segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Residências Clássicas:

RESIDÊNCIA DO CEL. LITHERCÍLIO ROCHA

Esta casa situada no lado oeste da Praça D. Máximo pertenceu ao Coronel da Guarda Nacional Lithercílio Baptista da Rocha que ali residiu pelo menos até a década de 1940.
Em novembro de 1938 o Cel. Lithercílio Rocha foi nomeado pelo ditador Getúlio Vargas, Prefeito Municipal de Xique-Xique para um mandato de Nov/1938 a setembro/1941, na época em que o Interventor Federal da Bahia era o Dr. Landulfo Alves de Almeida.
Sendo um dos políticos atuantes de Xique-Xique o Cel. Lithercílio Baptista da Rocha foi membro do Conselho Consultivo, equivalente hoje ao cargo de Vereador, por quatro mandatos (1904-1908, 1908-1912, 1924-1928 e 1928-1930), sendo as duas primeiras vezes eleito pela população e nas duas últimas através de nomeação pelo governador do Estado da Bahia.
Por motivos particulares o Cel. Lithercílio resolveu mudar a residência para a cidade de Belo Horizonte (MG)., onde veio a falecer.

Cristo visto pela arte Africana: Nascimento de Jesus

O NATAL


"Naqueles dias, o imperador Augusto publicou um decreto, ordenando o recenseamento de todo o império. Esse primeiro rescenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria. Todos iam registrar-se, cada um na sua cidade natal. José era da família e descendência de Davi. Subiu da cidade de Nazaré, na Galileia, até à cidade de Davi, chamada Belém, na Judéia, para registrar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. Enquanto estavam em Belém, se completaram os dias, para o parto, e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Ela o enfaixou, e o colocou na manjedoura, pois não havia lugar para eles dentro da casa." (Lucas, 2-1,7)













sábado, 28 de agosto de 2010

Foto antiga de Xique-xique (BA): Inauguração da Rodovia BA-52

A RODOVIA BA-52

Nos primeiros anos da década de 1950, no governo do Dr. Regis Pacheco, o povo xiquexiquense, até que enfim, lembrado pelas autoridades estaduais, teve um momento de justa alegria quando viu chegar homens e máquinas do antigo Departamento de Estrada de Rodagem da Bahia - DERBA, para construir uma rodovia encascalhada com piçarra, ligando Xique-Xique à cidade de Feira de Santana (BA), melhorando, consideravelmente a velha estrada que passava pela cidade de Jacobina, através da perigosa Serra do Tombador. O povo ficou tão entusiasmado com o evento que elevou a BA-52, estadual, à condição de ESTRADA FEDERAL.
Entretanto, a velha e poeirente BA-52 que muitos serviços prestou ao povo de Xique-Xique, somente foi asfaltada em 1974, quando do primeiro mandato do governador Antonio Carlos Magalhães.
Mas, o asfalto até Xique-Xique, não veio de graça e nem na bandeija como muitos podem até pensar. É bom deixar claro que o projeto inicial do DERBA era pavimentar a BA-52 somente até Irecê (BA), esquecendo-se dos 110 km que liga aquela cidade à margem do Velho Chico.
Sabedor desse pequeno detalhe para os burocratas do DERBA mas muito prejudicial para o progresso de Xique-Xique, o prefeito de então João Ferreira Filho, conhecido como João Durães, (fev/1973-fev/1977) indignou-se com o descaso que estavam tendo com a sua cidade e de imediato solicitou um audiência ao Governador do Estado para tratar desse importante assunto.
Acompanhado do Presidente da Câmara de Vereadores, Sr. Sandoval Avelino de Oliveira (Dôdô), o Prefeito João Durães conseguiu, após uma longa e substancial exposição de motivos sobre a continuação do asfalto até Xique-Xique, que o Governador Antônio Carlos Magalhães não teve outra saída senão, atendendo ao pleito do Prefeito xiquexiquense, estender a pavimentação da BA-52 até à beira do rio.
O governador ficou tão impressionado com a defesa dos interesses da cidade pelo então prefeito João Durães que, na ocasião, determinou, também, sem mesmo estar na pauta daquela audiência, levar até Xique-Xique a energia hidraulica.
A grande grande festa da inauguração da BA – 052, também conhecida como a estrada do feijão, aconteceu no dia 12 de novembro de 1974, e se transformou numa data histórica da cidade, marcada com uma grande festa popular com toda a população saíndo às ruas para ver o asfalto e os poucos que tinham veículos automotores, colocando-os na rodovia como que querendo inaugurá-la.
Pena que as nossas autoridades municipais de hoje não tenham a mesma disposição e enfrentamento do Prefeito João Durães no trato com as coisas importantes da cidade, haja vista a atual situação em que se encontra a pavimentação asfaltica da velha e heroica BA-52.

Fotos do Rio São Francisco: VAPOR ANCORADO



DESEMBARQUE DE PASSAGEIROS

O vapor DJALMA DUTRA "encostado" com a "prancha" ligando-o à terra firme é uma paisagem muito conhecida dos barranqueiros.
É o momento em que os passageiros embarcam ou desembarcam nas suas cidades de origens ou de destinos.
Esse momento, romântico e importante, também era valorizado por toda a população que não perdia uma única chegada de um vapor em Xique-Xique, assistindo principalmente a travessia do Lago Ipueira, sob um sonoro apito, entre os quais se destacava o do "Barão de Cotegipe, conhecido de longe por todos os xiquexiquenses.
As novas gerações não têm ideia desse bonito evento tão ansiosamente esperado por todos os barranqueiros.
Foto: Marcel Guatherot (1910/1996)



Prefeitos de Xique-Xique (BA): JOÃO DURÃES



Prefeito João Ferreira Filho (JOÃO DURÃES)
– 1973-1977 –

Mandato: 1° de fevereiro de 1973-1° de fevereiro de 1977.
Presidente da República: Emílio Garrastazu Médici (30.10.1969-15.03.1974) e Ernesto Geisel (15.03.1974-15.03.1979).
Governador da Bahia: Antonio Carlos Magalhães (15.030.1971-15.03.1975) e Roberto Santos (15.03.1975-15.03.1979).
Juiz de Direito: Marinaldo Figueiredo Bastos.

João Ferreira Filho ou como era mais conhecido JOÃO DURÃES, nasceu no dia 17.08.1918 em Oliveira dos Brejinhos (BA), filho de João José Ferreira e de Norberta Alves Ferreira. Ainda adolescente seus pais se transferiram, no início da década de 1930, para o distrito de Santo Inácio na Chapada Diamantina, atraídos pelos garimpos de ouro e diamantes explorados naquela localidade. Quando, após concluir o curso primário se preparava para estudar em Salvador ocorreu o falecimento prematuro de seu genitor, o que obrigou João Durães a permanecer em Santo Inácio, trabalhando para ajudar sua mãe a criar seus irmãos. Em 1936 tornou-se serventuário da Justiça, no cargo de Oficial do Registro Civil das Pessoas Naturais do Cartório da vila de Santo Inácio. Na década de 1940 a família de João Durães se transferiu para a cidade de Xique-Xique (BA), onde começou a trabalhar na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. Durante a sua vida, João Durães foi comerciante, agropecuarista, garimpeiro, comprador de pedras e metais preciosos, serventuário da Justiça Estadual, funcionário público federal e político. Atraído pela política partidária candidatou-se a uma cadeira de vereador tendo sido eleito no pleito de 03.10.1962, para um mandato de 1963-1967. Buscou seu segundo mandato no pleito de 15.11.66 e foi eleito para legislatura 1967-1971. Como vereador deu uma grande parcela de apoio e contribuição à campanha de construção do Hospital Julieta Viana, que foi inaugurado no dia 13 de junho de 1970. Participou, também da mobilização para a criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Chique-Chique, fato ocorrido no dia 13.05.1971. Nas eleições municipais de 15 de novembro de 1972, foi eleito prefeito, tendo governado a cidade de fevereiro de 1973 a fevereiro de 1977. Durante sua administração à frente do Poder Executivo Municipal, a Câmara Municipal teve a seguinte representação:Antenor Miranda da Silva, Arlindo de Oliveira, Clóvis Peregrino de Souza, Domingos Alves da Costa, Edvando de Assunção Fontoura, João Pinheiro Bastos, Oswaldo Marques da Rocha, Samuel Rodrigues Soares e Sandoval Avelino de Oliveira. O prefeito João Durães sempre atribui que a maior conquista de sua administração foi ter conseguido junto ao governador do estado da Bahia Antonio Carlos Magalhães (1971-1975) o prolongamento da Rodovia BA–052, até Xique-Xique, já que o projeto original previa o final da estrada na cidade de Irecê. O cidadão e prefeito João Durães faleceu no dia 14 de janeiro de 2002, na cidade de Xique-Xique e está sepultado no cemitério local. A Câmara Municipal o homenageou dando seu nome à antiga Praça do Cinqüentenário, situada entre as ruas Aurora e Virgílio Bessa.
Durante a sua gestão como prefeito municipal João Durães tomou as seguintes providências:
I) Assinou Decreto Municipal n° 121, de 1° de abril de 1973, desapropriando um terreno, para construção de um posto de saúde;
II) Assinou Decreto Municipal n° 133, em 02 de abril de 1973, nomeando o professor Pascoal Neri de Souza para o cargo de vice-diretor do Colégio Municipal Senhor do Bonfim;
III) Assinou Decreto Municipal n° 135, de 15 de junho de 1973, nomeando o cirurgião-dentista Miguel Sodré Neto para o cargo de diretor-geral do Colégio Municipal Senhor do Bonfim, em substituição ao médico Dr. Hélcio Bessa.
IV) Construiu inúmeras escolas em algumas localidades do interior do município e na sede.
V) Beneficiou a zona rural com estradas vicinais da maior importância; construiu pontes, poços artesianos e tubulares na região da caatinga, minimizando os efeitos dos insistentes anos ruins causados pelas secas e pelas longas estiagens.

