sábado, 21 de agosto de 2010

FATO HISTÓRICO: A Comarca de Xique-Xique (BA)

A COMARCA DE XIQUE-XIQUE (BA)

Segundo as pesquisas do nosso professor, historiador e pesquisador Cassimiro Machado Neto, desde 1834 e até o ano de 1910, ou seja, logo após a emancipação de Xique-Xique, ocorrida em 1832, a cidade foi palco de constantes “escaramuças, brigas, desavenças, agressões, lutas, incêndios, destruição, assassinatos, arrombamentos e desordens” tudo isso em nome do poder e do comando da cidade e dos seus distritos espalhados pelo enorme território municipal. Foi uma guerra de caráter estritamente política, travada pelos "coronéis" locais que ambicionavam ter de forma completa o poder da sede e do interior do município.
Esse período de violência ficou conhecido como “Barulhos de Chique-Chique” e teve seu ponto alto no qüinqüênio 1910/1915.
Destacam-se nessa época os líderes políticos de Xique-Xique, que amparados pelas patentes militares adquiridas à Guarda Nacional, à custa de muito dinheiro, desfilavam ostentando os títulos de “Coronéis”, “Capitães” e “Tenente” e revezavam-se na Intendência Municipal de Xique-Xique, disputando a hegemonia do poder. Destacaram-se, em Xique-Xique, no final do sec. XIX e começo do sec. XX os seguintes líderes políticos que durante muitos anos mandaram e desmandaram no Município: Agrário de Magalhães Avelino, Antonio Martins Santiago, Cyro de Medeiros Borges, Cyro Romualdo da Cruz, Francisco José Correia, Francisco Martins Santiago, Francisco Xavier Guimarães, Giminiano Nunes Lima, Gustavo de Magalhães Costa, Gustavo Teixeira da Rocha, Hermenegildo de Souza Nogueira, Jacó Pereira Bastos, José de Souza Nogueira, Liberato de Novais Sampaio, Lithercílio Batista da Rocha, Manoel Martiniano da França Antunes, Manoel Teixeira de Carvalho, Praxedes Xavier da Rocha, Silvestre Xavier Guimarães, Venceslau Leobas França Antunes, entre outros.
Não obstante esse reinante clima de violência, o Governo do Estado da Bahia que tinha como mandatário o Dr. João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, entendeu que a cidade de Xique-Xique, com 25 anos de emancipada, já estava madura suficiente para sediar uma Comarca. Assim, pela Lei Provincial nº 650, de 14.12.1857, foi criada a Comarca de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, instalada no prédio da Câmara de Vereadores, no centro da cidade, tendo como seu primeiro Juiz de Direito o Dr. Francisco Pacheco Pereira e como seu primeiro Promotor o Dr. Luiz Viana.
No que pese a prova de confiança na maturidade da cidade, as lutas fratricidas entre as lideranças políticas xiquexiquenses continuaram cada dia mais violentas levando o Estado da Bahia, no governo do Dr. Joaquim Manoel Rodrigues Lima, a, através de uma Lei Estadual de 03.08.1892, revogar a Lei Provincial nº 650 e extinguir a Comarca de Senhor do Bonfim e Bom Jesus de Chique-Chique, com apenas 35 anos de atividade, tendo, a partir dessa data, sido transferido para o Tribunal de Justiça da Bahia, todos os feitos judiciais, sendo mais tarde repassados para a Comarca da Barra do Rio Grande, cidade vizinha de Xique-Xique, onde ficaram por 23 anos, até a restauração da Comarca de Xique-xique.
Com o recrudescimento dos "Barulhos de Xique-Xique", que atingiram o clímax entre 1914 e 1915, cujas lutas intermináveis causaram muitas mortes de civis e grande destruição do patrimônio público, o Governador da Bahia, Dr. J.J.Seabra, (1912/1916), determinou, após 23 anos de acefalia jurídica, a restauração da Comarca de Xique-Xique, como de 1ª Entrância, com a esperança de restabelecer a ordem social, evento que aconteceu no ano de 1915

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