quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Foto Interessante: O VAQUEIRO EM ATIVIDADE
Fato Histórico: Associação de Mulheres de Xique-Xique - AMUXX
Associação de Mulheres de Xique-Xique – AMUXX
No ano de 1996, algumas mulheres xiquexiquenses ao visitarem residências situadas na periferia de Xique-Xique (BA), ficaram consternadas ante a constatação dA grande pobreza e penúria apresentadas pelas famílias que ali residiam. Em face disso, nesse mesmo ano decidiram criar uma associação filantrópica, de utilidade pública, denominada ASSOCIAÇÃO DE MULHERES DE XIQUE-XIQUE (AMUXX), com o único objetivo de cuidar dessas pessoas carentes.
Inicialmente a AMUXX tratou de arrecadar doações junto aos comerciantes e demais empresários, bem como junto à população civil de um modo geral, destinadas a fornecer óculos de grau às pessoas com deficiencia visual.
A campanha seguinte destinou-se ao atendimento aos hansenianos e às pessoas portadoras de tuberculose, para os quais tentavam conseguir junto aos hospitais locais e à comunidade médica, medicamentos apropriados às referidas enfermidades bem como a marcação de consultas para esses pacientes. Devido à extrema pobreza dessas pessoas, as mulheres da Associação, juntamente com o atendimento médico-hospitalar, tratavam de conseguir, também, a subsistência dos demais membros da família do doente, através do fornecimento de cestas básicas obtidas junto ao comércio local.
Deve ser divulgado que a campanha junto aos hansenianos e tuberculosos foi amplamente coroada de êxito e todos os doentes ficaram curados e passaram a ter uma melhor qualidade de vida.
Prosseguindo com o atendimento à população mais pobre da cidade, a AMUXX partiu para executar um projeto destinado a tirar os meninos e meninas da rua muitos deles já dormindo nas calçadas. Foi uma missão muito nobre e muito trabalhosa, vez que se tratava de jovens e mesmo crianças já iniciadas nas drogas e que ali estavam por haverem sofrido espancamentos e maus tratos por parte dos familiares, inclusive pais e mães.
Para tornar esse trabalho mais eficaz, essas nobres mulheres criaram a Escola AMUXX, além de ministrarem, na escola, educação formal e nutritiva alimentação, levou esses jovens à prática de atividades físicas, desportivas e aulas de artesanato. Com a ajuda de algumas academias da cidade puderam se dedicar a diversos esportes o que não lhes deixava tempo para praticarem atos ilícitos.
Hoje com 14 anos de existência a AMUXX já colhe muitos frutos na parte relativa à assistência social, psicológica e material a um grande numero de pessoas, todas exercendo alguma atividade profissional que lhe devolveu a auto-estima e a força para enfrentar a vida de forma positiva.
Atualmente a AMUXX é altamente reconhecida tanto pelo povo xiquexiquense como pelos poderes públicos que atuam em Xique-Xique. A Câmara de Vereadores, o Conselho Estadual de Assistência Social e o Ministério de Assistência Social concederam a AMUXX o reconhecimento, que a torna apta a receber a necessária ajuda financiera para poder continuar realizando os projetos de amparo e ajuda aos grupos mais necessitados.
De parabéns estão as mulheres que formam a AMUXX.
AGRADECIMENTO AO NOVO SEGUIDOR
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Crônica: O Desbravador Marinho Pereira de Cavalho
Juarez Moraes Chaves
Atualmente a cidade baiana de Xique-Xique, às margens do lendário Rio São Francisco, está ligada a Salvador por uma rodovia estadual, totalmente asfaltada que, se ainda não é das melhores da Bahia está atendendo, com relativo conforto, os deslocamentos da população para a capital do Estado.
Asfaltada no ano de 1974 e denominada de BA-52, a entrega dessa rodovia aos xiquexiquenses foi alvo de grande festa popular, comandada pelo então Prefeito Municipal João Durães principal lutador para que essa rodovia ligasse a cidade à Feira de Santana (BA), vez que o projeto inicial previa a pavimentação até a cidade de Irecê (BA), à 110 km de Xique-Xique.
Antes de 1974, os deslocamentos rodoviários para Salvador eram feitos por uma estrada, também estadual, construída no ano de 1950, totalmente encascalhada com piçarra e que nos tempos de chuva transformava-se num sofrimento, principalmente para os caminhoneiros ante os muitos pontos de atoleiros formados pelas águas pluviais.
Mas, essa estrada de barro construída em 1950 quando o Dr. Regis Pacheco governava a Bahia, foi considerada um grande progresso rodoviário, vez que antes dela, as viagens para Salvador se fazia por estrada carroçável passando pela cidade de Jacobina (BA) e enfrentando a perigosa Serra do Tombador, na Chapada Diamantina famosa pelos constantes acidentes que ali ocorriam com os veículos que se arriscavam a transpô-la.
Mas, a história da rodovia ligando Xique-Xique a Salvador é muito mais antiga e por isso torna-se necessário contar essa odisséia realizada por um jovem e idealista xiquexiquense que, num sonho utópico resolveu, sozinho e às suas expensas, construir a primeira ligando Xique-Xique à atual cidade de Uibai (BA).
Esse idealista foi o Sr. MARINHO PEREIRA DE CARVALHO, nascido em 03 de julho de 1887, no povoado de Canabrava do Gonçalo, distrito de Tiririca de Luizinho, atual cidade de Uibaí (BA), na época pertencente ao município de Xique-Xique, homem de visão e que hoje, com o seu nome, honra a nossa Estação Rodoviária de Xique-Xique.