Na gestão do Prefeito João Durães aconteceram os seguintes eventos:
22 de fevereiro de 1973: Nasceu Adriana Amorim Franca, , filha de Lloyd Rosas e de Dinorá Maria Almeida Amorim.
06 de março de 1973: Nasceu Luís André de Queiroz Teixeira, na cidade de Chique-Chique, estado da Bahia, filho de Geraldo Luiz Marques Teixeira e de Marilúsia de Queiroz Teixeira.
12 de abril de 1973: Nasceu Antonio Carlos Alves dos Santos, na cidade de Barra, estado da Bahia, filho de Cícero Alves e de Ana Santiago dos Santos.
14 de abril de 1973: Nasceu Edlírio Francisco Alves, filho de José Francisco Alves e de Júlia Soares Alves.
24 de abril de 1973: Nasceu Antonio de Figueiredo, filho de Daniel de Figueiredo e de Maria de Figueiredo.
27 de abril de 1973: Nasceu Guilherme Lapa Araújo, filho de João Pereira Soares e de Ana Lapa Araújo.
26 de julho de 1973: Nasceu Wilton Queiroz Paiva, filho de Agostinho Paiva Filho e de Jorcelina Queiroz Paiva..
07 de agosto de 1973: Nasceu Cláudia Cristiane Carvalho da Costa Cruz, filha de José Alves da Costa e de Aída Carvalho da Costa.
08 de agosto de 1973: Faleceu Edson Avelino Oliveira
15 de setembro de 1973: Nasceu Silvia Cristina Ribeiro da Silva Santana, filha de José da Silva e de Rita Ribeiro da Silva.
21 de setembro de 1973: Nasceu Mário Sérgio Cunha Souza filho de Geraldo Souza e de Claudízia Cunha Souza.
23 de setembro de 1973: Nasceu João Pinheiro dos Santos Júnior filho de João Pinheiro dos Santos e de Idália Rodrigues Lima.
03 de novembro de 1973: Luiz Alves Bessa se casou (em segundas núpcias) com Maria Joana Mariani Bessa.
13 de dezembro de 1973: Nasceu Rinaldo Sampaio Oliveira, filho de Edílson Avelino de Oliveira e de Margarida Maria Sampaio de Oliveira.
1974: Foi instalada, na cidade Chique-Chique, estado da Bahia, a 2ª RETRAN.
10 de fevereiro de 1974: Nasceu Edinalva da Conceição Oliveira, na vila de Iguira – atual povoado de Marrecas, antiga vila de Marrecas –,filha de Pedro Xavier de Oliveira e de Maria da Conceição Oliveira.
19 de fevereiro de 1974: Nasceu Jamison Pinheiro Meira, filho de Valdomiro Firmo de Meira e de Abelita Pinheiro Meira
20 de fevereiro de 1974: Nasceu Davi Francisco de Souza, filho de Ricardina Francisca de Souza.
16 de março de 1974: Faleceu Demósthenes Barnabé da Silva.
23 de maio de 1974: Nasceu Juno Curvello Campagna filha de Vivaldo de Assis Curvello e de Neide Teixeira Curvello.
27 de julho de 1974: João Pedro de Figueiredo Barreto se casou com Maria das Graças Meira Barreto,
27 de agosto de 1974: Osmir Augusto de Miranda Guedes se casou com Josélia Maria Bonfim Guedes.
15 de setembro de 1974: Nasceu Jocilene Clemente Rodrigues filha de Joaquim Pereira de Carvalho e de Edite Clemente de Carvalho.
06 de outubro de 1974: Nasceu Isnéia Lima Gama, filha de Francisco Teixeira Lima e de Maria Pereira Moura.
12 de novembro de 1974: Com uma festa de quase 500 quilômetros de extensão, o governador da Bahia Antonio Carlos Magalhães (1971-1974) inaugurou rodovia asfaltada BA-052, interligando as cidades de Xique-Xique e Feira de Santana.
23 de novembro de 1974: Nasceu Lúcio Franca filho de Odete Áurea da Franca.
18 de dezembro de 1974: Nasceu Arlene Barbosa dos Santos filho de Raimundo Sabino dos Santos e de Anita Barbosa dos Santos.
10 de janeiro de 1975: Nasceu Nayara de Figueiredo Barbosa filha de Salvador Pereira Machado e de Margarete Figueiredo Machado.
11 de março de 1975: Faleceu Mário Torres Rapadura.
12 de março de 1975: Nasceu Carla Valéria Francisca de Castro, filha de Josefa Francisca de Castro.
14 de março de 1975: Nasceu Salmos Marques dos Santos, filho de Odêncio Rodrigues dos Santos e de Cleuza Marques dos Santos.
16 de abril de 1975: Nasceu Wagner Wellington Almeida Machado, na cidade de Ipupiara, estado da Bahia, filho de Cassimiro Machado Neto e de Maria Darci Almeida Durães.
21 de julho de 1975: Nasceu Adriana Pereira Paiva filha de Edvaldo Martins Pereira e de Gaci Pires Pereira.
18 de setembro de 1975: Nasceu Bartolomeu Firmo de Meira Júnior, , filho de Bartolomeu Firmo de Meira e de Julieta Santana Meira.
24 de outubro de 1975: Nasceu Jailton Eugênio Barbosafilho de Manoel Eugênio Barbosa e de Valdomira Rosa de Jesus
01 de dezembro de 1975: Nasceu Ana Martins de Santana filho de João Martins de Santana e de Júlia Santos Santana.
13 de dezembro de 1975: Nilton Borges Leal se casou com Marilene Nogueira Leal;
23 de dezembro de 1975: Nasceu Marcelo Ribeiro Brito, filho de José Carlos Ferreira de Brito e de Maria Helena Ribeiro Brito.
30 de dezembro de 1975: Rubem Dário Peregrino Cunha se casou com Giselda Ferraz Cunha.
30 de dezembro de 1975: Onilton Rodrigues Porto se casou com Rejane Cerqueira Porto, na cidade de Chique-Chique, estado da Bahia.
03 de fevereiro de 1976: Nasceu João Luiz dos Santos, , filho de José Luiz dos Santos e de Antonia de Souza Todão.
11 de fevereiro de 1976: Nasceu Heronildo Leite dos Santos, filha de Herotides Leite dos Santos e de Honória Bispo dos Santos.
20 de fevereiro de 1976: Nasceu Alfredo Ricardo Bessa Magalhães, filho de Gerson Mendonça Bessa e de Aci Marie Magalhães. ‘
25 de fevereiro de 1976: Nasceu Sandro Nélson Carvalho Bandeira, , filho de Sílvio Carlos Sampaio Bandeira e de Eny Pires de Carvalho Bandeira.
03 de março de 1976: Nasceu Alexandra Almeida Amorim, filha de Dinorá Maria Almeida Amorim e de Elisaldo Sodré.
04 de março de 1976: Faleceu Ivan Guimarães Bessa.
31 de março de 1976: Nasceu Eser Rocha Júnior filho de Eser Rocha e de Gislene da Silva Rocha.
01 de maio de 1976: Onildo Ferreira de Almeida se casou com Maria da Glória Nunes Almeida.
23 de maio de 1976: Nasceu Suzanne Nogueira Leal filha de Nilton Borges Leal e de Marilene Nogueira Leal
24 de maio de 1976: Nasceu Eliete Messias de Figueiredo Pereira, filha de Carlos de Figueiredo e de Nair Pereira de Figueiredo
12 de setembro de 1976: Nasceu João Carlos Lima dos Santos filho de João Rodrigues dos Santos e de Júlia Lima dos Santos.
13 de outubro de 1976: Nasceu Érico Maurício Alves de Castro Santos, filho de Raimundo dos Santos e de Gilvani Alves de Castro Santos.
04 de dezembro de 1976: Nasceu Káthia Crhystina Guedes Levy de Souza, filha de José Levy Neto e de Clélia Guedes Levy.
19 de janeiro de 1977: Nasceu Luiz Carlos Alves da Silva, , filho de Pedro Alves da Silva e de Odecina Rodrigues Lima.

Crônica: O CORONEL E O "CÉSAR ZAMA"

O Coronel e a “ESCOLAS REUNIDAS CÉSAR ZAMA”

