ DA LIBERDADE, ainda encontrou tempo para fundar um partido político na cidade, o Partido Trabalhista Brasileiro – PTB, ´criado por Getúlio Vargas e que na época correspondia ao atual PT. Mas, na área política ficou apenas na fundação do PTB e toda a sua energia continuou sendo dedicada à Voz da Liberdade.
Por tudo isso, a cada dia aumentava a rivalidade e a concorrência entre a VOZ DO BARRANCO e a VOZ DA LIBERDADE com grande vantagem para a esta. No entanto, deve ser registrado que mesmo polarizando, na época, as paixões dos xiquexiquenses não aconteceram atos de vandalismo que viessem a provocar a destruição de equipamentos internos ou externos de propriedade das empresas rivais mesmo com uma concorrência comercial, feroz e desleal entre as duas. A Voz da Liberdade parecia que tinha dinheiro em abundância, pois além das boas instalações físicas, dos bons equipamentos, da pródiga distribuição de presentes e brindes para as crianças mais pobre da cidade, ainda se dava ao luxo de alugar os melhores filmes que eram produzidos no mercado para serem exibidos na longínqua Xiquexique.
Nesse ponto residia a grande questão levantada pela elite financeira da cidade, inimiga figadal do Sr. Castilho e que continuava como proprietária da Voz do Barranco. Questionavam os sócios entre si: Quem era esse Sr. Castilho? Onde ele arranjava tanto dinheiro? Porque um grupo de comerciantes que representavam a elite da cidade não conseguiam fazer o que ele sozinho fazia e muito melhor? De onde era esse senhor?
Como já dito, O Sr. Antônio Feliciano de Castilho exercia na cidade a função de Coletor Federal e, como simples servidor publico não tinha uma fortuna pessoal para, por diletantismo, gastar naquele empreendimento, apenas pelo prazer de dar uma alegria aos pobres da cidade. Alguém deveria estar financiando a farra da Voz da Liberdade. E foi aí que surgiu a famosa questão: De onde é que Castilho está tirando tanto dinheiro para gastar. E, a pergunta era plenamente coerente, pois o volume de dinheiro investido era muito alto. Foi construído todo um complexo envolvendo um bom cinema com equipamento de ultima geração tendo como anexo uma completa sorveteria em condições de atender a toda uma demanda da cidade.
A conclusão era óbvia: Castilho deveria estar desviando o dinheiro da Coletoria Federal de Xiquexique. Dessa conclusão deve ter partido alguma denúncia para os superiores do Coletor, pois, em pouco tempo chega a cidade uma equipe de auditores internos da Receita Federal e de imediato o Sr. Castilho é afastado da função de Coletor. Em poucos dias a Auditoria conclui o trabalho com a descoberta de um grande desfalque na instituição arrecadadora federal. Sem perda de tempo o empreendimento A VOZ DA LIBERDADE é fechado e lacrado, ficando à disposição da Justiça, para posterior acerto de contas e todo o patrimônio dA EMPRESA é judicialmente penhorado para garantir o ressarcimento aos cofres públicos. Após mais alguns dias, ainda com os auditores na cidade, chega o ato de exoneração do Sr. Castilho, terminando assim o reinado do grande empreendimento que foi A VOZ DA LIBERDADE.
Para a população pobre moradora de periferia de Xique Xique, parcela da população que realmente era assistida e prestigiada pelo Sr. Castilho, a demissão do coletor federal, tido como o “benfeitor dos pobres” e o fechamento da VOZ DA LIBERDADE foi um golpe mortal e muitos, apesar das evidências concretas, não acreditavam no que estava acontecendo. Parecia que estavam vivendo um enorme pesadelo, que iria acabar ao despertar, ao raiar do dia, um dia que nunca chegou. Ninguém de bom senso, em Xiquexique, acreditou que o motivo para desviar o dinheiro do erário tenha sido o desejo de devolvê-lo ao povo, como afirmado por Castilho no seu depoimento por ocasião do inquérito administrativo. Acredita-se que, mesmo tendo promovido a alegria dos mais pobres e distribuído entre os menos favorecidos alguns presentes no Natal, além da exibição de excelentes filmes, o crime de furto praticado pelo Sr. Castilho foi realmente movido por um desejo de vingança contra os seus desafetos da A VOZ DO BARRANCO.
Com o fechamento da A VOZ DA LIBERDADE, a VOZ DO BARRANCO, deficitária e que vinha sendo mantida a duras penas, pela elite opositora do Sr. Castilho, também encerrou suas atividades e a cidade passou alguns anos sem uma casa de diversão. FIM

Obs.: A foto que ilustra essa crônica registra o que restou da VOZ DA LIBERDADE. É atualmente um imóvel abandonado e em franca decadência.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Foto Antiga : Seleção de Xiquexique (BA).



Seleção de Futebol de Xiquexique

A sociedade xiquexiquense sempre dedicou atenção especial ao futebol e desde o inicio do século passado já dispunha de um bom campo para a prática do esporte, situado no bairro da Ponta da Ilha. Eram vários times que todos os domingos à tarde se reuniam e disputavam um campeonato local.
A foto antiga, obtida em outubro/1922, registrando a seleção de futebol de Xiquexique, bem ilustra a prática desse esporte pela elite da cidade. Para os mais novos seguem os nomes do craques: (1) Antônio Bastos; (2) Né; (3) Messias; (4) Saul; (5) Acrísio; (6) Gustavinho; (7) Janjão; (8) Chico Farias; (9) Lameu; (10) P.Wid e (11) Magalhães.






Filosofia Popular - A cervejinha

A CERVEJINHA

Um professor de filosofia, sem dizer uma palavra, pegou um recepiente de vidro e o encheu com pedras, cada uma com 2 cm de diâmetro. Olhou para os alunos, e perguntou se o vidro estava cheio. Todos disseram que sim. Ele então, pegou uma caixa com pequenos pedregulhos, jogou-os dentro do vidro e agitando-o levemente, os pedregulhos rolaram para os espaços vazios entre as pedras. Tornou a perguntar se o vidro estava cheio. Os alunos concordaram: agora sim, estava cheio! Pegou, então, uma caixa com areia fina e despejou-a dentro do vidro preenchendo totalmente o restante dos vazios existentes.
Olhando calmamente para as crianças o professor disse: - Quero que entendam, que isto, simboliza a vida de cada um de vocês. As pedras, são as coisas importantes: sua família, seus amigos, sua saúde, seus filhos, coisas que preenchem a vida. Os pedregulhos, são as outras coisas que importam: como o emprego, a casa,um carro... A areia, representa o resto: as coisas pequenas... Experimentem colocar, a areia primeiro no vidro, e verão que não caberão as pedras e os pedregulhos... O mesmo vale para suas vidas. Priorizem, cuidar das pedras, do que realmente importa. Estabeleçam suas prioridades. O resto é só areia!
Após ouvirem a mensagem tão profunda, um aluno perguntou ao professor se poderia pegar o vidro, que todos acreditavam estar cheio, e fez novamente a pergunta:
-Vocês concordam que o vidro esta realmente cheio? Todos responderam, inclusive o professor:
- Sim está!
Então, o aluno derramou uma lata de cerveja dentro do vidro. A areia ficou ensopada, pois a cerveja foi preenchendo todos os espaços restantes, e fazendo com que o vidro, desta vez ficasse realmente cheio. Todos ficaram surpresos e pensativos com a atitude do aluno, incluindo o professor.
ENTÃO ELE EXPLICOU: NÃO IMPORTA O QUANTO SUA VIDA ESTEJA CHEIA DE COISAS E PROBLEMAS, SEMPRE SOBRA ESPAÇO PARA UMA CERVEJINHA !!!!!!

História Resumida de Xiquexique (BA)


HISTÓRIA RESUMIDA DE XIQUEXIQUE (BA)

PARTE II - ORIGEM DA CIDADE

I - Introdução

Quando escrevi no Blog XIQUEXIQUE, edição de 27.08.09 sobre a origem de Xiquexique (BA), enfoquei exclusivamente a fundação da cidade com base na conhecida LENDA DO TROPEIRO. Fiz isso de propósito para deixar bem claro que a nossa cidade, também, tem uma lenda que conta a sua origem. E essa lenda conhecida e repetida por todos os xiquexiquenses, exatamente por ser uma lenda, torna bonita a origem da nossa terra natal, a exemplo das outras lendas que contam o surgimento das grandes cidades como, por exemplo, Roma, com a sua lenda de Remo e Rômulo.