Seu Marinho, como era conhecido na cidade, veio ainda jovem para Xiquexique e nessa cidade dedicou-se ao comércio negociando "secos e molhados", tecidos e pedras preciosas, sem abandonar, contudo a atividade agropecuária na Fazenda Brasil situada em sua terra natal, onde chegou a possuir um engenho para o fabrico de rapadura. Pelo seu espírito empreendedor, mesmo sem nunca haver exercido um mandato político Seu Marinho exerceu liderança e muito influenciou a política partidária de Xiquexique.
Dono de um temperamento dinâmico, nunca se conformou com a ausência de estrada ligando Xique-Xique à sua Canabrava do Gonçalo, atual Uibaí, para que pudesse, com facilidade, escoar toda a sua produção agropecuária. O transporte de mercadorias, nessa época e na região era feito no lombo de burros. Eram as chamadas “tropas de burros”, formada às vezes por mais de 20 animais e que deslocavam dezenas de quilômetros durante a semana percorrendo as feiras livres nas diversas comunidades.
Cansado dessa vida de andar em lombo de animais vendendo as sua produção de feira em feira, Seu Marinho, tomado por um ideal bandeirante, decidiu que era chegada a hora de desbravar aquela promissora região. E, para isso, necessário se tornava a existência de uma rodovia, mesmo que fosse precária.
Assim, no ano de 1926, com apenas 39 anos de idade, Seu Marinho partiu de Xique-Xique com destino a São Paulo, em viagem de vapor pelo Rio São Francisco até a cidade de Pirapora (MG) e a partir dali em viagem de trem de ferro chegou à capital paulista. Naquela grande cidade e sem uma explicação lógica, pois em Xique-Xique, onde residia não existiam rodovias, Seu Marinho adquiriu um caminhão Ford 1926 e um automóvel, e com a ajuda do parente Martinho Carvalho que o acompanhava na viagem, trouxe os veículos para Xique-Xique utilizando como meios de transporte o trem de ferro e os vapores no Rio São Francisco.
Com os veículos guardados na garagem de sua casa, Seu Marinho solicitou e conseguiu, do Prefeito Municipal Cel. Manoel Teixeira de Carvalho, uma autorização para construir uma estrada ligando Xique-Xique ao povoado de Canabrava do Gonçalo, local do seu nascimento, pois, além de visionário Seu Marinho era, também, fazendeiro e comerciante e assim precisava de um meio eficaz para transportar e comercializar os seus produtos nos vizinhos lugarejos.
Conseguida a licença, em março de 1926, Seu Marinho iniciou a gigantesca tarefa de fazer, por conta própria, uma rodovia onde nada existia. Ele próprio fez o levantamento topográfico, sem ser topógrafo, fez um rústico traçado da estrada, apenas indicando os nomes dos locais por onde deveria passar e para isso, inteligentemente utilizou uma antiga rota ligando Xique-Xique à Canabrava, por onde passavam os vaqueiros transportando as boiadas
Precisava apenas, e não era tarefa fácil, arrancar os tocos e alargar e aplainar o caminho, tudo isso utilizando apenas homens inexperientes nesse tipo de trabalho e ferramentas inadequadas onde predominavam os facões, as foices e os machados. Não obstante a precariedade das ferramentas utilizadas, a pequena estrada ligando Xique-Xique à Canabrava do Gonçalo foi concluída no mês de julho de 1926, sendo pois a primeira rodovia construída não só no município de Xique-Xique mas em toda a região do médio São Francisco.
Por essa pequena estrada transitou durante vários anos, até que, desejando ampliar os negócios decidiu aumentar a sua rodovia e chegar até à atual cidade de Canarana, naquele tempo conhecida como Canabrava do Miranda. Com essa ampliação Seu Marinho passou a negociar os seus produtos agrícolas junto a diversas comunidades que ficavam a um raio de muitos quilômetros de Xique-Xique.
Pelo grande feito, Seu Marinho passou a ser respeitado e admirado pelo povo xiquexiquense que naquele longínquo ano de 1926 via pela primeira vez, transitando na sua cidade, um caminhão e um automóvel, coisas ainda inexistentes nas demais cidades ribeirinhas do São Francisco.
Eu ainda tive o prazer de conhecer pessoalmente não só o Seu Marinho como toda a sua família, tendo sido, inclusive, colega de Paulo Carvalho (Paulão), um dos seus filhos, no curso primário feito nas Escolas Reunidas Cesar Zama, nos idos de 1950 a 1954. Ele morava numa casa situada na Av. J.J. Seabra, em frente ao César Zama e era comum, ali, a presença dos colegas de Paulo, estando Seu Marinho, relativamente novo, com 67 anos e ainda desfrutando de grande conceito e consideração por parte dos seus conterrâneos.
Por tudo isso, nada mais justo e natural que honrar o prédio da Estação Rodoviária de Xique-Xique com o nome de pessoa tão desbravadora e ilustre.
Xique-Xique que desde a década de 1960 já vinha sendo servida com linha regular de ônibus para Salvador, após a pavimentação asfáltica da BA-52, no ano de 1974, aumentou o número de empresas de ônibus desejosas de fazerem o transporte de pessoas para a capital do Estado.
Isso, então, levou o Prefeito Municipal a entender haver chegado a hora de construir um prédio destinado a centralizar as chegadas e saídas dos ônibus. Era a hora de construir a Estação Rodoviária. Concluído o prédio já era um consenso local de que o nome mais indicado para a Estação Rodoviária seria MARINHO PEREIRA DE CARVALHO, o homem que construiu, por conta própria e em 1926, a primeira estrada de rodagem do município.
