O CORONEL E O RELÓGIO DA MATRIZ
O relógio ostentado pela esbelta torre da nossa bonita Igreja do Senhor do Bonfim, de Xiquexique (BA)., não foi o primeiro cronômetro a informar aos xiquexiquense a hora certa. Antes do atual, existiu um outro relógio, também com mostradores em 3 lados da torre e que foi instalado pelo vigário Padre Francisco de Magalhães Sampaio, conhecido como Padre Sampaio, aproveitando uma grande reforma no prédio da Matriz realizada pelo Padre Antônio Costa Rego, tratado afetuosamente pelo povo como Monsenhor Costa, que o ampliou consideravelmente, transformando-o num dos templos católicos mais bonitos existentes no vale do Velho Chico. Deve ser aqui registrado que o Padre Sampaio era tio avô de D. Amália Sampaio de Figueiredo esposa do Sr. Antônio de Figueiredo Bastos cidadão emérito e que exerceu a atividade comercial em Xiquexique por muitos anos. Esse primeiro relógio da Matriz anunciava a passagem do tempo de 15 em 15 minutos, através das sonoras badaladas do sino. O bonito relógio instalado pelo Padre Sampaio era de uma das melhores marcas existentes no mercado e funcionou a contento durante alguns anos até que por envolvimento em política partidária local, o Padre Sampaio desgostou alguns chefes políticos de Xiquexique e por isso foi expulso da cidade. Estando a Paróquia acéfala, desde a saída do Padre Sampaio, o bispo da Diocese da Barra (BA), cidade vizinha, Dom Augusto Álvares da Silva, o futuro Cardeal da Silva, Primaz do Brasil, se achou no direito de se apropriar dos mais valiosos utensílios da nossa Matriz, inclusive o famoso relógio, brutalmente retirado e levado para aquela Diocese onde foi instalado na torre da Igreja de São Francisco. A foto em preto e branco registra, na torre, os buracos de onde foram retirados os mostradores. O Cel. Francisco Xavier Guimarães grande líder político de Xiquexique, provavelmente o maior dos que atuaram no primeiro quarto do século XX, tendo exercido a chefia do Poder Executivo por 4 mandatos alternados de 1920 a 1938, foi um dos responsáveis pela expulsão do Padre Sampaio da cidade e também um dos xiquexiquenses que assistiram passiva e impassivelmente, sem nenhuma reação, a indevida apropriação, por parte da Diocese da Barra, das alfaias da nossa Igreja, inclusive a ousada retirada do nosso bonito relógio. Mesmo sem ter reagido à altura, talvez inibido pelo excessivo zelo religioso, pois, o Coronel Chico Xavier era um católico praticante, ou, quem sabe, pelo desejo que os coronéis da política local tinham de retirar da cidade qualquer lembrança ou referência ao Padre Sampaio, a ousadia do Bispo da Barra, naquela ocasião, deve ter ferido a honra e os brios das nossas lideranças políticas e isso ficou martelando o juízo do líder maior que, do balaustrado da sua suntuosa residência na Praça D. Máximo, a poucos metros da Igreja, não mais ouvia o bonito badalar dos sinos anunciando a passagem do tempo a cada quarto de hora. Sempre que se reunia com os demais coronéis da cidade, todos eles participando do Conselho Municipal, pois era o tempo das Intendências Municipais, a conversa sempre girava em torno de dotar a Igreja de um outro relógio, já que era praticamente impossível retirar o nosso relógio da Igreja de São Francisco na cidade vizinha da Barra e recoloca-lo na torre da Igreja do Senhor do Bonfim. Os anos foram se passando, o povo reclamando a falta do relógio e o Coronel Chico Xavier, homem sério e com alto grau de bairrismo por Xiquexique, sentindo-se em certa parte culpado pela sua omissão, quando da retirada do relógio da torre da Matriz, sentiu-se, pois, na obrigação de colocar um novo relógio para atender às necessidades do povo, mesmo que para isso tivesse que desembolsar recursos próprios. Decidido como era, imediatamente iniciou pesquisas no sentido de localizar empresas fabricantes dos referidos relógios e que dispusessem de técnicos que se encarregassem de montá-los. Fez sigilosamente todas essas coisas e ao tomar conhecimento de que uma oficina no Colégio D. Bosco de Fortaleza, da Ordem Salesiana, fabricava relógios para torres de igrejas imediatamente entrou em contato com a diretoria do colégio e fez a encomenda de acordo com a medidas da torre. A única diferença era que os relógios fabricados pelos padres salesianos anunciavam a passagem do tempo de meia em meia hora. Quando o relógio cearenses chegou o técnico encarregado de fazer a instalação constatou que não seria possível instalá-lo no local onde estava o anterior. Por isso, foi necessário uma adaptação na torre que terminou com a redução das janelas existentes e abertura de novos buracos já quase perto da cruz da torre. Os buracos onde estavam os mostradores do relógio anterior foram fechados mas se manteve a indicação das circunferências dos mostradores. A instalação do novo relógio doado pelo Cel. Francisco Xavier Guimarães trouxe alegria ao povo que, novamente passou a contar com um cronômetro na torre da sua Igreja. Mas, como quem quer se vingar pelos anos em que passaram privados do relógio, sempre diziam que a doação aconteceu por causa do arrependimento que o coronel sentia por não ter barrado a ação do bispo da Barra quando tirou o relógio da Igreja. O novo relógio já está instalado na torre há mais de 80 anos, funcionando diuturnamente e dando indícios de que ainda trabalhará por muitos anos.