II - Origem da Cidade
A partir de hoje, contudo, tendo como base a valiosa e importante pesquisa feita pelo historiador xiquexiquense Cassimiro Machado Neto, no seu histórico livro “Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique (História de Chique-Chique), do qual me foi disponibilizado um exemplar, bem como prévia autorização para usar as suas pesquisas no Blog XIQUEXIQUE, estarei, a cada semana, narrando a verdade histórica sobre a nossa terra natal.
A origem de Xiquexique se constitui em uma longa e bela história. Segundo o pesquisador Cassimiro Machado Neto, o primeiro europeu que esteve no lugar onde surgiria a sede da futura cidade de Xiquexique (BA), foi o donatário da capitania de Pernambuco Duarte Coelho Pereira, por volta do ano de 1545, ao promover uma expedição oficial para exploração do rio São Francisco, sendo portanto, o primeiro português a visitar a Ipueira, o Lago que banha Xiquexique e, portanto, o seu descobridor.
Em 1553, uma expedição montada pelo Governador Geral Tomé de Souza, adentra o sertão da Bahia e conseguindo ultrapassar a Chapada Diamantina, obstáculo natural para os que viajam do litoral para o sertão, chega até o Rio Verde, afluente do Rio São Francisco e dentro do município de Xiquexique.
Devido às dificuldades geográficas para ultrapassar a Chapada Diamantina, o Vale do São Francisco ficou isolado do litoral da Bahia até 1663, quando o baiano Antônio Guedes de Brito, filho de portugueses, resolveu implantar a Fazenda Pedras na margem direita do Rio São Francisco, distante alguns quilômetros da Ipueira, recomeçando assim as visitas á região feitas pelos portugueses e seus descendentes. Em 1650 o Cel. Guedes de Brito, por determinação da coroa portuguesa, já era “mestre de campo e regente do Rio São Francisco. Nesse tempo, por doação do governo da Bahia o Cel. Guedes de Brito já era possuidor de extensas terras que iam do Rio Itapicuru ao Rio São Francisco e deste até o Rio Paraguaçu. Mais tarde, a corte portuguesa fez, ainda, ao Cel. Antonio Guedes de Brito, doação de toda a margem direita do Rio São Francisco, estendendo dita propriedade por centenas de léguas quadradas, pois seus domínios iam desde a Chapada Diamantina, incluindo Morro do Chapéu (BA), até a margem direita do Rio São Francisco. Foi com a Fazenda Pedras, instalada em 1663, na margem direita do Rio São Francisco que começou a se formar o município de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique.
Em 1694 o Cel. Antônio Guedes de Brito, já com o título de Barão da Casa da Ponte, faleceu na fazenda situada no município de Morro do Chapéu, em cima da Chapada Diamantina, com 67 anos de idade, sendo substituído, nos negócios, por sua filha Isabel Guedes de Brito que nomeou o sertanista Manoel Nunes Viana, como administrar das fazendas com todos os poderes.
Enquanto isso, em 1680, o português Theobaldo José Miranda Pires de Carvalho juntava a família e todos os seus bens e embarcava para o Brasil, escolhendo Salvador, onde fixou residência. No ano de 1685, adquiriu de Antonio Guedes de Brito, Barão da Casa da Ponte, cinco léguas de terras na margem direita da Ipueira do Rio São Francisco, que banha Xiquexique e nessa área instalou a sua propriedade rural denominada Fazenda Praia, na qual construiu casa para sua família e seus empregados. Com o decorrer do tempo, nas proximidades da Fazenda Pedras foram se instalando outras fazendas, currais e povoados, que, com o tempo evoluíram para distritos, vilas e cidades, cujos nomes permanecem até os nossos dias: Pedras, Saco dos Bois, Riacho Grande, Marrecas, Tiririca, São Domingos, Canabrava do Gonçalo, Olho d’Água do Gonçalo, Riacho de Areia, Várzea Grande, Fazendinha, Riacho Largo, Vacaria, Vereda, Matinha, Roça de Dentro, Chapada, Forquilha, Gavião, São Gabriel, Lagoa de Canabrava, Quixabeira, Carnaúba, Serra Queixo, Alegre, Mamão, Lagoinha, Utinga e tantas outras.

III - Ilha do Miradouro
Em 1687, D. Inácia Araújo Pereira, viúva do Barão da Casa da Torre – Francisco Garcia Dias D’Ávila –, atendendo solicitação de garimpeiros portugueses que mineravam na Serra do Assuruá, permite que eles construam uma comunidade em uma das ilhas pertencentes ao arquipélago da ipueira que banha Xiquexique. Daí logo surgiu uma pequena povoação e uma capela, em homenagem a Senhora Santana, sendo esta a primeira comunidade de portugueses em terras do futuro município de Xiquexique. A Ilha foi logo denominada de Miradouro pois, dali podia-se observar o ouro da Serra do Assuruá..
Desde a formação do povoado na Ilha do Miradouro, a Ipueira já era freqüentada por pescadores em face do grande volume de peixes ali existente. Era da Ipueira que saia todo o pescado para abastecer o povoado do Miradouro e demais fazendas da região. Foi exatamente nesse lugar que o nosso conhecido tropeiro, cumprindo promessa feita, construiu uma pequena capela dedicada ao Senhor do Bonfim. Portanto, o local já era freqüentado, também, para atos religiosos, no mínimo pelos pescadores para pedir uma maior produtividade das suas redes de pesca. Por volta do ano de 1700, por concessão de Theobaldo José Miranda Pires de Carvalho, dono da Fazenda Pedras, as pessoas que começaram a chegar na região tiveram permissão para construir casas residenciais nas áreas vizinhas à capela do Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, dando origem ao arraial do mesmo nome. O afluxo de pessoas foi tão considerável que já em 1714, Dom Sebastião Monteiro da Vide, primeiro Arcebispo do Brasil, assinou documento elevando a capela do arraial do Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique à categoria de Freguesia.
A Enciclopédia dos Municípios, assim conta a história: “A atual cidade teve origem na fazenda Praia, pertencente a Teobaldo José de Carvalho, nascendo em 1700 um arraial com o nome de Xique-Xique. A capela, aí construída, dedicada Senhor do Bonfim e Bom Jesus foi elevada à categoria de freguesia em 1714 pelo arcebispo dom Sebastião Monteiro da Vide.”

IV - Itaguaçu da Bahia (antiga Tiririca)
Em 1720, chega à Salvador, o português Alberto Pires de Carvalho, sobrinho de Theobaldo José Miranda Pires de Carvalho, solteiro e dono de uma respeitável fortuna pessoal. Mal descansou da viagem e logo seguiu ao encontro do seu tio na Fazenda Praia, localizada a margem da ipueira do Rio São Francisca, ali estabelecida desde 1685.
Chegando na "Fazenda Pedras" Alberto Pires de Carvalho casou-se com a Felícia, índia tapuia que ainda jovem e em 1725 adquiriu junto aos herdeiros de Antonio Guedes de Brito, falecido em 1694 uma grande área de terras que iniciava na Várzea Grande, até a margem do Rio Verde.
Alberto Pires de Carvalho e sua mulher Felicia escolheram um local com abundância de água para ali construirem a sua residência e a sede da fazenda à qual deram o nome de "Fazenda Tiririca". Nessa Fazenda, o casal gerou vinte e quatro filhos. A cidade de Tiririca, atualmente Itaguaçu da Bahia, teve origem nessa Fazenda.
Todos os filhos do casal se casaram com filhos dos colonos e dos agregados da própria fazenda, com os descendentes de Theobaldo José Miranda Pires de Carvalho, com filhos dos habitantes do arraial de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, com os filhos dos moradores da Ilha do Miradouro e das fazendas Pedras, Marrecas, Riacho Grande, São Domingos, Canabrava do Gonçalo, Olho d’Água do Gonçalo e Riacho de Areia e de outras localidades circunvizinhas, espalhando o sobrenome Pires de Carvalho por uma grande área.

V - Distrito de Iguira (antiga Marrecas)
Em 1763 o português Marçal Ferreira dos Santos desembarca em Salvador, solteiro e com grande fortuna. Tentando encontrar onde aplicá-la transferiu-se para cidade de Jacobina(BA), onde veio a tomar conhecimentos da abundância de terras situadas às margens do Rio São Francisco e que poderiam ser adquiridas a preços muito baixos.
Procurou os herdeiros de Garcia D’Ávila e de Antonio Guedes de Brito e deles adquiriu, do primeiro, uma ilha e do segundo uma grande área na margem direita do Rio São Francisco e ao norte da Faz. Praia, dando a Ilha o nome de "Fazenda Marrecas", pois jamais havia visto em sua vida quantidade tão grande dessa ave e ao imóvel em terra firme, o nome de Fazenda Riacho Grande.
Em 1766 deu início à construção da casa sede e dos currais das fazendas. Concluindo as obras e já instalado Marçal Ferreira dos Santos começou a procurar entre as moças da região, alguém para casar. Encontrou a jovem Josefa Ferreira de Brito, filha de Raimundo Ferreira de Brito e neta, pelo lado materno de Alberto Pires de Carvalho e Felicia Pires de carvalho, com quem se casou e tiveram 8 filhos..

OBS: Dados extraídos do livro “Senhor do Bonfim Bom Jesus de Chique-Chique (História de Chique-Chique)" de autoria do historiador e pesquisador Cassimiro Machado Neto

Foto Interessante: FINAL FELIZ


PORTO DE BARCAS EM XIQUEXIQUE (BA).

A cidade baiana de Xiquexique sempre se caracterizou por possuir um excelente porto natural e seguro para as embarcações que ali aportam, principalmente, nos dias de hoje, com o intenso movimento das barcas movidas a motor.
O nosso Lago Ipueira presta-se a esse tipo de serviço desde os tempos das barcas movidas a vela e a remo quando ali aportavam para receber as sacarias dos grãos e cereais produzidos no vale.
Mesmo quando as barcas chegam ao fim da vida após prestarem serviços por muitos anos, isso se transforma num FINAL FELIZ.
Obs.: Foto do fotógrafo xiquexiquense JOÃO MACHADO.







Pessoas que fizeram Xiquexique: João Batista Pacheco


JOÃO BATISTA PACHECO

João Pacheco, como é conhecido, não nasceu em Xiquexique, como muitos pensam, mas em Lençois (BA), no dia 23.06.1920, filho do Sr. Arthur José Pacheco e de D. Etelvina Lopes Marques. Ainda jovem, na década de 1940, João Pacheco mudou-se para Xiquexique, vinda da cidade de Gentio do Ouro, na Chapada Diamantina, onde exercia o ofício de alfaiate. Desde jovem apaixonado pelo futebol, João Pacheco, nos momentos de folga em que a alfaiataria lhe permitia dedicava-se à prática do esporte e tanto fez que no ano de 1940 fundou um time ao qual denominou "Vermelho e Preto Futebol Clube". Sempre atuando como zagueiro, defendou as cores do seu time durante vários anos até se mudar para Xiquexique, quando então o "Vermelho e Preto Futebol Clube", não conseguindo sobreviver, extingui-se.
Chegou em Xiquexique com o intuito de ganhar dinheiro como alfaiate e destacou-se como um dos melhores ou o melhor profissional da tesoura da região em face do excelente acabamento das suas confecções. Instalou a sua "tenda" numa das principais ruas do comércio de Xiquexique e durante muitos anos foi sempre requisitado pela elite da cidade que necessitava se apresentar trajando um terno bem feito e bem "assentado". Pela qualidade do seu trabalho João Pacheco sempre estava com a agenda cheia e a encomenda de uma roupa tinha que ser feita com uma certa antecedência principalmente nas datas festivas de Xiquexique. Mas, mesmo assoberbado de encomendas, João Pacheco não se descuidava da prática do futebol, sua paixão depois do ofício de alfaiate. Assim, nas horas vagas continuava a praticar o futebol vestindo a camisa de vários times locais, até que se decidiu fundar o "Clube Recreativo Flamengo", em setembro de 1952, contando com a ajuda de alguns xiquexiquenses, também aficcionados por aquele esporte. O "Flamengo" de Xiquexique desfrutou imensa popularidade em toda a região e durante mais de duas décadas liderou os times da cidade, em campeonatos locais e sempre era um clássico quando saia para jogos em outras cidades vizinhas. João Pacheco se casou com Margarida Miranda Silva, xiquexiquense e da união tiveram 5 filhos. Pelos relevantes serviços prestados ao esporte em Xiquexique, durante mais de 30 anos, a Câmara Municipal, por proposição do vereador João Guedes de Carvalho (1993-1997), concedeu a João Batista Pacheco o título de ‘Cidadão Xiquexiquense" .

