O NOME DA CIDADE
Ao ser gentilmente contemplado com uma cópia do livro SENHOR DO BONFIM E BOM JESUS DE CHIQUE-CHIQUE (História de Chique-Chique), que me foi remetido pelo autor, o meu amigo CASSIMIRO MACHADO NETO, deparei-me com a interessante questão por ele denominada de “Polêmica em quarta dimensão”, que discute a real grafia do nome da nossa cidade. Polemiza ele se o nome deve ser CHIQUE-CHIQUE, XIQUE-XIQUE, XIQUEXIQUE ou CHEGUE-CHEGUE.
Sem querer entrar no mérito do problema, transcrevo abaixo, literalmente, a matéria do historiador Cassimiro Neto, para que os leitores tomem conhecimento do assunto e, caso queiram, se pronunciem com relação à posição defendida pelo pesquisador.
Da minha parte, estou torcendo para que seja adotada a grafia de CHIQUE-CHIQUE, entre outras coisas porque Chique-Chique é mais bonito e mais chique.
Descarto, obviamente, desde já, o CHEGUE-CHEGUE.
“Polêmica em quarta dimensão
De algum tempo cá são travadas algumas tolas polêmicas em Chique-Chique.
A primeira: em que data transcorreu a emancipação do município: 06 de julho de 1832 ou 13 de junho de 1928?
Na cabeça dos estultos e insanos a resposta correta é a segunda data.
A segunda: desde o diário de Duarte Coelho Pereira, de 1545, grafou-se o vocábulo Chique-Chique e não existe qualquer lei determinando a mudança para Xique-Xique e muito menos para Xiquexique – como os sábios de plantão querem –, qual é o correto Chique-Chique, Xique-Xique, Xiquexique ou Chegue-Chegue?
Esta segunda polêmica (em duas dimensões – Chique-Chique ou Xique-Xique?) nasceu a partir do dia 16 de janeiro de 1948, quando aparece grafado, pela primeira vez, o vocábulo Xique-Xique.
A primeira vez que o município tem seu nome grafado Xique-Xique acontece no dia 16 de janeiro de 1948 na ata de posse do Prefeito Aurélio Gomes Miranda.
Os documentos mais antigos referentes à história do município se encontram no Arquivo Público da Bahia, na cidade do Salvador. Estes documentos foram pesquisados, anotados e tiveram certidões feitas no mês de fevereiro de 1996.
Nos documentos pertencentes ao riquíssimo acervo do Arquivo Público da Bahia, assim como nos arquivos da Prefeitura Municipal, da Câmara Municipal, da Comarca, da Paróquia do Senhor do Bonfim da cidade de Chique-Chique e de todas as demais fontes consultadas, cujos registros se referem a atos praticados e anotados nos livros de atas das mais diversas finalidades até o ano civil de 1947 o nome do município está grafado Chique-Chique.
De acordo com a Constituição Federal de 1946, entretanto, os topônimos municipais, estaduais e federais somente poderiam mudar de nome ou de grafia mediante um longo processo que seguiria trâmites estritos, passando por plebiscito junto à população interessada, votações do Poder Legislativo responsável, aprovação da Justiça e sanção do Poder Executivo.
No caso específico de Chique-Chique este processo inexistiu, havendo uma mudança ortográfica fruto de idéias pessoais, descumprindo a normal constitucional.
Ficou para a História Municipal a polêmica: Chique-Chique em função das belezas naturais da ipueira, do arquipélago – em torno da comunidade – e da Lagoa de Itaparica ou Xique-Xique – por que haveria abundantemente um determinado tipo de ‘cactus’ (que não dá fruto nem sombra e não oferece qualquer utilidade humana ou animal) – e este sim deu origem ao nome do lugar? Por que este lugar deveria ter o nome deste cactus? Por que ele existe em abundância neste vale úmido? Que fim tomou a abundância de cactus que existia neste lugar? Por que há tanto mandacaru neste vale e raramente se encontra um exemplar de xique-xique?
Por que a Academia de Lisboa e das colônias portuguesas nas terras africanas e asiáticas iria, na década de 1940, propor reformas na Língua Portuguesa e se preocuparia com vocábulos provenientes das línguas nativas brasileiras e sugerir suas alterações? Por que a velha Metrópole iria se preocupar e se interessar em alterar o topônimo do povo autóctone e tirar a palavra Chique-Chique e determinar que se escrevesse Xique-Xique? Afinal, qual o interesse de Portugal em fazer alterações em palavras indígenas que eles e as demais colônias desconhecem completamente?
