quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Crônica Xiquexiqueana: PESCARIAS EM XIQUE XIQUE (BA)

AS PESCARIAS NO MANGUE FUNDO E NA LAGOA DE ITAPARICA
Juarez M. Chaves

Xique Xique por ter se originado de um acampamento de pescadores que, residindo na Ilha do Miradouro, instalavam-se na margem do piscoso Lago Ipueira, em frente à cidade, trouxe consigo, desde o nascimento uma grande vocação para as atividades de pesca, que se inicialmente fora exercida por humildes pescadores individuais, transformou-se com o passar do tempo numa profissão das mais organizadas da cidade, contando, inclusive, com associação de classes, conhecida como Colônia dos Pescadores. A Colônia, que abriga a grande maioria dos pescadores xiquexiquenses sempre se mostrou ser uma associação forte e que faz questão de exercer essa liderança, principalmente, na noite em que patrocina a novena em homenagem ao Senhor do Bonfim, padroeiro da cidade.

O Lago Ipueira que banha Xique Xique (BA), para quem não conhece, tem aproximadamente 13 km de comprimento e uma largura média de 500 metros, cujas águas viajam, lentamente, em direção sul, formando o canal do Mangue Fundo através do qual carreia água para a Lagoa de Itaparica local de desova e reprodução de muitas espécies de peixe do Rio São Francisco.
A pescaria é uma atividade inerente à todo xiquexiquense, pois, a gente começava a brincar de pegar peixe ainda na fase de criança. Diariamente, principalmente à tardinha e à noite, jovens e adultos se postavam na beira do Velho Chico, com anzóis e iscas de minhoca para pegar mandins, um peixe com mais ou menos 20 cm, bastante apreciado por toda a população quer cozido quer assado. Dentre esses pescadores muitos estavam ali, realmente, a procura de uma refeição.
O Lago Ipueira, em frente a Xique Xique sempre foi muito generoso e nunca permitiu que um pescador saísse das suas margens sem uma fieira de peixes, garantindo assim o alimento diário de muitas famílias. Outros, no entanto, estavam ali apenas para se divertir e às vezes essa diversão se estendia até as 21:30 horas quando a usina municipal que fornecia a energia elétrica, dava sinal que a luz ia apagar. Algumas pessoas preferiam ir pescar no meio do Lago Ipueira e utilizavam uma canoa a remo para se deslocar até 100 metros da margem. Diziam que ali havia peixes em maior quantidade, ante a ausência do barulho feito pelas pessoas que pescavam na margem.Naturalmente havia épocas em que os peixes eram mais abundantes e isso ocorria nos períodos de secas quando o Lago Ipueira ficava isolado ou apenas ligado por um pequeno braço de água ao leito principal do Rio São Francisco e assim se transformava num verdadeiro viveiro de peixes.
Quando o rio São Francisco começava o período de cheia, entre novembro e fevereiro de cada ano, resultado das chuvas caídas nas cabeceiras em Minas Gerais, o Canal do Guaxinin, na Ponta da Ilha, permitia que um grande volume de água chegasse até ao Lago Ipueira e dele passasse para a Lagoa da Itaparica através do canal do Mangue Fundo. Nessas ocasiões todo o sistema formado pelo Lago Ipueira, Canal do Mangue Fundo e Lagoa da Itaparica atingia o volume máximo de água, quando então os peixes aproveitavam para se acasalarem e desovarem. Alguns meses depois, com a vazante do rio o Canal do Mangue Fundo baixava o nível da água e era cortada a ligação do Lago Ipueira com a Lagoa de Itaparica, ficando pois desintegrado o sistema hidraulico antes formado pelos tres reservatórios, contudo, todos eles repletos de peixinhos que ali nasceram na época da cheia. Lá para o segundo semestre, os peixes já tinham atingido o tamanho ideal para serem pescados e, com o nível baixo das águas, o Canal do Mangue Fundo e a Lagoa de Itaparica se transformavam num espaço ideal para pescaria em grande escala.
Era quando a pescaria em Xique Xique deixava o seu caráter amadorístico e se transformava numa grande atividade comercial exercida pelos pescadores profissionais da cidade. Os peixes que nasceram na Lagoa de Itaparica e no Mangue Fundo já estavam relativamente crescidos e no ponto de serem pescados com a utilização de redes fabricadas de caroá, uma fibra existente na caatinga.
Nesse tempo os pescadores se mudavam com toda a sua família para o canal do Mangue Fundo ou para a margem da Lagoa de Itaparica e lá, levantavam pequenas casas de taipa cobertas com palha de carnaúba para se abrigarem durante todo o período da pescaria. Enquanto os homens pescavam as mulheres e filhos se encarregam de limpar os peixes e salgá-los pois ainda não havia um sistema de refrigeração para conservá-los frescos.
O primeiro dia de pescaria, no que pese ser uma atividade que acontecia anualmente, se transformava numa imperdível atração para grande parte do povo de Xique Xique. Uns iam a negócios para comprar o produto da pesca e outros por mera curiosidade ou simples distração. Como a pescaria do Mangue Fundo se dava num local relativamente perto da cidade, era a que mais atraia os curiosos que para lá se deslocavam utilizando todo tipo de transporte, até mesmo a pé. Para a Lagoa de Itaparica, geralmente se deslocavam os negociantes que estavam interessados na compra de peixes. De qualquer maneira nenhuma dessas pessoas que lá estivessem, a negócio, a passeio ou em lazer, teria o dissabor de passar fome, pois era grande a quantidade de panelas ao fogo cozinhando o peixe fresco recém saído das águas e grande a alegria daquelas mulheres de pescadores em fornecer um prato com o delicioso peixe cozido na água grande e na trempe de tijolo. E assim seguiam os pescadores na nobre faina de tirar do São Francisco a proteína animal que iria alimentar por muitos dias toda uma população e ainda sobrar peixe para exportar para os nossos irmãos das cidades vizinhas que, diariamente, vinham a Xique Xique comprar o peixe salgado, muito apreciado na região e fácil de guardar para ser utilizado durante toda a semana.Até os dias de hoje o Lago Ipueira, o canal do Mangue Fundo e a Lagoa de Itaparica, sem se falar nas outras inúmeras ilhas que compõem o arquipélago que enfeita o Rio São Francisco nas imediações de Xiquexique, têm se mostrado pródigos em fornecer o pescado fresco e saudável com que adorna a mesa dos xiquexiquenses.


PS.: Este ano foi criada em Xique Xique a Faculdade de Engenharia de Pesca, ligada à Universidade Estadual da Bahia. A UNEB não poderia ter escolhido um melhor local para instalar a Faculdade, haja vista a vocação natural de Xique Xique para a atividade pesqueira. Esperamos que com essa Instituição de Ensino Superior a pesca em nossa cidade seja alavancada e se transforme em mercadoria de exportação para toda a Bahia ou mesmo o Brasil, carreando divisas para o nosso Município tão carente de verbas necessárias ao seu desenvolvimento.

Cantinho da Seresta: Músicas Populares



O Blog de JUAREZ MORAIS CHAVES fez uma seleção de músicas genuinamente brasileiras, tocadas e cantadas na segunda metade do século passado, principalmente nos anos 1960, "cifradas" para violão e que, semanalmente, estarão sendo divulgadas.



















Foto Inédita da Enchente de 1979, em Xique Xique (BA)

PRAÇA GETÚLIO VARGAS


Novo ângulo da Praça Getúlio Vargas, totalmente tomada pelas águas do Rio São Francisco na grande enchente de 1979.