Devemos sempre recordar que o município de Xique-Xique (BA) foi politicamente criado no dia 06 de julho de 1832, quando recebeu o nome de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, desmembrado que fora do município de Jacobina (BA). A maior prova disso é que no ano de 1834 foi empossada a nossa primeira câmara de vereadores formada pelos seguintes cidadãos: Capitão-Mor Álvaro Antônio de Campos, Sr. Joaquim de Novais Sampaio, Sr. Ernesto Augusto da Rocha Medrado, Sr. João Xavier da Costa, Sr. Clemente Sancho Pereira da Franca, Sr. Manoel Netto Martins e o Sr. Francisco Antônio da Rocha.
Portanto, a nossa Xique-Xique atualmente conta hoje com 178 anos de emancipada e não 82 anos como alguns conterrâneos entendem ao festejar o aniversário da cidade como se a mesma tivesse sido emancipada no dia 13 de junho de 1928.
Essas considerações têm o objetivo, também, de mostrar aos conterrâneos o quanto devemos aos nossos professores leigos que, durante muitos anos dedicaram as suas vidas ao ensino das primeiras letras aos xiquexiquenses, muitas vezes utilizando instalações precárias nas próprias residências.
Mesmo fazendo a contagem somente a partir de 1832, quando Xique-Xique foi emancipada, a cidade penou 105 anos até ser contemplada com a construção do grupo escolar “Escolas Reunidas Cézar Zama”, no ano de 1937. Portanto, durante esses 105 anos a alfabetização dos munícipes foi feita nas escolas particulares mantidas por professores e professoras leigos e leigas que, em suas próprias casas e mal remunerados prestaram esse importante e nobre serviços ao povo.
Mesmo após a inauguração das “Escolas Reunidas Cesar Zama” , escola estatal, no ano de 1937, as escolas particulares continuaram atuando nas residências dos professores leigos e eu, nascido no primeiro lustro da década de 1940, ainda tive a oportunidade de conhecer alguns desses eméritos mestres a quem toda a cidade muito deve.
Entre esses anônimos heróis xiquexiquenses destacou-se o MESTRE CHICO que, na sua humilde residência alfabetizou muitos conterrâneos até o dia da sua morte ocorrida no dia 8 de setembro de 1968. (Vide Crônica publicada no Blog XIQUEXIQUE no dia 09.11.2009).
Na verdade os nossos administradores municipais no sec. XIX não estavam preocupados com a alfabetização dos jovens e crianças xiquexiquenses, e, a prova disso é a pequena estória contada, em tom jocoso, pelo nosso professor e historiador Cassimiro Machado Neto, em seu livro “Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique (História de Chique-Chique) – Edição 2009”. Segundo o nosso pesquisador, no ano de 1865 o Dr. Luiz Antônio Barbosa de Almeida, Presidente da Bahia, enviou correspondência à nossa Câmara de Vereadores indagando, entre outras coisas, “se existia alguma casa disponível na sede municipal para instalação de uma escola”, desejoso que estava de instalar escolas em alguns importantes municípios baianos, inclusive Xique-Xique, jovem cidade com apenas 33 anos de emancipada e até aquela data sem escola pública.
Sem o mínimo de sensibilidade os nossos vereadores, tragicamente, assim responderam:
“Em vista de sua insignificante receita, como deve constar dos demonstrativos a essa presidência, remetidos anualmente, não pode esta Câmara presentemente concorrer com semelhante objeto, aliás de tão suma utilidade.Não olvidando de o fazer, se a Província lhe emprestar a quantia de hum mil réis, para comprar o terreno”.
E, assim, perdemos a oportunidade de ouro de contar, ainda no século XIX com uma Escola Pública.
Ante o exposto as novas gerações podem inferir a grande alegria que tomou conta da população de Xique-Xique, quando o então Prefeito, Cel. Francisco Xavier Guimarães, no exercício do seu terceiro mandato (1933/1938), elegeu como prioridade do seu governo a construção de uma escola estatal para que os seus conterrâneos pudessem dispor de uma educação formal e eficaz.
Somente o fato de o Cel. Chico Xavier mostrar-se interessado em construir uma escola pública na sede do Município, já era motivo de muito júbilo para a população, pois, o povo já conhecia de sobra o caráter impetuoso e tenaz do ilustre político, em conseguir, a qualquer custo, aquilo que programava para melhorar a vida dos seus comandados. Todos conheciam a forma como o Coronel Prefeito havia introduzido, no ano de 1936, a energia elétrica em Xique-Xique com a utilização de uma caldeira a vapor. (“O Coronel e a Luz Elétrica em Xique-Xique”, publicado no Blog XIQUEXIQUE no dia 09.04.10).
Apesar de o município de Xique-Xique ser um dos maiores da Bahia, com seus 13.000 km², era escassamente povoado com menos de 5.000 habitantes na sede e, acreditava o Prefeito Chico Xavier que uma pequena escola com 4 salas de aula era mais do que suficiente, para atender à demanda da cidade.
Tinha conhecimento, contudo, que mesmo pequena o erário não dispunha de recursos financeiros para construir a escola e contava para cumprir a sua promessa de campanha com a ajuda do governador da Bahia, na época representado pelo seu amigo pessoal Ten. Juraci Montenegro Magalhães, motivo pelo qual começou a planejar uma audiência com o primeiro mandatário do Estado.
Conseguida a audiência o Cel. Chico Xavier embarcou para Salvador e no dia marcado apresentou-se no Palácio da Aclamação para se entrevistar com o seu amigo Governador.
Feitos os cumprimentos rituais o prefeito, sem perda de tempo, iniciou a exposição do seu pleito, vez que era não só a coisa mais importante do seu governo mas também o único motivo que o fez enfrentar uma longa viagem em dois turnos, o primeiro de vapor até Juazeiro (BA) e o segundo de trem até Salvador: a construção de uma escola primária para Xique-Xique.
Não obstante a ansiedade por estar de frente para o primeiro mandatário e falando sobre o assunto que achava mais importante, o Cel. Chico Xavier foi muito feliz na exposição do seu pleito, vez que fora feito de forma clara e objetiva.
Após ouvir o prefeito com a máxima atenção o presidente da Bahia cassou todas as esperanças do prefeito ao afirmar que os cofres do governo estadual não dispunham de verbas para a construção de escolas.
Para o Cel. Chico Xavier essa era a única resposta que tinha certeza não lhe seria dada. Jogara todas as suas fichas não só na amizade pessoal com o Governador mas também na convicção de que o Governador seria sensível haja vista a importância que uma escola teria para Xique-Xique. Foi, talvez a sua maior decepção na política.
Mas, como voltar de mãos abanando para Xique-Xique após haver criado uma grande expectativa no povo sobre a viabilidade de conseguir os recursos para a construção da escola? Mas, não titubeou. A escola dos seus sonhos seria construída nem que tivesse de lançar mãos dos seus recursos proprios.
Reunindo todas as forças o prefeito reiniciou o caminho de volta e, após 15 dias ausente desembarcou de um vapor no porto da cidade, totalmente desapontado e silencioso. Todo o povo sentiu o tormento do prefeito e se sensibilizou com o seu sofrimento. Decidiram então, inclusive os oposicionistas, dar todo o apoio ao Cel. Chico Xavier para a construção da escola municipal, pois isso era um sonho centenário de todos.
Conformado, confortado e revitalizado pelo apoio recebido o Cel. Chico Xavier decidiu que iria tentar construir a escola através de um mutirão com o povo da cidade. A Prefeitura entraria com o terreno, que foi escolhido no final da Av. J.J. Seabra, e o povo entraria com os recursos que cada um pudesse disponibilizar.
Com a população totalmente motivada e mobilizada a obra começou e, as paredes já estavam sendo levantadas quando o estafeta dos correios correu para a Prefeitura com um telegrama na mão, destinado ao prefeito. Ao lê-lo o prefeito abriu um largo sorriso e, em voz alta exibiu o texto para todos os presentes.
O telegrama do Governador do Estado, informava-lhe que conseguira a verba para a construção da escola pública em Xique-Xique e que o numerário estava à disposição da Prefeitura. Segundo o telegrama, dentro de poucos dias estaria chegando à cidade uma equipe de profissionais e todo o material necessário para a conclusão da obra.
Dentro de poucos meses foi concluída a construção de um prédio, de bela arquitetura, com 4 salas de aulas e marcada a data de inauguração para o dia 7 de setembro de 1937.
Para patrono da escola foi escolhido o nome de César Zama, grande educador baiano e o prédio seria batizado como “Escolas Reunidas César Zama”.
Até hoje, arquitetonicamente, é a escola mais bonita da cidade, no que pese já contar com 73 anos de funcionamento. Felizmente, decorrido todo esse tempo, o desenho original não foi alterado e as várias administrações municipais que passaram pela cidade tiveram o cuidado de dar a manutenção necessária.
O interessante é que as "Escolas Reunidas César Zama", ficou conhecida de toda a população como "O PRÉDIO".
Pela primeira vez, decorrido 105 da emancipação política, a cidade de Xique-Xique contava com uma construção exclusivamente planejada para funcionar como uma escola. O Cel. Francisco Xavier vibrava de alegria por poder oferecer ao povo a concretização do seu sonho.
Eu estudei no "PRÉDIO", onde fiz o curso primário no período de 1950/1954, aluno da Professora Zilda Rodrigues de Andrade (Profa. Divininha) e muito me orgulho de ser um ex-aluno das "Escolas Reunidas Cesar Zama".

Velhas fotos de Salvador (BA): IGREJA DO BONFIM



IGREJA DO BONFIM


Nesta velha e histórica foto pode-se ver com facilidade a colina onde a famosa Igreja do Bonfim foi construída, atualmente sem destaque ante o grande número de construções no entorno.
Somente uma arraigada fé no Senhor do Bonfim poderia dar ânimo aos empreendedores de tão vultosa obra num local praticamente êrmo na época da construção.
Hoje a Igreja do Bonfim é uma das mais visitadas pelos turistas e é o motivo da grande festa popular, no mes de janeiro, quando a multidão de devotos, de todos os bairros da cidde, dirige-se, em procissão, àquela Igreja para renderem homenagens ao Jesus Crucificado.

Pôr do Sol: Chegada dos Pescadores.



PÔR DO SOL EM XIQUE-XIQUE
Este é um instante típico do ocaso em Xique-Xique.
O Sol se escondendo na Ilha do Gado Bravo, deixando bem nítida a silhueta de uma carnaubeira, enquanto os canoeiros, retornando da faina diária encostam os "paquetes" na beira do rio e, descontraídos, entabolam um animado papo com os colegas pescadores.
Os xiquexiquenses são um povo feliz pois têm a oportunidade de, diariamente, poderem apreciar tão belo fenômeno.

Fato histórico: ACADEMIA DE LETRAS DE XIQUE-XIQUE (BA)


Academia de Letras de Xique-Xique

O 03 de maio de 2002 foi um dia muito importante para a cidade de Xique-Xique. Nessa data um grupo de xiquexiquenses sonhadores se juntaram para criar a ALEX-Academia de Letras de Xique-Xique,provisoriamente instalada no Escritório Santos de Contabilidade, do conterrâneo cronista Carlos de Souza Santos.
A ALEX não foi criada como um passe de mágica, mas sim o fruto resultante de uma vontade coletiva, muitas reuniões e um sonho em comum alimentado pela elite cultural de Xique-Xique.
Por isso é de grande importância a divulgação neste Blog XIQUEXIQUE dos nomes dos acadêmicos fundadores da ALEX: Carlos Ribeiro Rocha (poeta e lingüista), Adonias Gouveia da Silva (poeta), Betty Gleyb Argolo Rodrigues (poeta e cronista), Carlos de Souza Santos (cronista), Cassimiro Machado Neto (poeta, pesquisador e historiador), Edílson Almeida de Figueiredo (lingüista e cronista), Geny Feitosa Ramos (cronista), Geraldino Teixeira de Queiroz (cronista), Jéferson Gustavo Pinheiro Meira (poeta e cronista), Jorge Carvalho Nogueira (poeta), José Maria de Moura (cronista), Lígian Menezes Santos de Oliveira (poeta), Raimundo Nonato de Oliveira Filho (poeta) e Violeta Adélia Franca (poeta e lingüista).

sábado, 21 de agosto de 2010

CARTA ABERTA



Meus amigos,
Reiteradas vezes tenho afirmado que o Blog XIQUEXIQUE não tem viés político partidário e, realmente, tenho mantido a linha nesse sentido. No entanto, mesmo sem ideologia político-partidário, não posso ficar indiferente a determinados artigos que surgem na imprensa com o objetivo de orientar e instruir os leitores. Quando isso acontece, tenho o maior prazer em publicá-los no Blog XIQUEXIQUE, pois, sou, como qualquer humano consciente, um animal pensante e político.
É o caso, por exemplo do artigo "CARTA ABERTA AOS AMIGOS E INIMIGOS", do jornalista carioca BRUNO RIBEIRO que escreve para o jornal Correio Popular e possui o blog Botequim do Bruno, que a transcrevo integralmente.
Por isso, peço aos leitores que tenham um pouco de paciência e leiam essa matéria, cuja importância e substância compensa a impressão de ser longa.