Dezenas de questionamentos que os sábios chique-chiquenses (ou xique-xiquenses, xiquexiquenses ou chegue-cheguenses?) não respondem convincente e satisfatoriamente. Apenas conversa fiada, sem base histórica ou legal.
Qual grafia será a correta, mais simpática e mais chique? Chique-Chique, Xique-Xique, Xiquexique ou Chegue-Chegue? Xiquexique, a mais recente invenção de alguns entendidos e intelectuais da terra?
Grande parte da população adulta que viu a mudança artificial e inconstitucional ocorrida no dia 16 de janeiro de 1948 garante que a cidade de Chique-Chique era um comunidade mais feliz quando seu nome derivava de suas belezas naturais. Muitas pessoas remanescentes da geração de 1948 afirmam que a ortografia Xique-Xique tirou parte do grande encanto e da beleza do município.
Ficou a polêmica: Chique-Chique ou Xique-Xique?
Para aumentar o caos apareceu recentemente esta outra discussão: Xique-Xique ou Xiquexique?
O pesquisador usa nesta obra Chique-Chique. E Xique-Xique, junto com Xiquexique – e agora Chegue-Chegue?
Os leitores que se interessarem por participar de forma construtiva nesta quádrupla polêmica (Chique-Chique, Xique-Xique, Xiquexique ou Chegue-Chegue?) devem procurar e (devem) ler (atentamente) o tópico descritivo sobre Gentio do Ouro, nas páginas 128 e 129 do Almanaque Vale do São Francisco (2001), obra preparada e publicada pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco – CODEVASF.
Peguem uma boa ponga na transcrição abaixo:
Gentio do Ouro
Histórico
Município criado com nome de ‘Gameleira’ e território desmembrado do município de Xique-Xique, pelo Ato Estadual de 09.07.1890, sendo instalado em 09.12.1890 pela Lei Estadual nº 2017, e 02.08.1927. O município recebeu o nome de ‘Assuruá’. Foi o município extinto pelos Decretos Estaduais nº 7455, de 23.06.1931 e nº 7470, de 08.07.1931, que anexaram o seu território ao município de ‘Chegue-Chegue’ e criaram na vila de ‘Assuruá’ uma subprefeitura. Foi em seguida restaurado, com território, com território desmembrado do município de ‘Chegue-Chegue’ e sede em ‘Santo Inácio’, pelo Decreto Estadual nº 8546, de 15.07.1993, sendo reinstalado em 09.08.1993.
Parece piada de mau gosto, mas não é, infelizmente.
Então, a partir do exame acurado, cada pessoa interessada deve também entrar nesta salgada quádrupla polêmica
Haja paciência. Santa paciência.
O autor está fora.”
Sem querer entrar no mérito do problema, transcrevo abaixo, literalmente, a matéria do historiador Cassimiro Neto, para que os leitores tomem conhecimento do assunto e, caso queiram, se pronunciem com relação à posição defendida pelo pesquisador.
Da minha parte, estou torcendo para que seja adotada a grafia de CHIQUE-CHIQUE, entre outras coisas porque Chique-Chique é mais bonito e mais chique.
Descarto, obviamente, desde já, o CHEGUE-CHEGUE.
“Polêmica em quarta dimensão
De algum tempo cá são travadas algumas tolas polêmicas em Chique-Chique.
A primeira: em que data transcorreu a emancipação do município: 06 de julho de 1832 ou 13 de junho de 1928?
Na cabeça dos estultos e insanos a resposta correta é a segunda data.
A segunda: desde o diário de Duarte Coelho Pereira, de 1545, grafou-se o vocábulo Chique-Chique e não existe qualquer lei determinando a mudança para Xique-Xique e muito menos para Xiquexique – como os sábios de plantão querem –, qual é o correto Chique-Chique, Xique-Xique, Xiquexique ou Chegue-Chegue?
Esta segunda polêmica (em duas dimensões – Chique-Chique ou Xique-Xique?) nasceu a partir do dia 16 de janeiro de 1948, quando aparece grafado, pela primeira vez, o vocábulo Xique-Xique.
A primeira vez que o município tem seu nome grafado Xique-Xique acontece no dia 16 de janeiro de 1948 na ata de posse do Prefeito Aurélio Gomes Miranda.
Os documentos mais antigos referentes à história do município se encontram no Arquivo Público da Bahia, na cidade do Salvador. Estes documentos foram pesquisados, anotados e tiveram certidões feitas no mês de fevereiro de 1996.