No momento essa Praça está passando por uma importante reforma que irá transformá-la num dos mais bonitos logradouros da cidade.

Foto Antiga de Xique Xique (BA): Praça D. Máximo

PRAÇA D. MÁXIMO
O nome de Praça D. Máximo foi outorgado ao principal logradouro da cidade de Xique Xique (BA) pelo Prefeito Municipal Cel. José de Souza Nogueira (1930-1934), em homenagem, segundo a tradição, a um sacerdote xiquexiquense que teria sido sagrado bispo da Igreja Católica, numa cidade do Maranhão.

Esta foto retrata o desenho original do jardim da Praça D. Máximo construído na segunda metade dos anos 1950 pelo Prefeito Municipal João Rodrigues Soares (1951-1955), conforme Decreto nº 05, de 03.07.1953, encaminhado pelo referido Prefeito à Câmara Municipal

Foto Denúncia: Mercado do Peixe em Xique Xique BA

MERCADO DO PEIXE EM XIQUE XIQUE (BA)

A nossa cidade foi contemplada com a instalação de uma Faculdade de Engenharia de Pesca ligada à Universidade Estadual da Bahia, cujas aulas iniciar-se-ão no próximo ano de 2012. Segundo tomei conhecimento as inscrições para o primeiro vestibular que acontecerá no próximo mês de novembro já estão sendo feitas.

Por tudo isso, não é justo e nem salutar que o nosso Mercado do Peixe fique totalmente abandonado e tomado pela sujeira numa total demonstração do descaso dos nossos administradores com a saúde pública dos xiquexiquenses.

Numa cidade em que a partir do próximo ano os nossos jovens estarão sendo doutrinados e instruídos sobre a melhor maneira de, entre outras técnicas, manipular e conservar, higienicamente o pescado, não se justifica a permanência das atuais instalações do nosso Mercado do Peixe.

Por isso, chamo a atenção das nossas autoridades Estaduais, Judiciárias, Municipais e Ministério Público para que unam forças no sentido de dotar Xique Xique de instalações higiênicas para a exposição adequada do nosso pescado.

Foto do Rio São Francisco: Beira do rio

CHEGADA DE UM VAPOR

A chegada de um vapor, em qualquer porto do Rio São Francisco, por mais modesto que fosse, era sempre motivo de muita alegria e movimentação na comunidade. Todos se dirigiam à beira do rio para assistir a embarcação se aproximar.

O inusitado desta foto é que ela foi "tirada" do teto do vapor fixando o momento da aproximação e a ansiedade do povo que sempre visitava a embarcação, para matar a curiosidade, enquanto os passageiros desembarcavam e novas mercadorias eram colocadas na "lancha".

A lancha era uma embarcação tipo "chata" que acoplada à lateral do vapor, servia não só para dar maior estabilidade mas também transportar mercadorias já que o vapor não dispunha de área para isso.

Essa alegria e movimentação, infelizmente se acabou com a extinção da navegação feita pelos "navios gaiolas" que, carinhosamente era por nós chamados de VAPOR.
Foto: Marcel Gautherot

Arte Sacra na Bahia: Azulejaria

Alegorias bíblicas, localizadas na sacristia da Igreja do Pilar, em Salvador Bahia, dentro de cartelas concheadas, que tem como motivo a Sarça Ardente e a Fênix (no contexto, símbolos eucarísticos).

Ressalta-se a bela fatura ea originalidade no tratamento do tema (1779)

Bahia: Tesouros da Fé

Foto:Sérgio Benutti



Foto Interessante: FINAL FELIZ?


A MORTE DA BARCA

As barcas, assim como foram os vapores, são, para nós barranqueiros, seres "vivos" e que têm nascimento, vida e morte, mesmo que sejam denominadas de "FINAL FELIZ".

No que pese a existência de artesãos que, em precários estaleiros conseguem manter por muitos anos as barcas que navegam no rio, chega um momento em que a vida útil se acaba e a barca que por décadas serviu à comunidade e enriqueceu o barqueiro se vê abandonada e jogada fora das aguas do Velho Chico até total destruição pelo tempo.

Lago Ipueira: BARCAS COMO MEIO DE TRANSPORTE

O TRANSPORTE

Em Xique Xique (BA), cidada banhada pelo Rio São Francisco cujo município é contemplado por um grande arquipélago, as barcas continuam sendo um dos grandes e mais populares meios de transportes dos xiquexiquenses, principalmente nos dias de feira livre, quando os feirantes vinham para Xique Xique e voltavam para suas ilhas de origem utilizando as inúmeras barcas que aportavam no Lago Ipueira.

Foto Aérea de Xique Xique (BA): Velho Chico, ao fundo.

VELHO CHICO AO LONGE

Poucas cidades do mundo podem se vangloriar de possuirem dois braços de um grande rio a banhá-la. Xique Xique (BA) é uma delas. Tendo à frente a grande Ilha do Gado Bravo, pode contar de imediato com o Lago Ipueira que lhe atende todas as necessidades hídricas, estando, no entanto precisando ser utilizado turisticamente.

Do outro lado da Ilha do Gado Bravo conta com o leito principal do Rio São Francisco que é utilizado para transporte fluvial e contato com as demais cidades ribeirinhas.

Foto: Édson Nogueira

Provérbio Nordestino:Padre Airton Freire




"O MEDO DÁ MUNIÇÃO PRA CORRER OU ENFRENTAR O EMBATE"


Padre Airton






Fotos do cineasta Édson Nogueira: Praça D. Máximo


PRAÇA D. MÁXIMO


Esta é uma foto da tradicional Praça D. Máximo, em Xique Xique (BA), tendo como foco o seu ângulo mais fotografado. Apesar disso a fotografia obtida pelo nosso cineasta apresenta-se com um toque diferente, característica do grande artista que é.


Foto: Édson Nogueira.




Moradia de alto risco:

Olhem para o local onde esse povo constroe suas casas e ruas. Parece até que não têm chão plano para viverem com mais segurança e conforto.

Foto antiga de Salvador: ITAPOÃ

Assim era o bairro de Itapoã nos antigamente.

Normandia ontem e hoje: IGREJAS RECUPERADAS




Pobre Normandia que até os Templos, lugares de orações e conforto, não foram respeitados.

Mas, o povo religioso e espiritualizado soube, com amor e boa vontade recuperar a Igreja semi-destruída por balas de canhões durante a egunda Grande Guerra.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

LULA, DOUTOR HONORIS CAUSA EM PARIS

"LULA RECEBE TÍTULO HONORIS CAUSA COM FESTA EM UNIVERSIDADE DE PARIS


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido com festa no Instituto de Estudos Políticos de Paris - o Sciences-po -, na França, para receber mais um título de doutor honoris causa, nesta terça-feira. Tratado como uma estrela desde a entrada da instituição, ele foi cercado por estudantes e, aos gritos, foi saudado. Antes de chegar à sala de homenagem, em um corredor, Lula ouviu, dos franceses, a música de Geraldo Vandré, "Para não dizer que eu não falei das flores".