Juarez Morais Chaves



Carta aberta aos amigos e inimigos .
OU.O PARTO BRASILEIRO
..Meus caros:Faz tempo que eu vinha cultivando a ideia de escrever sobre aquela que, no meu entendimento, tem sido a maior contribuição do governo Lula ao País: a polarização da sociedade. O tema é polêmico, mas necessário.Hoje, duas leituras me fizeram tomar a decisão de escrever sobre o assunto: o texto que meu mano Eduardo Goldenberg escreveu e publicou em seu
Buteco do Edu; e os comentários fascistas que os leitores d´O Globo deixaram no site do jornal sobre os investimentos milionários que o governo federal, através do PAC, está fazendo nas favelas cariocas.Quero, inicialmente, destacar o que publicou Edu em seu blog: .“O país, como há muito não se via, está dividido, e acho também uma tremenda graça quando tentam latir que esse papo de luta de classes (…) acabou. E a divisão é braba, é nítida e revoltante”. .Da última vez que nos vimos, quando de sua vinda a Campinas, conversamos sobre a divisão que a chegada de Lula ao poder inaugurou entre nós. Antes, me lembro bem, todos eram contra o governo. O hábito de reclamar do País, embora justificado quase sempre, não deixava de ser uma forma de criar uma sensação de solidariedade entre as classes ou, pelo menos, de uma falsa igualdade calcada no sofrimento coletivo.Todos eram contra o governo: aqueles que haviam votado nele, com medo do Lula, e aqueles que haviam votado no Lula, querendo mudanças. Durante décadas convivemos com o chororô geral: a classe média reclamava daqui, o pobre reclamava de lá, e nada fazia sentido. Ninguém estava satisfeito, mas também não assumia a culpa. Tanto é verdade que a coisa mais difícil do mundo é encontrar alguém que tenha votado em Collor e FHC. ..A vitória de Lula, em 2002, inicia um novo período em nossa história. Não só porque foi o primeiro operário a chegar ao poder no Brasil, mas porque realizou um excelente governo, muito melhor a todos os que o antecederam. Queiram ou não os críticos deste governo, esta constatação é amparada pelos fatos e pelos índices de crescimento do País.Ao contrário do que sempre disseram os analistas e os céticos de plantão, o atual governo do PT provou que o crescimento econômico não precisa estar dissociado da redução da pobreza. Indicadores da ONU mostram que o Brasil caminha para ser, até 2014, a quinta economia mundial, superando países europeus como França e Inglaterra. Apesar disso, ou por causa disso, os programas sociais do governo Lula são reconhecidos internacionalmente e estão sendo adotados em vários países. .Projetos assistenciais movimentaram a economia interna e quase 30 milhões de brasileiros saíram da pobreza para ascender à classe média. Outros 20 milhões conseguiram sair da miséria e ingressaram na classe D, que atualmente é o segundo maior grupo de consumo da economia brasileira. É como se, nos últimos oito anos, o governo brasileiro tivesse erradicado a pobreza em 10 países do tamanho do Uruguai. .Mesmo diante de números impressionantes, uma parcela minoritária da população (algo em torno de 4% ou 5%) avalia o governo Lula como ruim ou péssimo. Suponhamos que, deste montante, metade tenha uma opinião negativa devido à alienação política, uma infeliz realidade que atinge todas as classes sociais. A outra metade, provavelmente, é formada por pessoas que detém uma visão de mundo conservadora ou reacionária mesmo.É deste grupo, pequeno, mas perigoso, que vêm as mensagens apócrifas e ofensivas que recebemos diariamente em nossa caixa de emails. Via de regra, tais mensagens refletem o ódio aos pobres acalentado pela elite (e reproduzido por setores da classe média que se identificam com ela): na impossibilidade de atacar as conquistas do governo Lula, eles fazem uso do preconceito para desqualificar o presidente (o analfabeto) e difamar a sua candidata, Dilma Rousseff (a terrorista).



[Charge preconceituosa travestida de humor político: a falta de respeito da elite encontra respaldo na imprensa]
.Nunca achei que este governo fosse o suprasumo da correção e da honestidade. Se a direita quisesse fazer uma crítica séria ao Lula, poderia, digamos, usar argumentos como
estes, dados pelo Leandro Fortes. Mas ela prefere futilidades: a falta de diploma, a falta de um dedo, o gosto pelo futebol e pela cachaça, a amizade com líderes de esquerda, a solidariedade para com países pobres etc. .Este grupo minoritário nos passa a impressão de que não lhe interessa o destino do País. Como não se sente parte da nação e odeia o povo brasileiro, o problema não é o "mensalão petista", as "alianças espúrias do governo" ou o "apoio às ditaduras" que tanto criticam. Estas são meras desculpas para justificar seu festival de preconceitos. Para a elite pouco importa se o Brasil vai bem ou vai mal. O que a incomoda, de fato, é constatar que Lula, um nordestino de origem pobre, é o seu presidente. .Isto fica evidente quando nos deparamos com situações como a exposta no Buteco do Edu: “Outro dia, num buteco qualquer da Tijuca, um sujeito disse, no balcão, defendendo a candidatura tucana, literalmente: "Depois de oito anos com esse analfabeto com pena de pobre no poder tenho que ouvir a porra da minha empregada pedir DVD emprestado pra ver em sua casa, porque agora pobre parcela tudo e pensa que é gente como a gente".Essa semana, presenciei algo parecido. Estava com minha garota numa pizzaria e, ouvidos sempre alertas na conversa ao lado, escutei o seguinte comentário de um homem de meia idade, um tipo mouro que pensa ser branco: "Não vou votar nessa Dilma. Depois que esses petistas tomaram o poder, os pretos estão entrando na universidade. Daqui a pouco vão querer a presidência também. Isso aqui vai virar uma senzala". Risinhos espocaram na mesa.Os comentários acima são feitos amiúde, todos os dias, em todos os lugares, por pessoas que não tiveram qualquer prejuízo com o governo Lula e, mesmo assim, não o perdoam por ter chegado lá. No ambiente de trabalho ou diante de desconhecidos, evitam dar opiniões contundentes, são polidas e dizem que "não discutem política" e "não brigam por causa desses corruptos". Preferem passar a imagem de alienados, tolerantes, bonachões. Mas, quando se sentem à vontade entre os seus iguais, mostram quem são realmente.Durante muitos e muitos anos, as pessoas racistas e preconceituosas estiveram entre nós, destilando confortavelmente seu ódio de classe sem que ninguém lhe apontasse o dedo na cara. O que fez o governo Lula foi evidenciá-las, jogá-las sob a luz de um holofote imaginário. A enorme aprovação popular do governo nos levou a tomar uma posição, queiramos ou não. Emir Sader, em um artigo, lembrou que, hoje, podemos dizer: “Diga-me o que tu achas do Lula e eu te direi quem tu és”.Não nos espanta que, entre os porta-vozes do grupo minoritário estejam jornalistas da chamada grande mídia, colunistas pagos para falar mal do governo e políticos que se dizem ex-esquerdistas, como Roberto Freire e Fernando Gabeira. Não são inocentes, mas bastante úteis aos interesses do pensamento elitista que sempre pautou a agenda nacional desde o fim da era Vargas. Ser conservador é uma opção política legítima. Ser canalha é um desvio moral.Esta é a única explicação possível para a recente declaração de Gabeira, que ao comentar as obras do PAC numa favela carioca, disse que elas apenas ajudariam a fortalecer o tráfico de drogas no Complexo do Alemão. Gabeira certamente não subiu o morro, não sujou os sapatos de barro e nem conversou com os moradores para dizer uma barbaridade como esta. .


[Simulador mostra a favela da Rocinha depois das obras do governo]
Esta, contudo, não é a opinião isolada de um político excêntrico: ela reflete a visão de mundo de seu eleitorado, um tipo de gente que, ante qualquer iniciativa que possa levar um pobre a ascender socialmente, entra em desespero e parte para a agressão pura e simples, provando que Marx estava certo ao dizer que a luta de classes é o motor da história. .Na segunda-feira, em evento que contou com a presença de Lula e Dilma, o governo federal entregou, diante de milhares de pessoas, as
obras de infra-estrutura que vão melhorar as condições de vida na favela da Rocinha, a maior e mais populosa do Rio de Janeiro. Além do saneamento básico que cobrirá 100% do morro, foram entregues novos conjuntos habitacionais, um hospital, um centro de referência, um centro esportivo com quadras e piscina e uma elegante passarela projetada por Oscar Niemeyer. .A notícia foi publicada no site d´O Globo e alguns comentários deixados pelos leitores me chocaram especialmente. A maioria girou em torno do mesmo discurso: que o investimento na favela era injusto porque privilegiava um segmento social que "não paga impostos", "não se esforça para sair da miséria", "está aliado ao tráfico", "não saberá usufruir" e aberrações piores, que prefiro não mencionar.Os editores d´O Globo devem sentir um prazer mórbido ao debochar de quem nada tem ou tem muito pouco. Só isto explicaria a aprovação de comentários fascistas e racistas, alguns incitando a violência. Publicá-los chega a ser um atentado contra a dignidade humana, mas eles dizem ser “liberdade de imprensa”.Como entender alguém que acha normal a existência de milhões de pessoas abandonadas pelo poder público? E quando o poder público começa a olhar para essa gente esquecida, como entender alguém que lhe faça oposição neste sentido? Como ser contra o saneamento básico, a creche, a escola, o hospital e as áreas de convívio pelo simples fato de que há traficantes morando na favela? Como entender alguém que vê o morador como um bandido em potencial, quando a esmagadora maioria da população é formada por gente honesta e trabalhadora?.Imaginemos que as críticas sejam ideológicas ou partidárias. Ainda assim não são aceitáveis. Como é que alguém, em nome de uma candidatura ou de um partido, pode ser contra a realização de obras que vão beneficiar o seu próprio povo? Ninguém deve estar acima dos interesses nacionais. Eu, por exemplo, nunca deixei de reconhecer as virtudes do presidente Fernando Henrique – que foram poucas, mas existiram.A grande contribuição do governo Lula foi ter nos separado. Alguns poderão dizer que a divisão política da sociedade é uma ameaça à democracia. Eu vejo diferente: quando a nossa visão de mundo está clara, a democracia se fortalece. E se fortalece porque nos obriga a participar da vida política do país, a lutar por nossos direitos e a identificar, entre nossos amigos e conhecidos, aqueles que querem o bem-estar coletivo e aqueles que pensam apenas em seu próprio umbigo.Muitas vezes, como diz Goldenberg em seu texto, perder amigos é uma questão de higienização. Percebo isso com muita naturalidade: somos responsáveis por nossas escolhas e temos de arcar com as consequências que elas acarretam. É saudável o debate. É legítima a batalha de ideias. É como na lei da física: sem atrito ninguém se move.Por mais que eu discorde ideologicamente do jornalista Paulo Francis, acho que ele foi muito feliz ao dizer que não criticava as pessoas, apenas as tratava como adultas. É isso o que o governo Lula tem feito com o povo brasileiro: ele está nos tratando como adultos e as nossas contradições estão vindo à tona. É normal que aflorem ressentimentos entre nós. O Brasil está passando por um processo de parto, doloroso, sofrido, mas pleno de esperança e de otimismo.