O relógio ostentado pela esbelta torre da nossa bonita Igreja do Senhor do Bonfim, de Xiquexique (BA)., não foi o primeiro cronômetro a informar aos xiquexiquense a hora certa. Antes do atual, existiu um outro relógio, também com mostradores em 3 lados da torre e que foi instalado pelo vigário Padre Francisco de Magalhães Sampaio, conhecido como Padre Sampaio, aproveitando uma grande reforma no prédio da Matriz realizada pelo Padre Antônio Costa Rego, tratado afetuosamente pelo povo como Monsenhor Costa, que o ampliou consideravelmente, transformando-o num dos templos católicos mais bonitos existentes no vale do Velho Chico. Deve ser aqui registrado que o Padre Sampaio era tio avô de D. Amália Sampaio de Figueiredo esposa do Sr. Antônio de Figueiredo Bastos cidadão emérito e que exerceu a atividade comercial em Xiquexique por muitos anos. Esse primeiro relógio da Matriz anunciava a passagem do tempo de 15 em 15 minutos, através das sonoras badaladas do sino. O bonito relógio instalado pelo Padre Sampaio era de uma das melhores marcas existentes no mercado e funcionou a contento durante alguns anos até que por envolvimento em política partidária local, o Padre Sampaio desgostou alguns chefes políticos de Xiquexique e por isso foi expulso da cidade. Estando a Paróquia acéfala, desde a saída do Padre Sampaio, o bispo da Diocese da Barra (BA), cidade vizinha, Dom Augusto Álvares da Silva, o futuro Cardeal da Silva, Primaz do Brasil, se achou no direito de se apropriar dos mais valiosos utensílios da nossa Matriz, inclusive o famoso relógio, brutalmente retirado e levado para aquela Diocese onde foi instalado na torre da Igreja de São Francisco. A foto em preto e branco registra, na torre, os buracos de onde foram retirados os mostradores. O Cel. Francisco Xavier Guimarães grande líder político de Xiquexique, provavelmente o maior dos que atuaram no primeiro quarto do século XX, tendo exercido a chefia do Poder Executivo por 4 mandatos alternados de 1920 a 1938, foi um dos responsáveis pela expulsão do Padre Sampaio da cidade e também um dos xiquexiquenses que assistiram passiva e impassivelmente, sem nenhuma reação, a indevida apropriação, por parte da Diocese da Barra, das alfaias da nossa Igreja, inclusive a ousada retirada do nosso bonito relógio. Mesmo sem ter reagido à altura, talvez inibido pelo excessivo zelo religioso, pois, o Coronel Chico Xavier era um católico praticante, ou, quem sabe, pelo desejo que os coronéis da política local tinham de retirar da cidade qualquer lembrança ou referência ao Padre Sampaio, a ousadia do Bispo da Barra, naquela ocasião, deve ter ferido a honra e os brios das nossas lideranças políticas e isso ficou martelando o juízo do líder maior que, do balaustrado da sua suntuosa residência na Praça D. Máximo, a poucos metros da Igreja, não mais ouvia o bonito badalar dos sinos anunciando a passagem do tempo a cada quarto de hora. Sempre que se reunia com os demais coronéis da cidade, todos eles participando do Conselho Municipal, pois era o tempo das Intendências Municipais, a conversa sempre girava em torno de dotar a Igreja de um outro relógio, já que era praticamente impossível retirar o nosso relógio da Igreja de São Francisco na cidade vizinha da Barra e recoloca-lo na torre da Igreja do Senhor do Bonfim. Os anos foram se passando, o povo reclamando a falta do relógio e o Coronel Chico Xavier, homem sério e com alto grau de bairrismo por Xiquexique, sentindo-se em certa parte culpado pela sua omissão, quando da retirada do relógio da torre da Matriz, sentiu-se, pois, na obrigação de colocar um novo relógio para atender às necessidades do povo, mesmo que para isso tivesse que desembolsar recursos próprios. Decidido como era, imediatamente iniciou pesquisas no sentido de localizar empresas fabricantes dos referidos relógios e que dispusessem de técnicos que se encarregassem de montá-los. Fez sigilosamente todas essas coisas e ao tomar conhecimento de que uma oficina no Colégio D. Bosco de Fortaleza, da Ordem Salesiana, fabricava relógios para torres de igrejas imediatamente entrou em contato com a diretoria do colégio e fez a encomenda de acordo com a medidas da torre. A única diferença era que os relógios fabricados pelos padres salesianos anunciavam a passagem do tempo de meia em meia hora. Quando o relógio cearenses chegou o técnico encarregado de fazer a instalação constatou que não seria possível instalá-lo no local onde estava o anterior. Por isso, foi necessário uma adaptação na torre que terminou com a redução das janelas existentes e abertura de novos buracos já quase perto da cruz da torre. Os buracos onde estavam os mostradores do relógio anterior foram fechados mas se manteve a indicação das circunferências dos mostradores. A instalação do novo relógio doado pelo Cel. Francisco Xavier Guimarães trouxe alegria ao povo que, novamente passou a contar com um cronômetro na torre da sua Igreja. Mas, como quem quer se vingar pelos anos em que passaram privados do relógio, sempre diziam que a doação aconteceu por causa do arrependimento que o coronel sentia por não ter barrado a ação do bispo da Barra quando tirou o relógio da Igreja. O novo relógio já está instalado na torre há mais de 80 anos, funcionando diuturnamente e dando indícios de que ainda trabalhará por muitos anos.
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