Essa notícia não foi divulgada pela grande imprensa falada e escrita no Brasil. PORQUE???
A resposta está no artigo de WALTER HUPSEL publicado no seu blog de notícias ON THE ROCKS. Vejamos, na íntegra, a matéria:


"PÉS NA COZINHA

O ex-presidente Lula recebeu o titulo de Doutor Honoris Causa pelo Instituto de Ciência Política de Paris, a Sciences Po. Um titulo honorífico que é concedido por instituições de ensino respeitadas àqueles que, de certa maneira, fizeram algo que as instituições acreditem ser relevante.
E a Sciences Po julgou que Lula fez algo de relevante e mereceu o título. Muita gente e instituições pelo mundo têm o mesmo julgamento. "O cara", como já foi chamado, foi homenageado em dezenas de lugares ao redor do mundo. Mas uma parte da imprensa brasileira não vê motivo. Eles enxergam vários problemas do governo Lula e nenhum mérito (ok, para esta parte da imprensa o grande "plus" de Lula foi não ter feito nada exceto continuar as políticas do príncipe FHC).
Valorizar é, por definição, uma ação subjetiva e, como tal, pessoal e intransferível. Se ela, esta parte da imprensa, não vê valores positivos no governo Lula, mais do que normal. Entretanto, como bem retratou o
jornal argentino Página 12, a imprensa daqui se portou como escravocrata.
As perguntas que questionavam a escolha do ex-presidente do Brasil para o título de Honoris Causa foram, no mínimo, rudes. Como alguém que se orgulha da falta de educação formal pode ser Doutor Honoris Causa? Como pode laurear alguém que chamou Kaddafi de "irmão"?
Além de mostrar total desconhecimento da homenagem (Honoris Causa é honraria, oras, e não um título de mérito acadêmico), mostraram também ignorância sobre política. Afagos, fotos, sorrisos para a câmera e gentilezas, além é claro dos interesses, fazem parte da política interna e externa. Chamamos isso de realpolitik (procurem por fotos do mesmo Kaddafi com Clinton, Condoleeza Rice, Sarkozy e perceberão o tamanho da ignorância da pergunta)
Eu vou além. Não foram apenas ignorantes e rudes. Foram também um misto de arrogância e daquilo conhecido como "complexo de vira-lata".
Uma repórter do Globo questionou do por quê escolherem Lula e não FHC. Se os dados econômicos e sociais não falassem por si, e se a pergunta não demonstrasse a escancarada preferência política da repórter, a indagação do jornal ansiava por um endosso da Sciences Po ao príncipe da sociologia e poliglota FHC, como se dissesse: este merece ser homenageado por vocês, ter seu trabalho reconhecido, um grande presidente, cultíssimo e que, como brasileiro, tem um pé na cozinha.
Questionava, portanto, aquilo que é subjetivo e, ao mesmo tempo, pediam um carimbo parisiense de "aprovado" ao ex-presidente-sociólogo, afinal o que é gringo é sempre melhor que o que é nacional, tupiniquim.
Um pé na cozinha não foi suficiente para a laurear FHC.

Não foi a honraria concedida a Lula pelo seu governo que incomodou tanto, foram os dois pés de Lula no cômodo dos fundos."

TÁ EXPLICADO O SILÊNCIO DA NOSSA MÍDIA.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

OS SALMOS DA BÍBLIA SAGRADA

OS SALMOS
O Saltério é a coleção de 150 Salmos que existem na Bíblia Sagrada. São os tesouros da poesia lírica cultivada por Israel desde as suas origens. Atribuem-se ao Rei David, 73 salmos. Não é preciso alongar-nos tão evidente é a riqueza religiosa dos Salmos. Eles foram as preces do Antigo Testamento quando o próprio Deus inspirou os sentimentos que seus filhos devem ter a seu respeito e as palavras de que devem servir-se ao se dirigirem a Ele. Foram recitados por Jesus e por Maria, pelos apóstolos e pelos primeiros mártires. A Igreja Cristã fez deles sua prece oficial. As esperanças cantadas pelos salmistas se realizam: o Messias veio, ele reina e todas as nações são chamadas a louvá-lo. (Bíblia de Jerusalém).
A leitura diária dos salmos deve ser um ato de prazer e de louvor. No entanto dentre os 150 salmos, existem alguns que podem ser lidos e refletidos em determinadas ocasiões especiais. Damos a seguir uma relação desses salmos para que em momentos aflitivos possamos recorrer a eles:
Na doença: 6, 38, 88, 102. Na angústia: 7, 21, 31, 33
Pelas boas colheitas: 65, 147. Na solidão: 40
Na acusação injusta: 5, 7, 17, 26, 35. Sem coragem: 12, 32, 41
Pela família: 127, 128, 133, 144. Na desilusão: 4, 40.
Na viuvez: 71. Sem saúde: 6, 26, 31, 40
Na esperança: 16, 85, 123 Para agradecer a Deus: 135.
Em ação de graças: 40, 66, 124, 126, 138. Na perturbação: 4.
Na morte: 39, 88, 90, 143. Na felicidade: 33
No trabalho: 90, 104, 127, 144. Na necessidade de refúgio: 45
Pela Manhã: 5, 63, 90, 103, 108, 143. No arrependimento: 50
À noite: 3, 4, 134, 141. Na preocupação: 34
Em perigo: 90 Em viagem: 120
Sem ânimo espiritual: 26 Na tentação: 45, 55, 130.

domingo, 25 de setembro de 2011

Caso Interessante: A MULHER DE ROXO

Na década de 1960, quando, ante a inexistência dos shopings, a distração do baiano era ir para a Rua Chile e, sob o pretexto de olhar vitrines ficarem a ver as meninas passarem, era comum a presença de uma misteriosa mulher de aproximadamente 45 anos, toda vestida de roxo e que ficava perambulando pela Rua Chile com um ponto preferencial na "Lojas Sloper". Era um mulher misteriosa, quase uma lenda. Ninguem sabia da sua origem ou da sua família. Dormia na Rua Chile ou nas imediações, mas, logo que as lojas abriam, lá estava ela, com chuva ou com sol, na porta da Sloper, vestida com um longo vestido de veludo vermelho, sempre falando sozinha e pedindo dinheiro aos passantes.

Andava geralmente descalça, com alguma coisa enfeitando a cabeça e um grande crucifixo pendendo no pescoço. Às vezes aparecia vestida de noiva, com buquê, véu e grinalda.

Como era uma personagem lendária muitos fatos eram-lhe atribuídos, sem nenhuma comprovação. Uns diziam que havia perdido uma grande fortuna e enlouquecida; outros que havia presenciado a mãe assassinar o pai e depois suicidar-se. O mais divulgado era que foi moça instruída, de boa família e que por uma decepção amorosa ficara daquele jeito.

Quando se pintava, usando maquiagem forte no rosto e nos lábios, usava o espelho retrovisor dos automóveis importados que ficavam estacionados ao longo da Rua Chile. Muitas reportagens foram publicadas na época sobre a mulher de roxo ou dama de roxo.
Hoje a Mulher de Roxo ou Dama de Roxo é uma personagem lendária da Rua Chile. É mais uma lenda entre as muitas da velha Salvador.

Ninguém conhece sua verdadeira história: se foi rica ou pobre, se foi noiva abandonada no altar ou se perdeu grande fortuna. Talvez ela fosse tudo isso.

Hoje é uma personagem landária que ainda vive no imaginário do baiano de Salvador.

Evangelho Dominical: Mateus 21, 28-32

A PARÁBOLA DO ARREPENDIMENTO


Naquele tempo, Jesus disse aos sacerdotes e ­anciãos do povo: 28"Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: 'Filho, vai trabalhar hoje na vinha!' 29O filho respondeu: 'Não quero'. Mas depois mudou de opinião e foi.30O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: 'Sim, senhor, eu vou'. Mas não foi. 31Qual dos dois fez a vontade do pai?"Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: "O primeiro".Então Jesus lhes disse: "Em verdade vos digo que os cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. 32Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os cobradores de impostos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele".