Obs: Na foto que ilustra essa matéria, João Pacheco é o que está, discretamente, à esquerda, de calça e camisa.

Foto histórica: O VELHO VAPOR BARÃO DE COTEGIPE



O VAPOR BARÃO DE COTEGIPE ANCORADO

Foto bela e rara! O Vapor Barão de Cotegipe, carinhosamente chamado de "O BARÃO", dono do mais bonito apito que ecuou pelas barrancas do Velho Chico apresenta-se em plena atividade ancorado num dos inúmeros portos que costumava visitar durante as suas andanças. E, como se não bastasse e quisesses registrar a época da sua presença, ancorou atras de uma antiga barca de nome Minas Gerais, ainda movida a vela e vara.
O Barão de Cotegipe foi o vapor que mais deixou saudades nas barrancas do Rio São Francisco. Até hoje, os xiquexiquenses relembram, saudosamente, o som melodioso do seu apito. Quando apontava na curva do Canal do Guaxinim, que separa a Ilha do Gado Bravo da Ilha do Miradouro e onde começa o nosso Lago Ipueira, com destino ao porto de Xiquexique, o "Prático", da sua cabine de comando, acionava o apito do vapor para que toda a população da cidade tomasse conhecimento de que o "Barão" estava chegando. Era uma alegria geral com todos correndo em direção ao cais (naquela época ainda não existia o PAREDÃO), para assistir o vapor "encostar". Na saída, quando levantava âncora e já no meio do Lago Ipueira se encaminhando para adentrar o Rio São Francisco, seu habitat, o "Barão" emitia novo apito, desta vez com um timbre e uma frequência diferentes que o povo, ainda de pé e postado na beira do cais, entendia como de despedida ou de um até logo.

Intendentes e Prefeitos: Cel. Manoel Teixeira de Carvalho...


Intendente Manoel Teixeira de Carvalho
– 1928-1930


Mandato: 10 de abril de 1928-20 de novembro de 1930.
Presidente da República: Washington Luís Pereira de Sousa (15.11.1926-24.10.1930).
Junta Militar: Augusto Tasso Fragoso
João de Deus Mena Barreto e
José Isaías de Noronha (24.10.1930-03.11.1930).
Presidente Provisório da República: Getúlio Dornelles Vargas (03.11.1930-20.07.1934).
Governadores da Bahia: Vital Henrique Batista Soares (28.03.1928- 21.07.1930)
Frederico Augusto Rodrigues da Costa (21.07.1930-23.10.1930)
Custódio dos Reis Príncipe Júnio (24.10.1930-25.10.1930)
Ataliba Jacinto (25.10.1930-01.11.1930) e
Leopoldo Afrânio Bastos do Amaral (01.11.1930-18.02.1931).
Favorecido pela excelente administração feita no período de 1924 a 1928 o Cel. Manoel Teixeira de Carvalho foi escolhido pelos colegas Conselheiros para presidir por mais um quadriênio (1928-1932) a mesa diretora do Conselho Municipal, devendo, por isso, em conseqüência, continuar como Intendente nos próximos 4 anos.
Assim, no dia 10 de abril de 1928 o Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, pela terceira vez, tomou posse para mais um mandato no cargo de Intendente Municipal de Xiquexique, havendo se conduzido muito bem nas duas administrações anteriores, não obstante a crônica falta de recursos financeiros tanto municipais quanto estaduais.
Junto com o Cel. Intendente assumiram os seguintes cidadãos como Conselheiros Municipais: Cel. Francisco Xavier Guimarães, Cel. Francisco Dionísio dos Santos, Cel. Lithercílio Baptista da Rocha, Sr. Luis Alves Bessa, Cel. Manoel Antunes Bastos, Cel. Zoroastro Ferreira Lustosa. Em Sessão Especial assim ficou composta a mesa diretora do Conselho Municipal: Presidente: Cel. Manoel Teixeira de Carvalho; 1º Secretário: Cel. Manoel Antunes Bastos e 2º Secretário: Cel. Francisco Xavier Guimarães.
Para prestigiar ainda mais a administração do Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, foi nesse terceiro mandato que em 13 de junho de 1928, o então Governador da Bahia, Dr. Vital Henrique Batista Soares, assinou a Lei Estadual n° 2.082, outorgando o TÍTULO DE CIDADE A XIQUEXIQUE.
Deve aqui ser lembrado que o Município de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique foi criado no dia 06 de julho de 1832, por decreto assinado pelo Conselho Provincial da Bahia, desmembrando-o do município de Jacobina quando aconteceu a posse de sua primeira Câmara Municipal, composta por sete vereadores eleitos pela população. Naquela data (06.07.1832), não obstante a independência administrativa a sede municipal ficou sendo denominada de “Vila”, uma vez que, de acordo com a Constituição Imperial, todo município cuja sede tivesse menos de cinco mil habitantes ficaria com o título de “Vila”, até que passasse a ser habitada por mais de cinco mil moradores. Por isso é que Xiquexique somente recebeu o título de “Cidade”, 96 anos depois de sua emancipação política, ou seja em 13 de junho de 1928, ocasião em já era habitada por mais de 5.000 pessoas. Mas, é bom que se frise, era cidade desde 06.07.1832.
Em 1930 Júlio Prestes vence as eleições presidenciais mas, os militares alinhados com a candidatura oposicionista de Getúlio Vargas e João Pessoa, promovem um golpe de Estado no dia 24 de outubro de 1930 e tiram da presidência da República Washington Luís, empossando em seu lugar uma Junta Militar que, dez dias depois, passa a direção do País para Getúlio Vargas, que havia sido derrotado democraticamente por Júlio Prestes. Esse golpe de Estado causou uma mudança histórica na gestão do Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, forçando a saída dele da Intendência Municipal de Xiquexique em 1930, antes portanto do término previsto para o mandato.
Um Decreto Federal do mês de dezembro de 1930 editado por Getúlio Vargas, determinava que a expressão Intendente Municipal fosse substituída por Prefeito Municipal e que esse Governante fosse nomeado por livre escolha do Interventor Federal de cada Estado. Assim, o Cel. Manoel Teixeira de Carvalho foi o 18º e último Intendente de Xiquexique.
No entanto, nos dois anos em que exerceu a Intendência o Cel. Manoel Teixeira de Carvalho tomou as seguintes providências:
Amplia e reforça a equipe da área de arrecadação dos recursos e tributos municipais efetuando duas nomeações de peso e respeito para a função de agente arrecadador ou coletor municipal de impostos, tributos e taxas, representados pelos seguintes cidadãos: Virgílio Bessa, para o cargo de Coletor Municipal, com área de atuação na cidade e Francisco Marçal da Silva para atuar no distrito de Pedras, ao norte da sede municipal.
Junto com as nomeações o Intendente promove um curso de treinamento para todo os servidores da área tributária e financeira Municipal, aperfeiçoando a máquina de arrecadação.
Nas áreas imprescindíveis de saúde e educação o Cel. Manoel Teixeira de Carvalho manteve os ritmos e as prioridades dedicados em sua gestão anterior (1924-1928), sempre procurando atingir metas e objetivos mais elevados.
O povoado Canabrava do Gonçalo, atual UIBAÍ (BA), fundado em 1826 tinha evoluido consideravelmente e chegara o momento de se transformar num distrito do município de Xiquexique. Assim, no dia 25.06.1928, aprovado pelo Conselho Municipal o intendente municipal Cel. Manoel Teixeira de Carvalho sancionou a Lei Municipal nº 20, transformando a o povoado de Canabrava do Gonçalo, em distrito do município de Xiquexique, com direito a cartório e tabelionato, podendo registrar nascimentos, óbitos, fazer casamentos civis, reconhecer firmas, lavrar escrituras urbanas e rurais, enfim, desfrutar todas as regalias asseguradas pela Constituição Federal, Estadual e pela Lei Orgânica dos Municípios da Bahia. Essa decisão foi homologada em 08.08.1929 pelo governador Vital Henrique Batista Soares.
Eventos acontecidos na gestão do Cel Manoel Teixeira de Carvalho:
12 de agosto de 1928: Nasceu Orlando Carvalho, no povoado de Canabrava do Gonçalo – atual cidade de Uibaí –, município de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Marinho Pereira de Carvalho e de Carolina Pereira Negrão.
10 de outubro de 1928: Nasceu Zulmira Marçal da Silva, na vila de Marrecas – atual povoado de Velha Iguira –, município de Chique-Chique, estado da Bahia, filha de José Marçal da Silva e de Júlia Rosa da Silva. Zulmira Marçal da Silva
03 de dezembro de 1928: Nasceu Francisco Xavier, em Remanso, estado da Bahia, filho de Luiz Teixeira Guimarães e de Joana Torres da Silva. Francisco Xavier.
13 de dezembro de 1928: Nasceu Mariluza Morais Soares, na cidade de Xiquexique, estado da Bahia, filha de João Custódio de Morais e de Maria Azevedo Morais. Casou-se com Francisco Rodrigues Soares, no dia 13 de dezembro de 1951, no templo da Igreja Matriz Senhor do Bonfim.
23 de janeiro de 1929: Nasceu Dilton de Souza Nogueira, na cidade de Xiquexique, estado da Bahia, filho de Hermenegildo de Souza Nogueira e de Erotides Bessa Nogueira.
08 de junho de 1929: Nasceu Gasparino Chagas Barreto, em Gameleira do Açuruá, estado da Bahia, filho de Andarilho de Oliveira Barreto e de Lindaura Chagas Barreto.
03 de janeiro de 1930: Adão Moreira Bastos se casou com Olga Nogueira Bastos.
08 de abril de 1930: Nasceu Edson Avelino Oliveira, no povoado de Gentio do Ouro – atual cidade de Gentio do Ouro.
14 de julho de 1930: Nasceu Hélcio Bessa, na cidade de Xiquexique, estado da Bahia, filho de Rodrigo Alves Bessa e de Alexandrina Guimarães Bessa.



