E, assim a nossa rodoviária foi batizada de TERMINAL RODOVIÁRIO MARINHO PEREIRA DE CARVALHO. Também tem seu nome como patrono de uma praça na cidade de Uibaí (BA), local do seu nascimento.
Seu Marinho faleceu no dia 24.06.1978, aos 91 anos de idade.
sábado, 25 de setembro de 2010
LEONARDO BOFF - SOBRE A GRANDE MÍDIA
O teólogo Leonardo Boff ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1959 e foi ordenado sacerdote em 1964. Em 1970, doutorou-se em Filosofia e Teologia na Universidade de Munique, Alemanha. Ao retornar ao Brasil, ajudou a consolidar a Teologia da Libertação no país. Lecionou Teologia Sistemática e Ecumênica no Instituto Teológico Franciscano em Petrópolis (RJ) durante 22 anos. Foi editor das revistas Concilium (1970-1995) (Revista Internacional de Teologia), Revista de Cultura Vozes (1984-1992) e Revista Eclesiástica Brasileira (1970-1984).
Ante, pois, a proximidade das eleições gerais no Brasil, o Blog XIQUEXIQUE não poderia deixar de divulgar esse excelente pensamento do nosso teólogo maior. Vejam o que ele pensa:
Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais”, onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.Esta história de vida me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a mídia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factoide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.
Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando veem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a, assim chamada, opinião pública. São os donos de O Estado de São Paulo, de A Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem desse povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.
Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido a mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele veem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.
Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.
Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma), “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes, nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo -Jeca Tatu-; negou seus direitos; arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação; conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence (p.16)”.Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidente de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.
Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados, de onde vem Lula, e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coronéis e para “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.
Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituídas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas, importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, ao fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA, que faz questão de não ver; protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.
O que está em jogo neste enfrentamento entre a mídia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?
Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das más vontades deste setor endurecido da mídia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construído com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros."
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Evangelho visto pela arte africana:VISITA DOS REIS MAGOS
OS REIS MAGOS
Mateus: 2
Fotos do Rio São Francisco: VAPOR BARÃO DE COTEGIPE
O BARÃO E A BARCA
Velhas fotos de Salvador (BA): Igreja de N.S. da Luz
Pôr do Sol em Xique-Xique (BA).
pousa na terrinha para matar as saudades.
domingo, 19 de setembro de 2010
Fato Histórico: Formação do Magistério Primário em Xique-Xique (BA)
Uma das grande batalhas acontecidas em Xique-Xique, na década de 1950 foi a criação do Ginásio Municipal Senhor do Bonfim, solenemente inaugurado no dia 1º de março de 1959, pelo então Prefeito Municipal José Peregrino de Souza (1955-1959). (Ver a Crônica O GINÁSIO E O BOLSA FAMÍLIA, postada no dia 23.01.2010).
O prêmio por tão grande luta veio em dezembro de 1964, quando o Colégio Municipal Senhor do Bonfim forma a primeira turma de Professores e Professoras e com isso pela primeira vez a nobre função de professor em Xique-Xique será exercido, também, por profissionais forjados na cidade.
AGRADECIMENTO AO NOVO SEGUIDOR
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
História Interessante: SANDUICHES COM PATENTES MILITARES
Reportagem de Felipe Bachtold, publicada na Folha Online, no domingo, revela que Alberto Lira, 38 anos, dono da lanchonete Mister Burg, de Penedo, no interior de Alagoas, foi detido por batizar os sanduiches da casa com patentes militares.
RESPEITEM AS PATENTES. SÓ COMA UM SARGENTO DEPOIS DE TRAÇAR UM CABO E ASSIM POR DIANTE!
O pior é comer um CABO! QUEM COMEU O CORONEL ?DONO DE LANCHONETE É PRESO POR BATIZAR SANDUICHES COM PATENTES MILITARES. Para o dono de uma lanchonete de Penedo, a 170 km de Maceió (AL), tratava-se de uma estratégia de marketing. Mas, para o comandante da Polícia Militar na cidade, era uma ofensa à Corporação.E assim, por batizar os sanduíches da casa com patentes militares, AlbertoLira, 38 de idade, dono da lanchonete Mister Burg, acabou detido por ordem do comandante da PM local.Afinal, entendeu o militar, não ficaria bem alguém chegar na lanchonete epedir: "quero um coronel mal passado".Ou sair de lá dizendo: "acabei de comer um sargento".Na delegacia foi lavrado boletim de ocorrência e, face ao tumulto havido, a casa comercial fechou durante algumas horas.Contudo, como o delegado de plantão entendeu que não havia motivo para prisão, Lira foi liberado horas mais tarde. Os cardápios da lanchonete foram recolhidos para avaliação e a casa reaberta em seguida. Aproveitando-se da inesperada repercussão, a lanchonete quer manter o cardápio, que tanto desagrada à PM.A casa oferece lanches como o "coronel" (que é o filé com presunto), o"comandante" (um prato com calabresa frita), e por aí vai.A brincadeira foi demais para o parco humor dos policiais militares, que dizem que os nomes dos pratos provocavam chacotas e insinuações contra os policiais, entre os moradores da cidade de Penedo, 60 mil habitantes.Lira, o dono da lanchonete, diz que não teve, nem tem, nenhuma intenção de brincar ou ofender à Corporação. O cardápio - garante o dono da lanchonete - pretendia ser uma homenagem à hierarquia militar.O prato mais caro era o "comandante".O comerciante contratou o advogado Francisco Guerra, para entrar com uma denúncia por abuso de autoridade contra o comandante local da PM e uma ação reparatória, por dano moral, contra o Estado de Alagoas. Nela, vai salientar que não existe nenhum texto legal que impeça um restaurante de incluir, no seu cardápio, "lula à milanesa", "filé a cavalo" ou "coronel mal passado", etc.O advogado já pediu habeas corpus preventivo, para evitar outra detenção de seu cliente. A peça sustenta que "se o argumento do comandante fosse válido, nenhuma festa de criança poderia ter brigadeiro".Como se sabe, brigadeiro - além de ser a mais alta patente da Aeronáutica - é também o nome do docinho obrigatório nos aniversários de crianças.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Agradecimentos ao novo seguidor
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Foto Antiga: BOTAFOGO DE XIQUE-XIQUE (BA)
domingo, 12 de setembro de 2010
Fato Histórico: Crise política entre Xique-Xique (BA) e Barra (BA)
O trecho do Rio São Francisco que separa os dois municípios abriga um grande arquipélago formado por dezenas de ilhas que na maioria dos casos causa confusão para se saber a qual dos dois municípios pertence cada uma das ilhas.