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Semana Santa em Xique Xique (BA): OUTRA VERSÃO

Divulgo, aqui, mais uma crônica da Semana Santa em Xique Xique BA, escrita pelo conterrâneo Nilson Azevedo.




CÂNTICOS, BENDITOS e TRADIÇÕES
In Nilson
A matraca soava demoradamente e a lamentação seguia pelas Estações, assemelhadas à Via Sacra, a entoar os“padre-nosso” e benditos, todos os cânticos em louvor a Deus, a Virgem Maria ou a um Santo qualquer. Os penitentes flagelavam-se com a “disciplina” materializada em lâminas afiadas, num suplício impressionante á guisa de arrependimento dos seus próprios pecados e, porventura, dos alheios.
Acreditava-se e acredito eu que as “almas santas benditas” estariam a levitar, temporariamente, no limbo ou no purgatório, a acompanhar os fiéis penitentes durante a lamentação, a esperar suas orações contundentes em forma de benditos, na primordial esperança de diminuir ou purgar os seus sofrimentos por constante crença, numa espécie de progressão da pena sem a juridicidade, no particular.
Os devotos, por sua vez, estariam amparados e recompensados por essas futuras e abençoadas “almas santas benditas” à busca de uma hipotética salvação eterna , mesmo inflacionados com as teorias sobre o desrespeito a envolver as crenças populares e das minorias, tão divulgadas nas sofisticadas máquinas dos Ipad II, da segunda remessa deste início do século XXI, sem resultados visíveis.
Os rituais de lamentação ainda praticados pelos penitentes de Xiquexique, embora propensos à extinção, jamais deveriam ser por eles abandonados em face dos fatídicos e prosaicos sete anos, que vem a ser o intervalo de suas medievais existências teleológicas e teológicas, posto que as almas dos que habitaram as Prefeituras, as Câmaras de Vereadores, com ressonância nas almas penadas, nos fantasmas oficiais dos Deputados e Senadores do Congresso Nacional e nas almas dos que também habitaram a Presidência da República, tanto no Palácio do Catete quanto no Palácio da Alvorada e do Planalto, visto que estamos a lamentar que foram eles os que prometeram favores e vida eterna aos nossos penitentes e a nós xiquexiquenses comuns, nos discursos de palanques. Contudo, outras almas não menos comuns pairam no nosso céu cor de anil.
Essas almas de uma minoria de eleitores xiquexiquenses, almas verdadeiramente benditas, pedirão orações aos nossos penitentes, com mais intensidade e fervor, em que pese a salvação já consolidada. Se um penitente daqui de Xiquexique abandonar ou esquecer-se da autoflagelação durante os setes anos da obrigação, contaram-me os antigos que essas mesmas “almas santas benditas” se incumbirão de aplicar nas costas, na região lombar do infiel, a lâmina da “disciplina”, já que o nosso herói estará, de antemão, ensanguentado pelos espinhosos ramos dos faveleiros. Um deles, do bairro das Pedrinhas, confessou-me, a propósito, que o pé de favela é uma árvore daqui do sertão do São Francisco, da família das Euforbiáceas. Adiantando-me, na bucha ou de inopino, se desejarem, que, na sua condição de autêntico penitente, usará a “disciplina” laminada, no estrito cumprimento do seu voto implacável, a partir da quarta-feira até a sexta-feira da Quaresma.
Residi nas imediações da Capela de São Pedro, no bairro dos Paramelos. Localizava-se ali uma Estação, Via Crucis de peregrinação dos penitentes. Na ocasião, aprendi esse bendito:
“Na quinta-feira Jesus com seus discípulos
De oliveira foi pra Jerusalém
Na paz de Cristo, meu Jesus com seus discípulos
Ele padeceu a favor de nós também.
Na hora da ceia, meu Jesus com seus discípulos
Banhando os pés, com grande contentamento
Com grande gosto no Santíssimo Sacramento
Depois de cear, meu Jesus saiu pra o horto
Foi fazer três horas de oração
Os judeus iam à frente com a tropa
Fazendo dele um herói, um capitão.
Beijando o Cristo no seu lado direito
Felicidade, ai meu senhor, divino mestre Jesus te disse:
Eu conheço tua falsidade
Por este beijo que agora tu me destes
Meu Jesus foi surrado realmente
Com tanto sangue derramado pelo chão
Foram tantos danos que sofria meu Jesus
Com sua santa Mãe no seu doce coração
Pegaram meu Jesus e amarraram seus braços
Saiu com ele na rua, ainda Pilatos disse
Tu não és o filho da Virgem?
Porque deixou os Judeus te açoitar?
Depois que judiaram de meu Jesus
Pegaram ele e botaram num troninho
A coroa que botaram na cabeça
Era toda com setenta e dois espinhos
Os espinhos da coroa de Jesus
Seu coração todo cheio de energia
Arrebentou setenta veias de sangue
Que penetravam pelos olhos e ouvidos
Jesus chamou São Simão, São Cirineu
Me ajude a levar esta cruz
Que o peso do madeiro era tanto
Que seus olhos ficaram mortos, sem luz
E São Simão levou a cruz
Um passo, um passo, ai meu Senhor não posso mais
Só quem pode conduzir este madeiro é meu Bom Jesus
Que é um poderoso pai
Eu ofereço, eu ofereço este bendito ao Senhor
Ao Senhor que está na cruz
Por intenção, intenção das almas santas
Que para sempre, para sempre, amém Jesus!”

Após a última estrofe, mais uma vez, a matraca estala ao som de um dos “padre-nosso” entoado pelo responsável pela via crucis do sacrifício penitente, cuja ladainha foi repetida e glosada pelo devotos e acompanhantes:
“Mais outro Padre-Nosso com a sua Ave-Maria.
Mais outro Padre Nosso, com sua Ave-Maria
Para todos aqueles que morreram afogados
Para que Deus Nosso Senhor Jesus Cristo
Dê o Reino da Glória, por esmola”.

Normandia Ontem e Hoje:A Capelinha restaurada

A CAPELINHA


Tempo de guerra. O solitário soldado montado numa velha motocicleta pára em frente à capela semi-destruída e, disfarçando a leitura de uma tabuleta, faz as suas orações pelo fim do conflito e retorno à sua família.

Atualmente a pequena capela, propositadamente respeitada durante a grande guerra, restaurada e florida, serve de guarita e repouso para a população da comunidade.

