Em seu livro "SENHOR DO BONFIM E BOM JESUS DE CHIQUE-CHIQUE", o nosso historiador, pesquisador e Professor Cassimiro Machado Neto, divulga uma pepita literária que por ele foi garimpada e que fala sobre o nosso Município de Xique-Xique, no longínquo ano de 1893. Trata-se de matéria publicada no livro "Memória Sobre o Estado da Bahia", de autoria de Francisco Vicente Vicente. Vejamos como era Xique-Xique nos idos de 1893:
"Situada no Rio Ipueira, afluente do São Francisco, a 12 léguas da Cidade da Barra, a 12 da Vila de Gameleira do Açuruá e 18 de Pilão Arcado. Entre o grande rio e a Vila se acha uma ilha chamada Miradouro, com capela e algumas casas e muito fértil em cereais. A Vila composta de casas térreas, mal conservadas, formando quase que uma só rua, tem uma boa Matriz do Senhor do Bonfim e, no final da rua, do lado sul, fronteira ao cemitério, fica uma capelinha de Santa Cruz. No resto do município há uma capela em Utinga, uma em Saco dos Bois, uma na Tiririca, uma no Miradouro e uma na Boa Vista. Há casa de Conselho, cemitério e duas escolas. O município conta com um grande número de povoados como Miradouro, Casa Nova, Picada, marrecas, Boa Vista, Tapera, Sítio, Pedras, Jatobá, Saco dos Bois, Porto da Matolotagem, Tiririca, etc. A Vila que podia ser uma das primeiras do Rio São Francisco tem sido constantemente retida na estrada do progresso pelas devastadoras guerras partidárias, que por diversas vezes nos últimos anos da Monarquia, reduziram a cinzas suas casas, incendiando-as ou demolindo-as, esburacando as paredes da Igreja, do cemitério e as casas em trincheiras, fazendo emigrar a população, que deixava as ruas completamente desertas, somente cheias de bandidos, incendiando os cartórios, coletorias, a agência do correio, devastando as fazendas de criação, enchendo as estradas de ossadas de animais e ornado-as de sepulturas. O termo é riquíssimo, principalmente em minas, conhecidas pelas de Açuruá, serra que tem muitos nomes. Além disto encontra-se o salitre e o alumínio, e possuem os habitantes a riqueza que extraem da carnaúba, que se encontra na espantosa quantidade mangues e nas margens do rio até Juazeiro. Nem só do pó, como da palha e até de madeira, que por muito durável, se presta a construções. Também se ocupam das lavouras de cereais e frutas, das quais a melancia dá em enorme tamanho. O sal é também um meio de vida da população, que particularmente extrai de uma lagoa chamada Itaparica, perto da serra de Santo Inácio. A Vila nasceu de uma fazenda de criar denominada Praia, pertencente à família de Theobaldo José de Carvalho, há pouco mais de um século, tendo uma grande ipueira de pescar muito rendosa. A Vila foi criada por Decreto de 06 de julho de 1832, instalada a 23 de outubro de 1834."
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