Tentando resolver essa questão que é do tempo do Império, a Constituição de 1824 introduzir um regulamento sobre os direitos e deveres dos municípios acerca desses espaços geográficos, procedimento que foi seguido pela província da Bahia ao editar leis específicas sobre o assunto.
Não obstante todo esse cuidado, no período de 1858 a 1860 as autoridades e lideranças políticas desses dois municípios entraram em conflito sob o argumento de que Barra estaria invadindo ilhas que pertenceriam à Xique-Xique.
Tentando evitar o agravamento da questão que poderia até descambar para uma guerra fratricida a Câmara Municipal de Xique-Xique procurando encontrar uma forma de solucionar a pendência endereçou Ofício ao Presidente da Bahia, Dr. Antônio da Costa Pinto, solicitando sua intervenção e providências no sentido de estabelecer a divisão correta das ilhas entre os dois municípios,
Como se trata de um fato histórico de grande importância e precisa ser conhecido pela nova geração, necessário se torna transcrever, literalmente, o termo do expediente encaminhado por Xique-Xique ao mandatário maior da Bahia:
"Barra arroga-se dona de todas as ilhas, revertendo os seus produtos em seu próprio benefício.
Como as autoridades de Barra não respeitam o que dizem as Leis, a Câmara Municipal de Chique-Chique dirigiu-se aos vereadores do vizinho município por diversas vezes sugerindo reuniões e encontros para debaterem a questão e estabelecerem um acordo do uso e administração das ilhas. Mas, os nobres vereadores de Barra se negam a comparecer às reuniões sugeridas e se negam a obedecer o que dispõem as Leis supracitadas.
A renda total auferida pela Câmara Municipal de Chique-Chique, ou seja, sua receita total é insuficiente para arcar com suas despesas com empregados e com a administração, inclusive está enfrentando enormes dificuldades financeiras para fornecer água e luz aos presidiários.
Esta Câmara Municipal irá aguardar as providências de S. Exª. Entretanto, esta Câmara Municipal está decidida a tomar posse das ilhas que as Leis lhes garantem, não levando em conta nem se incomodando sobre qual será a reação das autoridades de Barra. No máximo, esta Câmara Municipal irá enviar um ofício àquelas autoridades, comunicando-lhes sua decisão unilateral e aleatória, tendo em vista a desatenção dos vereadores de Barra."
Assinaram o ofício os vereadores: Joaquim Estácio da Costa – presidente, Manoel Fulgêncio de Azevedo, Jacó Pereira Bastos, Manoel Antonio Mascarenhas e Luiz Calixto da Rocha.
OBS.: Informações extraídas e selecionadas do livro “Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique” Ed. 1999 – Autor: Cassimiro Machado Neto.
Pôr do Sol em Xique-Xique (BA)
Velhas fotos de Salvador: Elevador Lacerda
Principal ícone da cidade do Salvador, o famoso Elevador Lacerda além de fazer a ligação entre a cidade alta e a cidade baixa, oferece aos visitantes uma maravilhosa vista da Baía de Todos os Santos. Idealizado e criado pelo engenheiro baiano Antônio de Lacerda foi inaugurado no dia 8 de dezembro de 1873, junto com os festejos de Nossa Senhora da Conceição da Praia. Inicialmente recebeu o nome de Elevador Hidráulico da Conceição, depois de Elevador do Parafuso e em 21 de junho de 1896, foi batizado com o nome de Elevador Antônio de Lacerda, e logo depois simplificado para Elevador Lacerda.
Com 72 metros de altura o Elevador Lacerda foi erguido em duas torres. A primeira que sai da rocha e perfura a Ladeira da Montanha, servindo para equilibrar as cabines. Enquanto que a segunda fica mais visível e desce até o nível da Cidade Baixa.
Crônica: A HISTÓRIA DO HOSPITAL DE XIQUE-XIQUE (BA)
Na segunda metade da década de 1940, o Governo Federal, na época comandado pelo Mal. Dutra, decidiu implantar uma rede de hospitais públicos em várias cidades do interior do Brasil, tendo o Vale do São Francisco sido uma das regiões escolhidas e dentro dessa região figurava a cidade de Xique-Xique (BA), como beneficiária do programa.
As cidades que estavam situadas dentro do Vale do São Francisco tiveram a COMISSÃO DO VALE DO SÃO FRANCISCO, intituição que tinha como objetivo promover o desenvolvimeno das cidades são franciscana, escolhida para coordenadora desse empreendimento e com a responsabilidade de acompanhar o andamento das obras dos hospitais em todas as comunidades ribeirinhas.