Tópicos da História do Brasil: CAPITANIAS HEREDITÁRIAS






















História do Brasil de Jorge Caldeira

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Foto Antiga de Salvador (BA): A FONTE NOVA



O antigo Estádio Octávio Mangabeira, em Salvador (BA), também conhecido como Fonte Nova era utilizado pelos principais times de futebol do Estado da Bahia. Fechado após o desabamento de parte da sua arquibancada superior, o estádio foi implodido em agosto de 2010 e atualmente está sendo construído um novo, no mesmo lugar, denominado de Arena Fonte Nova, para a Copa do Mundo que se realizará no Brasil.
O velho estádio teve o seu recorde de público durante o campeonato brasileiro de 1988, durante o jogo do Bahia com Fluminense, quando 110.438 pessoas, assistiram a vitória do time baiano por 2x1. Foi o ano em que o Esporte Clube Bahia sagrou-se Campeão Nacional.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

CRESTOMATIA EM TEMPOS DE TABLET

OS LIVROS DIGITAIS


Muito se tem comentado nos colégios que os "tablets" irão substituir os atuais livros feitos com papel e tinta. Nas grandes cidades é comum nos depararmos com dezenas de propagandas fazendo apologias dessa nova moda dando até a impressão que doravante que andar com livro de papel ou for pêgo lendo livro de papel sofrerá gozações, por estar fora da moda. As crianças atuais não mais têm o hábito da leitura, envolvidos que estão em passar o dia em frente a internete se comunicando no "internetês". Como a moda dos "tablets" os tradicionais livros não mais terão vez em suas mochilas e muito menos em suas mãozinhas. Leiam e reflitam sobre o que o Professor e Escritor Batista Lima tem a dizer em seu excelente artigo sobre o assunto:


"Crestomatia em tempos de Tablet

Batista Lima

Minha primeira reação diante da onda Tablet foi me desfazer de velharias em forma de livros, que mofam nas minhas estantes. Infelizmente o primeiro exemplar a ser levado à fogueira da modernidade foi uma carcomida Crestomatia, datada de 1948, já no seu 22º parto, digo edição, da Editora da Livraria do Globo, do famoso professor Radagásio Taborda. Como tenho outra mais "ponta de rama", da 28ª edição, de 1956, preferi o ritual de despedida, lendo um texto da mais nova, menos mofada e com menor possibilidade de inalação de fungos. Abri exatamente na página 272 onde está o poema de Luiz Guimarães, "História de um cão". Esse poema, com 32 quartetos, começa assim: "Eu tive um cão. Chamava-se Veludo: / Magro, asqueroso, revoltante, imundo; / Para dizer numa palavra tudo, / Foi o mais feio cão que houve no mundo". Curioso, porque uma coisa tão abjeta mereceria tão longo poema, me pus a ler o resto. Descobri que o cão fora deixado por um amigo em viagem longa. Logo em seguida o novo dono o doou à mulher de um velho carvoeiro, mas na noite seguinte estava Veludo de volta para lamber os pés do seu segundo dono. Foi então que ele teve a ideia de jogá-lo em alto mar, e assim o fez. Voltou para casa e notou que sua medalha com corrente, lembrança da mãe, havia caído nas águas junto com Veludo. Sua raiva do cão aumentou. Acontece que um barulho na porta o despertou, era o cão sarnento trazendo à boca o colar do dono. Apenas a joia foi recebida, Veludo caiu morto.Após a leitura, senti-me com dois veludos às mãos. Como salvá-los? Fui ler outros textos da velha Crestomatia. Primeiro, o belíssimo "Pátria", de Rui Barbosa. Dele também o texto "Aos moços". Depois li mais de uma vez "Velho Tema", de Vicente de Carvalho, para tentar colocar a felicidade exatamente onde eu estava. Não esqueci o "Soneto", de Camões, cujo último verso é: "Para tão longo amor, tão curta vida".Esse belo verso camoniano foi dito por Moreira Campos para sua esposa Dona Zezé como últimas palavras quando estava falecendo. Foi aí que cheguei ao "Episódio de D. Inez de Castro", em que "Estavas, linda Inez, posta em sossego". Terminei por ler toda a Antologia, afinal esse é o mesmo nome para Crestomatia, que pode ser ainda: Seleta, Coletânea, Florilégio, Espicilégio. Todos esses nomes em perfeito Português. Digo isso porque mesmo aderindo à nova onda, não entendo a razão do livro eletrônico ter que se chamar de "Tablet". O aluno vai estudar Português em um livro cujo título vem em Inglês. Será que não há em nossa língua, falada por mais de trezentos milhões de pessoas, em sete países, uma palavra para nominar o novo livro? Poderia ser "Tablete", ou ainda "Livro Eletrônico". Poderia ser até "Biblivídeo", "Letroluz", "Catatexto", "Tabuacesa", "Computexto", "Tubuléxico", "Pranchensino". Isso porque o nome estrangeiro para o nosso livro didático é certificado de humilhação para a nossa Língua mãe.Mesmo se sabendo das boas intenções do Ministro da Educação em adotar a nova tecnologia para substituir o livro didático nas escolas públicas, é bom criar um nome adequado para titulá-lo. Aliás, uma outra questão se me coloca com relação à leitura do aluno. Será que ele vai se limitar a ler o que está gravado na maquininha? Se ele quiser ler o último lançamento do Rubem Fonseca, vai estar lá? Será que a maquininha vai ter nas suas entranhas toda a Literatura Universal disponível para o aluno? Leitura de livros é como um banquete, cada um escolhe aquilo que agrada mais seu paladar. Se o professor me impõe "Iracema", para ler e eu quero ler "Minas de Prata", eu devo ler o Alencar que mais me apetece.Penso, portanto, que a adoção do "livromáquina" não impede a permanência do livro tradicional. Nós temos a mania de só construir a modernidade sobre os escombros da tradição. Sabe-se que as duas podem conviver se ajudando. As novas tecnologias deverão ser consideradas como facilitadoras da aprendizagem. O exagero de sua utilização pode transformar nossas crianças em autômatos, sem iniciativa de criação pessoal. Todos os caminhos traçados possuem seus atalhos. Muitas vezes um atalho pode conter a salvação de um viajante.Assim sendo, vou conservar minhas Crestomatias, minhas gramáticas antigas, minha Carta de ABC, minha Tabuada, meu velho Dicionário do Gustavo Barroso. Vou promover a convivência do novo "eletrolivro" com um exemplar bem antigo da Bíblia Sagrada, onde vez por outra me achego para ler o Apocalipse, de São João. E que os estudantes dos novos tempos não esqueçam que depois de tudo isso ainda existe uma figura mais importante do que tudo numa sala de aula, é o professor. O professor é ainda um temperador de conhecimentos com pitadas de afeto. Afinal, o afeto que falta em casa o jovem procura fora dela. A pedagogia do afeto jamais declinará diante das mais sofisticadas tecnologias.Por isso, que em tempos de Tablet, não podemos prescindir do livro, tampouco do professor. A minha biblioteca, com dois mil cães sarnentos, cada um como uma "Inez posta em sossego", estará sempre sendo ressuscitada, pois tenho certeza de que no fundo dessas páginas mofadas ainda posso encontrar os colares dourados que a vida pode ofertar."

domingo, 18 de setembro de 2011

Moradia de Alto Risco: Casa no Penhasco

Essas casas e Igreja no topo de um grande penhasco devem ter como objetivo a defesa dos inimigos tão comuns no tempo em que foram constrúidas.

Felizmente o penhasco é firme e até hoje, parece que ainda não aconteceu um terremoto por lá. Espero que nunca aconteça.

Foto do cineasta Édson Nogueira

O SÍMBOLO DA CIDADE DE XIQUE XIQUE (BA)


Quem chega a Xique Xique pela rodovia BA.52, ao entrar na cidade se depara com a estátua de um pescador da autoria do nosso escultor Roldão e que hoje transformou-se no perfeito símbolo de uma comunidade ribeirinha e sempre dedicada à pesca.

O nosso cineasta Édson Nogueira captou a imagem num feliz momento quando a cidade recebe os últimos raios do Sol e se prepara para a vida noturna.

Provérbio Nordestino

DIGO E, DE NOVO, DIGO: CABRA RUIM NÃO DÁ LEITE E, O POUCO QUE DÁ, DERRAMA.