– Capítulo XXXI–
O governador Vital Soares outorgou a Chique-Chique o título de ‘Cidade’
– 13 de junho de 1928 –

Vital Henrique Batista Soares foi o 16º governador da Bahia, sucedendo ao governador Francisco Marques Góes Calmon.
Vital Soares – como era mais conhecido – nasceu na cidade de Caetité, estado da Bahia. Diplomou-se pela Faculdade de Direito da Bahia, exercendo os seguintes cargos: promotor público da Comarca de Macaúbas, conselheiro municipal de Salvador, deputado federal duas vezes, senador federal, governador da Bahia e vice-presidente da República.
Aqui deve ser aberto um espaço para registrar que no dia 13 de junho de 1928, o então Governador da Bahia, Dr. Vital Henrique Batista Soares, assinou a Lei Estadual n° 2.082, outorgando o TÍTULO DE CIDADE A CHIQUE-CHIQUE.
A Fazenda Praia fundada em 1685 pelo judeu português e cristão novo Theobaldo José Miranda Pires de Carvalho e se tornou em 1700 no arraial de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, sendo emancipado politicamente e se tornando município e vila no dia 06 de julho de 1832 e se instalando oficialmente no dia 23 de outubro de 1834, com a posse dos sete vereadores que compunham sua primeira Câmara Municipal somente agora, 96 anos depois, recebe do governador da Bahia Vital Soares o título de Cidade.
Estava fechado um ciclo completo da história de Chique-Chique.
Quanto ao que foi feito do governador Vital Soares, o leitor terá a oportunidade de conferir nos tópicos seguintes.
Eleições presidenciais e a Revolução de 1930

Vital Soares governou a Bahia entre 28 de março de 1928 e 21 de julho de 1930, ou seja, apenas dois anos, três meses e vinte dias, pois renunciou ao cargo, para se candidatar a vice-presidente da República na chapa encabeçada pelo ex-governador de São Paulo Júlio Prestes.
Sucedem-se as eleições presidenciais, quebrando um paradigma nacional que a história denomina de política do café com leite, referindo-se à aliança da oligarquia de São Paulo (café) com a de Minas Gerias (leite), que funcionava desde 1894. Neste longo espaço histórico (1894-1930), praticamente, paulistas e mineiros somente se alternaram na presidência da República.
O paulista Washington Luís Pereira de Souza era presidente da República. Constitucionalmente o mandato do presidente Washington Luís começou no dia 15 de novembro de 1926 devendo terminar no dia 15 de novembro de 1930. O vice-presidente deste período era um político mineiro, Fernando de Melo Vieira.
Em março do ano de 1930, de acordo com a Constituição Federal que estava em vigor, haveria eleição presidencial.
Pelo acordo entre paulistas e mineiros, o candidato a encabeçar a chapa seria mineiro e o vice seria paulista. Todavia, os paulistas surpreenderam os mineiros e quebraram o acordo, apresentando o nome de Júlio Prestes, ex-governador de São Paulo.
Os mineiros não concordaram, havendo a ruptura do acordo, depois de trinta e seis anos, vindo a formar uma aliança com o Rio Grande do Sul.
As eleições presidenciais de 1930 apresentaram frente a frente duas chapas: na primeira, o candidato a presidente era o paulista Júlio Prestes, tendo como vice o baiano Vital Soares; na segunda chapa o candidato a presidente era o gaúcho Getúlio Vargas, e Minas Gerais – para obter maior apoio de outras unidades federativas – abriu mão da vaga de vice e apresentou o paraibano João Pessoa.
Chega o mês de março de 1930, data da eleição, quando as urnas são apuradas a chapa do paulista Júlio Prestes com o baiano Vital Soares se consagra vencedora. Pela norma constitucional a posse de Júlio Prestes e Vital Soares seria no dia 15 de novembro de 1930.
Entretanto, no dia 24 de outubro de 1930 acontece a revolução que depôs o presidente da República Washington Luís, assumindo, inicialmente uma junta militar, que, que dias depois, transferiu o poder para o gaúcho Getúlio Vargas, garantindo-se que seria um governo provisório, havendo a promessa da retomada do processo democrático em pouco tempo. Quem ainda está se lembrando dos fatos históricos deste período vai se lembrar de que Getúlio Vargas, usando de inúmeras estratégias continuístas de discricionárias, acabou por permanecer por mais de quinze anos na chefia do poder.
Sobre o período, uma boa leitura descrevendo os fatos transcorridos naqueles dias, ajuda a melhor compreender o que de fato aconteceu.
Compulsando a obra Cartilha Histórica da Bahia, dos pesquisadores Agenor Bandeira de Melo e Sílvio Batalha, colhe-se maior entendermos sobre o desfecho deste fato:
A decisão do presidente Washington Luís, ex-governador de São Paulo, em impor à sua sucessão a candidatura do governador paulista Júlio Prestes quebrou a praxe do rodízio com Minas Gerais e gerou um conflito político, denominado de crise do café com leite.
Com isso, o Rio Grande do Sul vislumbrou a oportunidade de ter um candidato ao pleito presidencial. Surgiu então a Aliança Liberal, uma chapa encabeçada pelo governador gaúcho Getúlio Vargas tendo como vice um nordestino, o governador da Paraíba João Pessoa. Em represália pela ruptura do pacto do café com leite Minas Gerias apoiou a oposição, fortalecendo-a de forma extraordinária.
Porém, a Aliança Liberal foi derrotada pela chapa governista, que tinha como candidato à vice-presidência o governador da Bahia Vital Soares. Uma chuva de protestos desabou sobre a vitória de Júlio Prestes, cuja posse deveria ocorrer em 15 de novembro de 1930. Agigantaram-se as denúncias de que as eleições teriam sido fraudadas pelas oligarquias que controlavam a máquina eleitoral.
No burburinho da agitação João Pessoa foi assassinado no Recife, aparentemente sem nenhuma motivação política. Mas os opositores do presidente eleito fizeram do crime uma bandeira conspiratória. Sob o comando do governador do Rio Grande do Sul, em 3 de outubro a revolução irrompeu em Porto Alegre e Belo Horizonte. Exatamente um mês depois Getúlio Vargas assumiu o governo dopais, pondo um fim na República Velha.
Começava a Era Vargas.
Outra leitura que se pode fazer está na página 28 do Almanaque Abril 1983, sob o título Revolução de 1930. Vale a pena uma olhada:
A grande depressão mundial, desencadeada pelo “crack” da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, veio colaborar, no Brasil, para o agravamento de um estado geral de insatisfação já existente: trabalhadores e classe média viviam num clima de instabilidade, pelo fato do sistema político existente não atender mais às necessidades do ainda incipiente desenvolvimento industrial capitalista. Dominava o país uma oligarquia agrária e latifundiária. A ‘política do café com leite’ fazia alternarem-se no poder, desde 1894, o Partido Republicano Paulista e o Partido Republicano Mineiro, representando os interesses agrários dominantes no país. A indicação de Júlio Prestes (PRP) para a sucessão de Washington Luís provocou a reação do Rio Grande do Sul, Paraíba e Minas Gerais, que se uniram na Aliança Liberal, indicando Getúlio Vargas e João Pessoa como seus candidatos. A Aliança, através de intensa campanha, conseguiu a adesão das massas urbanas; mas a máquina eleitoral do governo, apoiada pelos “coronéis” da oligarquia agrária, conseguiu eleger Júlio Prestes, a 1/3/1930.A 3/10, após intensa conspiração na qual tiveram destacado papel os “tenentes” das revoltas da década de 20, eclodiu no Rio Grande do Sul, em Minas Gerais e no Nordeste o movimento que colocaria Getúlio Vargas no poder. Dois dias depois, o Rio Grande do Sul estava sob controle revolucionário. No dia 05, uma coluna partiu para Santa Catarina e Paraná, e outra avançou para o norte, pela Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande. Em Minas, os rebeldes conseguiram dominar Belo Horizonte em cinco dias.No Nordeste o movimento iniciou-se no dia 04. A primeira tentativa de tomar Recife frustrou-se, mas a cidade foi dominada por Juarez Távora, líder da rebelião nordestina, que conseguira reforços na Paraíba. Nos demais Estados do Nordeste quase não houve resistência. No dia 14, tropas mineiras invadiram o Espírito Santo. Maior resistência foi encontrada em São Paulo, Bahia, Pará e Rio de Janeiro. No entanto, na madrugada do dia 24, os generais João de Deus Mena Barreto, José Fernandes Leitão de Castro, Firmino Borba, Pantaleão Teles Ferreira e outros intimaram o presidente da República a deixar o posto, ordenando a cessação de fogo a todos os comandos. As forças revolucionárias entraram no Rio de Janeiro. Uma Junta Militar formada por Tasso Fragoso, Mena Barreto e Isaías Noronha assumiu o poder e o manteve até 3/11/1930, quando ele foi transferido para Getúlio Vargas.
A Era Vargas durou quase quinze longos anos – de 03 de novembro de 1930 a 29 de outubro de 1945.
De Intendente a Prefeito nomeado

Um Decreto Federal do mês de dezembro de 1930 determinou que a expressão Intendente Municipal seja substituída por Prefeito Municipal e que seja nomeado por livre escolha do Interventor Federal do estado da Bahia.





