Por incrível que pareça Xique-Xique foi a única que não foi contemplada com a conclusão do seu hospital quando findou o governo Dutra, no ano de 1950, ocasião em que as demais cidades festejavam a felicidade de contar com uma instituição destinada a cuidar da saúde dos seus munícipes.
O hospital de Xique-Xique, ficou com a construção civil inacabada, por que grande parte da verba federal destinada à construção não chegou a Xique-Xique ou, se chegou, foi indevidamente aplicada pela Comissão do Vale do São Francisco coordenadora e controladora das obras em todas as cidades ribeirinhas. Segundo a tradição vigente na cidade, desviaram o dinheiro federal que havia sido destinado à construção e instalação do hospital de Xique-Xique.
Lembro-me que por mais de 20 anos a construção que fora iniciada no ano de 1946, ficou totalmente abandonada, com grande parte das paredes sem reboco e sem telhado servindo para abrigo de animais (jumentos, cabras, carneiros e bovinos) além de bastante utilizado como sanitário e mictório público.
Quando a gente, no início da adolescência, se aventurava a catar favela ou apanhar umbus lá pelas bandas da estrada da Barra, lado sul da cidade e arriscava-se a entrar no prédio inacabado do hospital, podia-se constatar o triste abandono da obra. Paredes carcomidas pelo tempo, telhas faltando em face do constante furto e o mato, principalmente a malva, tomando conta de toda a área onde se situava a construção em ruínas. Era de fazer dó.
E, o pior, foi que as nossas autoridades municipais, se acomodaram ou se acovardaram com a situação, não tomaram nenhuma providência para apurar o desvio da verba do hospital e aceitaram, omissa e criminosamente, que a obra inacabada se deteriorasse inexoravelmente ao longo de 20 anos, e agiam como se tudo estivesse correndo as mil maravilhas. Em nenhum momento se preocuparam em solucionar o grave problema da não conclusão do hospital de Xique-Xique por causa do desvio das verbas federais.
Relacionamos a seguir, os nossos Prefeitos, Vereadores, Deputados Estaduais e Federais ligados a Xique-Xique, que durante 20 anos omitiram-se completamente com relação à obra inacabada do Hospital Xique-Xique, cuja conclusão não aconteceu por desvio da verba federal a ele destinada no Governo Dutra:
I) Prefeitos Municipais de 1948 a 1967:
1 - Aurélio Gomes Miranda – 1948/1951;
2 - João Rodrigues Soares – 1951/1955;
3 - José Peregrino de Souza (Cazuza) – 1955/1959;
4 - Francisco Marçal da Silva - 1959/1963
5 - Joel Firmo de Meira – 1963/1967.
II) Vereadores de 1948 a 1967
1 – Legislatura 1948/1951: Custódio B Moraes, Domingos Leandro Machado, Eusébio Ferreira de Brito, Felinto Pires Maciel, Francisco Marçal da Silva, Marinho Pereira de Carvalho, Naylor de Souza Nogueira e Samuel Rodrigues Soares.
2 – Legislatura 1951/1955: Antonio Ribeiro Maciel, Aristóteles Marçal da Silva, Custódio B. Moraes, Domingos Leandro Machado, Francisco Joaquim de Carvalho, Francisco Nunes de Souza, Naylor de Souza Nogueira, Pedro da Rocha Machado e Vital Gonçalves de Carvalho;
3 – Legislatura 1955/1959: Artur José do Bonfim (Marrecas), Benjamim Alves de Almeida (Copixaba), Cantídio Pires Maciel (Central), Eliezer Rocha (Uibaí), Eusébio Ferreira de Brito (Central), Francisco Nunes de Souza (Sede), José Clemente da Cunha (Sede), Pedro da Rocha Machado (Uibaí), Pedro Machado (Chapada do Jacaré), Samuel Rodrigues Soares (Sede) e Valdomiro do Rosário Borges (Sede);
4 – Legislatura 1959/1953: Aristóteles Marçal da Silva, Cleófano Dourado Lopes, Florisval Torres da Silva, Francisco Alves da Costa, Geraldo Regis de Oliveira, Humberto de Souza Nogueira, José Barbosa e Silva, José Clemente da Cunha, José Peregrino de Souza, Prim Gomes Barreto e Salvador Teixeira de Queiroz;
5 – Legislatura 1963/1967: Aurelino Macedo Souza, Clóvis Peregrino de Souza, Custódio B Moraes, Domingos Alves da Costa, Francisco Marçal da Silva, Geraldo Regis de Oliveira, João Ferreira Filho, José Peregrino de Souza e Manoel Alves Bessa.
III – Deputados Estaduais:
1948/1951 – Adão Moreira Bastos
1955/1959 – Djalma Alves Bessa, José Oliveira Bastos e Clemens Sampaio
1959/1963 – Djalma Alves Bessa e José Oliveira Bastos;
1963/1967 – Djalma Alves Bessa
1967/1971 – Djalma Alves Bessa e Dílson de Souza Nogueira.
IV – Deputados Federais:
1948/1951 – Manoel Novais e Luiz Viana Filho
1951/1955 – Manoel Novais e Luiz Viana Filho
1955/1959 – Manoel Novais e Luiz Viana Filho
1959/1963 – Manoel Novais e Luiz Viana Filho
1963/1967 – Manoel Novais e Luiz Viana Filho
1967/1971 – Manoel Novais
Não há como explicar a omissão dessa considerável quantidade de xiquexiquenses ilustres e legisladores federais votados em Xique-Xique, que não moveram uma palha no sentido de apurar as causas da não conclusão do hospital. Parece até que estavam anestesiados tal o descaso e a desídia com que trataram o assunto.