[Passarela projetada por Niemeyer e centro esportivo na favela da Rocinha: esta imagem não é uma simulação]
Publicado por Bruno Ribeiro

Foto Interessante: O "COGUMELO" DE XIQUE-XIQUE (BA).


"COGUMELO" XIQUEXIQUENSE
O céu de Xique-Xique, como sabe todo xiquexiquense, normalmente é de um intenso azul anil, tipo conhecido por todos os amantes da aviação como "céu de brigadeiro".
O aparecimento de uma nuvem é um fato extraordinário, principalmente quando ela vem com a aparência de um cogumelo como a registrada nesta foto.
Não obtante isso somente alguém com uma sensibilidade de fotógrafo, como o conterrâneo Marcelo Brito, autor da foto, não pode se dar ao luxo de perder essa rara oportunidade de registrar uma nuvem tão exótica.
OBS.: Pela sombra dos objetos fotografados pode-se inferir que a foto foi obtida após às 15:00 horas, sob um inclemente Sol e de cima do feioso e sujo PAREDÃO que cerca a cidade e esconde o Rio São Francisco que banha Xique-Xique.




Casal de Amantes: Casal de Cangurus


CASAL DE CANGURUS

Até os cangurus, bichos exóticos e que só andam aos saltos resolvem parar um momento e, num ritual quemais parece um casal dançando, fazem a iniciação do acasalamento.

Vejam a cara da "cangurua" totalmente embevecida com os carinhos do marsupial.

OS CANGACEIROS: A CANGACEIRA "DADÁ"


SÉRGIA RIBEIRO DA SILVA - "DADÁ"

Sérgia Ribeiro da Silva, que ficou nacionalmente conhecida como "Dadá", mulher do famoso cangaceiro "Corisco", nasceu em Belém do Pará e mais tarde acompanhando os familiares, mudou-se para a Bahia onde passou a residir.
Aos 13 anos de idade, numa rápida visita dos cangaceiros à sua cidade, Dadá é raptada por Cristino Gomes da Silva Cleto, o CORISCO, mais famoso cabra de Lampião, também conhecido como "Diabo Loiro". Apesar da truculência do ato, Corisco era apaixonado por Dadá e ela foi sua eterna companheira até o dia da sua morte. Foi um amor intenso e a despeito da vida nômade e fugidia que vivia o bando de Lampião, foi o único cangaceiro que se casou na Igreja com a companheira.
Em 5 de maio de 1940, quando o que restava do bando de Corisco foi cercado pela volante do tenente José Rufino, na cidade de Brotas de Macaúbas (BA), Corisco, mesmo disfarçado de simples retirante, foi reconhecido pelo policiais e recebeu uma rajada de metraladora que lhe rompe os intestinos. O lider do cangaço morre 10 horas depois do ataque, sendo enterrado na cidade Jeremoabo (BA) e, 10 dias depois é exumado e tem a cabeça decepada e enviada para o Museu do Nina Rodrigues em Salvador.
Dadá, de fuzil em punho, defendeu o marido, gravemente baleado, sendo baleada na perna direita. Colocada na prisão em condições infectas, tem o ferimento da perna agravado por uma gangrena que lhe causou a amputação quase total da perna. Em função desse sofrimento o famoso e célebre rábula COSME DE FARIAS, em 1942, representa a cangaceira na Justiça pleiteando a sua libertação.
Libertada Dadá passou a viver em Salvador, lutando para que a legislação que assegura o respeito aos mortos fosse cumprida e acabasse com a tétrica exposição, no Museu Nina Rodrigues, das cabeças dos cangaceiros, conseguindo o seu intento em 06 de fevereiro de 1969 no governo de Luiz Viana Filho quando os restos mortais dos cangaceiros, inclusive do seu companheiro Corisco, puderam ser inumados definitivamente.
Por sua luta e representatividade feminina, Dadá foi, na década de 80, homenageada pela Câmara Municipal de Salvador. Na Bahia, que tivera Gláuber Rocha e tantos outros a retratar o cangaço nas artes, Dadá era a última prova viva a testemunhar o cotidiano de lutas, dificuldades e, também, de alegrias e divertimentos. Deu muitas entrevistas, demonstrando sua inteligência e desenvoltura.
Morreu, na capital baiana, em 1994.

FATO HISTÓRICO: A Comarca de Xique-Xique (BA)

A COMARCA DE XIQUE-XIQUE (BA)

Segundo as pesquisas do nosso professor, historiador e pesquisador Cassimiro Machado Neto, desde 1834 e até o ano de 1910, ou seja, logo após a emancipação de Xique-Xique, ocorrida em 1832, a cidade foi palco de constantes “escaramuças, brigas, desavenças, agressões, lutas, incêndios, destruição, assassinatos, arrombamentos e desordens” tudo isso em nome do poder e do comando da cidade e dos seus distritos espalhados pelo enorme território municipal. Foi uma guerra de caráter estritamente política, travada pelos "coronéis" locais que ambicionavam ter de forma completa o poder da sede e do interior do município.
Esse período de violência ficou conhecido como “Barulhos de Chique-Chique” e teve seu ponto alto no qüinqüênio 1910/1915.
Destacam-se nessa época os líderes políticos de Xique-Xique, que amparados pelas patentes militares adquiridas à Guarda Nacional, à custa de muito dinheiro, desfilavam ostentando os títulos de “Coronéis”, “Capitães” e “Tenente” e revezavam-se na Intendência Municipal de Xique-Xique, disputando a hegemonia do poder. Destacaram-se, em Xique-Xique, no final do sec. XIX e começo do sec. XX os seguintes líderes políticos que durante muitos anos mandaram e desmandaram no Município: Agrário de Magalhães Avelino, Antonio Martins Santiago, Cyro de Medeiros Borges, Cyro Romualdo da Cruz, Francisco José Correia, Francisco Martins Santiago, Francisco Xavier Guimarães, Giminiano Nunes Lima, Gustavo de Magalhães Costa, Gustavo Teixeira da Rocha, Hermenegildo de Souza Nogueira, Jacó Pereira Bastos, José de Souza Nogueira, Liberato de Novais Sampaio, Lithercílio Batista da Rocha, Manoel Martiniano da França Antunes, Manoel Teixeira de Carvalho, Praxedes Xavier da Rocha, Silvestre Xavier Guimarães, Venceslau Leobas França Antunes, entre outros.
Não obstante esse reinante clima de violência, o Governo do Estado da Bahia que tinha como mandatário o Dr. João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, entendeu que a cidade de Xique-Xique, com 25 anos de emancipada, já estava madura suficiente para sediar uma Comarca. Assim, pela Lei Provincial nº 650, de 14.12.1857, foi criada a Comarca de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, instalada no prédio da Câmara de Vereadores, no centro da cidade, tendo como seu primeiro Juiz de Direito o Dr. Francisco Pacheco Pereira e como seu primeiro Promotor o Dr. Luiz Viana.
No que pese a prova de confiança na maturidade da cidade, as lutas fratricidas entre as lideranças políticas xiquexiquenses continuaram cada dia mais violentas levando o Estado da Bahia, no governo do Dr. Joaquim Manoel Rodrigues Lima, a, através de uma Lei Estadual de 03.08.1892, revogar a Lei Provincial nº 650 e extinguir a Comarca de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, com apenas 35 anos de atividade, tendo, a partir dessa data, sido transferido para o Tribunal de Justiça da Bahia, todos os feitos judiciais, sendo mais tarde repassados para a Comarca da Barra do Rio Grande, cidade vizinha de Xique-Xique, onde ficaram por 23 anos, até a restauração da Comarca de Xique-xique.
Com o recrudescimento dos "Barulhos de Xique-Xique", que atingiram o clímax entre 1914 e 1915, cujas lutas intermináveis causaram muitas mortes de civis e grande destruição do patrimônio público, o Governador da Bahia, Dr. J.J.Seabra, (1912/1916), determinou, após 23 anos de acefalia jurídica, a restauração da Comarca de Xique-Xique, como de 1ª Entrância, com a esperança de restabelecer a ordem social, evento que aconteceu no ano de 1915

Pôr do sol: O Verde Pôr do Sol em Xique-Xique (BA)

O "ESMERALDINO" PÔR DO SOL

O pôr do sol em Xique-Xique, realmente, surpreende a todos os que o contemplam, emitindo cores que variam com o humor de cada dia.
Ora nos brinda com um lindo dourado, outras vezes com um azul safira e, eventualmente, com um exuberante verde esmeralda.
A foto ao lado, denominada de "Verde pôr do sol em Xique-Xique" é da autoria do conterrâneo Marcelo Brito, admirador diário desse fenômeno e, a mim gentilmente enviada para ilustração deste Blog.
Parabéns a Marcelo pela apurada sensibilidade e preocupação em registrar tão bonito ocaso.







