terça-feira, 24 de novembro de 2009

Intendentes e Prefeitos: Cap. Antônio Martins Santiago

Intendente Cap. Antonio Martins Santiago
– 1892-1896 –


Mandato: 28 de maio de 1892 a 28 de maio de 1896.
Presidentes da República: Floriano Vieira Peixoto (23.11.1891- 15.11.1894) e Prudente José de Moraes e Barro (15.11.1894-15.11.1898)
Governador da Bahia: Joaquim Manoel Rodrigues Lima (28.05.1892-28.05.1896)
O terceiro intendente municipal de Xiquexique foi o capitão Antonio Martins Santiago, o primeiro a ser eleito pelo voto do povo para um mandato de quatro anos, de 28 de maio de 1892 até 28 de maio de 1896, tendo recebido, solenemente o cargo de Intendente Municipal do Cel. Reginaldo Gomes Lima. O novo Intendente adotou como prioridade do seu governo o prosseguimento e a conclusão das obras de recuperação do Paço Municipal, iniciada na administração do Cel. Gustavo de Magalhães Costa (1889-1890). Em função do esforço despendido pelo Intendente, não obstante e contínua escassez de recursos municipais, a reconstrução do Paço ficou praticamente concluída, restando para o sucessor apenas alguns trabalhos de acabamento final
Sem nenhuma explicação plausível o governador do Bahia, Joaquim Manoel Rodrigues Lima no dia 03.08.1892 por Lei Estadual e no primeiro ano do mandato do Intendente Cap. Antônio Martins Santiago, extinguiu a Comarca de Xiquexique criada pela Lei Provincial n° 650 em 14 de dezembro de 1857, passando o termo de Xiquexique a ser subordinado à Comarca de Barra, sendo restabelecida, somente em 1915 no governo estadual de José Joaquim Seabra.
O Intendente capitão Antonio Martins Santiago com temperamento e personalidade semelhante ao Cel. Gustavo Magalhães da Costa, era avesso as disputas bélicas que comumente aconteciam entre os vários coronéis que mandavam na política local. Por isso sempre procurou usar o diálogo entre os políticos como arma democrática para que através do argumento e do convencimento, pudesse levar a bom termo, a tarefa de bem governar. Jamais lançou mão de jagunços e de armas de fogo para impor seu poder político e, muito menos, para destruição do patrimônio público e privado. Sempre procurou ser um administrador cordato, um pacificador, evitando os confrontos e os assassinatos tão comuns naquela conjuntura e que enlutaram diversos lares e afugentaram inúmeras famílias para municípios vizinhos. O objetivo primordial de sua administração sempre foi buscar melhorar as condições de vida dos munícipes e defender o poder político municipal. Estava legitimado pelo voto do povo, em função do prestígio e da elevada moral que possuía perante a maioria da população do município de Xiquexique. Tratava-se, portanto de um homem cordial.
Em 1893, no segundo ano do mandato do Intendente Antônio Martins Santiago o escritor Francisco Vicente Viana em seu livro Memória sobre o Estado da Bahia, trás uma pequena descrição de Xiquexique, pela qual se pode inferir o grau de desordem e violência a que estava submetida a cidade e seus moradores:
“Situada no Rio Ipueira, afluente do São Francisco, a 12 léguas da Cidade da Barra, a 12 da Vila de Gameleira do Açuruá e 18 de Pilão Arcado. Entre o grande rio e a Vila se acha uma ilha chamada Miradouro, com capela e algumas casas e muito fértil em cereais. A Vila composta de casas térreas, mal conservadas, formando quase que uma só rua, tem uma boa Matriz do Senhor do Bonfim e, no final da rua, do lado sul, fronteira ao cemitério, fica uma capelinha de Santa Cruz. No resto do município há uma capela em Utinga, uma em Saco dos Bois, uma na Tiririca, uma no Miradouro e uma na Boa Vista. Há casa de Conselho, cemitério e duas escolas. O município conta com um grande número de povoados como Miradouro, Casa Nova, Picada, marrecas, Boa Vista, Tapera, Sítio, Pedras, Jatobá, Saco dos Bois, Porto da Matolotagem, Tiririca, etc. A Vila que podia ser uma das primeiras do Rio São Francisco tem sido constantemente retida na estrada do progresso pelas devastadoras guerras partidárias, que por diversas vezes nos últimos anos da Monarquia, reduziram a cinzas suas casas, incendiando-as ou demolindo-as, esburacando as paredes da Igreja, do cemitério e as casas em trincheiras, fazendo emigrar a população, que deixava as ruas completamente desertas, somente cheias de bandidos, incendiando os cartórios, coletorias, a agência do correio, devastando as fazendas de criação, enchendo as estradas de ossadas de animais e ornando-as de sepulturas. O termo é riquíssimo, principalmente em minas, conhecidas pelas de Açuruá, serra que tem muitos nomes. Além disto encontra-se o salitre e o alumínio, e possuem os habitantes a riqueza que extraem da carnaúba, que se encontra na espantosa quantidade mangues e nas margens do rio até Juazeiro. Nem só do pó, como da palha e até de madeira, que por muito durável, se presta a construções. Também se ocupam das lavouras de cereais e frutas, das quais a melancia dá em enorme tamanho. O sal é também um meio de vida da população, que particularmente extrai de uma lagoa chamada Itaparica, perto da serra de Santo Inácio. A Vila nasceu de uma fazenda de criar denominada Praia, pertencente à família de Theobaldo José de Carvalho, há pouco mais de um século, tendo uma grande ipueira de pescar muito rendosa. A Vila foi criada por Decreto de 06 de julho de 1832, instalada a 23 de outubro de 1834”.
Junto com o Intendente Antônio Martins Santiago, foram eleitos, pelo povo, os membros do Conselho Municipal de Chique-Chique, composto pelos seguintes cidadãos: Cel. Francisco Martins Santiago, Cel. Antonio da Silva Paiva, Cel. Giminiano Nunes Lima, Cel. Joaquim de Figueiredo Rocha e Cel. Arlindo Sancho da Franca, sendo escolhido para Presidente deste Conselho o Conselheiro Cel. Francisco Martins Santiago.

OBS.: Informações extraídas e selecionadas do livro “Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique” Ed. 1999 – Autor: Cassimiro Machado Neto.

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