– C r o n o l o g i a –

***13 de junho de 1928: O governador da Bahia Vital Henrique Batista Soares sancionou a Lei Estadual n° 2.082 que concedeu a Chique-Chique o título de ‘Cidade’. Recorde-se que o Município e a Vila de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique foi criado no dia 06 de julho de 1832, por decreto assinado pelo Conselho Provincial da Bahia, desmembrando-o do município de Jacobina. Naquela data (06 de julho de 1832) a sede municipal ficou sendo de denominada de ‘Vila’, uma vez que, de acordo com a Constituição Imperial, de 25 de março de 1824, todo município cuja sede tivesse menos de cinco habitantes ficaria com o título de ‘Vila’, até que passasse a ser habitada por mais de cinco mil moradores. A instalação do novo município aconteceu no dia 23 de outubro de 1834, quando aconteceu a posse de sua primeira Câmara Municipal, composta por sete vereadores eleitos pela população. A sede municipal de Chique-Chique somente recebeu o título de ‘Cidade’ noventa e seis anos depois de sua emancipação, a partir do dia 13 de junho de 1928, quando o governador da Bahia Vital Henrique Batista Soares assinou a Lei Estadual nº 2082 outorgando-lhe este título, porque a sede municipal era já habitada por mais de cinco mil moradores, como também determinava a Constituição Republicana, sancionada pelo presidente Deodoro da Fonseca, em 24 de fevereiro de 1891.
***25 de junho de 1928: O Intendente Municipal de Chique-Chique coronel Manoel Teixeira de Carvalho sancionou a Lei Municipal n° 20 que transforma o povoado de Canabrava do Gonçalo em distrito.
***25 de julho de 1928: Nasceu Fábio de Carvalho Rocha, no povoado de Canabrava do Gonçalo – atual cidade de Uibaí, que somente no ano de 1929 se tornou distrito do município de Chique-Chique –, distrito de Tiririca de Luizinho, município de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Isaque de Carvalho Rocha de Maria Messias de Carvalho. Fábio, pelo lado paterno, é descendente do judeu-português e cristão-novo Alberto Pires de Carvalho e da índia tapuia Felícia Pires de Carvalho, fundadores, no ano de 1725, da Fazenda Tiririca – atual cidade de Itaguaçu da Bahia. Também, ainda pelo lado paterno, Fábio é descendente de Venceslau Pereira Machado e de Francisca Pereira Machado, fundadores, no ano de 1826, da Fazenda Canabrava do Gonçalo – atual cidade de Uibaí – município de Chique-Chique, estado da Bahia. Obviamente, pelo que foi escrito acima, Fábio, conseqüentemente, ainda pelo lado paterno, é descendente do judeu-português e cristão-novo José Pereira Machado da Rocha e da ex-escrava Maria Pereira Machado da Rocha, fundadores, no ano de 1780, da Fazenda São Domingos, localizada na Serra do Açuruá, entre os povoados de São José do Torneado e de Brumado de Santa Maria – atual vila de Ibitunane, município de Gentio do Ouro, estado da Bahia. Fábio estudou o equivalente ao curso primário, em sua comunidade, como professoras-leigas, como Cassimira Maria Machado. Com uma privilegiada aprendeu mais do que o suficiente para ler muito bem, escrever e fazer cálculos aritméticos. Transferiu a residência para Chique-Chique, principalmente para dar aos filhos a oportunidade de estudos mais aprimorados. Em Chique-Chique, Fábio foi nomeado suplente de Juiz de Paz da sede municipal. Fábio sempre trabalhou por conta própria, estabelecendo-se no comércio. Fábio de Carvalho Rocha se casou com Josefa Carvalho Machado, no dia 13 de setembro de 1944, na vila de Uibaí – a antiga Fazenda Canabrava do Gonçalo, fundada no ano de 1826 por Venceslau Pereira Machado, havia evoluído e se tornado um povoado razoável, ganhando (em 1929) a condição de distrito, tendo o nome mudado para Uibaí (em 1938) – município de Chique-Chique. O casamento foi celebrado pelo padre José de Oliveira Bastos. O casal teve sete filhos: Moacir, Tompson Robério, Antonio Fábio, Luiz Humberto, André e Gisalda.
***12 de agosto de 1928: Nasceu Orlando Carvalho, no povoado de Canabrava do Gonçalo – atual cidade de Uibaí –, município de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Marinho Pereira de Carvalho e de Carolina Pereira Negrão. Pelo lado do avô paterno, Orlando Carvalho é descendente de Venceslau Pereira Machado e de sua esposa Francisca Pereira Machado, fundadores, no ano de 1826, da Fazenda Canabrava do Gonçalo – atual cidade de Uibaí – município de Chique-Chique, estado da Bahia e conseqüentemente de seus pais, ou seja, do judeu-português e cristão-novo José Pereira Machado da Rocha e da ex-escrava Maria Pereira Machado da Rocha, fundadores, no ano de 1780, da Fazenda São Domingos, localizada na Serra do Açuruá, entre os povoados de São José do Torneado e de Brumado de Santa Maria – atual vila de Ibitunane, município de Gentio do Ouro, estado da Bahia. Também, pela sua avó paterna, Orlando Carvalho é descendente do judeu-português e cristão-novo Alberto Pires de Carvalho e da índia tapuia Felícia Pires de Carvalho, fundadores, no ano de 1725, da Fazenda Tiririca, atual cidade de Itaguaçu da Bahia. Entre tantas atividades profissionais exercidas por Orlando Carvalho, sempre se sobressaiu como empresário da indústria de torrefação de café.
***07 de outubro de 1928: Nasceu Manoel Rodrigues Santana, em Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Domingos Rodrigues Santana e de Maria da Paz Rodrigues. As dificuldades e as circunstâncias na infância e adolescência de Manoel Rodrigues Santana o impediram de estudar o curso primário, contudo aprendeu a ler, escrever e efetuar cálculos aritméticos. Manoel Rodrigues Santana abraçou a carreira de lavrador. Manoel Rodrigues Santana esteve por muitos anos morando e trabalhando em outras cidades, de outros estados. Manoel Rodrigues Santana se casou com Eleite Pereira Santana, no dia 20 de julho de 1955, na cidade de Mateira, estado de Goiás. O casal teve três filhos: Elisabete Pereira Santana, Elisete Pereira Santana e João Pereira Santana.
***10 de outubro de 1928: Nasceu Zulmira Marçal da Silva, na vila de Marrecas – atual povoado de Velha Iguira –, município de Chique-Chique, estado da Bahia, filha de José Marçal da Silva e de Júlia Rosa da Silva. Zulmira Marçal da Silva – ou ‘Zu’, como os familiares e os amigos próximos a chamam carinhosamente –, é descendente do judeu-português e cristão-novo Marçal Ferreira dos Santos e de Josefa Ferreira de Brito. Josefa Ferreira de Brito era neta de Alberto Pires de Carvalho e da índia tapuia Felícia Pires de Carvalho, fundadores, no ano de 1765, das Fazendas Marrecas e Riacho Grande –, que, a partir do dia 06 de julho de 1832, passaram a fazer parte do município de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, província da Bahia. Entre os irmãos de Zulmira Marçal da Silva estavam Francisco Marçal da silva, prefeito municipal de Chique-Chique, entre 1959 e 1963 e Aristóteles Marçal da Silva, vereador da Câmara Municipal de Chique-Chique, na legislatura 1959-1963. Em sua infância, adolescência a juventude, Zu não teve fartura de instituições de ensino para estudar. Contudo, a vila de Marrecas teve uma Escola Isolada, mantida pelo município, com uma professora leiga, que preparou sua geração ao nível ou mais do que o atual ensino primário. Era uma educação bastante expressiva. Entre as muitas ocupações profissionais que Zu exerceu estão: oficial do Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais da vila de Marrecas, auxiliar administrativa da Coletoria Estadual de Chique-Chique, datilógrafa da Prefeitura Municipal de Chique-Chique, tesoureira da Prefeitura Municipal de Chique-Chique, durante a administração do prefeito José Peregrino de Souza – Cazuzão –, entre 1955 e 1959 e auxiliar operacional de laboratório clínico. Zulmira Marçal da Silva se aposentou no dia 28 de novembro de 1978.
***22 de outubro de 1928: Nasceu Romildo de Lima Miranda, na cidade de Mundo Novo, estado da Bahia, filho de Torquato Marcelino de Miranda e de Joana de Lima Miranda. ‘Formí’, como os colegas de escola o apelidaram, fez o curso primário na Escola José Carlos da Mota, em sua cidade natal. O curso ginasial Formí estudou no Colégio Carneiro Ribeiro, na cidade do Salvador, capital do estado da Bahia. Ainda na cidade de Salvador Formí fez o curso colegial e o curso de Bacharel em Ciências Contábeis, ingressando no serviço público estadual, através de concurso, sendo lotado na secretaria estadual da fazendo, na função de auditor fiscal. Fez uma rápida incursão na política, sendo eleito vereador no município de Mundo Novo. Empolgou e desejou ir além, candidatando-se a prefeito. Perdeu por seis votos de diferença. Depois dessa experiência negativa desistiu definitivamente da carreira política. Romildo de Lima Miranda é artista, na área de talhador, fazendo peças para decoração de ambientes.