CRÔNICA: O ESTÁDIO DE FUTEBOL DE XIQUE-XIQUE (BA)



O Estádio de Futebol de Xique-Xique (BA)

Todos nós, xiquexiquenses, que nascemos na década de 1940, tivemos a oportunidade de assistir aos jogos de futebol nos campos da Ponta da Ilha. Ali, para onde a cidade cresceu, após a construção do Mercado, é uma várzea que, nos tempos das grandes enchentes do Velho Chico ficava tomada pelas águas. Naquele tempo, a Rua Rui Barbosa (antiga Rua da Amargura) não ultrapassava o ponto onde hoje fica o Banco do Brasil e a Rua Mons. Costa ia pouco além do prédio dos correios. Após isso e até ponta da ilha, onde ficava a casa de farinha do Sr. Bimba (meu tio), nada mais existia além do descampado onde os animais ficavam pastando e lambendo o sal da terra.
Era nessa área onde se situavam os dois campos de futebol e o "prado", rústico hipódromo, onde se disputavam as corridas de cavalos tendo o cavalo "Douradinho" como o mais famoso. Vejam a crônica “Cavalo Douradinho”, postada no Blog XIQUEXIQUE em 12.set.2009.
Eram precaríssimos campos de futebol sem as mínimas condições para a prática do esporte. Não eram gramados e o chão era duríssimo, coberto com pequenos pedregulhos de 1 a 2 mm de diâmetro que provocavam constantes quedas nos atletas, não obstante as travas das chuteiras. Eram cercados por estacas de um metro de altura e as torcidas ficavam em pé do lado de fora de cerca de madeira e a uma distância de menos de 2 metros da linha lateral do campo.
No que pese isso, Xique-Xique sempre se destacou como uma cidade onde a pratica do futebol era uma constante. Sempre teve bons times e o elenco era respeitado por todas as cidades vizinhas. A disputa principal sempre era com a vizinha cidade da Barra cujo futebol rivalizava a altura com o de Xique-Xique. Um jogo entre Xique-Xique e Barra era ansiosamente esperado e, guardadas as devidas proporções se comparava ao atual BAVI.
Destacavam-se na época dos campos na ponta da ilha o Flamengo de João Pacheco, o Bahia de Leopoldo, o Ginásio, de Dr. Hélcio, entre outros.
Por isso, ante a pujança dos times de futebol da cidade, a inexistência de um estádio apropriado ao esporte era motivo de admiração e de incompreensão por parte, principalmente, das pessoas que vinham de outras cidades assistir aos jogos.
Em 1954, graduou-se em Medicina o ilustre xiquexiquense Hélcio Bessa, adepto da prática do futebol, tendo inclusive, quando estudante, participado do juvenil do Esporte Clube Bahia, de Salvador e nas férias, em Xique-Xique, sempre atuava nos jogos realizados nos campos da ponta da ilha. Assim, mais do que ninguém tinha conhecimento da precária situação dos locais onde a cidade praticava o futebol.
Médico, decidiu permanecer em Xique-Xique e de imediato, além de cuidar da saúde da população, ainda encontrou tempo para se dedicar ao magistério como professor do Ginásio Senhor do Bonfim, transmitindo aos jovens xiquexiquenses os seus conhecimentos de química e biologia. Apaixonado pelo esporte o Dr. Hélcio liderou a juventude estudantil e fundou o Ginásio Futebol Clube do qual participou como jogador, técnico e mantenedor, vindo a se tornar um dos principais times que jogavam na Ponta da Ilha.
Em janeiro de 1960, o Dr. Hélcio Bessa assumiu a Vice-Diretoria do Ginásio Municipal Senhor do Bonfim, quando então, cansado de jogar na Ponta da Ilha começou a pensar na possibilidade de construir um modesto estádio de futebol numa área situada nos fundos do Ginásio, para que o seu time pudesse melhor treinar e as torcidas tivessem mais conforto quando do comparecimento aos jogos.
Homem rápido e decidido quando se tratava de concretizar as suas idéias, o Dr. Hélcio imediatamente entrou em contato com o Prefeito Joel Firmo de Meira, vez que o Ginásio bem como a área do futura estádio pertencem à municipalidade, quando, em audiência que lhe foi concedida, fez uma ampla exposição da sua idéia, defendendo a necessidade da construção de um estádio de futebol na cidade.
Não obstante a falta de recursos no erário, o Prefeito Joel Meira acatou, integralmente o projeto do estádio, mesmo porque, tinha certeza de que uma construção dessa magnitude e ainda mais liderada pelo Dr. Hélcio tinha todas as condições de receber total apoio da sociedade.
A partir desse acordo de líderes a campanha pela construção do estádio começou forte com o aporte de recursos que a Prefeitura podia destinar e o grande apoio da população embasado no amplo crédito que o Dr. Hélcio desfrutava na cidade, o que permitiu angariar numerário da população via promoções variadas e doações que permitiram, em tempo relativamente curto iniciar a grande obra.
Não obstante a participação do povo e a boa vontade da Prefeitura a construção do estádio teve um andamento moroso e o mandato do Prefeito Joel Meira (1963/1967), chegou ao final com a obra inconclusa.
Para suceder o Prefeito Joel Meira, o povo elege o comerciante José Barbosa e Silva para o quadriênio 1967/1971, que, sendo um dos entusiastas colaboradores e amigo pessoal do Dr. Hélcio, prometeu efetuar com prioridade as obras de conclusão do Estádio Municipal buscando, com isso, atender ao entusiasmado desejo da população de ter uma praça de esportes para a prática do futebol e, de imediato convidou o Dr. Hélcio Bessa, para continuar à frente do empreendimento e ato contínuo disponibilizou os recursos humanos e financeiros para que as obras de conclusão do estádio fossem agilizadas e concluidas.
No final do primeiro semestre de 1967 estava concluído o estádio e pronto para a inauguração. O Dr. Hélcio na sua modéstia desejava colocar o nome de Presidente Kennedy, do qual era grande admirador. Mas, o povo de Xique-Xique admirava mais o médico-professor xiquexiquense do que aquele presidente dos Estados Unidos e decidiu, contrariando pela primeira vez o Dr. Hélcio, batizar a obra como Estádio Municipal Dr. Hélcio Bessa, numa homenagem mais do que justa.
Concluída a construção do Estádio e escolhido o seu nome, restava apenas marcar o dia da inauguração que deveria ser de grande festa. Finalmente alguém, na reunião que o Prefeito José Barbosa esta realizando com os líderes da cidade, deu a idéia, logo aprovada por todos, de que a inauguração deveria ser feita no dia 21 de setembro, festa da Primavera, tradicional em Xique-Xique e com ampla participação dos alunos do Ginásio.
Aprovados o nome do estádio e a data da inauguração, a comissão passou a escolher o time de futebol que deveria ser convidado para, em jogo com a seleção de Xique-Xique, abrilhantar a inauguração da tão importante praça de esporte, tendo a votação sufragado o time Caiano Futebol Clube, da cidade de Petrolina (PE).
Assim, o 21 de setembro de 1967, foi um dia de grande festa em Xique-Xique, quando toda a população compareceu ao estádio recém construído para assistir o jogo entre a seleção de Xique-Xique e o time petrolinense Caiano, tendo este vencido por 2x1. Mas, o povo, praticamente, nem prestou atenção na derrota do time xiquexiquense de tão alegre que estava com a obra que por muitos anos mais pareceu um sonho. O resultado do jogo era coisa secundária.
Com o advento do estádio os times de futebol da cidade tiveram uma melhor condição de treinamento e melhoraram o rendimento chegando em algumas vezes a participarem do Campeonato Intermunicipal de Futebol do Estado da Bahia. Atendendo a essa necessidade o Prefeito Municipal Ezer Rocha (1997/2001) promoveu uma grande reforma no Estádio Municipal Dr. Hélcio Bessa, com a renovação do gramado, do alambrado, as arquibancadas e outros melhoramentos, dando ao estádio um perfil digno de uma cidade como Xique-Xique.

sábado, 14 de agosto de 2010

Prefeitos de Xique-Xique (BA): JOEL FIRMO DE MEIRA


Prefeito Joel Firmo de Meira
– 1971-1973
(Segundo Mandato)

Eleição: 15 de novembro de 1970.
Mandato: 31 de janeiro de 1971 a 01 de fevereiro de 1973.
Presidente da República:
Emílio Garrastazu Médici (30.10.1969-15.03.1974).
Governador da Bahia:
Antonio Carlos Magalhães (15.03.1971-15.03.1975).
Juiz de Direito: a Comarca de Chique-Chique encontrava-se vaga.
Juiz de Paz: Prim Gomes Barreto.