Padre Airton Freire

Fato Histórico de Xique Xique (BA): EXTINÇÃO DA COMARCA

A Comarca de Xique Xique (BA) foi criada em 14.12.1857, pela Lei Provincial nº 650, e recebeu a denominação de Comarca do Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, tendo como seu primeiro Juiz de Direito o bacharel Dr. Francisco Pacheco Pereira.
Para surpresa de todos, passados 35 anos de existência, a nossa Comarca foi extinta em 03 de agosto de 1892, em pleno Regime Republicano, sendo governador do estado da Bahia Joaquim Manoel Rodrigues Lima (28.05.1892-28.05.1896).
Devido à extinção da Comarca todos os arquivos da Justiça foram transferidos para a cidade do Salvador, por determinação do Tribunal de Justiça da Bahia e todos os feitos da Justiça, depois dessa data, relativos a Xique Xique passaram para a ser realizados no vizinho Município da Barra.
Somente no ano de 1915, 23 anos após a extinção, a Comarca de Xique Xique foi reinstalada como de primeira Entrância, por determinação do Governador da Bahia J.J. Seabra, que desejava restabelecer a ordem pública na cidade, abalada pelas constantes brigas entre os líderes políticos da época.

OBS: Dados históricos extraídos do livro do Prof. Cassimiro Neto

Foto Aérea de Xique Xique (BA): O LAGO IPUEIRA

Esta foto demonstra a dádiva da natureza colocando Xique Xique à margem do bonito Lago Ipueira.

Por essa tomada aérea pode se ter uma ideia da pujança do nosso reservatório natural e que está a espera do seu aproveitamento turistico por parte dos xiquexiquenses.

Foto: Édson Nogueira






Lago Ipueira: O ESTALEIRO

O LAGO DE XIQUE XIQUE (BA)


Devido ao milenar afastamento do barranqueiro do Rio São Francisco dos grandes centros tecnológicos, como sobrevivência teve que criar a própria tecnologia de embarcação para poder navegar nos milhares de quilômetros do Velho Chico.

É aqui mesmo, na beira do nosso Lago Ipueira, que, virando estaleiro a céu aberto, as grandes barcas a motor são recondicionadas para voltar a navegarem.


Foto Interessante: DORMITÓRIO NA PRAÇA D. MÁXIMO EM XIQUE XIQUE

O DORMITÓRIO

A Praça D. Máximo, principal logradouro de Xique Xique BA, tem sido usada e abusada de todas as formas.

Quando ainda não existia o jardim, construído pelo prefeito João R. Soares na década de 1950, era alí que os circos armavam as suas empanadas e apresentavam os espetáculos.

Com o jardim, o abuso foi maior, vez que além da concessão da licença municipal para construção de um posto de gasolina no meio da praça, o jardim propriamente dito foi e está sendo usado de todas as maneiras em atividades comerciais.

Para minha surpresa, no entanto, como dormitório constatei pela primeira vez, quando em julho de 2011 ao visitar a minha terra, deparei-me com um rede armada entre duas árvores no jardim.

Pesquisando descobri que se trata dos dormitório de um engraxate, vindo do estado de Alagoas, que, impossibilitado de pagar um lugar para dormir armou a sua rede em pleno jardim contando, ainda, com a segurança prestada pelos vigilantes da Prefeitura que alí passam a noite em vigília.

MUITO BOM!!!

Arte Sacra na Bahia: AZULEJARIA

BOM JESUS DO BONFIM


Imagem do Bom Jesus assentado acima do portal de entrada da sacristia da Basílica do Senhor do Bonfim.


Bahia: Tesouros da Fé.

Foto: Sérgio Benutti

Foto do Rio São Francisco: CARRO DE BOI

O VAPOR E O CARRO DE BOI


Desde os tempos do Brasil Colônia, quando os vapores ainda não navegavam pelo Rio São Francisco e as mercadorias eram transportadas por rudimentares pequenas embarcações, que o carro de boi era o meio utilizado para levar os gêneros alimentícios e outras mercadorias da beira do rio até os rincões da caatinga.

Esse meio de transporte, pela sua eficácia, sobreviveu até a chegada dos vapores.

Foto: Marcel Gautherot

Crônica Xiquexiqueana: A VELHA PREFEITURA

A DEMOLIÇÃO DO PRÉDIO DA PREFEITURA DE XIQUE XIQUE (BA)
Juarez Morais Chaves
Desde o começo do séc. XX até o início de 1960 imperava na Praça D. Máximo, em Xique Xique (BA), o velho e belo prédio, sede da Prefeitura Municipal, 2º Edifício do Paço Municipal da cidade, cuja construção, em blocos de pedra e cimento, foi iniciada no período de Brasil-República por volta de 1890, pelo primeiro Intendente Municipal Cel. Gustavo de Magalhães Costa.
Era de uma imponência tal que se destacava entre todas as demais construções da cidade. Substituíra o Paço Municipal, construído no primeiro quartel do séc. XIX, edificação simples que muito sofreu com as constantes enchentes do Rio São Francisco e com os tiros deflagrados pelas brigas políticas conhecidas como “Barulhos de Xique Xique” entre o Partido Liberal e o Partido Conservador, chegando a ser incendiado.
Ante o estado de destruição a que fora submetido, o primeiro Paço Municipal ficou sem as mínimas condições de uso e precisava urgentemente de ser demolido e em seu lugar erguido um novo prédio para abrigar a Intendência Municipal e o Conselho Municipal recém criados pela República.
Por isso a construção de um novo prédio para abrigar a Administração Municipal era obra de grande urgência e quando o Cel. Gustavo de Magalhães Costa (1889 a 1890) foi nomeado 1º Intendente Municipal de Xique Xique, não obstante a crônica falta de dinheiro no Erário, assumiu o compromisso de levantar um novo e bonito prédio para abrigar a sede da Intendência Municipal, em substituição ao que já estava totalmente deteriorado pelas constantes brigas. Como o Intendente tinha consciência de que com as verbas oficiais não poderia construir o prédio desejado, usou do seu prestígio pessoal e de sua força política para conseguir que seus correligionários ricos do extinto Partido Liberal fizessem as doações financeiras de que tanto precisava. No que pese o grande esforço despendido, os poucos recursos conseguidos além da pequenez do seu mandato, não permitiram que alcançasse grande sucesso no empreendimento de construir o novo Paço Municipal, mas, pelo menos começou a obra deixando a continuidade para seus sucessores.