Pela lista de Prefeitos, Vereadores e Deputados Estaduais e Federais, acima listados, pode-se constatar que fica difícil entender a falta de interesse desses homens públicos em resolver uma causa de suma importância para a cidade.
Durante, pois, os 20 anos em que a obra parada do hospital ia se deteriorando pelo total abandono, as pessoas, não só de Xique-Xique mas de toda a região, até a cidade de Central, tinham que se submeter a uma viagem altamente desconfortável até a cidade da Barra, distante 72 km, quando precisavam de algum atendimento hospitalar. E, diga-se, que naquele tempo a viagem de Xique-Xique a Barra era feita por vapores, quando incertamente aportavam em Xique-Xique, por barcas ou por “jeeps” e “Rurais”, únicos veículos rodoviários em condições de enfrentar a precária estrada carroçável que, sem rumo certo e aos solavancos nos extensos areais, serpenteavam por entre o nativo carnaubal e, somente os motorista espertos conseguiam chegar ao destino, com o paciente em estado mais grave do que quando saiu de casa.
Mais melancólicos e descrentes com os políticos da época, ficavam os passageiros moribundos quando, mal acomodados dentro de um “jeep” ou uma “Rural”, passavam em frente ao hospital inacabado, que era o último imóvel no lado sul da cidade e onde se iniciava a arenosa estrada carroçável para a Barra
Esse sofrimento imposto às pessoas doentes e, portanto as mais necessitadas do apoio público, bem como a omissão e descaso dos nossos políticos locais permaneceram até o ano de 1966, quando, durante a campanha para prefeito municipal, o empresário José Barbosa e Silva, empresário bem sucedido, homem religios, de bom carater e um dos candidatos ao cargo majoritário, sensibilizado com o sofrimento dos xiquexiquenses, elegeu, levado por uma justa indignação, como principal plataforma do seu governo, caso eleito, a retomada da construção do hospital e a sua conseqüente inauguração.
O candidato José Barbosa tinha pleno conhecimento de que o erário de Xique-Xique não suportaria tal empreendimento e que talvez a sua promessa de campanha não pudesse ser cumprida. Mas, a emoção foi maior que a razão e confiando na sensibilidade dos empresários e da comunidade como um todo tinha convicção de que o sonho poderia ser realizado.
Lembro-me de que nesse tempo eu trabalhava na Agência do BNB em Petrolina (PE) e, ao tomar conhecimento de tão vultosa promessa de campanha cheguei a, inicialmente, considerá-la como pura demagogia, pensamento que logo foi desfeito pelo conhecimento que tinha do candidato promitente. Confesso que exultei de satisfação ante o fato de o candidato José Barbosa tomar a iniciativa de reerguer a importante obra que vinha, há 20 anos, desafiando inúmeros líderes políticos xiquexiquenses e legisladores estaduais e federais que ali compareciam em busca, exclusivamente, de votos.
Para a população que assistiu e acompanhou o descaso e o abandono, da obra por 20 anos, a atitude, naturalmente, era de descrença, mas, levada por uma vintenária esperança rendeu-se ao sonho revivido e alimentado na campanha eleitoral e, confiante no caráter do candidato o escolheu como o seu prefeito municipal, que tomou posse no dia 07 de abril de 1967.
Dia seguinte o novo prefeito já tomava todas as providências para implementar a sua principal promessa de campanha: concluir e inaugurar o hospital de Xique-Xique.
Sabia, muito antes de assumir o Executivo que a Prefeitura não tinha recursos para tal empreitada. Precisava, pois, contar com a sensível mobilização do povo xiquexiquense e do empresariado local.
Começou então um lento trabalho de contatos pessoais e convencimento dos líderes da cidade para a grande tarefa que pretendia iniciar. Conversou com as lideranças civis e políticas da cidade e verificou que o sonho do hospital ainda continuava vivo no coração da maioria das pessoas.
Foi orientado por assessores jurídicos no sentido de criar uma instituição que fizesse o papel de mantenedora do hospital e que se responsabilizasse pela arrecadação dos recursos necessários e pela administração da conclusão do hospital.
Assim foi criada a Sociedade Assistencial de Xique-Xique – SAXXE, da qual participaram como fundadores as lideranças locais representativas das diversas atividades econômicas de Xique-Xique, além dos segmentos religioso e social da cidade. Foi um apoio total que surpreendeu até mesmo o Prefeito José Barbosa, vez que até os deputados que durante 20 anos omitiram-se sobre o assunto, ficaram do lado do prefeito e se comprometeram em ajudá-lo em tudo que fosse possível.
Fortalecido com o apoio recebido da comunidade o Prefeito deflagrou o início das atividade da SAXXE e a retomada da construção do sonhado hospital de Xique-Xique contou com a efetiva colaboração de todos. Formou-se um gigantesco mutirão no qual se envolveu não só o povo da sede do município mas também os que moravam nos diversos distritos de Xique-Xique. Todos queriam participar da grande obra que seria a redenção da cidade.
Mas, somente a boa vontade, os pequenos recursos da Prefeitura e as doações do povo em geral mostraram-se insuficientes para a realização do grande sonho. Logo o Prefeito constatou que necessário seria o envolvimento do Governo Estadual para que as verbas chegassem em quantidade suficiente para a instalação do Hospital.
Foi a vez de ocupar o deputado estadual Dílson Nogueira e o deputado federal Manoel Novais, para, juntos, pelo menos conseguirem uma audiência com o agora governador Luiz Viana Filho que durante muitos anos, de 1948 a 1967, exerceu o mandato de Deputado Federal e sempre visitava Xique-Xique à busca de votos.
