terça-feira, 5 de outubro de 2010

Propaganda antiga: GELADEIRA A QUEROSENE

GELADEIRA À QUEROSENE

A energia elétrica na cidade de Xique-Xique (BA), nos anos 1950, funcionava apenas das 18:00 às 22:00 horas e era gerada por uma caldeira a vapor. Por isso a regra geral era a não existência de eletrodomésticos, principalmente a geladeira que somente as pessoas ricas podiam possuí-las, vez que eram movidas a querosene que, naquele tempo chegava em Xique-Xique trazido em latas de 20 litros, pelas barcas que viajavam pelo Rio São Francisco.
Na minha casa, de pobre, a gente não tinha nem o mais simples eletrodoméstico quanto mais uma geladeira a querosene. Mas, eu tinha um tio, vizinho da gente que tinha uma dessas geladeiras e, em muitas ocasiões, assisti, por pura curiosidade infantil ao procedimento, que não tinha nada de fácil, de abastecê-la com querosene e acender o pavio deixando-o no ponto de provocar a refrigeração desejada.
O principal cuidado que esse meu parente tinha era manter bem vigiado o tanque de querosene para não deixar secar e com isso apagar a chama do pavio responsável pelo funcionamento do aparelho. Quando chegava o momento de encher o tanque era preciso, primeiro, apagar a geladeira o que era feito rodando um pequeno dispositivo que ia diminuindo o tamanho do pavio até que a chama se extinguisse. Até aí não havia nada de novidade para mim, acostumado que estava a manipular o pavio do candeeiro de placa, muito utilizado lá em casa quando faltava luz.
À medida que o botão ia sendo girado da direita para a esquerda, o pavio ia diminuindo e a chama passando de um azul forte que era a cor normal de funcionamento até chegar ao amarelo quando se apagava. Nesse momento a geladeira estava no ponto de ser reabastecida de querosene, bastando para isso que se retirasse a tampa do tanque e com o auxilio de um funil colocar o combustível. Feito isso, reiniciava-se o procedimento inverso de acender o pavio e girar o botão até que a chama, de amarela voltasse à cor azul vivo para um perfeito funcionamento do refrigerador.
BEM DIFERENTE DE HOJE!!!

Um comentário:

  1. Muito boa recordação. Na maioria dos municípios brasileiros nessa época, quando existia energia, era regrada. Apenas para clarear as residências à noite. O tempo, os compromissos noturnos se resumiam no antes da chegada da luz, e no depois da luz ir embora. E ia mesmo. Sem nenhum automatismo, que podemos imaginar, devido a época, na hora certa, o primeiro sinal, após o terceiro, tudo no escuro. Funcionário dedicado, imagina-se. Ele, ou morava na usina da luz, ou, coitado, voltava para casa no escuro!

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