***03 de dezembro de 1928: Nasceu Francisco Xavier, em Remanso, estado da Bahia, filho de Luiz Teixeira Guimarães e de Joana Torres da Silva. Francisco Xavier – que a família e os amigos chamam de ‘Francisquinho’ – teve raras oportunidades de realizar estudos formais mais adiantados, não chegando a completar o curso primário. Ele estava ainda na juventude quando escolheu a cidade de Chique-Chique, estado da Bahia, para residir e trabalhar. Francisquinho tem exercido várias profissões: cabeleireiro, funcionário público federal da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT –, na qual se aposentou no dia 19 de junho de 1990 e comerciante. Francisco Xavier se tornou crente evangélico Batista ainda jovem, alguns anos após estar residindo em Chique-Chique, fazendo parte do primeiro grupo de convertidos na primeira década de existência da 1ª Igreja Batista de Chique-Chique, a qual havia sido organizada no dia 15 de novembro de 1951. No final da década de 1970, em função de desentendimentos internos, solicitou carta demissória da 1ª Igreja Batista de Chique-Chique para a 1ª Igreja Batista da cidade de Central, estado da Bahia, na época liderada pelo pastor Nemésio Pereira Machado. A atitude de sair tomada por Francisquinho foi seguida por quase uma dezena de outros crentes. Ato contínuo, Francisco Xavier decidiu inaugurar, no dia 16 de maio de 1978, uma missão evangelizadora em um espaço anexo a sua residência, que recebeu o apoio e o patrocínio da 1ª Igreja Batista de Central, a qual dava assistência pastoral sistemática ao novo trabalho através do pastor Nemésio Pereira Machado. Houve uma evolução neste trabalho, que resultou na organização formal, jurídica e denominacional, da Igreja Batista Filhos de Sião, no dia 10 de julho de 1980, sendo o concílio organizador presidido pelo pastor Nemésio Machado. Francisco Xavier se casou com Glades Carvalho Xavier, em Chique-Chique, no dia 22 de agosto de 1953. O casal teve nove filhos, todos do sexo masculino: Francilon Carvalho Xavier, Tony Carvalho Xavier, Francisco Xavier Filho, Maurício Carvalho Xavier, Vladimir Carvalho Xavier, David Carvalho Xavier, Misael Carvalho Xavier, João Luiz Carvalho Xavier e James Carvalho Xavier.
***13 de dezembro de 1928: Nasceu Mariluza Morais Soares, na cidade de Chique-Chique, estado da Bahia, filha de João Custódio de Morais e de Maria Azevedo Morais. Há muitos anos Mariluza é comerciante. Mariluza Morais Soares se casou com Francisco Rodrigues Soares, no dia 13 de dezembro de 1951, no templo da Igreja Matriz Senhor do Bonfim, na cidade de Chique-Chique. O casal teve três filhos: Luzia Soares Bastos, Antonio Henrique Morais Soares e Gilvanete Pereira de Morais Soares.
***23 de dezembro de 1928: Nasceu Agenor Sant’Ana, na cidade de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Euclides Sant’Ana e de Maria Alves Magalhães. Quando adolescente estudou apenas o suficiente para aprender a ler, escrever o próprio nome e efetuar cálculos simples de aritmética. Na juventude residiu no interior do estado do Paraná, onde trabalhou na agricultura. Agenor Sant’Ana se casou com Flora Pereira Sant’Ana, no dia 28 de setembro de 1957, na cidade de Alvorada do Sul, estado do Paraná. O casal teve sete filhos: Ana Aldelice, Manoel Messias, Idalice, Marly, Ronílson, Márcio e Alexandrina. Retornando a terra natal, Agenor recomeçou a vida como pescador, até juntou um capital e adquirir uma barca, com a qual fazia viagens comerciais em inúmeros portos do curso médio do Rio São Francisco e dos afluentes Rio Grande, Rio Preto e Rio Corrente.
***24 de dezembro de 1928: Nasceu Pedro Coelho da Silva, no município de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Francisco Coelho da Silva e de Ana Ribeiro Gomes. Pedro Coelho da Silva estudou até a 4ª série do curso primário, em escolas leigas, tendo entre suas professoras Rosa Baraúna Bahia e Maria Sinforosa. Sem perspectivas de continuas estudando, pois a cidade de Chique-Chique ainda não dispunha de escola que tivesse o curso ginasial e as condições econômicas da família não lhe permitiam ir estudar em outras cidades que dispunham de escolas com cursos mais adiantados, coube a Pedro Coelho da Silva ingressar no mercado de trabalho. A atividade comum para a maioria da população era a pesca profissional. No ano de 1943, seguindo os passos do próprio genitor, aos quinze anos de idade, Pedro Coelho da Silva começou a trabalhar como pescador. Os lugares onde trabalhou mais intensamente foram a Lagoa de Itaparica, as lagoas localizadas na região dos rios que formam a bacia hidrográfica de Barreiras, além da represa do Lago de Sobradinho. Pedro Coelho da Silva se casou com Maria Madalena Ramos da Silva. O casal teve quatro filhos: Domingos Ramos da Silva, Maria Coelho da Silva, Carlos Coelho da Silva e Vanda Coelho da Silva.
***23 de janeiro de 1929: Nasceu Dilton de Souza Nogueira, na cidade de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Hermenegildo de Souza Nogueira e de Erotides Bessa Nogueira. O coronel Hermenegildo de Souza Nogueira, além de exercer as atividades de comerciante, agricultor e fazendeiro, também foi político atuante, sendo, em pelo menos dois exercícios, membro do Conselho Municipal de Chique-Chique: 1916-1920 e 1924-1928. No caso específico de Dilton, ele fez o curso clássico, na cidade do Salvador, capital da Bahia e, depois se graduou no curso superior de Ciências Contábeis. Ao retornar a sua terra natal decidiu ser agricultor e fazendeiro Dilton de Souza Nogueiras se casou com Letícia Figueiredo Nogueira. O casal teve três filhos: Welington Figueiredo Nogueira, Sérgio Luiz Figueiredo Nogueira e Mara Cristiane Figueiredo Nogueira.
***19 de março de 1929: Nasceu José Rodrigues de Melo, na cidade de Arapiraca, estado de Alagoas, filho de Manoel Rodrigues de Melo e de Inês da Conceição. Estudou parte do curso primário, em sua cidade natal. O que aprendeu lhe foi suficiente para ler, escrever e efetuar as quatro operações comuns da Aritmética. Atribui ao destino ter fixado residência na cidade de Chique-Chique, estado da Bahia, onde se tornou servidor público municipal, havendo se tornado eletricista e trabalhado com a caldeira a lenha que abastecia de eletricidade a cidade. Posteriormente, quando da introdução (em 1951) do motor diesel, permaneceu trabalhando no mesmo setor de iluminação público. Quando (no dia 24 de dezembro de 1968) o prefeito municipal de Chique-Chique José Barbosa e Silva (1967-1971) criou o Serviço Público Telefônico Municipal de Chique-Chique, José Rodrigues de Melo foi transferido para trabalhar neste setor. José Rodrigues de Melo se casou com Isabel da Silva Melo, no dia 17 de outubro de 1961, na cidade de Chique-Chique. O casal teve os seguintes filhos: Valda Rodrigues de Melo, Flávio Rodrigues de Melo, Everaldo Rodrigues de Melo, Aloísio Rodrigues de Melo, Jose Rodrigues de Melo Filho, Juarez Rodrigues de Melo, Vera Lúcia Rodrigues de Melo e Rubinário Rodrigues de Melo.
***16 de abril de 1929: Salomão de Magalhães Costa se casou com Ricardina Rodrigues Costa. O casal teve dois filhos: Marta e Sebastião, os quais se formaram bacharéis em Direito.
***08 de junho de 1929: Nasceu Gasparino Chagas Barreto, em Gameleira do Açuruá, estado da Bahia, filho de Andarilho de Oliveira Barreto e de Lindaura Chagas Barreto. Gasparino estudou o curso primário em Gameleira do Açuruá, sendo seu professor José Rodolfo de Lacerda. Teve a oportunidade de estudar até a 5ª série, em Chique-Chique, com o professor Virgílio Alves Bessa. Mas, parou aí e foi trabalhar, em sua terra natal. Gasparino se casou, no dia 26 de julho de 1952, com Guiomar Chagas Barreto, na localidade de Iguitu, município de Santo Inácio, estado da Bahia. O casal teve quatro filhos: Irineia Chagas Barreto, Irinete Chagas Barreto, Iran Chagas Barreto e Lindaura Chagas Barreto.
***27 de agosto de 1929: Nasceu Ézio de Almeida Pinto, no povoado de Bom Jardim – atual cidade de Ibotirama –, município de Paratinga, estado da Bahia, filho de Martinho Pinto e de Lindolfina de Almeida Pinto. Ézio começou seus estudos na escola particular da professora Estela Rocha Novaes, que funcionava na própria residência da professora, em sua terra natal. Até completar a 3ª série primária, foi assim, acrescentando-se ainda que também foi sua professora Francisca da Rocha Novais. Posteriormente, a família de Ézio o matriculou no Ginásio São João, na cidade de Januária, estado de Minas Gerais, onde ele fez até metade do curso ginasial, indo, em seguida, para a cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Geris, concluindo seu curso na Escola Técnica de Comércio. Neste mesmo estabelecimento, em 1956, Ézio fez o curso Técnico em Contabilidade. A partir do ano do dia 22 de abril de 1960 se tornou auditor-fiscal da secretaria estadual da Fazenda da Bahia. Entre tantas cidades em que Ézio trabalhou está Chique-Chique. Ézio de Almeida Pinto se casou com Francisca Avelino Pinto.O casal teve três filhos: Alba Valéria, João Ricardo e Daniela.