Audiência conseguida, restou ao Prefeito, junto com a diretoria da SAXXE, fazer uma ampla exposição de motivos sobre a história do hospital cuja obra inacabada desde 1946 estava tentando recuperar, inaugurar e entregar ao povo de Xique-Xique.
O então Governador Luiz Viana Filho que durante os 20 anos em que o hospital permaneceu inacabado exerceu a função de Deputado Federal e nada fez em benefício desse pleito tão importante para a cidade, resolveu como que se redimindo da longa omissão, encampar o projeto do Prefeito José Barbosa, prometendo os recursos necessários à conclusão do hospital.
O Deputado Federal presente à Audiência ao tomar conhecimento da decisão do governador também resolveu se redimir do longo silêncio de 20 anos e se comprometeu com o Prefeito para que nada faltasse à obra que estava sendo reerguida.
Foi a vitória do sonho e isso fez o Prefeito José Barbosa retornar a Xique-Xique portando a boa notícia de que o hospital seria concluído com a maior urgência possível pois para isso não faltariam recursos do governo estadual. Palavras do Governador.
Concluído o primeiro trimestre de 1970 o hospital de Xique-Xique estava praticamente concluído faltando pequenos detalhes para a completa inauguração. O povo radiante era só no que falava. Mesmo com os recursos do governo estadual chegando, a comunidade não parou de contribuir com as doações daquilo que achava necessário para o perfeito funcionamento do Hospital, de colchões a maços de algodão.
Concluída a obra, o prefeito José Barbosa, assessorado pelos seus auxiliares mais próximos, resolveu que a inauguração do Hospital seria no dia 13 de junho data de aniversário de Xique-Xique e que, numa espécie de homenagem e agradecimento ao Governador da Bahia que tudo fizera para o ressurgimento daquela instituição o Hospital teria o nome da sua mulher JULIETA VIANA.
Assim, no dia 13 de junho de 1970, com a cidade enfeitada e o prefeito José Barbosa único herói do grande acontecimento, naquele momento cercado pelo Governador da Bahia e sua mulher, cercado, também, por deputados, senadores, prefeitos, vereadores e demais autoridades civis que com grande espanto viam a realização do sonho de um prefeito, deu por inaugurado a grande obra que por mais de 20 anos foi a grande esperança do povo de Xique-Xique.
Fotos do Rio São Francisco: As Barcas à Vara e à Vela
O Evangelho visto pela arte Africana: O Bom Samaritano
(Lucas 10, 30-37)
Residências Clássicas de Xique-Xique (BA).
RESIDÊNCIA DE PREFEITOS
Esta é mais uma das clássicas residências existentes em Xique-Xique (BA).
A lembrança mais antiga que tenho dela é que, na década de 1950, foi ocupada pelo Pastor Gutemberg Nery Guarabira, missionário da Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira, que em 1949 fundou na cidade uma Congregação da Igreja Batista.
Foto Interessante: Estranha Coligação
Os Cangaceiros: JURITI
O cangaceiro baiano Manoel Pereira de Azevedo, oriundo do lugarejo Salgado do Melão, chegou ao bando de Lampião, com o nome de guerra JURITI, mas LAMPIÃO, de imediato, quer trocá-lo por Maçarico, mas o recém chegado cangaceiro rejeita o novo nome por considerá-lo afeminado e impõe a sua vontade de permancer sendo chamado de JURITI.
Era um rapaz de corpo atlético, esguio, louro, cabelos finos, gestos elegantes, boas maneiras, apesar de genioso e perverso ao extremo. A conta criminosa e maldita do cagaceiro de Salgado do Melão foi vasta e adubada com muito sangue e muitas dores.
Tempos depois, já famoso e comentado, JURITI leva para a sua companhia a jovem Maria, uma filha de Manoel Jerônimo, vaqueiro da fazenda Picos. Vamos encontrar JURITI e sua companheira Maria no coito de Angico, junto com Virgulino Ferreira, no fatídico 28 de julho de 1938. Naquele dantesco acontecimento muitos bandidos, atônitos e sem saber o que estava acontecendo, só pensavam em fugir daquele inferno. Milagrosamente muitos conseguiram sair daquele inesperado abismo que se abateu sobre o grupo bandoleiro. Milagre que não foi possível para onze companheiros, incluindo o maioral, o grande chefe, LAMPIÃO. Do contingente que conseguiu se salvar alguns foram baleados. A luta para transportar os enfermos foi titânica. Os que tinham condições de carregar os feridos não pouparam esforço, mostraram que faziam parte de uma família verdadeiramente unida. Foi com admirável boa vontade e coragem que transportaram seus doentes para locais seguros, onde os mesmos pudessem ser tratados.
Foto Antiga: O Jardim da Praça D. Máximo, em Xique-Xique (BA)
Esta foto, com toda certeza é anterior a 1963, ano em que a bela Prefeitura Municipal, que aqui se destaca, foi demolida pelo Poder Público.
Deve ser observado nesta foto a quantidade de "Boa Noite", pequena planta abundante no jardim, que florescia durante todo o ano independente da presença ou não de chuvas.
Também, a vantagem do "Boa Noite" era que, por seu gosto amargo, não era alimento para os jegues e bois que pastavam livremente na Praça D. Máximo e, assim cresciam livremente nos longos canteiros.