JOEL FIRMO DE MEIRA, nasceu em Xique-Xique (BA), no dia 26 de outubro de 1931, filho do Sr. Manoel José de Meira e de D. Gercina Firmo de Meira. Joel Firmo de Meira – ou simplesmente ‘Maninho Meira’ como é mais conhecido pelos familiares e amigos, no decorrer de sua equilibrada vida, exerceu inúmeras atividades começando como auxiliar de tropeiro de um tio materno e, ao acumular algumas economias dedicou-se à comercialização de ouro e pedras preciosas e semipreciosas adquiridas nos garimpos de Gameleira do Açuruá, Santo Inácio, Gentio do Ouro e Rumo, dedicando-se, ainda às atividades de agricultor, fazendeiro e comerciante.
Em janeiro de 1953 Joel Meira contraiu matrimônio em Xique-Xique, com D. Maria Euza Pinheiro Meira, em cerimônia civil celebrada pelo Juiz de Paz Antonio de Figueiredo Bastos e religiosa pelo padre José de Oliveira Bastos, na Igreja Matriz do Senhor do Bonfim. Dessa união o casal teve os seguintes filhos: Joeuza Pinheiro Meira, Joelson Pinheiro Meira, Joelma Pinheiro Meira, Jane Angélica Pinheiro Meira, Jacira Pinheiro Meira, Jarbas Pinheiro Meira, Joel Firmo de Meira Júnior, Jéferson Gustavo Pinheiro Meira e Jacqueline Pinheiro Meira. Com o falecimento de D. Maria Euza Pinheiro Meira, Joel Meira contraiu segunda núpcias com Miriam Torres de Meira, no dia 30 de abril de 1985, em Xique-Xique, onde reside ate hoje.
Ainda na juventude Joel Meira sentiu-se atraído pela política partidária e, candidatando-se ao cargo de Prefeito de Xique-Xique submete-se às eleições municipais realizadas no dia 3 de outubro de 1962, disputando o cargo com o ex-prefeito José Peregrino de Souza e o comerciante Nélson Alves de Almeida.
A campanha foi duríssima, muito acirrada, muito disputada e quase um plebiscito, pois situou-se apenas entre os candidatos Joel Meira, um jovem que buscava sua primeira eleição para o maior cargo do município e José Peregrino de Souza, que além de experiente político, mesmo uma “raposa velha” havia feito uma boa administração municipal quando do primeiro mandato (1955/1959) e agora, pleiteava o segundo, coberto da glória e do reconhecimento popular, principalmente por haver implantado o Ginásio Municipal Senhor do Bonfim. Enfrentaria Joel Firmo de Meira. Era, portanto, franco favorito para exercer o segundo mandato.
Mas, política partidária é coisa que não se deve confiar e nem apostar. No que pese o favoritismo de José Peregrino de Souza, o jovem e iniciante candidato Joel Meira, sem muita penetração política no Município e apenas apoiado pelo prefeito Francisco Marçal da Silva foi o escolhido pelo povo e governou Xique-Xique, em primeiro mandato, no período de 1963/1967.
Uma Reforma Constitucional, promovida pelo Congresso Nacional, em Brasília, em 1969, criou o mandato de apenas dois anos para prefeitos e vereadores de todos os municípios brasileiros, a fim de fazer coincidir os mandatos municipais, estaduais e dos deputados federais e senadores. A lei entrou em vigor com o pleito municipal de 15 de novembro de 1970, que escolheu os prefeitos e vereadores.
Entusiasmado que boa administração que fizera no quadriênio 1963/1967, o ex-prefeito e político Joel Meira decidiu se candidatar, novamente, no que pese o curto mandato de 2 anos previsto pela reforma constitucional de 1969 e que seria aplicada nas eleições municipais de 1970. Tendo saído vitorioso governou Xique-Xique, pela segunda vez de 1971 a 1973, auxiliado por um Secretário que também fazia às vezes de assessor.
Como na época de sua posse como Prefeito Municipal em segundo mandato, a cidade estava desprovida de Juiz de Direito, a transmissão do cargo foi presidida pelo Sr. Prim Gomes Barreto, comerciante local investido das funções de Juiz de Paz.
Não obstante o curto mandato e a crônica pobreza do erário, o Prefeito Joel Meira consegui realizar e introduzir algumas melhorias na cidade que destacamos:
I) Inaugurou, no dia 13.10.1971, a Escola Polivalente de Xique-Xique;
II) Autorizado pela Lei Municipal nº 45/72 faz doação de uma área de terreno, na zona urbana da cidade, para que a empresa Telefones da Bahia S/A – TEBASA, construisse uma torre de transmissão;
III) Autorizado pela Lei Municipal nº 6/72, transferiu a concessão da exploração dos serviços telefônicos da cidade até então mantida pela prefeitura, para a Telefones da Bahia S/A – TEBASA.
IV) Através do Decreto-Lei nº 59/72 concede o título de utilidade pública municipal à Sociedade Assistencial de Xique-Xique – SAXXE –mantenedora do Hospital Julieta Viana em Xique-Xique.
V) Pelo Decreto Municipal n° 75/71 cria, constitui e instala a comissão municipal do Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL;
VI) Pelo Decreto Municipal n° 70/71, nomeia a Profa. Gildete de Souza Viana para o cargo de vice-diretora do Colégio Municipal Senhor do Bonfim;
VII) Pelo Decreto Municipal n° 80/71 determina luto oficial, por três dias, em todo o município, pelo falecimento do Sr. João Rodrigues Soares, farmacêutico e ex-prefeito de Xique-Xique (1951/1955);
VIII) Autorizado pela Lei Municipal n° 49/71, cria o cargo de Consultor Jurídico Municipal.
Na legislatura 1971-1973 a Câmara Municipal de Xique-Xique teve a seguinte composição: Clóvis Peregrino de Souza, Custódio B Moraes, Domingos Alves da Costa, Dorival Alves Santana, Edvando de Assunção Fontoura, Francisco Pires de Carvalho, João Pinheiro Bastos, Joaquim Félix da Rocha, Manoel Alves Bessa, Reinaldo Teixeira Braga e Sandoval Avelino de Oliveira.
Foi nessa legislatura que os nossos vereadores tomaram uma decisão muito importante: decidiram homenagear os logradouros públicos da cidade com nomes dos xiquexiquenses ilustres e que muito fizeram em prol do desenvolvimento da terra. Foram os seguintes os xiquexiquenses que tiveram seus nomes lembrados: Cel. Francisco Xavier Guimarães, Cel. José de Souza Nogueira, Cel. Agrário de Magalhães Avelino, Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, farmacêutico e ex-Intendente Municipal José Adolpho de Campos Magalhães, Sr. João Guimarães, D. Rosa Baraúna, Sr. Virgílio Bessa, Prof. Carlos de Souza Santos, Sr. Custódio B Moraes e Sr. José Custódio Moraes.
Eventos acontecidos durante o curto mandato do Prefeito Joel Meira.
08 de março de 1971: Nasceu Eserlina Rocha, filha de Eserson Rocha e de Durvalina Andrade Rocha.
08 de março de 1971: Nasceu João de Deus dos Reis Muniz, na localidade de Piri, município de Sento Sé, estado da Bahia, filho de Pedro Muniz do Nascimento e de Odália dos Reis Muniz.
10 de março de 1971: Nasceu Jocilene Bessa Oliveira, filha de Germano Pereira Filho e de Anita Pereira Bessa.
25 de março de 1971: Nasceu James Carvalho Xavier, filho de Francisco Xavier e de Glades Carvalho Xavier.
14 de abril de 1971: Joaquim Messias dos Santos se casou com Nilda da Cunha Santos, na cidade de Xique-Xique;
08 de maio de 1971: Nasceu Cláudia Valéria Ribeiro Souza, filha de Francisco Ribeiro de Souza e de Josefa Francisca de Castro.
13 de maio de 1971: Foi fundado o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xque-Xique, com 195 sócios. Os principiais idealizadores foram os senhores João Ferreira Filho e José Antonio dos Santos.
19 de maio de 1971: Aposentou-se Osmar Guedes, após 36 anos de trabalho como serventuário da justiça estadual. .
06 de agosto de 1971: Foi instituída a Fundação de Desenvolvimento Integrado do São Francisco – FUNDIFRAN, na cidade de Barra, estado da Bahia.
10 de agosto de 1971: Nasceu Jean Santos Silva, filho de Francisco Pedro da Silva e de Eunice Maria da Silva.
28 de agosto de 1971: Nasceu Tarcísio Meira, filho de Bartolomeu Firmo de Meira e de Julieta Santana Meira.
07 de setembro de 1971: Nasceu Genicássia Pereira Bessa Feitosa, filha de Albertino Pereira Bessa e de Iracema Pereira Bessa.
09 de setembro de 1971: Nasceu Norberto Teixeira Curvello, filho de Vivaldo de Assis Curvello e de Neide Teixeira Curvello.
18 de setembro de 1971: Gérson Eustáquio do Nascimento se casou com Terezinha Machado Nascimento, na cidade de Paracatu, estado de Minas Gerais. O casal teve três filhos: Osiel Machado Nascimento, Clésia Machado Nascimento e Ercília Cristina Machado Nascimento.
13 de outubro de 1971: Foi inaugurada a Escola Polivalente deXhique-Xique.
30 de outubro de 1971: Nasceu Soane Almeida Santos filho de Vitalino Nascimento dos Santos e de Naldete Almeida dos Santos
09 de novembro de 1971: Nasceu Adriana Marques Viana, filha de Silvano de Souza Viana e de Ana Marques Viana
20 de novembro de 1971: Foi fundada a Associação Xiquexiquense de Estudantes – AXXE, em Salvador, estado da Bahia.
dezembro de 1971: Formou-se a primeira turma de Técnicos em Contabilidade do Colégio Municipal Senhor do Bonfim;
08 de janeiro de 1972: Nasceu Isana Cristina Alves Barreto Bandeira, , filha de Jailson Alves Barreto e de Edna Santana Gomes
08 de janeiro de 1972: Nasceu Marinalva Marçal do Bonfim, no povoado de Iguira ilha de Antonio Pereira do Bonfim e de Maria Marçal do Bonfim. Marinalva
03 de fevereiro de 1972: Nasceu Paulo Odair Pereira dos Santos, filho de Joaquim Pereira dos Santos e de Delmira Pereira dos Santos.
11 de fevereiro de 1972: Nasceu Elirene Pereira Tarrão, filha de Eliecy Feliz Tarrão e de Irene Pereira Tarrão.
28 de abril de 1972: Nasceu José Ney Pinheiro dos Santos, filho de João Pinheiro dos Santos e de Idália Lima dos Santos.
03 de junho de 1972: Nasceu Jackelina Pinheiro Meira filha de Joel Firmo de Meira e de Maria Euza Pinheiro.
16 de junho de 1972: Nasceu Esdras Cássio Benvenuto Nemésio Ribeiro Machado, no Hospital São Vicente, na cidade satélite de Taguatinga, no Distrito Federal, filho de Cassimiro Machado Neto e de Emília Débora Ribeiro Machado.
09 de julho de 1972: Nasceu Eliana Martins Pereira Meira, filha de Edvaldo Martins Pereira.
***25 de agosto de 1972: Nasceu Zilian Marques Ferreira, filha de Lourivaldo dos Santos Soares e de Izilda Marques Ferreira
05 de outubro de 1972: Nasceu Neílton Gomes Barreto, filho de Prim Gomes Barreto e de Maria Madalena Barreto.
02 de novembro de 1972: Nasceu Avelino Nogueira da Silva Filho, filho de Avelino Nogueira da Silva e de Beatriz Marques Nogueira
15 de novembro de 1972: João Ferreira Filho se elegeu Prefeito Municipal de Xique-Xique. Os resultados para a Câmara Municipal apontaram os nomes dos seguintes vitoriosos: Antenor Miranda da Silva, Arlindo de Oliveira, Clóvis Peregrino de Souza, Domingos Alves da Costa, Edvando de Assunção Fontoura, João Pinheiro Bastos, Oswaldo Marques da Rocha, Samuel Rodrigues Soares e Sandoval Avelino de Oliveira.
20 de janeiro de 1973: Manoel Marcelino de Oliveira Gomes se casou com Haidee Carvalho Gomes, na cidade de Xique-Xique. O casal teve três filhos: Jeane Carvalho Gomes Silva, Marcelo Henrique Carvalho Gomes e Márcio Carvalho Gomes.

POR DO SOL EM XIQUE-XIQUE (BA)



O POR DO SOL

Ao contrário do safirado Por do Sol postado na semana passada, a foto de hoje está exibindo as cores normais de um ocaso xiquexiquense.

Logo que o Sol se esconde por detras da Ilha do Gade Bravo, em frente à cidade, as nuvens se apresentam com uma predominância de um vermelho arroxeado que refletidas no Lago Ipueira mais parecem ouro líquido.

Qualquer que seja o cromo do Por do Sol de Xique-Xique sempre estará presente a pródiga diversidade das cores, seja o ouro líquido ou a líquida safira, embelezando essa dádiva que, gratuitamente, a natureza oferece, diariamente, aos xiquexiquenses.