***18 de outubro de 1929: Nasceu Francisco Gomes de Oliveira, em Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Júlio Gomes de Oliveira e de Antonia Alves de Carvalho. Pelo lado materno, ‘Joio’ – como os familiares e os amigos o chamam – é descendente do judeu-português e cristão-novo Alberto Pires de Carvalho e da índia tapuia Felícia Pires de Carvalho, fundadores, no ano de 1725, da Fazenda Tiririca – atual cidade de Itaguaçu da Bahia. Joio praticamente não estudou, porque concluiu somente a 1ª série, em escolas particulares de professora leiga, em Chique-Chique. Sua escola foi o trabalho, começando cedo, a ir a luta em busca do sustento, juntamente com os pais. Abraçou a carreira de pescador, conhecendo tudo deste ofício, sabendo trabalhar em mangue fundo, na ipueira, no leito fundo rio e nas represas. Francisco Gomes de Oliveira se casou com Aurelina dos Santos, em Chique-Chique. O casal tem cinco filhos: Carleide, Aguinaldo, Cristiana, Antonia e Carlene.
***30 de outubro de 1929: Nasceu Vandete Pereira Machado, na Fazenda Forquilha, distrito de Tiririca de Luizinho, município de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Cassimiro Pereira Machado e de Rita Maria Nunes Machado. Pelo lado paterno, Vandete Pereira Machado é descendente de Venceslau Pereira Machado e de sua esposa Francisca Pereira Machado, fundadores, no ano de 1826, da Fazenda Canabrava do Gonçalo – atual cidade de Uibaí – município de Chique-Chique, estado da Bahia e conseqüentemente de seus pais, ou seja, do judeu-português e cristão-novo José Pereira Machado da Rocha e da ex-escrava Maria Pereira Machado da Rocha, fundadores, no ano de 1780, da Fazenda São Domingos, localizada na Serra do Açuruá, entre os povoados de São José do Torneado e de Brumado de Santa Maria – atual vila de Ibitunane, município de Gentio do Ouro, estado da Bahia. Pelo lado materno, Vandete Pereira Machado é descendente dos cearenses Joaquim Nunes de Santana e Francisca Maria Nunes que, no ano de 1871, fundaram a Fazenda Forquilha, localizada no sopé da Serra das Laranjeiras, escarpa da Chapada Diamantina, no município de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, província da Bahia. Na adolescência, Vandete Pereira Machado foi encaminhado pelos pais, desde a Fazenda Forquilha, para a casa da avó paterna Perpétua Maria Machado, localizada na vila de Canabrava do Gonçalo – atual cidade de Uibaí –, município de Chique-Chique, para aprender a ler, escrever e fazer as operações aritméticas na escola da professora leiga Cassimira Maria Machado. Ao completar dezoito anos de idade, em 1947, Vandete emigrou (inicialmente) para a cidade de São Paulo, capital do estado de São Paulo, tendo como companheiros dois de seus irmãos – Romão Cassimiro Machado e Antonio Cassimiro Machado. Depois de trabalhar algum tempo na cidade de São Paulo, Vandete Pereira Machado resolveu ir tentar a vida e trabalhar alguns anos na cidade de São José dos Pinhais, estado do Paraná. Na cidade paranaense Vandete Pereira Machado trabalhou de balconista nas Casas Pernambucanas. Vandete Pereira Machado se casou com Raulina Alves Machado, no dia 19 de janeiro de 1959, na cidade de Curitiba, estado do Paraná. Raulina Alves Machado era natural da cidade de Rio Negrinho, estado de Santa Catarina. O casal teve os seguintes filhos: Walter, Vanda, Valdir, Valmir, Vanja, Vânia, Rosângela e Roseli. No início da década de 1960 Vandete reuniu a família e fez a viagem de volta a Bahia, indo residir na velha Fazenda Forquilha, perto dos pais já bastante envelhecidos. No ano de 1979 – a mãe Rita Maria Nunes Machado havia falecido – Vandete retornou a São Paulo, levando consigo toda a sua prole. No dia 19 de junho de 1995 Raulina Alves Machado faleceu, na cidade de Poá, região metropolitana de São Paulo, ficando Vandete viúvo rodeado por todos os filhos e – agora também – genros, noras e netos.
***02 de janeiro de 1930: Nasceu Antonio de Souza Nogueira, no distrito de Marrecas – atualmente Iguira Velha –, município de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Antonio de Souza Nogueira e de Mariana Nogueira. Antonio teve oportunidade de estudar até a 4ª série primária, na Escola Particular da professora-leiga Renê, localizada na vila de Marrecas. Entretanto, a necessidade de trabalhar para contribuir com o sustento da família, fez Antonio partir para a agricultura e para a pescaria. Acabou se tornando mais pescador do que agricultor. Antonio de Souza Nogueira se casou com Valdívia Alves Nogueira. O casal tem dois filhos: Valter Alves Nogueira e Vanderley Alves Nogueira.
***03 de janeiro de 1930: Adão Moreira Bastos se casou com Olga Nogueira Bastos, na cidade de Chique-Chique, estado da Bahia.
***09 de março de 1930: Nasceu Pedrito de Queiroz Rocha, na Fazenda Carnaúba, município de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Pedro de Freitas Rocha e de Maria Amanda de Queiroz Rocha. Quando Pedrito de Queiroz Rocha – ou, apenas, ‘Pedrito’, como os familiares e os amigos mais próximos preferiam chamá-lo – estava fazendo sete anos de idade os pais o matricularam em Escola Isolada, na sede municipal de Chique-Chique, quando ele foi muito alfabetizado. No ano seguinte, em 1938, quando começou a funcionar o curso primário no prédio das Escolas Reunidas César Zama – que havia sido inaugurado no dia 07 de setembro de 1937 – Pedrito foi matriculado na 1ª série, estudando nesta unidade escolar até concluir o curso primário. Mas, seu ânimo era voltado pelas atividades da fazenda da família e decidiu que não desejava mais estudar, havendo se habilitado muito bem em leitura, escrita e as operações básicas da aritmética. Pedro de Queiroz Rocha se casou com Anália Marques Rocha. O casal teve dois filhos: Luciana Marques Rocha e Pedro de Freitas Rocha Neto. Pedrito de Queiroz Rocha faleceu no dia 30 de setembro de 2009, aos 79 anos de idade, na cidade do Recife, capital do estado de Pernambuco, onde seu corpo foi sepultado.
***24 de março de 1930: Nasceu Messias Mouzinho Feitoza, no povoado de Utinga, município de Chique-Chique, estado da Bahia, filha de Joaquim Xavier Mouzinho e de Hormezinda de Jesus Feitoza. Com poucas chances de estudar, Messias Mouzinho Feitoza, por orientação de seus pais, aprendeu prendas domésticas, habilitando-se para ser uma excelente dona-de-casa. Messias Mouzinho Feitoza se casou com José Marques Feitoza, em Chique-Chique. O casal teve os seguintes filhos: Josemício Marques Feitoza, Vilney Marques Feitosa, Vanda Marques Feitoza, Eufrásia Marques Feitoza, Josecino Marques Feitoza, Sortinês Marques Feitoza, Agamenon Marques Feitoza, Josenilson Marques Feitoza e Gilmar Marques Feitoza.
***08 de abril de 1930: Nasceu Edson Avelino Oliveira, no povoado de Gentio do Ouro – atual cidade de Gentio do Ouro – município de Açuruá, estado da Bahia, filho de Corino Oliveira e de Arminda Avelino Oliveira. Estudou o curso primário em sua terra, em escolas leigas particulares, começando em seguida a se dedicar ao trabalho, ao lado dos pais. Depois dos vinte anos de idade se mudou para a cidade de Chique-Chique, estado da Bahia, trabalhando como empregado e fazendo economia para estabelecer seu próprio negócio. Em 1964 inaugurou sua casa comercial, em um dos pontos mais cobiçados pelos negociantes da época. Edson Avelino Oliveira se casou com Nilva Pereira Oliveira. O casal teve quatro filhos: Rui, Ruidécio, Reidilson e Washington. Edson Avelino Oliveira faleceu prematuramente, no dia 08 de agosto de 1973, em Chique-Chique.
***30 de maio de 1930: Nasceu Pedro Feitosa, na cidade de Remanso, da Bahia, filho de Arquias Feitosa e de Maria dos Santos Feitosa. Aprendeu a ler através da Bíblia Sagrada, ocasião em que se converteu ao Evangelho, tornando-se membro da Igreja Evangélica Cristo é a Resposta e, posteriormente, foi ordenado ao Ministério Pastoral. Na juventude se transferiu para a cidade de Chique-Chique, estado da Bahia. Na cidade de Chique-Chique Pedro Feitosa se casou com Nair Rocha Feitosa, no dia 23 de agosto de 1957, sendo a cerimônia civil celebrada por João da Lapa Araújo, oficial do Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais da Comarca de Chique-Chique. O casal teve oito filhos: Adeblando, Suely, Pedro Feitosa Filho, Neuracy, Rivelino, Vilma, Ademir e Neusa.