Hoje, o jardim está totalmente diferente face as várias mudanças que foram introduzidas no decorrer de todos esses anos.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
LEONARDO BOFF: SÔBRE AS ELEIÇÕES
Ante, pois, a proximidade das eleições gerais no Brasil, o Blog XIQUEXIQUE não poderia deixar de divulgar esse excelente pensamento do nosso teólogo maior. Vejam o que ele pensa:
"Para mim o significado maior desta eleição é consolidar a ruptura que Lula e o PT instauraram na história política brasileira. Derrotaram as elites econômico-financeiras e seu braço ideológico, a grande imprensa comercial. Notoriamente, elas sempre mantiveram o povo à margem da cidadania, feito, na dura linguagem de nosso maior historiador mulato, Capistrano de Abreu, "capado e recapado, sangrado e ressangrado". Elas estiveram montadas no poder por quase 500 anos. Organizaram o Estado de tal forma que seus privilégios ficassem sempre salvaguardados. Por isso, segundo dados do Banco Mundial, são aquelas que, proporcionalmente, mais acumulam no mundo e se contam, política e socialmente, entre as mais atrasadas e insensíveis.
São vinte mil famílias que, mais ou menos, controlam 46% de toda a riqueza nacional, sendo que 1% delas possui 44% de todas as terras. Não admira que estejamos entre os países mais desiguais do mundo, o que equivale di zer, um dos mais injustos e perversos do planeta.
Até a vitória de um filho da pobreza, Lula, a casa grande e a senzala constituíam os gonzos que sustentavam o mundo social das elites. A casa grande não permitia que a senzala descobrisse que a riqueza das elites fora construída com seu trabalho superexplorado, com seu sangue e suas vidas, feitas carvão no processo produtivo. Com alianças espertas, embaralhavam diferentemente as cartas para manter sempre o mesmo jogo e, gozadores, repetiam: "façamos nós a revolução antes que o povo a faça".
E a revolução consistia em mudar um pouco para ficar tudo como antes. Destarte, abortavam a emergência de outro sujeito histórico de poder, capaz de ocupar a cena e inaugurar um tempo moderno e menos excludente. Entretanto, contra sua vontade, irromperam redes de movimentos sociais de resistência e de autonomia. Esse poder social se canalizou em poder político até conquistar o poder de Estado.
Escândalo dos escândalos para as mentes súcubas e alinhadas aos poderes mundiais: um operário, sobrevivente da grande tribulação, representante da cultura popular, um não educado academicamente na escola dos faraós, chegar ao poder central e devolver ao povo o sentimento de dignidade, de força histórica e de ser sujeito de uma democracia republicana, onde "a coisa pública", o social, a vida lascada do povo ganhasse centralidade.
Na linha de Gandhi, Lula anunciou: "não vim para administrar, vim para cuidar; empresa eu administro, um povo vivo e sofrido eu cuido". Linguagem inaudita e instauradora de um novo tempo na política brasileira. O "Fome Zero", depois o "Bolsa Família", o "Crédito Consignado", o "Luz para Todos", o "Minha Casa, minha Vida, o "Agricultura familiar, o "Prouni", as "Escolas Profissionais", entre outras iniciativas sociais permitiram que a sociedade dos lascados conhecesse o que nunca as elites econômico-financeiras lhes permitiram: um salto de qualidade. Milhões passaram da miséria sofrida à pobreza digna e laboriosa e da pobreza para a classe média. Toda sociedade se mobilizou para melhor.
Mas essa derrota infligida às elites excludentes e anti-povo, deve ser consolidada nesta eleição por uma vitória convincente para que se configure um "não retorno definitivo" e elas percam a vergonha de se sentirem povo brasileiro assim como é e não como gostariam que fosse. Terminou o longo amanhecer.
Houve três olhares sobre o Brasil. Primeiro, foi visto a partir da praia: os índios assistindo a invasão de suas terras. Segundo, foi visto a partir das caravelas: os portugueses "descobrindo/encobrindo" o Brasil. O terceiro, o Brasil ousou ver-se a si mesmo e aí começou a invenção de uma república mestiça étnica e culturalmente que hoje somos. O Brasil enfrentou ainda quatro duras invasões: a colonização que dizimou os indígenas e introduziu a escravidão; a vinda dos povos novos, os emigrantes europeus que substituíram índios e escravos; a industrialização conservadora de substituição dos anos 30 do século passado mas que criou um vigoroso mercado interno e, por fim, a globalização econômico-financeira, inserindo-nos como sócios menores.
Face a esta história tortuosa, o Brasil se mostrou resiliente, quer dizer, enfrentou estas visões e intromissões, conseguindo dar a volta por cima e aprender de suas desgraças. Agora está colhendo os frutos.
Urge derrotar aquelas forças reacionárias que se escondem atrás do candidato da oposição. Não julgo a pessoa, coisa de Deus, mas o que representa como ator social. Celso Furtado, nosso melhor pensador em economia, morreu deixando uma advertência, título de seu livro A construção interrompida (1993): "Trata-se de saber se temos um futuro como nação que conta no devir humano, ou se prevalecerão as forças que se empenham em interromper o nosso processo histórico de formação de um Estado-Nação" (p.35). Estas não podem prevalecer. Temos condições de completar a construção do Brasil, derrotando-as com Lula e as forças que realizarão o sonho de Celso Furtado e o nosso."
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Agradecimentos ao novo seguidor
Foto Antiga: O CAIS E A RAMPA DO MERCADO EM XIQUE-XIQUE (BA).
Os Cangaceiros: CANGACEIRO 'GATO'
Foto Interessante: PARQUE AQUÁTICO DE XIQUE-XIQUE (BA)
A BOCARRA DO SURUBIM
O Parque Aquático Ponta das Pedras é uma monumental área de lazer municipal, construída no ano de 2000, situado na cidade de Xique-Xique, na margem do Rio São Francisco, em área da antiga "Fazenda Praia" local de origem da cidade.