O novo Intendente, Cel. Reginaldo Gomes Lima (1890 a 1892) teve como primeiro compromisso continuar a construção do prédio do Paço Municipal e, em mais de 2 anos de administração fez o máximo possível tendo, ao deixar a Intendência, construído toda a estrutura faltando apenas os acabamentos.
O terceiro Intendente, Cap. Antônio Martins Santiago (1892-1896), levou o compromisso dos seus antecessores a sério e concluiu a construção de um nobre edifício com pavimento superior destinado a abrigar a Administração Municipal e a Delegacia de Polícia.
Quando eu era menino em Xique Xique, ainda estudando o curso primário, início dos anos 1950, não me cansava de ficar olhando a beleza da velha prefeitura. Era um misto de admiração pela imponência da obra e também de medo pelos presos que ficavam reclusos no pavimento térreo do prédio. A velha construção ficava quase vizinha à casa de tia Flor, minha tia e madrinha de batismo, à qual sempre visitava para, entre outras coisas usufruir das inúmeras fruteiras que ornamentavam o quintal da casa. Nessas ocasiões costumava me deslocar até a frente da prefeitura velha e a uma distância de não menos de 10 metros ficava a olhar os prisioneiros que, pendurados nas grades procuravam chamar a atenção dos transeuntes pedindo cigarros ou alguma moeda.
No pavimento superior da velha Prefeitura, ao qual se tinha acesso por uma grande escada externa de cimento, ficavam o gabinete do Prefeito, cercado pelos poucos servidores municipais, a Câmara de Vereadores, os Órgãos da Justiça Estadual e uma biblioteca pública onde era possível a obtenção de alguns livros por empréstimos.
O piso do pavimento superior era de grandes tábuas corridas, de madeira de lei e as paredes totalmente ornamentadas pelos excelentes desenhos e pinturas de autoria do Sr. José Roldão, conhecido até hoje como o melhor decorador de interiores que já passou pela cidade. Ainda existem algumas casas em Xique Xique que ostentam os desenhos e decorações desse ilustre artista.
Esse pavimento era emoldurado por 12 grandes janelas na frente e algumas dos lados e nos fundos que ao se abrirem par em par traziam ao ambiente a luminosidade e o arejamento necessários à formação de um excelente ambiente de trabalho naquele clima normalmente quente da beira do rio. Era encimado por um telhado com com bonita e artística platibanda adornada com 2 grandes estátuas nas extremidades, com 1 metro de altura cada, que, como guardiãs, vigiavam toda a Praça D. Máximo.
O pavimento térreo era destinado a servir de sede para a Delegacia de Polícia, o destacamento militar e a cadeia pública. Duas celas ficavam nas extremidades da frente do prédio e cada uma, tinha duas pequenas janelas guarnecidas por grossas grades de ferro que permitiam o contato visual dos presos com o movimento da Praça D. Máximo. O centro do pavimento térreo era destinado ao escritório do delegado e alojamento dos soldados. A gente sabia, por ouvir dizer, que nos fundos desse pavimento existia uma cela, denominada de “solitária”, bastante escura e que era destinada à guarda de criminosos violentos. Nunca tive coragem de comprovar essa informação.

Durante toda a metade do sec. XX o belo prédio construído com muito esforço, muito sacrifício e muito idealismo por 3 Intendentes Municipais, num período de 7 anos (1889/1896), embelezou com sua arquitetura nobre a principal praça da cidade.
No ano de 1960 foi atingido por um grande e criminoso incêndio provocado pela imprudência de um comerciante que vendia gasolina acondicionada em latas de flandres (latas de querosene) e que utilizava a sombra de grandes árvores existentes na frente do prédio da Prefeitura para vedá-las, com solda, no que pese estarem cheias do combustível altamente inflamável. Centenas de latas de querosene, cheias de gasolina ficavam empilhadas e espalhadas em frente ao prédio da Prefeitura, sob as copas das árvores, aguardando o momento de serem lacradas ou serem colocadas na carroceria de um caminhão para seguirem o destino.
Num fatídico dia, uma fagulha do fogareiro aceso no local onde eram feitas as vedações, atingiu uma das latas cheia de gasolina e a partir daí, após uma grande explosão, grandes labaredas de fogo destruíram as árvores e “lamberam” a fachada do velho prédio. Felizmente não ocorreram perdas de vidas humanas. Mas, a partir desse desastre, com a Prefeitura funcionando em outro endereço, surgiu a idéia da construção de novo prédio sob a alegação de que a velha construção ficara com a estrutura condenada e sujeita a um desabamento.
No ano de 1963, sob a administração do Prefeito Municipal Joel Firmo de Meira, toda a população da cidade foi surpreendida com a notícia de que o famoso prédio da Prefeitura seria demolido. Ninguém se preocupou em saber se a bela construção poderia ser restaurada, se não para abrigar os órgãos do Poder Executivo, pelo menos para servir de abrigo a alguma repartição mais leve ou quem sabe algum museu da cidade.
Era um prédio muito bonito com estrutura de cimento e pedra e que poderia e merecia ser recuperado. No entanto a sua destruição foi decretada pelo Senhor Prefeito e em seu lugar foi levantada, uma construção quadrada (foto), sem nenhuma beleza arquitetônica, projetada por algum "arquiteto" sem a mínima imaginação e que nada tem de arte. É nesse prédio, que ainda funciona o gabinete do Prefeito Municipal e algumas repartições do Poder Executivo.
A meu ver, a demolição do Prédio da Prefeitura foi um crime contra o patrimônio imobiliário de Xique Xique e quiçá contra o patrimônio cultural do Estado da Bahia. Mas, agora, só nos resta lamentar a falta de sensibilidade dos nossos governantes e chorar a destruição da nossa bela obra do século XIX.
OBS: Alguns dados históricos foram extraídos do livro do Prof. Cassimiro Neto

Evangelho Dominical: A JUSTIÇA DE DEUS

MATEUS 20, 1-16a
- O Reino do Céu é como o dono de uma plantação de uvas que saiu de manhã bem cedo para contratar trabalhadores para a sua plantação. Ele combinou com eles o salário de costume, isto é, uma moeda de prata por dia, e mandou que fossem trabalhar na sua plantação. Às nove horas, saiu outra vez, foi até a praça do mercado e viu ali alguns homens que não estavam fazendo nada. Então disse: "Vão vocês também trabalhar na minha plantação de uvas, e eu pagarei o que for justo."
- E eles foram. Ao meio-dia e às três horas da tarde o dono da plantação fez a mesma coisa com outros trabalhadores. Eram quase cinco horas da tarde quando ele voltou à praça. Viu outros homens que ainda estavam ali e perguntou: "Por que vocês estão o dia todo aqui sem fazer nada?"
- "É porque ninguém nos contratou!" - responderam eles.
- Então ele disse: "Vão vocês também trabalhar na minha plantação."
- No fim do dia, ele disse ao administrador: "Chame os trabalhadores e faça o pagamento, começando com os que foram contratados por último e terminando pelos primeiros."
- Os homens que começaram a trabalhar às cinco horas da tarde receberam uma moeda de prata cada um. Então os primeiros que tinham sido contratados pensaram que iam receber mais; porém eles também receberam uma moeda de prata cada um. Pegaram o dinheiro e começaram a resmungar contra o patrão, dizendo: "Estes homens que foram contratados por último trabalharam somente uma hora, mas nós agüentamos o dia todo debaixo deste sol quente. No entanto, o pagamento deles foi igual ao nosso!"
- Aí o dono disse a um deles: "Escute, amigo! Eu não fui injusto com você. Você não concordou em trabalhar o dia todo por uma moeda de prata? Pegue o seu pagamento e vá embora. Pois eu quero dar a este homem, que foi contratado por último, o mesmo que dei a você. Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com o meu próprio dinheiro? Ou você está com inveja somente porque fui bom para ele?"
E Jesus terminou, dizendo:
- Assim, aqueles que são os primeiros serão os últimos.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Foto Denúncia: Mercado Municipal São Francisco

O MERCADO DE FRUTAS, VERDURAS E OUTRAS COISAS MAIS.