***14 de julho de 1930: Nasceu Hélcio Bessa, na cidade de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Rodrigo Alves Bessa e de Alexandrina Guimarães Bessa. Hélcio Bessa – ou, simplesmente ‘Hélcio’ (e, a partir do final do ano de 1954, quando se formou em medicina, ‘Doutor Hélcio’), como os amigos o chamavam –, fez o curso Primário no prédio das Escolas Reunidas César Zama (atualmente Escola Municipal César Zama), localizada na pródiga Avenida Doutor José Joaquim Seabra, esquina com a Rua Rosa Baraúna, região central da cidade de Chique-Chique. O prédio das Escolas Reunidas César Zama, inaugurado no dia 07 de setembro de 1937, foi o primeiro imóvel construído em Chique-Chique com a finalidade específica de abrigar uma escola. Anteriormente, todas as escolas que existiram em Chique-Chique, desde o século XIX, funcionavam de forma improvisada nas salas das residências dos próprios professores. Nesse prédio escolar, Hélcio foi aluno da professora Honesinda Teixeira da Rocha, sua mestra preferida. Hélcio ainda estava no início da adolescência quando descobriu uma das paixões de sua vida: o futebol. Além de ter se tornado, em Chique-Chique e região, o maior torcedor do Botafogo de Futebol e Regatas, da cidade do Rio de Janeiro, Hélcio jogava futebol com muita classe, brilho e competência, havendo sido titular do time do Clube Recreativo do Flamengo de Chique-Chique, fundado e mantido pelo grande lençoiense João Batista Pacheco. Depois, a família de Hélcio o encaminhou para a cidade do Salvador, capital do estado da Bahia, para fazer os cursos Ginasial e Colegial. Nesse período, Hélcio integrou o time juvenil do Esporte Clube Bahia, da capital. Em seguida, ainda na cidade do Salvador, Hélcio, sendo aprovado em exame vestibular, cursou Medicina, formando-se no dia 10 de dezembro de 1954. Naquela altura havia diante do médico Hélcio Bessa duas alternativas: ser jogador de futebol do Esporte Clube Bahia, onde já atuava havia algum tempo – desde que fora aprovado em testes. Mas, Hélcio teria praticamente que dar um tempo para exercer a Medicina. A outra opção, era aceitar o convite de um cardiologista de São Paulo, que ficaria mundialmente famoso uma década e meia mais tarde: Doutor Euríclides de Jesus Zerbini, com quem o estudante de Medicina Hélcio Bessa havia estagiado e impressionado grandemente o cirurgião paulista, que o convidou para integrar sua equipe de trabalho. O recém-formado médico Hélcio Bessa pediu um tempo ao Esporte Clube Bahia de Salvador e ao Dr. Euríclides de Jesus Zerbini, em ambos os casos, para consultar os pais e os irmãos em Chique-Chique. Decorrido algum espaço de tempo, o Doutor Hélcio Bessa respondeu ao Esporte Clube Bahia e ao Dr. Euríclides de Jesus Zerbini. A resposta foi: nem o Hospital do Coração, em São Paulo; nem o Esporte Clube Bahia em Salvador. Doutor Hélcio Bessa, embora a família entendesse que ele deveria atender ao convite do médico paulista, decidiu ficar em Chique-Chique mesmo e dedicar toda sua vida profissional ao povo de Chique-Chique e municípios adjacentes. Fixou-se definitivamente em sua terra natal, dedicando-se em tempo integral à Medicina, ao Futebol e à Educação. No dia 06 de abril de 1958 Hélcio Bessa se casou com a médica Joselita Bastos Bessa, soteropolitana, de quem havia sido colega na Faculdade de Medicina. No dia 07 de janeiro de 1960 Hélcio Bessa assumiu a vice-direção do histórico, tradicional e quase épico Colégio Municipal Senhor do Bonfim, permanecendo neste cargo até o dia 17 de março de 1966. No dia seguinte, 18 de março de 1966, Hélcio Bessa assumiu o cargo de diretor do Colégio Municipal Senhor do Bonfim, permanecendo até o dia 07 de abril de 1973. Os contemporâneos continuam dizendo que Hélcio Bessa foi o diretor mais importante da História do Colégio Municipal Senhor do Bonfim. Detalhe: o diretor Hélcio Bessa levou o Colégio Municipal Senhor do Bonfim a comemorar o dia 02 de Julho – data da Independência do Brasil na Bahia – e não o dia 07 de Setembro, pois nessa data a Bahia ainda estava sob Domínio Português. Na região jamais houve uma cidade que comemorasse o Dia da Primavera como o Colégio Municipal Senhor do Bonfim fazia em Chique-Chique sob a direção do Doutor Hélcio Bessa. Duas outras grandes realizações do Doutor Hélcio: a construção do Estádio Municipal – que, contra sua vontade, levou seu nome, pois ele desejava que se chamasse “Estádio municipal John Kennedy”, de quem era fã incondicional – e a sua desejada “Clínica Alexandrina Bessa’, que ele construiu e inaugurou e dirigiu com sua dedicada esposa e companheira Doutora Joselita Bastos Bessa. A inauguração do Estádio Municipal Doutor Hélcio Bessa aconteceu no dia 21 de setembro de 1967, com uma grande Festa da Primavera e um jogo amistoso da Seleção de Chique-Chique contra o Caiano Futebol Clube, da cidade de Petrolina, estado de Pernambuco. A festa poderia ser ainda maior se o Caiano Futebol Clube não tivesse ganho o jogo por dois gols a um. Já a Clínica Alexandrina Bessa foi inaugurada no dia 06 de setembro de 1981. No ano de 1976 o Doutor Hélcio Bessa, por insistentes gestões de seu primo Deputado Federal Djalma Bessa deu o braço a torcer e ingressa na carreira política, firmando uma aliança com o Doutor Reinaldo Teixeira Braga, a qual resultou no lançamento de uma chapa às eleições municipais daquele ano, composta por Reinaldo Teixeira Braga para Prefeito Municipal e de seu nome para Vice-Prefeito Municipal. A chapa foi vencedora do pleito eleitoral daquele dia 15 de novembro de 1976. A festa da posse de Reinado Teixeira Braga e Hélcio Bessa aconteceu no dia 01 de fevereiro de 1977, com mandato constitucionalmente previsto para seis anos, ou seja até 31 de janeiro de 1983. Naquele período aconteceram duas enormes enchentes no Rio São Francisco, nos anos de 1979 e 1980. Houve muito trabalho. Depois de uma administração extraordinária do Prefeito Reinaldo Teixeira Braga, colocando seu nome além do cenário da política do estado da Bahia, o Prefeito Reinaldo Teixeira Braga decidiu renunciar ao mandato, fato que ocorreu no dia 14 de maio de 1982, objetivando uma vaga de deputado na Assembleia Legislativa da Bahia. Naquele dia 14 de maio de 1982 o Doutor Hélcio Bessa, na qualidade de Vice-Prefeito assumiu o cargo de Prefeito Municipal de Chique-Chique, que exerceu com muita dignidade e trabalho até o dia 31 de janeiro de 1983. Montou uma pequena, experiente e confiável equipe de trabalho, composta por José Barbosa e Silva e pela professora Eufrosina Camandaroba dos Santos. Tendo um pequeno tempo, apenas oito meses e dezessete dias de governo, o Prefeito Hélcio Bessa procurou centralizar sua visão para as carências dos bairros periféricos e dos povoados próximos e distantes. O Prefeito Municipal Doutor Hélcio Bessa, naquele exíguo espaço de tempo, voltou suas vista para cuidar de questões relativas a abastecimento de água e energia elétrica, beneficiando diretamente centenas de famílias totalmente carentes. Na sede, além dos bairros de Pedrinhas e Guaxinim – atual bairro Henrique Sampaio – , o as ruas centrais da cidade de Chique-Chique tiveram seus logradouros públicos bem cuidados nas áreas de limpeza e de iluminação pública. Concluído o curto e significativo mandato, Doutor Hélcio Bessa retomou sua rotina profissional e de desportista. Por ironia do destino, apesar do desejo imenso do casal de médicos Hélcio Bessa e Joselita Bastos Bessa de terem filhos biológicos, não tiveram, infelizmente. O Doutor Hélcio Bessa faleceu no dia 05 de janeiro de 1998, na cidade de Chique-Chique. Com um dos maiores acompanhamentos que a cidade de Chique-Chique já presenciou, o corpo do Doutor Hélcio Bessa foi sepultado, no dia 06 de janeiro de 1998, no cemitério central da cidade. A lacuna deixada por Doutor Hélcio Bessa é impreenchível.
***04 de agosto de 1930: Nasceu Getúlio Reginaldo Cunha, na localidade de Itajubaquara, município de Açuruá, estado da Bahia, filho de José Ramalhete Juvenal e de Cassimira Juvenal Cunha. Foi comerciante e político, com militância no município de Gentio do Ouro – que substituiu Açuruá e Santo Inácio, respectivamente. No município de Gentio do Ouro, Getúlio foi eleito vereador duas vezes e, uma vez para vice-prefeito e duas vezes prefeito. Casou-se com Arlete Gomes Cunha, tendo os seguintes filhos: Maria Áurea, Gilda, Gésia, Gilza, Robério, Edílson, Gileno e Gildo.
***24 de outubro de 1930: Eclodiu a Revolução político-militar que depôs o presidente da República Washington Luiz; a justificativa é que o país precisa se libertar do domínio oligárquico e do coronelismo. Uma Junta Militar assumiu o Governo, passando-o, depois, para Getúlio Vargas, que assumiu a presidência da República com o compromisso de governar por um período limitado, prometendo a reconstitucionalização do país em um breve espaço de tempo.
***30 de outubro de 1930: Nasceu Vital Pereira da Costa, na cidade de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Francisco Pereira Bastos e de Maria Francisca dos Santos.Pescador de profissão, na juventude, Vital foi um grande jogador de futebol. Os contemporâneos afirmam que Vital era o melhor jogador de futebol de seu tempo em todo o Médio São Francisco, reunindo todos os recursos técnicos para ser um profissional de um grande time da época no Rio de Janeiro ou em São Paulo. Mas, não foi visto pelos centros mais adiantados como Salvador ou Recife.
***20 de novembro de 1930: O interventor federal da Bahia Leopoldo Afrânio Bastos do Amaral nomeou, através de decreto, nesta data, o coronel José de Souza Nogueira para o cargo de Prefeito Municipal de Chique-Chique; na mesma data, também através de decreto, delega poder ao Juiz de Direito da Comarca para designar os membros do Conselho Municipal; enquanto o Juiz da Comarca decide pelos nomes dos conselheiros, o novo prefeito (coronel José de Souza Nogueira) costuma fazer reuniões com os membros do Conselho anterior, assessorando com eles. Recordem-se que os sete conselheiros do período anterior à Revolução de 1930 eram: coronel Francisco Xavier Guimarães, coronel Francisco Dionísio dos Santos, coronel Lithercílio Baptista da Rocha, Luis Alves Bessa, coronel Manoel Antunes Bastos, coronel Manoel Teixeira de Carvalho e o coronel Zoroastro Ferreira Lustosa