Outra tremenda seca
No ano de 1852 houve uma espécie de continuação da grande seca de
1851, dizimando ou expulsando centenas de famílias inteiras, que fugiram dos seus rincões em busca
de sobrevivência, salvando a própria pele e os filhos.
Os bens praticamente não existiam, a não ser
um pedaço de chão seco e imprestável, por mais um ano de seca. As últimas aves
do quintal foram transformadas no último prato de pirão de farinha, antes da
partida desesperada para lugares incertos e não sabidos.
O presidente da província da Bahia, Francisco
Gonçalves Martins – Visconde de São Lourenço – (12.10.1848-03.05.1852) fora
notificado por ofício da Câmara Municipal de Xique-Xique, deixando uma tarefa grave para o sucessor, o sertanejo João
Maurício Wanderley – futuro Barão de Cotegipe – (20.09.1852-01.05.1855),
conhecedor profundo da vida e do flagelo da seca, pois nascera em Barra (BA) e fora
Juiz de Direito em Xique-Xique.
O presidente da província João Maurício
Wanderley visitou o sertão baiano, em uma viagem penosa, trazendo socorro e
esperança às multidões de famintos.
Amenizou o sofrimento e a dor, diminuindo
sensivelmente a quantidade de óbitos causados pela desnutrição, mas não
encontrou recursos suficientes para sanar definitivamente as consequências de
fenômenos semelhantes no futuro.
O presidente da província da Bahia foi
devidamente informado pela Câmara Municipal de Xique-Xique, entretanto foi quase invisível o socorro chegado até os
flagelados.
Fonte: "Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique", de Cassimiro Neto
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