Nos documentos pertencentes ao riquíssimo acervo do Arquivo Público da Bahia, assim como nos arquivos da Prefeitura Municipal, da Câmara Municipal, da Comarca, da Paróquia do Senhor do Bonfim da cidade de Chique-Chique e de todas as demais fontes consultadas, cujos registros se referem a atos praticados e anotados nos livros de atas das mais diversas finalidades até o ano civil de 1947 o nome do município está grafado Chique-Chique.
De acordo com a Constituição Federal de 1946, entretanto, os topônimos municipais, estaduais e federais somente poderiam mudar de nome ou de grafia mediante um longo processo que seguiria trâmites estritos, passando por plebiscito junto à população interessada, votações do Poder Legislativo responsável, aprovação da Justiça e sanção do Poder Executivo.
No caso específico de Chique-Chique este processo inexistiu, havendo uma mudança ortográfica fruto de idéias pessoais, descumprindo a normal constitucional.
Ficou para a História Municipal a polêmica: Chique-Chique em função das belezas naturais da ipueira, do arquipélago – em torno da comunidade – e da Lagoa de Itaparica ou Xique-Xique – por que haveria abundantemente um determinado tipo de ‘cactus’ (que não dá fruto nem sombra e não oferece qualquer utilidade humana ou animal) – e este sim deu origem ao nome do lugar? Por que este lugar deveria ter o nome deste cactus? Por que ele existe em abundância neste vale úmido? Que fim tomou a abundância de cactus que existia neste lugar? Por que há tanto mandacaru neste vale e raramente se encontra um exemplar de xique-xique?
Por que a Academia de Lisboa e das colônias portuguesas nas terras africanas e asiáticas iria, na década de 1940, propor reformas na Língua Portuguesa e se preocuparia com vocábulos provenientes das línguas nativas brasileiras e sugerir suas alterações? Por que a velha Metrópole iria se preocupar e se interessar em alterar o topônimo do povo autóctone e tirar a palavra Chique-Chique e determinar que se escrevesse Xique-Xique? Afinal, qual o interesse de Portugal em fazer alterações em palavras indígenas que eles e as demais colônias desconhecem completamente?
Dezenas de questionamentos que os sábios chique-chiquenses (ou xique-xiquenses, xiquexiquenses ou chegue-cheguenses?) não respondem convincente e satisfatoriamente. Apenas conversa fiada, sem base histórica ou legal.
Qual grafia será a correta, mais simpática e mais chique? Chique-Chique, Xique-Xique, Xiquexique ou Chegue-Chegue? Xiquexique, a mais recente invenção de alguns entendidos e intelectuais da terra?
Grande parte da população adulta que viu a mudança artificial e inconstitucional ocorrida no dia 16 de janeiro de 1948 garante que a cidade de Chique-Chique era um comunidade mais feliz quando seu nome derivava de suas belezas naturais. Muitas pessoas remanescentes da geração de 1948 afirmam que a ortografia Xique-Xique tirou parte do grande encanto e da beleza do município.
Ficou a polêmica: Chique-Chique ou Xique-Xique?
Para aumentar o caos apareceu recentemente esta outra discussão: Xique-Xique ou Xiquexique?
O pesquisador usa nesta obra Chique-Chique. E Xique-Xique, junto com Xiquexique – e agora Chegue-Chegue?
Os leitores que se interessarem por participar de forma construtiva nesta quádrupla polêmica (Chique-Chique, Xique-Xique, Xiquexique ou Chegue-Chegue?) devem procurar e (devem) ler (atentamente) o tópico descritivo sobre Gentio do Ouro, nas páginas 128 e 129 do Almanaque Vale do São Francisco (2001), obra preparada e publicada pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco – CODEVASF.
Peguem uma boa ponga na transcrição abaixo:
Gentio do Ouro
Histórico
Município criado com nome de ‘Gameleira’ e território desmembrado do município de Xique-Xique, pelo Ato Estadual de 09.07.1890, sendo instalado em 09.12.1890 pela Lei Estadual nº 2017, e 02.08.1927. O município recebeu o nome de ‘Assuruá’. Foi o município extinto pelos Decretos Estaduais nº 7455, de 23.06.1931 e nº 7470, de 08.07.1931, que anexaram o seu território ao município de ‘Chegue-Chegue’ e criaram na vila de ‘Assuruá’ uma subprefeitura. Foi em seguida restaurado, com território, com território desmembrado do município de ‘Chegue-Chegue’ e sede em ‘Santo Inácio’, pelo Decreto Estadual nº 8546, de 15.07.1993, sendo reinstalado em 09.08.1993.
Parece piada de mau gosto, mas não é, infelizmente.
Então, a partir do exame acurado, cada pessoa interessada deve também entrar nesta salgada quádrupla polêmica
Haja paciência. Santa paciência.
O autor está fora.”
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