FOTO DO RIO SÃO FRANCISCO: AS BARCAS - COMÉRCIO AMBULANTE


O COMÉRCIO DAS BARCAS

A histórica foto registra um momento importante que é do conhecimento de todo beiradeiro: O comércio ambulante feito pelas barcas em todas as cidades e vilarejos situados na margem do Velho Chico.
Para grande número de comunidades ribeirinhas as barcas eram e continuam sendo o único estabelecimento comercial onde podem adqurir gêneros alimentícios outras novidades.
Para que a nova geração de barranqueiros não estranhe, as barcas focadas são do tempo em que se usava a vela e o remo, proezas operadas pelos conhecidos remeiros.

Foto: Marcel Guatherot (1910/1996)



FOTO ANTIGA: CAIS ANTIGO E O ATUAL "PAREDÃO" EM XIQUE-XIQUE (BA)

O CAIS ANTIGO E O "PAREDÃO"















A nova geração xiquexiquense, que quando se entendeu como gente já existia o feioso "PAREDÃO", e, se acostumou e banalizou aquela coisa horrorosa, não tem a mínima idéia de como era a vista da cidade para quem chegava embarcado pelo Lago Ipueira.
Por isso, acho muito importante que divulguemos a beleza que tinha Xique-Xique antes da construção do "PAREDÃO".
Hoje, quem chega de barca ou de paquete (ainda bem que não mais existem os saudosos vapores), vê apenas um mal acabado e feioso "PAREDÃO" de pedra tomando toda a bela vista de Xique-Xique.
O "PAREDÃO" não só enfeiou a cidade mas também destruiu uma grande parte histórica que era a representada pelos quarteirões que ficavam no entorno da Farmácia Universo, bem como toda a Rua do Perau que era iniciada com o Ed. Zelinha. Quem se lembra?
As quatro ou cinco rampas que se iniciavam no cais permitiam que a população tivesse acesso às águas do rio, não só para um banho, tão comum naquele tempo, como também para se divertir com alguma pescaria de mandim ou outro peixe pequeno. Era comum a grande movimentação de pessoas na rampa do Mercado, a maior, onde à tardinha aportavam os aguadeiros e os paquetes trazendo as mercadorias das ilhas e as pessoas para lá se dirigiam e, diretamente, faziam as compras.
Mas, a pior coisa que aconteceu à cidade com a construção do feioso "PAREDÃO" foi o abandono de todos os imóveis comerciais que levou àquela outrora bonita parte da cidade a uma total decadência e desvalorização imobiliária.
Além disso com o abandono da área, inclusive carente de boa iluminação, as escadarias e a parte superior do "PAREDÃO" se transformaram em verdadeiros sanitários públicos e ninguem se arrisca a subir ao PAREDÃO para apreciar as águas do Lago Ipueira e nem o lindo por do sol de Xique-Xique.
As fotos falam por si. A avermelhada registra o tenebroso momento em que as máquinas construiam o PAREDÃO.
Para enfeiar a cidade a construção do PAREDÃO foi rápida e eficaz. Mas, para embelezá-la, via chegada por terra, o ritmo é lento e a a rodovia continua intransitável.
Meus conterrâneos, se derrubarmos o PAREDÃO e recuperarmos a rodovia para Salvador já teremos feito um grande benefício para a cidade.
Acordemos pois é tempo de eleição. Após outubro nada mais conseguiremos e só teremos nova chance no segundo semestre de 2012. APRESSEMOS!!!








CRÔNICA: O CEMITÉRIO NOVO DE XIQUE-XIQUE (BA)


O CEMITÉRIO NOVO

Os xiquexiquenses com mais de 60 anos por certo ainda se lembram da existência do cemitério velho, localizado na Rua Aurora, mas, que eu saiba, ninguém em Xique-Xique tem ciência de quando o mesmo foi construído. A tradição oral sustenta que o velho cemitério era administrado pela Paróquia do Senhor do Bonfim, da cidade, mas toda a sua documentação a exemplo de outras fontes históricas importantes, foi destruída no período de 1910 a 1915 quando a população e a paz da cidade foram prejudicados com os famosos “Barulhos de Xique-Xique”. Não sobrou nenhuma pista que sirva de ponto de partida para se saber quando ele foi inaugurado.
Transcorria o ano de 1925 e era Intendente em Xique-Xique o Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, que administrou a cidade por 6 anos, de 1924 a 1930, em 3 mandatos. Mesmo sendo uma pequena e acanhada cidade nesse tempo, o velho cemitério situado na Rua Aurora já não mais atendia às necessidades que a população tinha para enterrar seus mortos, pois era ali que aconteciam todos os sepultamentos tanto dos moradores da sede quanto dos povoados próximos e das ilhas e por isso estava com seu espaço e sua capacidade de sepultamentos praticamente tomada, com toda sua área esgotada para cavar novas sepulturas.
Indignado com o desconforto dos munícipes o Cel. Intendente Manoel Teixeira de Carvalho, reunindo-se com o Conselho Municipal decidiram construir um novo cemitério na cidade e de imediato constituíram uma comissão de cidadãos para tomar todas as providências iniciais, principalmente na escolha do local apropriado para a construção do equipamento, desde que a área fosse doada à Prefeitura vez que o erário não possuía recursos para a aquisição.
A Comissão Especial aceitou a incumbência com muito gosto apesar de saber da trabalheira que iria enfrentar pois teria que encontrar um terreno sem ônus para a Prefeitura.
Após algumas semanas de muitas caminhadas e muitas conversas com os grandes proprietários de terras em Xique-Xique, a Comissão, finalmente bateu na porta certa, na pessoa do Cel. Joaquim de Souza Nogueira, membro de uma das principais famílias xiquexiquenses, rico fazendeiro e grande proprietário de terrenos dentro do perímetro urbano, que após a abordagem da Comissão doou uma grande área na periferia da cidade e relativamente próxima do velho cemitério da Rua Aurora.
Já na posse do terreno o Intendente divulgou para a população, com muita alegria, a grande doação feita pelo Cel. Joaquim Nogueira e anunciou que ainda no segundo semestre de 1925 começaria a construção do novo cemitério, e que para isso iria precisar da ajuda e das doações de toda a população de conformidade com a disponibilidade de tempo e disponibilidade financeira de cada um dos colaboradores, vez que, com recursos do erário nada poderia fazer.
O Padre Vicente Francisco dos Santos, pároco da cidade foi escolhido para ser o depositário das doações em dinheiro e em materiais, ficando incumbido, ainda de esclarecer às pessoas que poderiam, também, se quisessem, participar como voluntários nas atividades de pedreiros ou carpinteiros, de acordo com o ofídio de cada uma.
Confiante do amplo apoio da população, o Cel. Manoel Teixeira de Carvalho acenou com a possibilidade de começar a obra no mês de janeiro de 1926, mas, devido a problemas de caixa, somente em março de 1926, autorizado pela Lei Municipal nº 26 bateu o martelo e os trabalhos da obra foram iniciados com grande vibração do povo da cidade, tudo levando a crer numa adesão de muitos voluntários doando materiais, numerário e mesmo o seu suor na mão de obra. A cada fim de semana, nas missas dominicais na Igreja Matriz do Senhor do Bonfim o Padre Vicente Francisco dos Santos declinava os nomes das pessoas que voluntariamente trabalhavam na construção do cemitério, bem como o montante do numerário arrecadado. A cada fala domingueira do Padre aumentava o número de xiquexiquenses que queriam entrar para a história como um dos colaboradores da construção do novo cemitério.
A construção transcorreu em ritmo de grande mutirão e além dos trabalhadores contratados e pagos pela Intendência Municipal muitas famílias de posses mandavam seus empregados trabalhar na nova obra e, a quantidade de voluntários cresceu tanto que obrigou o Cel. Manoel Teixeira de Carvalho a designar um servidor municipal com a função de a alistar, coordenar e programar os voluntários, determinando os dias em que cada um deveria dar sua participação, trabalhando.
No dia 28 de maio de 1926 o novo cemitério foi inaugurado e estava totalmente pronto e em condições de receber cadáveres para sepultamentos.
Após a inauguração do Novo Cemitério, o velho cemitério da Rua Aurora, permaneceu fechado durante muitos anos e somente era aberto no mês de novembro, principalmente no dia de finados quando os xiquexiquenses mais velhos visitavam os seus parentes que ali estavam enterrados.
Eu tive um tio, pelo lado materno, que no cemitério velho foi sepultado. Lembro-me, que, ainda menino, acompanhava minha mãe na visita que ela fazia anualmente ao túmulo do seu irmão precocemente falecido nos anos 1920. Mas, todos os sexagenários xiquexiquenses, lembram-se, perfeitamente, do velho cemitério, pois, a caminhada até o novo cemitério, forçosamente passava ao lado da velha construção. E, assim, nos acostumamos a passar por aqueles muros totalmente enegrecidos e carcomidos pelo tempo sem nenhuma manutenção por parte do povo. Era um total abandono e nem parecia que alí, naquele pequeno quadrado limitado por quatro muros velhos e abandonados, jazia grande parte dos munícipes que faleceram antes de 1926.
Mas, insensivel a esse aspecto emocional e indiferente ao costume de algumas famílias xiquexiquense visitarem os seus entes que ali estavam sepultados, a administração municipal decidiu, em lugar de recuperar e manter esse espaço tão caro às famílias, demolir o velho cemitério e após botar abaixo o muro externo passou o trator por cima dos velhos túmulos nivelando o terreno ao nível da rua, para em seguida transformar esse depositário dos ossos dos nossos ancestrais em uma simples Praça à qual deu o nome de João Ferreira Filho.
O novo cemitério, hoje com 84 anos de construído, também, a exemplo do velho na década de 1920, já não suporta a demanda de uma população calculada em 50 mil pessoas. E, como todos desejam uma pequena área para depositar o corpo do ente querido sempre ocorrem procedimentos inadequados e que prejudicam famílias cujos parentes já estão ali enterrados há muitos anos mas que, por impossibilidade financeira, não puderam ainda construir um túmulo de alvenaria. Como o cemitério não mais possui novos espaços para sepultamento, as pequenas e modestas sepulturas muitas vezes são invadidas e destruídas por pessoas estranhas à família, para que ali seja colocado um novo corpo.
Por tudo isso, é urgente a necessidade de um novo cemitério.
Feito pelo admnistração municipal ou por uma instituição privada a exemplo do que já acontece nas grandes cidades brasileiras.

OBS.:Informações extraídas e selecionadas do livro “Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique” Ed. 1999 – Autor: Cassimiro Machado Neto e foto extraída do BlogdoZeca100