O nosso "Mercado Municipal São Francisco" foi construído e inaugurado no ano de 1950 pelo então Prefeito Municipal de Xique Xique (BA), Sr. Aurélio Gomes de Miranda (Seu Lelé), e, devido a pujança do prédio, para a época, sempre foi uma referência não só para a cidade mas também para todas as comunidades vizinhas.
Sobre a obra, assim se pronuncia o nosso grande pesquisador, historiador e Prof. Cassimiro Machado Neto:
"Com a planta arquitetônica e o projeto de construção nas mãos, diuturnamente o prefeito Aurélio Gomes Miranda e sua equipe administraram a obra desde o alicerce, passando pelo telhado e pelo acabamento. Muitos meses de luta e de economia, sem qualquer ajuda externa. Depois de muita paciência e persistência o Mercado São Francisco estava pronto, lindo, gigantesco – a maior construção desde a implantação das Escolas Reunidas César Zama, pelo coronel Francisco Xavier Guimarães, Prefeito Municipal, em 1937. A construção do Mercado Municipal São Francisco foi planejada em 1948, iniciada em 1949 e concluída no 2º semestre de 1950 – ano eleitoral"



Pois bem, o nosso Mercado, hoje, está em completo abandono como bem mostra as fotos ilustrativas. Pior do que o abandono da obra é o risco que corre a população ao adquirir frutas e verduras expostas nas calçadas do Mercado, sem as mínimas condições de higiene. Além da sujeira existente nas calçadas deterioradas, as águas sujas correm livremente dos canos para o entorno do Mercado.
A parte interna do Mercado nada fica a dever, em sujeira e descaso à parte externa, haja vista o total abandono das bancas em pleno dia de feira.

Os nosso poderes Estadual, Municipal, Judiciario e Ministério Público, bem que poderiam dar uma força no sentido de conseguir melhorar a higiene do local onde estão expostas frutas e verduras que são consumidas pelo xiquexiquenses, além de, é claro, agilizar a restauração de tão bonito prédio para que não venha a ser destruído a exemplo do antigo e belo prédio da Prefeitura.

Foto Antiga de Xique Xique BA : FEIRA LIVRE

FEIRA LIVRE ANTES DA EXISTÊNCIA DO MERCADO.

Antes do Prefeito Aurélio Gomes de Miranda construir, no ano de 1950, o Mercado Municipal São Francisco, a feira livre era realizada na Av. Barão do Rio Branco, no trecho compreendido entre a Praça Getúlio Vargas e a Rua José de Souza Nogueira, nas proximidades da antiga (e hoje destruída) Rampa do Capim.
Os feirantes vinham de Várzea Grande, Itaguaçu (antiga Tiririca), Central e até de mais distância, trazendo suas mercadorias em lombo de burros ou jumentos. Eram as famossa "tropas de burros", compostas de dezenas de muares todos com bonitos arreios comandados por uma mula experiente e bonita, denominada "madrinha da tropa", quase sem carga, ricamente enfeitada e repleta de guizos que com o som peculiar anunciavam a chegada da tropa.

Foto Inédita da Enchente de 1979 em Xique Xique BA

PRAÇA GETÚLIO VARGAS


Em 1979, o Rio São Francisco, dizem que por ciumeiras entre as represas Três Marias (MG) e Sobradinho (BA) que não controlaram as águas, ultrapassou o cais e invadiu a cidade com um volume d'água igual ou superior ao de 1949.

Parece que as duas represas se entenderam pois, passados 32 anos não mais se viu enchentes descontroladas.

A foto é da Praça Getúlio Vargas (que hoje está sendo reformada) com destaque para o "Bazar das Novidades", tradicional loja de variedades do amigo Florzinho.

Vê-se, ainda, à direita da foto, os armazéns que ficavam fazendo limites com o porto dos vapores e que foram destruídos com a construção do "Paredão".


Foto: Afonso

Cantinho da Seresta: MÚSICAS POPULARES





O Blog de JUAREZ MORAIS CHAVES fez uma seleção de músicas genuinamente brasileiras, tocadas e

cantadas na segunda metade do século passado, principalmente nos anos 1960, "cifradas" para violão e que, semanalmente, estarão sendo divulgadas.













segunda-feira, 12 de setembro de 2011

ADERBAL NOGUEIRA: O XIQUEXIQUENSE VENCEDOR

Eis mais uma história de nordestino que saindo do nada conseguiu vencer na grande metrópole de São Paulo. Só que este é xiquexiquense e por isso faz jus a contar sua história no Blog de Juarez Morais Chaves.

Ouçamos ADERBAL NOGUEIRA, mais um filho ilustre de Xique Xique, contar sua própria história.

"Sou baiano de Xique Xique, oeste da Bahia. Filho de mãe baiana e pai pernambucano. Quando tinha três anos, meu pai se separou da minha mãe e ela foi para São Paulo trabalhar de doméstica.
Eu fiquei com meus avós. Um ano e meio depois, minha mãe já estava com a vida ajeitada e foi me buscar. Fomos morar no Cambuci (centro).
Minha mãe casou de novo, com um metalúrgico. Desses que são fãs do Lula para ele, é Deus no céu e Lula na Terra. Tiveram dois filhos.
A vida sempre foi muito dura, minha mãe ganhava muito pouco. O dinheiro do padrasto, que considero o meu pai, pagava o aluguel. O salário da mãe ia pra comida. Eles colocaram nós três na escola e diziam que a gente tinha de estudar.
Aos dez, vendo a dificuldade da família, fui vender picolé na represa de Guarapiranga. A gente morava em Interlagos. Eu estudava de manhã; à tarde, vendia picolé.
O bairro era muito pobre. Mas a gente conseguia ser feliz. Meus avós vinham sempre da Bahia nos visitar.
Em 1982, meu pai ficou desempregado. Foi um tempo difícil. Minha mãe resolveu que queria voltar pra Bahia. A família toda foi junto.
Montamos um açougue, trabalhei carregando carne. Mas não deu muito certo e voltamos de novo para São Paulo. O pai sempre dizia que, para onde quer que fosse, carregaria a família toda.
Quando voltamos, eu queria fazer faculdade, mas não tinha dinheiro. Arrumei emprego de office-boy na empresa Stanley-Home. Mas o dinheiro era pouco.
Um amigo me deu um toque sobre um trabalho de figurinista de circo. Nos dias em que não precisavam de figurinista, eu vendia pipoca e chupe-chupe na porta do circo. Cheguei a ganhar muito dinheiro no circo.
Com quatro ou cinco apresentações, tirava mais que o salário de office-boy. Assim, consegui fazer faculdade. Me formei em contabilidade na Unip (Universidade Paulista).
Há 18 anos, meu antigo chefe foi para a Nutrin, em Americana (SP), e me levou. Entrei como auxiliar de almoxarifado e passei por todas as áreas: financeira, compras, contas a pagar e até pelo restaurante.
Há três anos, a empresa passou por processo de profissionalização e fui convidado a assumir a presidência.
Depois de 20 anos pagando aluguel, hoje tenho uma casa confortável, digna de presidente de empresa, com piscina e churrasqueira.
Também comprei uma moto grande, uma BMW K1300, que era um sonho que eu tinha. Antes, tinha uma Honda CG 125.
Estou onde estou hoje pois nunca parei de estudar. Meus filhos, uma menina de 17 e um menino de 15, querem estudar medicina e direito.
Procuro mostrar-lhes o valor das coisas. A gente viaja para fora do país todo ano, vai a bons restaurantes. Mas dentro de limites, não sou de esbanjar, de tomar uísque caro.
Desde que assumi a Nutrin, a empresa mais que dobrou de tamanho.
Passou do faturamento de R$ 110 milhões, com 150 restaurantes e 1.500 funcionários, para R$ 250 milhões, 410 restaurantes e quase 4.000 funcionários.
O baiano aqui trabalha, você pensa o quê? "