segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Crônica: NATAL DE JESUS CRISTO?


      NATAL DE JESUS CRISTO?

Não sei como é atualmente, a comemoração  do Natal em Xique-Xique (BA), pois há muitos anos não presencio essa santa festa em minha terra.
Em Fortaleza, onde resido, também, conhecida como a “terra do Sol”, desde meados de novembro as ruas, avenidas e casas comerciais estão claras como o dia. Milhares ou até milhões de lâmpadas de vários tamanhos e cores, se encarregam disso.
Pinheiros exóticos salpicados de falsas neves, carregados de presentes e bolas coloridas, evocam o ambiente do domicílio do obeso Papai Noel, o maior personagem dos centros comerciais, ansiosamente esperado – geralmente chega de helicóptero – pelas crianças, que, levados por suas mães esperam horas e horas pelo aparecimento do velhinho vestido de vermelho.
Os comerciantes  estão eufóricos, pois, para eles se aproxima senão a maior pelo menos uma das maiores épocas de consumo em massa. Todo mundo quer presentear e receber presentes. É uma verdadeira “troca- troca” de prendas realizada por empregados e servidores públicos,  nas “confraternizações de Natal” em cada unidade de trabalho.
Em princípio essa movimentação poderia ser interpretada como uma homenagem à vinda de Jesus Cristo, no dia 25 de dezembro, que estaria sendo prestada pelos cristãos.
Mas, a religião e os templos são outros.
O paraíso ofertado pelo velhinho vestido de vermelho e bebendo coca-cola, sentado num trono no interior de todos os grandes centros comerciais da cidade, são as compras de iPod, iPad, laptop, celulares espertos, televisões gigantes, perfumes importados, calças jeans, todo isso colocado a disposição dos fieis consumidores que podem ser adquiridos via cartão de crédito para serem pagos em até 12 módicas prestações mensais.
Parece que, em cada  última quinzena de dezembro ficamos todos alienados. Como cães adestrados e condicionados seguimos a fila de consumidores sem nexo e sem destino, tudo isso para que num determinado dia de dezembro, numa “confraternização natalina” entre colegas de trabalho ou familiares, possamos exibir o nosso presente que sempre entendemos ser o mais bem escolhidos e o que fará maior sucesso.
Não estamos interessados com a chegada do Advento, rito com o qual a nossa Igreja prepara, durante 4 semanas, os fieis para a grande chegada do Filho de Deus. Aliás, muitos não sabem nem o que significa ADVENTO.
A famosa “Missa do Galo” está, a cada ano,  sendo celebrada o mais cedo possível para que os  “fieis” tenham mais tempo para a outra celebração em residências ou em restaurantes  onde o consumo de comidas e bebidas e distribuição de presentes é o que interessa.
Confesso que quando começa dezembro, sempre sou tomado  por uma saudade nostálgica do tempo em que, menino ainda, à noite, percorria as ruas de Xique-Xique visitando as muitas “lapinhas”  ali existentes feitas por piedosas famílias que, com esse simples gesto, homenageavam religiosamente o Deus Menino.
Sem desmerecer as demais, eram famosas as lapinhas de D. Filomena e de D. Beleza Guedes, que ficavam na Rua Marechal Deodoro e a de D. Adalgisa  Silva que ficava na Rua Góis Calmon  afora outras dezenas que não consigo lembrar-me devido a passagem do tempo.
         No dia 24 de dezembro, à meia-noite, íamos para a Igreja celebrar a Missa do Galo. Tudo muito simples.
         Após a Missa, voltar para casa, comer um pedaço de bolo, beber um copo de suco e dormir de barriga cheia, esperando que Papai Noel se lembrasse dos pobres da pequenina Xique-Xique no interior da Bahia.

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